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Inflação interanual na Argentina sobe para 160,9% dias após Milei assumir o poder

Inflação interanual na Argentina sobe para 160,9% dias após Milei assumir o poder.

Os dados superam todas as medições dos últimos 32 anos, já que é preciso voltar a fevereiro de 1991 para encontrar um recorde superior (27% naquela ocasião).

A inflação de novembro também está 4,5 pontos percentuais acima do indicador de outubro, quando atingiu 8,4%, e também está acima do índice de setembro, quando foi de 12,7%.

O item que mais afetou o aumento de preços em novembro foi saúde, que subiu 15,9% devido aos aumentos de medicamentos e medicamentos privados, seguido pelo segmento de alimentos e bebidas não alcoólicas (15,7%).

As comunicações também apresentaram um crescimento acima da média (15,2%), devido aos aumentos registrados na telefonia móvel e na Internet, assim como nas áreas de lazer e cultura (13,2%).

Abaixo da média, a categoria de equipamentos e manutenção doméstica cresceu (12,4%), superando restaurantes e hotéis (12%), bebidas alcoólicas e fumo (11,8%) e bens e serviços diversos (11,5%).

Habitação, água, luz, gás e outros combustíveis foram os itens que menos aumentaram de preço em novembro (7,1%), seguidos pela educação (8,3%) e pelo vestuário e calçado (10%). A inflação dos últimos 12 meses atingiu o seu nível mais alto em três décadas.

Apesar de a inflação ter atingido 160,9% em termos homólogos, o novo governo do presidente Javier Milei espera um aumento ainda maior nos próximos meses, devido ao pacote de cortes e ajustes anunciado na véspera pelo novo Ministro da Economia, Luís Caputo.

*Sputnik

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Israel enfrenta isolamento e críticas de Biden diante do crescimento do número de mortes em Gaza

(Reuters) – Israel enfrentou um crescente isolamento diplomático em sua guerra em Gaza, enquanto as Nações Unidas exigiam um cessar-fogo humanitário imediato e o presidente dos EUA, Joe Biden, dizia que o bombardeio “indiscriminado” de civis estava custando o apoio internacional.

Com intensos combates sendo travados simultaneamente no norte e no sul do enclave, as tropas israelenses relataram na quarta-feira as piores perdas em combate em mais de um mês, incluindo um coronel, o oficial de mais alta patente já morto na campanha terrestre.

Aviões de guerra bombardearam novamente toda a extensão de Gaza e autoridades humanitárias disseram que a chegada do inverno chuvoso piorou as condições para centenas de milhares de famílias que dormiam na rua em tendas improvisadas. A grande maioria dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza já ficou sem abrigo.

Israel lançou a sua campanha para aniquilar o grupo militante Hamas que controla Gaza com simpatia global depois de os combatentes terem atravessado a cerca da fronteira em 7 de Outubro, matando 1.200 israelitas, a maioria civis, e fazendo 240 reféns.

Mas desde então, as forças israelitas sitiaram o enclave e devastaram grande parte dele, com mais de 18 mil pessoas confirmadas como mortas, segundo as autoridades de saúde palestinianas, e muitos milhares mais temem-se perdidos nos escombros ou fora do alcance das ambulâncias.

Desde que uma trégua de uma semana ruiu no início de Dezembro, as forças israelitas alargaram a sua campanha terrestre desde o norte da Faixa de Gaza até ao sul, com o ataque à principal cidade do sul, Khan Younis.

Entretanto, os combates apenas se intensificaram entre os escombros do norte, onde Israel tinha anunciado anteriormente que os seus objectivos militares tinham sido em grande parte alcançados.

Israel relatou dez de seus soldados mortos nas últimas 24 horas, incluindo um coronel comandando uma base avançada e um tenente-coronel comandando um regimento. Foi a pior perda em um dia desde que 15 pessoas morreram em 31 de outubro.

De acordo com a Rádio do Exército, a maioria das mortes ocorreu no distrito de Shejaiya, na cidade de Gaza, no norte, quando uma unidade de infantaria que caçava homens armados do Hamas entrou num edifício e perdeu contacto com a base da retaguarda. Quando outra unidade foi enviada atrás deles, bombas foram detonadas no prédio e homens armados abriram fogo.

‘TRAZENDO DESTRUIÇÃO E MORTE’

O Hamas disse que o incidente mostrou que as forças israelenses nunca poderiam subjugar Gaza: “Dizemos aos sionistas que a sua liderança fracassada não se importa com as vidas dos seus soldados”, afirmou. “Quanto mais tempo você ficar lá, maior será a conta de suas mortes e perdas, e você sairá disso carregando o rabo da decepção e da perda, se Deus quiser.”

No norte, também ocorreram intensos combates no distrito de Jabaliya, onde as autoridades de saúde de Gaza afirmam que as forças israelitas sitiaram e invadiram um hospital e detiveram e abusaram de pessoal médico.

No sul, as forças israelitas que atacavam Khan Younis avançaram nos últimos dias para o centro da cidade. Moradores disseram que houve intensos combates no local, mas não houve mais tentativas de avanço nas últimas 24 horas.

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‘Fogo amigo’ matou 20 soldados israelenses em Gaza

Ao menos 13 militares foram mortos por serem confundidos com soldados do Hamas; outros sete morreram em acidentes das próprias forças de Israel.

A estimativa é de que 13 militares israelenses foram mortos por serem confundidos com soldados do Hamas. Outros sete morreram em acidentes das próprias forças, alguns envolvendo veículos blindados, segundo o jornal Haaretz.

As mortes dos militares por “fogo amigo” ocorreu devido a erros de identificação em ataques aéreos, bombardeios de tanques e tiros. Um soldado, por exemplo, foi morto por tiros que não tinham a intenção de atingi-los, e outros em incidentes envolvendo veículos blindados atropelando tropas. De acordo com o jornal, ainda dois soldados foram mortos por estilhaços de explosivos detonados pelas forças israelenses.

Em comunicados, as IDF avaliaram que uma série de razões levaram às mortes, como problemas de comunicação entre as forças, o cansaço dos soldados e o não cumprimento dos regulamentos.

Outros 582 soldados israelenses ficaram feridos na incursão militar terrestre – incluindo 133 com feridas graves, 218 moderadamente e 231 levemente, de acordo com dados das IDF de segunda-feira (11/12).

A violência aumentou na Palestina após o início da guerra entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza – Tel Aviv ocupa a Cisjordânia desde a Guerra Árabe-Israelense de 1967. A cidade de Jenin e o seu campo de refugiados têm sido alvos de repetidos ataques israelenses, com dezenas de pessoas mortas este ano, incluindo mulheres e crianças.

*Opera Mundi

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Maduro: EUA vão jogar Zelensky no lixo como um fantoche inútil

O presidente da Venezuela Nicolás Maduro, no programa Com Maduro +, expressou a opinião de que os Estados Unidos usam o líder ucraniano Vladimir Zelensky e o vão jogar fora como um fantoche desnecessário.

Segundo ele, não é a primeira vez que o imperialismo coloca um fantoche, o usa e “o joga no lixo”.

“Tínhamos um palhaço como Zelensky – Guaidó […]. O imperialismo o pegou e o jogou em uma lixeira em Miami. Agora ele está vivendo como lixo em Miami, mas com milhões [no bolso]”, disse o presidente venezuelano em seu programa.

Ele acrescentou que, aparentemente, Zelensky “terá o mesmo destino”.

“Haverá mais exemplos, como Guaidó, que serão usados para provocação e mentira, para dividir o povo, para enchê-lo com ódio, para trazer a guerra. O imperialismo é como o diabo – você o serve, e ele depois te cospe”, ressaltou Maduro.

*Sputnik

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Irã adverte que a região pode explodir se os ataques a Gaza continuarem

O diplomata iraniano protestou contra o veto dos EUA ao cessar-fogo.

O ministro das Relações Exteriores do Irã alertou que a região poderia explodir a qualquer momento se os ataques israelenses contra Gaza não forem interrompidos imediatamente, informa o canal iraniano HispanTV.

“O alcance da guerra na região se ampliou, e se os ataques contra Gaza não forem interrompidos imediatamente, existe a possibilidade de que a região exploda a qualquer momento e todas as partes percam o controle”, advertiu o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hosein Amir Abdolahian, em uma conversa telefônica realizada nesta segunda-feira (11) com seu homólogo chinês, Wang Yi.

O diplomata iraniano expressou seu descontentamento com o recente veto dos Estados Unidos a uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas (CSNU) sobre um cessar-fogo em Gaza, diz o 247.

“Infelizmente, a parte dos Estados Unidos não compreende o perigo de uma maior expansão da guerra. A vida de seu aliado, [Benjamin] Netanyahu, depende unicamente da continuação da guerra e do genocídio. A situação na região não seguirá assim”, enfatizou o chefe da diplomacia iraniana, referindo-se à decisão do primeiro-ministro do regime israelense de prosseguir com a guerra em Gaza, apesar dos crescentes apelos internacionais para deter o derramamento de sangue dos palestinos.

O Irã criticou os Estados Unidos por vetar uma resolução que pede um cessar-fogo em Gaza e responsabilizou Washington por qualquer expansão do conflito.

Ao se referir aos esforços construtivos anteriores da China para promover a paz e a estabilidade na região, Amir Abdolahian instou Pequim a desempenhar um papel ativo para ajudar a deter a guerra.

“A segurança da região é importante para todos nós, e, nesse sentido, a República Islâmica do Irã realizou numerosas consultas com os países da zona”, destacou o ministro iraniano durante a ligação telefônica, na qual, além dos eventos em Gaza, os dois funcionários também discutiram as relações entre Teerã e Pequim.

Por sua vez, o ministro chinês das Relações Exteriores chinês lamentou o veto dos Estados Unidos à mencionada resolução e salientou que seu país dá importância à obtenção de um cessar-fogo e ao envio imediato de ajuda humanitária a Gaza.

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‘Completamente colapsado’, diz Médicos Sem Fronteiras sobre sistema de saúde em Gaza

Entidade denuncia limitação de ajuda humanitária pelos constantes ataques israelenses a palestinos e estradas de acesso; Israel tenta culpar ONU pelo ‘mau uso’ da passagem de Rafah para entrega de recursos.

“O sistema de saúde está completamente colapsado neste momento”, declarou Marie-Aure Perreaut, coordenadora de emergência do Médicos Sem Fronteiras (MSF), dentro do próprio Hospital Al-Aqsa, localizado no centro da Faixa de Gaza.

Com os incessantes ataques de Israel ao território palestino, a líder da entidade denunciou a limitação dos recursos necessários para o atendimento das vítimas e a impossibilidade de acompanhar o fluxo de entrada de feridos.

A intensa operação militar comandada pelas autoridades de Tel Aviv tem como justificativa “eliminar o Hamas‘. No entanto, a tese perdeu credibilidade uma vez que a maior parte das vítimas fatais são os próprios palestinos, incluindo crianças e mulheres inocentes. Nesse cenário, membros de equipes humanitárias também têm sido atingidos. Muitos, inclusive, chegaram a perder a vida.

“Além disso, é extremamente difícil para os colegas passarem pelo pronto-socorro porque são eles que estão feridos. Há cerca de uma hora, um dos nossos colegas chegou ao pronto-socorro gravemente ferido junto com sua família”, desabafou Perreaut, classificando a situação como “traumatizante”.

Um dos maiores problemas relatados pelo MSF com relação aos pacientes é a falta de acesso ao tratamento, uma vez que os centros de saúde estão sendo obrigados a evacuar e as estradas não são nada seguras para chegar às clínicas disponíveis.

Passagem de Kerem Shalom ‘deverá ser aberta’
O COGAT, órgão militar israelense responsável pela coordenação de assuntos civis palestinos, afirmou que a passagem da fronteira Karem Abu Salem (Kerem Shalom) entre Israel e Gaza “deverá ser aberta”.

O secretário de assuntos humanitários das Nações Unidas, Martin Griffiths, já havia adiantado a informação na última quinta-feira (07/12), na ocasião em que estava criticando a impossibilidade de uma operação humanitária efetiva no sul de Gaza, região gravemente atingida na fase mais recente da operação israelense.

“Não temos uma ‘operação humanitária’ no sul de Gaza. Não se pode chamar por esse nome. O ritmo do ataque militar no sul é uma repetição do ataque no norte”, declarou o representante.

Ao falar em “capacidades de realizar inspeções para a entrega de ajuda a Gaza”, o COGAT também manifestou duvidar da competência da ONU ao culpar o órgão internacional por não entregar ajuda suficiente aos palestinos por meio da passagem de Rafah, atualmente aberta, com o Egito.

“A ONU tem que fazer melhor”, disse o COGAT em publicação.

*Opera Mundi

 

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Governo Milei pode explodir a inflação argentina já nos primeiros meses, alerta economista

Em uma análise crítica, o renomado economista Fabio Giambiagi, associado ao Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV-Ibre), manifestou preocupações consideráveis em relação à economia argentina sob a nova liderança de Javier Milei.

Com raízes profundas no país vizinho, onde passou parte de sua infância, Giambiagi examinou os desafios econômicos que a Argentina enfrenta, especialmente diante das propostas de Milei de dolarizar a economia e eliminar o Banco Central local.

Em entrevista ao Estado de S. Paulo, Giambiagi expressou apreensão quanto à possibilidade de uma inflação superior a 200% ao ano nos próximos meses, destacando a gravidade da situação. O economista questionou as estratégias do governo Milei para combater o déficit público, sublinhando a necessidade de desindexação, além do ajuste fiscal, como um passo crucial que, em sua opinião, está sendo negligenciado.

Giambiagi também levantou preocupações sobre a dinâmica inflacionária, alertando para a possibilidade de a situação sair do controle, alimentando uma “profecia autocumprida” de inflação crescente. Em um ponto incomum, o economista destacou o reconhecimento por parte de Milei, durante sua posse, de que a economia poderia piorar antes de melhorar.

Giambiagi questionou a eficácia dessa abordagem e ponderou se ela será capaz de manter o capital político de Milei durante um período economicamente turbulento. As incertezas em torno das medidas propostas pelo novo governo argentino continuam a gerar debate e análise entre os especialistas econômicos.

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A ExxonMobil quer começar uma guerra na América do Sul

Washington não tem apetite de aprofundar o seu conflito com a Venezuela pela questão do Essequibo. Mas a ExxonMobil, que explora a região, tem.

o dia 3 de dezembro de 2023, um grande número de eleitores venezuelanos votou em um referendo sobre a disputada região de Essequibo com a vizinha Guiana. Quase todos os que votaram responderam sim às cinco perguntas. Estas perguntas pediam ao povo venezuelano que afirmasse a soberania do seu país sobre o Essequibo. “Hoje”, disse o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, “não há vencedores nem perdedores”. O único vencedor, disse ele, é a soberania da Venezuela. O principal perdedor, disse Maduro, é a ExxonMobil.

Em 2022, a ExxonMobil teve um lucro de 55,7 bilhões de dólares, tornando-se uma das empresas petrolíferas mais ricas e poderosas do mundo. Empresas como a ExxonMobil exercem um poder desmedido sobre a economia global e sobre os países com reservas de petróleo. Ela tem tentáculos em todo o mundo, da Malásia à Argentina. No livro Private Empire: ExxonMobil and American Power (2012), Steve Coll descreve como a empresa é um “estado corporativo dentro do estado americano”. Os líderes da ExxonMobil sempre tiveram uma relação íntima com o governo dos EUA: Lee “Iron Ass” Raymond (diretor executivo de 1993 a 2005) era amigo pessoal do vice-presidente dos EUA Dick Cheney, e ajudou a moldar a política do governo dos EUA em relação às mudanças climáticas; Rex Tillerson (sucessor de Raymond em 2006) deixou a empresa em 2017 para se tornar secretário de Estado dos EUA sob o presidente Donald Trump. Coll descreve como a ExxonMobil utiliza o poder do Estado norte-americano para encontrar cada vez mais reservas de petróleo e garantir que a empresa se torne a principal beneficiária dessas descobertas.

Andando pelas várias seções eleitorais em Caracas no dia da eleição, ficava claro que as pessoas que votaram sabiam exatamente no que estavam votando: elas não foram às seções de votação para se manifestar contra o povo da Guiana – um país com uma população de pouco mais de 800 mil habitantes – mas para afirmar a soberania venezuelana contra empresas como a ExxonMobil. A atmosfera dessa votação, impregnada de patriotismo venezuelano, tinha mais a ver com o desejo de eliminar a influência das empresas multinacionais e permitir que os povos da América do Sul resolvam as suas disputas e partilhem de suas riquezas entre si.

Quando a Venezuela expulsou a ExxonMobil
Quando Hugo Chávez foi eleito para a presidência da Venezuela, em 1998, afirmou quase de imediato que os recursos do país – principalmente o petróleo, que financia o desenvolvimento social do país – deviam estar nas mãos do povo e não de empresas petrolíferas como a ExxonMobil. “O petróleo é nosso” era o slogan da época. A partir de 2006, o governo de Chávez iniciou um ciclo de nacionalizações, e o petróleo era central – o petróleo havia sido nacionalizado na década de 1970 e privatizado novamente duas décadas depois. A maioria das multinacionais petrolíferas aceitou as novas leis que regulamentavam o setor, mas duas as recusaram: a ConocoPhillips e a ExxonMobil. Ambas as empresas exigiram dezenas de bilhões de dólares de indenização, embora o Centro Internacional para a Resolução de Disputas sobre Investimentos (ICSID) tenha decidido em 2014 que a Venezuela só tinha que pagar à ExxonMobil 1,6 bilhão de dólares.

Rex Tillerson ficou furioso, de acordo com pessoas que trabalhavam na ExxonMobil na época. Em 2017, o Washington Post publicou um artigo que captava o sentimento de Tillerson: “Rex Tillerson se queimou na Venezuela. Então ele se vingou”. A ExxonMobil assinou um acordo com a Guiana para a exploração de petróleo offshore em 1999, mas só começou a exploração offshore em março de 2015 – após o veredito negativo do ICSID. A ExxonMobil utilizou toda a força de uma campanha de pressão máxima dos EUA contra a Venezuela, tanto para assegurar os seus projetos no território em disputa como para minar a reivindicação da Venezuela sobre a região de Essequibo. Esta foi a vingança de Tillerson.

O péssimo negócio da ExxonMobil para a Guiana
Em 2015, a ExxonMobil anunciou que tinha encontrado 295 pés de “reservatórios de arenito de petróleo de alta qualidade”, uma das maiores descobertas de petróleo dos últimos anos. A gigante petrolífera entrou em consultas frequentes com o governo guianense, incluindo o compromisso de financiar todo e qualquer custo inicial da exploração de petróleo. Quando o acordo de partilha de produção entre o governo da Guiana e a ExxonMobil foi divulgado, tornou-se claro o quão mal a Guiana se saiu nas negociações. A ExxonMobil recebeu 75% das receitas do petróleo para recuperação dos custos, e o restante foi dividido 50/50 com a Guiana; a companhia petrolífera, por sua vez, está isenta de quaisquer impostos. O artigo 32º (“Estabilidade do acordo”) estipula que o governo “não alterará, modificará, rescindirá, terminará, declarará inválido ou inexequível, exigirá renegociação, obrigará a substituição ou reposição, ou procurará evitar, alterar ou limitar este acordo” sem o consentimento da ExxonMobil. Este acordo deixa todos os futuros governos da Guiana num negócio muito mal costurado.

Pior ainda para a Guiana é o fato do acordo ter como palco águas disputadas com a Venezuela desde o século XIX. A desonestidade dos britânicos e depois dos EUA criou as condições para uma disputa fronteiriça na região que tinha problemas pontuais antes da descoberta do petróleo. Durante a década de 2000, a Guiana manteve estreitos laços de fraternidade com o governo venezuelano. Em 2009, no âmbito do programa PetroCaribe, a Guiana comprou petróleo a um preço reduzido da Venezuela em troca de arroz, o que constituiu uma vantagem para o setor arrozeiro guianense. O programa “petróleo por arroz” terminou em novembro de 2015, em parte devido à queda dos preços mundiais do petróleo. Para os observadores, tanto em Georgetown como em Caracas, ficou claro que o programa foi afetado pelas crescentes tensões entre os dois países sobre a disputada região de Essequibo.

A ExxonMobil divide e conquista
O referendo realizado em 3 de dezembro na Venezuela e os protestos dos “círculos de unidade” na Guiana sugerem um endurecimento da posição dos dois países. Entretanto, à margem da reunião da COP-28, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, encontrou-se com o presidente cubano Miguel Díaz-Canel e com o primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, para discutir a situação. Ali pediu a Díaz-Canel que instasse a Venezuela a manter uma “zona de paz”.

A guerra não parece estar no horizonte. Os EUA retiraram parte do seu bloqueio à indústria petrolífera venezuelana, permitindo à Chevron retomar vários projetos petrolíferos na Faixa do Orinoco e no Lago de Maracaibo. Washington não tem apetite de aprofundar o seu conflito com a Venezuela. Mas a ExxonMobil tem. Nem o povo venezuelano nem o povo guianense se beneficiarão da intervenção política da ExxonMobil na região. É por isso que muitos venezuelanos que foram votar no dia 3 de dezembro sentiram que este não era tanto um conflito entre a Venezuela e a Guiana, mas sim um conflito entre a ExxonMobil e os cidadãos destes dois países sul-americanos.

(*) Vijay Prashad é um historiador, editor e jornalista indiano. É membro da equipe editorial e correspondente principal da Globetrotter. É editor-chefe da LeftWord Books e diretor do Instituto Tricontinental de Investigação Social. Escreveu mais de 20 livros, incluindo The Dark Nations e The Poor Nations. Os seus últimos livros são Struggle Makes Us Human: Learning from Movements for Socialism e The Retreat: Iraq, Libya, Afghanistan and the Fragility of American Power (com Noam Chomsky).

*Opera Mundi

 

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‘Objetivo de Israel é empurrar palestinos para o Egito’, diz Francesa Albanese, relatora especial da ONU para a Palestina

Primeira mulher a ocupar o cargo, especialista em direito internacional denuncia ‘limpeza étnica’ em Gaza e chama de ‘fracasso épico’ a ineficácia das Nações Unidas na resolução do conflito na região.

Há dois meses, a italiana Francesca Albanese, de 46 anos, tem denunciado enfaticamente o risco de o povo palestino estar sofrendo genocídio, enquanto classifica de “limpeza étnica” as ações de Israel na Faixa de Gaza. Para a relatora especial da ONU para os Direitos Humanos nos Territórios Palestinos Ocupados, o objetivo de Tel Aviv é deixar a população do enclave sem terra para que se tornem “novamente refugiados no Egito”, Diz O Globo.

Em entrevista ao GLOBO, Albanese, a primeira mulher a ocupar a relatoria especial das Nações Unidas desde que ela foi criada, em 1993, destacou os “absurdos” cometidos por Israel, mas também classificou de “violento e terrível” o ataque surpresa do Hamas em 7 de outubro, que deixou 1,2 mil mortos em território israelense. Advogada especialista em direito internacional, ela não se furtou de criticar nem mesmo o papel da ONU na resolução do conflito, que classificou como um “fracasso épico”.

Israel expande operações no sul de Gaza — Foto: MOHAMMED ABED / AFP

De acordo com a convenção sobre genocídio, não é necessário provar 100% que houve um genocídio para que os Estados membros sejam obrigados a intervir. Basta provar o risco de intenção de matar ou infligir danos psicológicos e físicos graves aos membros de um grupo ou de criar condições que tornem a vida desse grupo impossível. Por outro lado, para provar que o genocídio está sendo cometido de fato, é preciso demonstrar que há uma intenção específica de eliminar os membros de um grupo. Não é suficiente dizer que crimes contra a Humanidade estão ocorrendo porque há ataques sistemáticos e generalizados contra a população civil em Gaza. Não há dúvida quanto a isso. Mas é genocídio? Ou seja, Israel tem um plano para destruir totalmente o povo palestino? É por isso que continuamos dizendo que há um risco de que esteja ocorrendo um genocídio.

 

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Avião da FAB decola para o Egito com 11 toneladas de alimentos; vídeo

A aeronave decolou neste sábado da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino a Al-Arish, no Egito, próximo a Gaza.

Um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou, neste sábado (9/12), da Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino a Al-Arish, cidade do Egito próxima a Gaza, levando 11 toneladas de alimentos. Os suprimentos serão doados em ações humanitárias na Faixa de Gaza. A previsão é de que a aeronave KC-390 Millennium pouse em solo egípcio na manhã da próxima terça-feira (12/12), diz o Metrópoles

O envio de alimentos não perecíveis é coordenado pela Agência Brasileira de Cooperação, do Ministério das Relações Exteriores.

A aeronave fará paradas técnicas na Base Aérea do Recife (Barf); em Cabo Verde; em Lisboa, Portugal; em Atenas, Grécia; e no Cairo, no Egito. Depois, seguirá para o destino final.