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PF avalia que Israel quis faturar politicamente com operação no Brasil

Integrantes da Polícia Federal (PF) avaliam que governo de Israel quis “faturar politicamente” ao citar atuação do Mossad no Brasil.

Integrantes da Polícia Federal (PF) ouvidos pela coluna avaliam que o governo de Israel quis “faturar politicamente” ao citar a participação do Mossad, serviço secreto israelense, na operação que prendeu terroristas ligados ao Hezbollah no Brasil.

A divulgação, feita pelo próprio primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não estava nos planos. O tom usado por Israel, citando uma “célula” do Hezbollah no Brasil, também foi vista como alarmista e “exagerada” por integrantes da PF.

Em entrevista à CNN, o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, chegou a falar em “quebra de confiança” com o governo de Israel. O abalo, contudo, não deverá afetar a cooperação entre PF e Mossad, que mantêm diversas parcerias na área de segurança pública.

 

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Carta de um detento palestino

Em carta coletiva, prisioneiros palestinos dão testemunho da vida em prisão israelense desde o 7 de outubro.

Há relatos de que Israel prendeu palestinos residentes dos territórios ocupados de 1948 por causa de publicações nas redes sociais. Estima-se também que Israel tenha detido milhares de trabalhadores palestinos de Gaza, cujas autorizações de trabalho foram revogadas após 7 de outubro. O número e o estado destes prisioneiros são desconhecidos devido ao fato de Israel ter emitido uma ordem para os considerar “combatentes ilegais”; o que permite à administração mantê-los detidos por um período ilimitado, sem controle judicial efetivo. De acordo com a Comissão Palestina de Detidos, Israel detém atualmente mais de 11 mil prisioneiros políticos palestinos, o dobro do número de prisioneiros antes de 7 de outubro.

Além disso, Israel iniciou uma campanha repressiva terrível contra os prisioneiros políticos palestinos, empregando políticas sistêmicas contra eles e seus direitos. O país suspendeu completamente todas as visitas de familiares e da Cruz Vermelha e limitou severamente as visitas de advogados. Também retirou a grande maioria dos direitos e concessões conquistadas pelos prisioneiros ao longo de décadas de luta, especificamente por meio de greves de fome, desobediência e boicotes a tribunais militares. Os prisioneiros estão descrevendo as condições nas prisões israelenses como semelhantes àquelas observadas em 1968. Israel restringiu severamente o acesso à água e aos alimentos, fechando os refeitórios dos prisioneiros, confiscando equipamentos de cozinha e limitando as refeições àquelas fornecidas pelo Serviço Prisional. E em uma série de ataques violentos, a administração da prisão israelense confiscou todos os pertences pessoais e comunitários dos prisioneiros, inclusive sapatos, a maioria das roupas e equipamentos de limpeza. Dispositivos elétricos foram confiscados e a eletricidade foi cortada das celas. O tempo no pátio foi restrito a menos de 15 minutos por dia e impediu que os prisioneiros de celas diferentes dentro das mesmas alas se comunicassem.

Em meio a esse embargo, dois prisioneiros foram mortos, Omar Daraghmeh, de 58 anos, que estava em detenção administrativa na prisão de Megiddo, e Arafat Hamdan, de 25 anos, que estava detido na prisão de Ofer. O testemunho a seguir foi coletado de vários relatos de prisioneiros por meio de visitas recentes de advogados, bem como de prisioneiros recentemente libertados. Os nomes dos prisioneiros e os locais de sua detenção foram ocultados para protegê-los da campanha contínua de Israel contra eles.

“Outubro é uma fórmula de mistério e de afirmação”.

“7 de outubro. São 6:20. Passada meia hora, as notícias começam a se cristalizar. Em meio a todo o barulho, diante do despertar surpreso e jubiloso dos prisioneiros, os serviços prisionais fecham todas as celas de par em par. Todos estão felizes; fomos estimulados por sentimentos de força e de vitória.

Cada notícia que chegava exemplificava um vasto sentimento de glória e orgulho.

Apesar de todos os canais terem sido cortados pelos serviços prisionais, ainda tínhamos uma antena através da qual tentamos ver o canal local que transmitia a Al-Jazeera. Estavam todos em estado de choque. As cenas causavam estranhamento. Foi este o ponto mais alto a que chegaram as análises dos meios de comunicação e dos especialistas. A batalha continua e as surpresas se sucedem, tal como a derrota dos serviços secretos sionistas, e a alegria encheu toda a nação, instalando-se em nossos corações e mentes – a notícia da captura e detenção de um grande número de pessoas, o potencial para esvaziar completamente as prisões.

As nossas celas assemelham-se agora a masmorras. Voltamos à vida primitiva, lavando à mão o que restava das nossas roupas.

Só percebemos a dimensão das surpresas e da vitória quando vimos os rostos dos carcereiros durante a contagem. Nos seus rostos, o ódio e a tristeza eram o sinal da sua derrota.

9 de outubro. Terceiro dia. O isolamento continua. Mal nos deixam sair para tomar banho. A cada tentativa de estender uma antena para o exterior, a fim de obter um pouco de notícias, o carcereiro apressa-se em cortar o cabo.

A situação se agrava: mais e mais pressão. Mas as cenas pungentes que testemunhamos trazem alívio e restauram a nossa dignidade e orgulho roubados. Essas cenas vão se somar a uma série de momentos históricos em outubro, um mês em que a incrível coragem dos titãs reafirma uma e outra vez a nossa narrativa fundadora, para a qual este outubro apresenta um novo modelo definidor da nossa luta contra a ocupação.

10 de outubro. A manhã não é diferente, exceto pela chegada de uma unidade de busca que faz estragos na cela. A repressão nos faz tomar consciência da magnitude das notícias e da extensão das suas perdas. Percebemos que cada escalada é uma resposta a uma resistência que marca novas conquistas e lhes inflige golpes dolorosos.

12 de outubro. Tal como no dia da invasão, o colono mostra a ignomínia da sua tirania. As medidas intensificam-se e a pressão atinge o seu ponto máximo esta manhã. A unidade de repressão invadiu durante a manhã o pavilhão vizinho, assediando os presos nas suas celas. Os gritos, o barulho e as agressões tornaram-se mais intensos. A comida é escassa e mal cozinhada; a galinha até tem penas.

As refeições fornecidas nem sequer seriam suficientes para alimentar uma ave.

A eletricidade foi cortada durante todo o tempo; só é restabelecida durante a “recontagem” que se realiza três vezes por dia.

13 de outubro. A situação não se alterou significativamente. Pelo contrário, está se tornando mais difícil e mais complexa.

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Dias de silêncio e angústia avassaladores. Falta de informação. Sabemos, no entanto, que à medida que os dias passam, a situação deteriora-se e a repressão persiste.

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19 de outubro. A tensão aumenta. As unidades de busca começam suas incursões. Tudo o que me importa são algumas fotografias, fontes de energia e vida no cativeiro, e alguns pedaços de papel.

21 de outubro. Os serviços prisionais lançaram uma nova campanha – buscas e assédio nas enfermarias e confisco de todos os objetos pessoais e comunitários. Levam tudo: cada preso fica apenas com dois conjuntos de roupas íntimas, uma toalha e uma fronha. Não há tênis, apenas chinelos. Não há nada nas celas.

Os carcereiros se apoderaram de tudo, incluindo a placa elétrica que os detidos utilizavam para cozinhar e aquecer os alimentos, canetas e papel que constituíam o seu único meio de escapar do estado de expropriação em que vivem; são até mesmo privados de consultas e exames médicos.

Os carcereiros atiraram um grande número de ovos em uma das celas. O mau cheiro dos ovos impregnou essa cela e as celas vizinhas. Não contentes com isso, os carcereiros confiscaram os utensílios de limpeza, de modo que o cheiro impregnou todo o local.

Para aqueles que estão nas prisões há muito tempo e que viveram vários acontecimentos nas prisões, esta é a primeira vez que tais medidas são tomadas – a situação nas prisões é semelhante à de 1968.

Os detidos foram obrigados a beber água das torneiras contaminadas das celas, que cheiram mal. Na cela onde antes estavam 6 presos, estão agora 12.

23 de outubro. Um dos piores dias. Exatamente às 9 horas da manhã, as unidades de repressão entraram na cela. A busca prolongou-se até altas horas da noite, até às 23 horas. Durante todo esse tempo, estivemos algemados, sem eletricidade nem água. Regressamos à cela e a única coisa que nos importava era que tínhamos conseguido esconder alguns papéis e uma caneta. Foi o suficiente para nós, em meio a uma agitação aterradora.

Depois de ter sido invadida, a cela estava imunda – havia ovos partidos espalhados por todo o canto, tudo tinha sido confiscado; a cela estava completamente desolada, sem quaisquer objetos. Era uma outra espécie de Nakba. Podíamos ver a malícia nos olhos deles enquanto destruíam tudo.

Incerteza. Não sabemos o que está acontecendo lá fora. Nem sabemos que medidas repressivas os serviços prisionais irão tomar a seguir.

O meu corpo está exausto – talvez por causa dos longos períodos sentado na cela, sentado e dormindo dentro da cela (que tem cerca de 5×3 metros), e por causa das restrições ao tempo de pátio durante o qual costumávamos andar (o pátio tinha cerca de 18×10 metros). Comecei a fazer algum exercício no pequeno espaço partilhado por 8 prisioneiros na cela, uma vez que se tornou o único espaço disponível para nós.

Tomar banho tornou-se uma tarefa impossível para os prisioneiros. No passado, os detidos costumavam tomar banho fora das enfermarias, em um espaço designado chamado “chuveiros”. Esse espaço é normalmente coberto por uma lona, que os serviços prisionais confiscaram. Consequentemente, os detidos são obrigados a tomar banho ao ar livre, o que se recusam a fazer, optando por se lavar nas suas celas utilizando recipientes de plástico.

Não há esfregões nas celas. Pedimos um ao carcereiro. Ou ele traz ou a água fica espalhada no chão.

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Desde 7 de outubro, os prisioneiros estão proibidos de sair para o pátio, o que agora é limitado a menos de 15 minutos por cela do pavilhão, e os prisioneiros de diferentes alas do pavilhão estão impedidos de se misturar. Quando o advogado de Abu Nidal (companheiro de cela do autor) foi finalmente autorizado a visitá-lo, não pensou na justiça que isso poderia lhe trazer, pois o que mais ansiava eram os poucos passos que poderia dar nos quatro metros quadrados de que disporia na sala de reuniões dos advogados.

Abu Nidal caminha um pouco e os cantos dos seus lábios esboçam um sorriso – um sorriso de vitória e de antecipação da liberdade.

Nidal me perguntou: vai casar assim que estiver lá fora? Quão otimista acha que o nosso povo está em relação à nossa liberdade?

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Pensando nessas palavras, lembro-me de que, no dia 7 de outubro, perguntei a Nidal sobre uma pilha de livros que ele receberia na prisão; ele respondeu imediatamente: Não preciso deles agora, o meu pai vai lê-los em breve sob um céu livre.

(*) Tradução de Mateus Forli

*Opera Mundi 

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Erro ‘catastrófico’ para os EUA deixarem Israel entrar em guerra com o Hezbollah e o Irã

O governo israelita espera poder forçar Washington a ajudá-lo a travar uma guerra em múltiplas frentes com o Hezbollah e o Irão, enquanto as FDI estão “nas profundezas de Gaza”, mas isso é uma missão tola, uma vez que os problemas de Israel são da sua própria criação e não os problemas do povo americano, disse um ex-oficial da CIA à Sputnik.

Num artigo para Al-Mayadeen no início desta semana, o ex-oficial de inteligência do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA, Scott Ritter, argumentou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin

Natanyahu, está tentando escalar a situação no Líbano, a fim de atrair os EUA para uma guerra em múltiplas frentes contra o Hezbollah e, ​​em última análise, Irã. No entanto, Ritter também argumentou que tal manobra não teria sucesso, porque o Hezbollah não será incitado a um conflito que o coloque em desvantagem no cenário global.

Ritter disse que se o Hezbollah tomar a iniciativa e lançar um ataque em grande escala contra Israel, “as pessoas deixarão de falar sobre a Palestina. As pessoas deixarão de falar sobre a agressão de Israel e agora concentrar-se-ão numa nova frente que provavelmente incluirá o Irão”.

“É novamente por isso que [o líder do Hezbollah] Hassan Nasrallah fala de perseverança . Perseverança significa que você tem que lutar em tempos difíceis para garantir que não será distraído da visão estratégica”, disse Ritter, acrescentando que “o Hamas está vencendo esta luta”. .Israel não pode prevalecer. Israel não pode derrotar o Hamas no terreno. Israel perdeu a batalha da propaganda a nível mundial; eles perderam nos Estados Unidos.”

John Kiriakou, ex-oficial da CIA e denunciante do programa de tortura dos EUA , disse na terça-feira ao programa “The Critical Hour” da Rádio Sputnik que Ritter e Nasrallah estão certos: os EUA não podem vencer uma guerra contra o Hezbollah e não deveriam se envolver em tal luta.

*Sputnik

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Ministra da Espanha defende cortar relações com Israel: ‘genocídio planejado a Gaza’

Ione Belarra, do Movimento Somar, criticou ‘silêncio ensurdecedor’ dos líderes mundiais sobre as violações aos direitos humanos dos palestinos.

Em entrevista transmitida nesta quarta-feira (08/11) para o canal Al Jazeera, do Catar, a ministra de Direitos Sociais da Espanha, Ione Belarra, reforçou suas críticas contra o governo de Israel pelas mortes de mais de 10 mil palestinos em apenas um mês de ofensiva militar contra a Faixa de Gaza.

Uma das líderes do partido de esquerda Movimento Somar (herdeiro político do extinto Podemos), Belarra classificou as operações israelenses no território palestino como um “genocídio planejado”, e afirmou que esta situação só é possível graças à omissão da comunidade internacional diante do que está acontecendo.

“Por que alguns países que levantam a bandeira dos direitos humanos em outros conflitos não fazem o mesmo neste caso, em vez de assistirem horrorizados o que está acontecendo? Precisamos condenar também a morte de milhares de crianças palestinas, as cenas de mães gritando desesperadamente com seus filhos mortos em seus braços. E precisamos punir quem é responsável por isso”, afirmou a ministra espanhola.

Belarra acusou os líderes mundiais por seu “silêncio ensurdecedor” diante da violação dos direitos humanos dos palestinos e recriminou o que considera como uma “duplicidade de critérios”, ao fazer uma comparação entre os conflitos em Gaza e na Ucrânia.

Há um silêncio ensurdecedor por parte dos países e dos líderes políticos que poderiam fazer alguma coisa. Falo daquilo que conheço bem, que é a União Europeia. Parece que a demonstração de hipocrisia da Comissão Europeia a respeito deste tema é inaceitável”, comentou.

Não foi a primeira vez que a ministra usou esses termos. Semanas atrás, em um vídeo divulgado em suas redes sociais no dia 28 de outubro, Belarra já havia usado a expressão “genocídio planejado” e feito um apelo a todos os líderes mundiais, incluindo o premiê espanhol Pedro Sánchez, para que cortassem relações diplomáticas Israel, incluindo o bloqueio à venda de armas ao país, e patrocinassem uma acusação contra o premiê israelense Benjamin Netanyahu no Tribunal Penal Internacional (TPI).

“Israel não só está bombardeando massivamente a uma população civil que está absolutamente indefesa como também cortou todas as comunicações no território de Gaza, com o claro objetivo de ocultar o que está acontecendo e garantir sua impunidade. A falta de atitude dos nossos líderes está transformando-os em cúmplices desse genocídio planejado”, disse Belarra na ocasião.

O vídeo foi usado pela oposição de direita na Espanha para criticar o governo de Sánchez e pressionar pela demissão da ministra, mas o premiê a apoiou e disse que a manteria no cargo.

*Aljazeera/Opera Mundi

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Vídeos: ‘Cheiramos muito fósforo branco, estão nos matando’, diz brasileira em Gaza à Sputnik

Em relato exclusivo à Sputnik Brasil, a brasileira residente da Faixa de Gaza Shahd al-Banna, de 18 anos, conta como o bloqueio e os ataques aéreos israelenses afetam sua vida, privando brasileiros de água, comida, luz e, principalmente, segurança.

O conflito na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas, iniciado em 7 de outubro (há exatamente um mês), já acumula números volumosos. Segundo o Ministério da Saúde da Palestina e organizações internacionais, mais de 10 mil palestinos foram mortos. O número de crianças vitimadas já ultrapassa a casa de 4 mil.

Desde o início das agressões, Israel já bombardeou a Faixa de Gaza com, aproximadamente e segundo cálculos de organizações, a potência de explosivos equivalente a duas bombas nucleares. Com os ataques aéreos, portanto, fica quase impossibilitada a locomoção de civis pela região.

É o caso da jovem brasileira Shahd al-Banna, 18, que se encontra na região sul de Gaza após ter sido deslocada do setor norte, onde o maior número de ataques aconteceu nos últimos dias.

“Em Gaza não há um lugar seguro. Os bombardeios não param, em todo lugar. O tempo todo temos entes que morrem. Agora já são 12 mil pessoas que morreram, a maioria são crianças. Eu sei que algumas amigas minhas não conseguiram sair do norte, e agora eu não tenho informações. Tento ligar para elas, mas não há rede, cortaram a conexão, infelizmente”, relata a brasileira.

O drama e a luta para sobreviver são acentuados por conta de um bloqueio marítimo, aéreo e terrestre por parte de Israel, que afeta os quase 3 milhões de residentes da Faixa de Gaza.

“Não temos uma rotina exata. A rotina é esperar sair daqui. Estamos sem gás e sem água mineral. Internet e luz já não temos há um tempão. Eu tô sentindo muita saudade de beber água limpa, você não tem noção. É ruim beber água salgada, é muito ruim”, completa Shahd.

Os esforços diplomáticos para garantir a evacuação de brasileiros pela passagem de Rafah, no Egito, ponto de deslocamento de múltiplos civis, têm sido difíceis.

O assessor para assuntos internacionais da Presidência da República Celso Amorim chegou a declarar que “não houve uma explicação para a não inclusão de brasileiros” na lista de nomes a sair de Gaza.

Manifestantes seguram cartaz contra a ofensiva na Faixa de Gaza, em frente à fábrica da Boeing em Saint Louis, Missouri. Estados Unidos, 6 de novembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 06.11.2023

Manifestando incômodo, Amorim chegou a acionar o conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Jake Sullivan, solicitando ajuda dos EUA para que a impaciência brasileira fosse notada pelo premiê israelense, Benjamin Netanyahu.

Pelo quinto dia consecutivo, nenhum dos 34 brasileiros que estão na área do conflito entre Israel e o Hamas constou na lista oficial.

*Spunik

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Legislador dos EUA critica lobby pró-Israel: ‘Eu não dou a mínima para AIPAC’

Um legislador do Congresso de Wisconsin tirou recentemente as luvas numa entrevista à imprensa norte-americana sobre a influência do grupo sionista na política de Washington.

O deputado americano Mark Pocan (D-WI) criticou duramente a influência do lobby pró-Israel na política dos EUA na segunda-feira, destacando o papel do Comitê Americano de Assuntos Públicos de Israel (AIPAC).

“É altura de os chamar a atenção pelo que são – um grupo de frente para a política conservadora aqui nos EUA – em vez de ter medo deles”, disse Pocan numa entrevista aos meios de comunicação norte-americanos

“Eu não dou a mínima para o AIPAC – ponto final. Acho que eles são uma presença cancerígena na nossa democracia e na política em geral, e se eu puder ser cirurgião, isso é ótimo.”

A declaração representa a última salva numa rivalidade em curso entre Pocan e o grupo de lobby historicamente influente. No mês passado, a AIPAC acusou Pocan e vários membros democratas da Câmara dos EUA de “tentarem manter o Hamas no poder” numa publicação na plataforma de mídia social X.

A acusação surgiu depois de vários legisladores terem votado contra um projeto de lei que expressava apoio incondicional à ação militar de Israel em Gaza (Pocan não estava entre eles). Nove legisladores democratas juntaram-se ao deputado americano Thomas Massie (R-KY) na oposição ao projeto de lei, com Massie declarando oposição ao apoio do projeto às sanções e implicando o compromisso futuro das tropas dos EUA no conflito.

Pocan respondeu na plataforma , postando “AIPAC é bom em não dizer a verdade… Nós simplesmente não apoiamos o assassinato de crianças, o que parece que você faz”.

Pelo menos 4.100 menores e 10.022 pessoas no total foram mortas nos ataques contínuos de Israel à sitiada Faixa de Gaza durante o último mês, de acordo com os últimos números fornecidos pelas autoridades.

Além disso, soldados e colonos israelitas mataram 155 pessoas em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia, território ocupado ilegalmente por Israel ao abrigo do direito internacional desde 1967.

Grupos de lobby pró-Israel como a AIPAC ajudaram a tornar Israel o maior beneficiário da ajuda externa dos EUA desde a Segunda Guerra Mundial, obtendo até 3,9 mil milhões de dólares em assistência anual para o país.

Criticar Israel e a influência do lobby pró-Israel revelou-se um tabu na política dos EUA. A deputada norte-americana Ilhan Omar (D-MN), um dos três únicos membros muçulmanos do Congresso dos EUA, foi denunciada como anti-semita depois de criticar a influência de lobistas sionistas em 2019. O incidente fez com que ela atraisse críticas de membros proeminentes de seu próprio partido, incluindo O deputado Jerry Nadler (D-NY) e Chelsea Clinton, filha do ex-presidente dos EUA Bill Clinton.

Omar foi novamente castigado após uma postagem nas redes sociais criticando Israel em 2021. Omar compartilhou gravações de mensagens de voz ameaçadoras que recebeu em resposta às críticas públicas contra ela na época, incluindo mensagens ameaçadoras como “Muçulmanos são terroristas” e uma ligação dizendo que espera os voluntários de sua campanha “recebem o que está vindo para você”. O tratamento público dispensado a responsáveis ​​muçulmanos, como Omar e o colega deputado Rashida Tlaib (D-MI), o único membro palestiniano do Congresso dos EUA, suscitou a discussão sobre o papel da islamofobia e do orientalismo na vida pública.

Orientalismo é preconceito contra pessoas do Oriente Médio e da cultura do Oriente Médio. O termo foi popularizado pelo estudioso palestino Edward Said no seu livro “Orientalismo”, de 1978, que argumentava que a dominação da região é alimentada pelo desprezo ocidental e por suposições estereotipadas sobre o mundo árabe.

Um estudo recente realizado por investigadores da Universidade Brown descobriu que cerca de 3,8 milhões de pessoas foram mortas no meio de ações militares apoiadas pelos EUA no Iraque, Afeganistão, Síria, Iémen e outros países no século XX. A interferência dos EUA na região dura há décadas e inclui um golpe de estado apoiado pela CIA no Irão em 1953, o financiamento dos EUA às forças Mujahideen no Afeganistão desde o final da década de 1970 e o apoio militar contínuo dos EUA à ocupação ilegal dos territórios palestinianos por Israel.

É hora de chamar um terrorista de terrorista. “Os palestinos sacrificaram-se involuntariamente com o propósito de esclarecer toda a civilização planetária sobre a profunda maldade e natureza satânica do Estado Sionista de Israel”, escreveu o Profeta de Poltrona. Uma declaração profunda. Gaza é Cristo e Israel é Israel. Mas Gaza também é Amaleque. Amaleque era Cristo desde o princípio, mas não vimos isso, porque nos foi dito que Cristo era filho de Yahweh e um com ele. Agora podemos começar a ver nosso trágico erro. Este é o nosso chamado para despertar. Encaremos a verdade sobre Yahweh e o povo escolhido que ele criou à sua imagem (ou vice-versa).

*Sputnik

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Deputados de esquerda convocam ato na Câmara ‘contra o genocídio em Gaza’

Após mais de 10 mil mortes em função dos ataques israelenses, representantes de PT, PSOL e PCdoB exigem cessar-fogo imediato e pedem ao governo brasileiro de endurecer relações com Israel.

Após um mês do início dos ataques de Israel à Faixa de Gaza, mais de 10 mil vidas já foram perdidas no enclave sitiado. Até o momento, as autoridades israelenses não deram nenhum sinal de que vão aceitar cessar-fogo na região.

Com o agravamento das operações militares contra o povo palestino, vítima de intensos bombardeios diários, deputados brasileiros pretendem denunciar Israel em um ‘Ato contra o genocídio’, programado para acontecer no plenário 9 da Câmara dos Deputados, em Brasília, às 14h desta quarta-feira (08/11). Assessoria parlamentar

Cessar-fogo já!
A principal reivindicação do evento, organizado em conjunto por parlamentares – deputadas Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Luizianne Lins (PT-CE); deputados Glauber Braga (PSOL-RJ) e Padre João (PT-MG) -, é o cessar-fogo imediato e o fim do massacre em Gaza.

No entanto, a manifestação contempla as questões históricas, culturais e religiosas envolvidas no cenário, tendo como objetivo, também, o fim da ocupação, do apartheid e da violação de direitos humanos.

“Esse ato na Câmara é uma forma de demonstração de que parlamentares, deputados brasileiros, rechaçam o que está acontecendo na Faixa de Gaza, que não aceitam o genocídio do povo palestino e que trabalham necessariamente para o cessar-fogo imediato”, declarou o deputado Glauber Braga a Opera Mundi, acrescentando também a importância de utilizar o espaço para ampliar a voz à causa palestina.

“Aqueles que ainda não participaram dos atos de rua vão ter a possibilidade de fazer uma demonstração à causa palestina no espaço da Câmara, e a gente acha que isso pode ser também um instrumento para ampliar o engajamento nas ruas”, concluiu o parlamentar.

Com a escalada da violência e das violações ao direito internacional por parte das autoridades de Tel Aviv, a deputada Jandira Feghali avalia que Israel ”vai manter esta posição” sob o argumento de exigir a soltura dos reféns pelo Hamas.

Twitter/UNRWA
Lideranças exigem cessar-fogo imediato a Israel diante da crise humanitária na Faixa de Gaza
“Mas na verdade, esse não é o argumento central. A questão central é a anexação de território e a eliminação de boa parte do povo palestino. A guerra não é entre Israel e o Hamas, a guerra é entre Israel e o povo palestino”, destacou Jandira a Opera Mundi, reforçando a necessidade das pessoas não serem omissas à situação, “a possibilidade de falar isso tem que ser múltipla e ampla porque não é aceitável assistir com omissão. É muita morte de crianças, mulheres, civis inocentes”.

Os deputados também cobram um posicionamento firme do governo brasileiro em relação a Israel, uma vez que o Estado indica que “vai seguir com a ampliação do genocídio do povo palestino”.

“O governo brasileiro tem que seguir o exemplo de Bolívia, Colômbia e Chile. A avaliação do nosso mandato é que o governo brasileiro deve romper relações neste momento com o Estado de Israel”, defendeu Braga, acrescentando que é preciso aumentar a pressão internacional contra Israel, que têm apoio legitimado pelos Estados Unidos.

“O Brasil tem que tirar os brasileiros da Faixa de Gaza e, a partir daí, endurecer a sua posição em relação ao Estado de Israel sobre todos os pontos de vista: nas relações diplomáticas, nas relações econômicas, nos acordos ou não realização dos acordos”, afirmou Jandira, condenando a conduta israelense contra o povo palestino: “é inaceitável”.

O ato acontece no momento em que o conflito completa um mês. Nesse período, a Faixa de Gaza contabilizou mais de 10 mil mortes e dezenas de milhares de feridos pelas operações do Exército de Israel. Desde que as autoridades de Tel Aviv intensificaram os ataques no enclave palestino, a crise humanitária tem se agravado em ritmo frenético. Hospitais e serviços essenciais entraram em colapso, cidadãos seguem lutando contra a escassez de recursos básicos como água potável, alimento, eletricidade e combustível. Escolas, mesquitas, abrigos e prédios residenciais são constantemente bombardeados.

“Diante de um genocídio ao vivo, é necessário que todos se manifestem. É uma forma da gente soltar o grito em defesa da paz do povo palestino”, concluiu a deputada Jandira.

*Opera Mundi

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Brasileiros são avisados de que podem deixar Gaza na quarta (8/11)

Na Faixa de Gaza, há um grupo de 34 pessoas que aguarda autorização para cruzar a fronteira e serem repatriados pelo governo brasileiro.

Os brasileiros que estão na Faixa de Gaza disseram ter sido informados de que podem cruzar a fronteira com o Egito nesta quarta-feira (8/11). A informação é da CNN Brasil.

A rede de televisão confirmou a informação com dois brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Hasan Rabee, um dos 34 cidadãos a serem repatriados pelo governo brasileiro, afirmou, por meio das redes sociais, ter recebido a notícia de que há grande chances do grupo deixar Gaza nesta quarta.

Ao Metrópoles, o Ministério das Relações Exteriores afirmou que ainda não há confirmação para que o grupo deixe Gaza. Segundo o Itamaraty, não é possível ter confirmação da partida antes de sair a lista oficial de cada dia.

Até agora, nenhum dos 34 brasileiros e familiares próximos de Gaza teve essa autorização para deixar a área do conflito, por meio da fronteira do Egito.

A falta de inclusão na lista de determinadas nacionalidades, entre elas a brasileira, tem rendido a Israel acusações de que o país estaria agindo sob critérios políticos.

Na última sexta-feira (6/11), o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou ter conseguido a garantia do chanceler de Israel de que os brasileiros serão liberados até a próxima quarta-feira (8/11).

No último sábado (4/11), a Embaixada de Israel no Brasil culpou o Hamas por estar “atrasando” a saída de estrangeiros da Faixa de Gaza, e garantiu estar fazendo tudo que está ao seu alcance.

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Vídeo: Brasileira é alvo de xenofobia em Portugal, e Dino reage com ironia: “repatriem todos os imigrantes que lá estão, devolvendo junto o ouro de Ouro Preto, e aí fica tudo certo”

Uma brasileira de 35 anos foi vítima de um ataque xenofóbico no Aeroporto de Porto, em Portugal. Aos berros, uma portuguesa chama a brasileira de porca e diz que é portuguesa “de raça”. E afirma que “os brasileiros estão invadindo Portugal, essa raça de filho da p…”

A brasileira, que não quis se identificar, postou o vídeo, que viralizou nas redes sociais e foi alvo de comentário do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Ao citar a queixa da portuguesa, Dino diz que “temos direito de reciprocidade porque em 1500 eles invadiram o Brasil”. E sugere, em tom de ironia, que Portugal repatrie todos os brasileiros que estão no país, desde que devolvam o ouro que levaram do Brasil na época de colonização.

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Mauro Vieira diz que é ‘lamentável’ e ‘moralmente inaceitável’ ONU não conseguir acordo sobre conflito entre Israel e Hamas

Presidência brasileira do Conselho de Segurança chegou ao fim sem resolução sobre Oriente Médio.

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou nesta terça-feira que é “lamentável” e “moralmente inaceitável” que o Conselho de Segurança da ONU não tenha conseguido chegar a um acordo sobre o conflito entre Israel e Hamas.

— A estabilidade regional e internacional são essenciais para a prosperidade e desenvolvimento. Em outubro, ocupamos a presidência do Conselho de Segurança da ONU que coincidiu com os trágicos desenvolvimentos em Israel e na Faixa de Gaza, diz O Globo.

Mobilizamos todos os nossos esforços para reverter a paralisia do principal órgão do sistema multilateral em favor de uma solução para a alarmante situação humanitária na região. É lamentável, além de moralmente inaceitável, que uma vez mais o conselho de segurança não tenha conseguido estar à altura de seu nobre mandato.

A presidência brasileira do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) chegou ao fim na semana passada. A diplomacia do Brasil Brasil tentou, mas não conseguiu aprovar nenhuma resolução que pudesse levar o conflito entre Israel e o Hamas a um cessar-fogo ou à abertura de corredores humanitários para retirada das população civil da Faixa de Gaza.

Ao longo das últimas semanas, foram colocadas em votação no conselho diversas propostas, apresentadas, por exemplo, por Brasil, Estados Unidos e Rússia. Todas foram vetadas, sob diversas alegações. Mas não houve acordo para aprovação dentro do conselho.