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Apesar dos fatos, Lindôra tentou preservar Bolsonaro. E o pato na panela

Reinaldo Azevedo*

Sim, caras e caros, sei que Jair Bolsonaro se enrolar numa questão ligada a vacinas parece, em princípio, jocoso. Ou, então, lembra uma operação oblíqua, como a que prendeu Al Capone por sonegação, ainda que tivesse cometido crimes pavorosos — o ex-presidente não foi preso. Ainda… Vamos ver. A gente fica com vontade de cantarolar “O Pato”, a música de Vinícius de Moraes, sobre o “pateta”, que “Pulou do poleiro/ No pé do cavalo/ Levou um coice/ Criou um galo (…)/ Caiu no poço/ Quebrou a tigela/ Tantas fez o moço/ Que foi pra panela”… Ah, sim: o ministro Alexandre de Moraes suspendeu o sigilo da informação. Fez bem. Contribui para diminuir o estoque de bobagens por aí. Vamos lá.

Em primeiro lugar, os crimes investigados são graves — infração de medida sanitária preventiva; associação criminosa; inserção de dados falsos em sistemas de informação e até corrupção de menores —, e não custa lembrar o que a Covid representou e representa no Brasil e no mundo. Já morreram mais de 700 mil brasileiros. Nada há, pois, de jocoso. Estamos falando da maior tragédia que já colheu nosso país no que respeita a vítimas fatais.

Em segundo lugar, mas não menos importante, estamos a falar de um político que, na condição ainda de chefe de Estado, permitiu que se cometesse uma fraude grave, segundo aponta investigação da Polícia Federal.

ALEXANDRE DE MORAES AGIU DE OFÍCIO?
Bolsonaristas e alguns desaviados estão por aí a dizer que Moraes resolveu atravessar a rua, por conta própria, para determinar as diligências da Operação Venire, no âmbito de inquéritos sob sua relatoria. Bem, isso não aconteceu, como evidência a suspensão do sigilo.

O ministro recebeu uma representação da Polícia Federal solicitando permissão para diligências para investigar indícios de cometimento dos seguintes crimes:

– Falsificação de carteira de Vacinação emitida pela Secretaria de Saúde do Estado de Goiás/GO e tentativa de inserção de dados falsos em sistemas do Ministério da Saúde;
– Falsificação de carteira de Vacinação emitida pela Secretaria de Saúde do Município de Duque de Caxias/RJ e inserção de dados falsos em sistemas do Ministério da Saúde em benefício de GABRIELA SANTIAGO RIBEIRO CID;
– Uso de Documento Falso por GABRIELA SANTIAGO RIBEIRO CID;
– Inserção de dados Falsos nos Sistemas do Ministério da Saúde em nome de MAURO CESAR CID, BEATRIZ RIBEIRO CID, GIOVANA RIBEIRO CID e ISABELA RIBEIRO CID e possíveis crimes de Uso de Documento Falso e Corrupção de Menores;
– Inserção de Dados falsos nos Sistemas do Ministério da Saúde em nome de JAIR MESSIAS BOLSONARO, LAURA FIRMO BOLSONARO, MAX GUILHERME MACHADO e SERGIO ROCHA CORDEIRO e possíveis crimes de Uso de Documento Falso;
– Emissão de Certificados ideologicamente falsos em nome do ex-Presidente da República JAIR BOLSONARO;
– Emissão de Certificado ideologicamente falso em nome LAURA FIRMO BOLSONARO;
– Emissão de Certificados ideologicamente falsos em nome de MAX GUILHERME MACHADO DE MOURA;
– Emissão de Certificados ideologicamente falsos em nome de SERGIO ROCHA CORDEIRO.

Isso tudo está explicitado na petição da Polícia Federal, acompanhado dos devidos indícios e evidências.

Como indagaria aquele, “o que fazer”?

Moraes enviou a representação da Polícia Federal, com o conjunto de evidências e o pedido de diligências, à Procuradoria Geral da República. E quem se manifestou? A vice-procuradora-geral Lindôra Araújo. E, bem…, comportou-se como Lindôra Araújo.

As evidências contra os envolvidos na tramoia das vacinas são, vamos dizer, assim, contundentes. Mas a doutora, sabe-se lá por quê, não viu razões para um mandado de busca e apreensão contra Jair Bolsonaro, embora o conjunto fático indique ser ele o principal beneficiário da fraude, em tendo existido mesmo. Escreveu:
“No caso, não há nenhum elemento de convicção que justifique, com segurança, a postulação da medida cautelar de busca e apreensão de natureza domiciliar e/ou pessoal pelo Ministério Público Federal, não sendo suficientes, para tanto, as presunções suscitadas pela Polícia Federal em relação ao ex- Presidente da República JAIR MESSIAS BOLSONARO e à sua esposa, MICHELLE DE PAULA FIRMO REINALDO BOLSONARO.”

Para a vice-procuradora-geral, trata-se de “meras conjecturas apresentadas pela Polícia Federal, sem base probatória mínima” e que “não servem para fundamentar a necessidade, a adequação e a proporcionalidade da decretação dessa medida cautelar penal mais drástica, como meio de obtenção de fontes materiais de prova.”

Moraes não concordou com a PGR no que respeita a Bolsonaro e, é bom que se diga, nessa fase, em qualquer grau, o juiz não está obrigado a acatar o que pensa o Ministério Público. Em sua decisão, escreveu o ministro:
“Diante do exposto e do notório posicionamento público de JAIR MESSIAS BOLSONARO contra a vacinação, objeto da CPI da Pandemia e de investigações nesta SUPREMA CORTE, é plausível, lógica e robusta a linha investigativa sobre a possibilidade de o ex-Presidente da República, de maneira velada e mediante inserção de dados falsos nos sistemas do SUS, buscar para si e para terceiros eventuais vantagens advindas da efetiva imunização, especialmente considerado o fato de não ter conseguido a reeleição nas Eleições Gerais de 2022. Imprescindível, portanto, a realização de diligências, inclusive com o eventual afastamento excepcional de garantias individuais que não podem ser utilizadas como um verdadeiro escudo protetivo para a prática de atividades ilícitas, tampouco como argumento para afastamento ou diminuição da responsabilidade civil ou penal por atos criminosos, sob pena de desrespeito a um verdadeiro Estado de Direito (HC nº 70.814-5/SP, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Primeira Turma, DJ de 24/6/1994”

Moraes acatou a posição de Lindôra no que respeita a Michelle Bolsonaro. A vice-procuradora-geral descartou ainda a necessidade de prisão preventiva de alguns dos envolvidos, afirmando que bastaria a provisória:
“no contexto examinado, a prisão temporária, medida cautelar penal de caráter pessoal e instrutório se revela necessária apenas em relação a MAURO CESAR BARBOSA CID, LUIS MARCOS DOS REIS, AILTON GONÇALVES MORAES BARROS e JOÃO CARLOS DE SOUSA BRECHA, com vistas a assegurar o resultado útil da investigação criminal e, em última análise, da própria persecução penal em sua fase processual.”

Moraes discordou da vice-procuradora:
“Diante de todo o exposto, com fundamento no art. 312 do Código de Processo Penal, DECRETO A PRISÃO PREVENTIVA de AILTON GONÇALVES MORAES BARROS, JOÃO CARLOS DE SOUSA BRECHA, LUIS MARCOS DOS REIS, MAURO CESAR BARBOSA CID, MAX GUILHERME MACHADO DE MOURA e SERGIO ROCHA CORDEIRO.”

Moraes, obviamente, não agiu de ofício, decidiu a partir de um impressionante conjunto fático apresentado pela Polícia Federal e ouviu o MPF, como cumpre fazer. Pode ou não seguir a sua opinião. Quando chegar a hora da denúncia, mas ainda está longe, aí, sim, não resta ao relator senão acatar o que pensa o Ministério Público, titular da ação penal.

Uol

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O próximo

Bolsonaro hoje, na Jovem Pan, era a própria expressão de quem sabe que será o próximo a subir no cadafalso.

Daí o choro de crocodilo que não convence ninguém e nem gera qualquer sentimento de compaixão.

Aquele valentão, que fazia um discurso de conteúdo nazista, evaporou. Em seu lugar um camundongo assustado, com as mãos sujas de todo tipo de dejeto do esgoto que sempre frequentou e que foi marca de sua eleição fraudada junto com Moro, além do seu governo que dividiu com os piores bandidos desse país.

Bolsonaro expressou hoje, de maneira transparente o que o próprio produziu em termos de bandidagem e falcatruas.

Essa operação de hoje da PF, não deixa dúvida, Bolsonaro é o próximo da fila do abate e, possivelmente se surpreenderá com o pouco caso que esse fato proporcionará, mesmo no seu gado premiado.

Vide a ausência de bolsonaristas hoje na Câmara dos deputados na em que o ministro Flávio Dino falava sobre a PL das fake news.

Com um detalhe, Dallagnol, em determinado momento, avisa que não quer ser confundido com bolsonaristas, para tanto, usou a expressão “extrema direita”, deixando claro que, quem arrotou apoio a Bolsonaro, agora ajuda a jogar o sujeito aos leões.

Na verdade, todos já perceberam, sobretudo depois da adulteração do cartão de vacinas do genocida, que foi feita de dentro do Palácio do Palácio.

Seus dias de impunidade estão chegando ao fim e, como se sabe, os ratos são os primeiros a pular do barco quando este afunda.

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Quando Moro, principal homem do bando de Bolsonaro, será preso?

Comparada a Sergio Moro, essa turma do bando de Bolsonaro, presa hoje é bactéria de germes menores. Digamos que todos sejam um Sergio Moro com o desconto de 99,9%.

Eles podem dar a volta que for, podem medir cada procedimento do ex-juiz vigarista, que a conclusão é somente uma, a de que não houve nenhuma ação criminosa mais cirúrgica e precisa do que a que levou Bolsonaro ao poder por uma farsa com a manobra mais espúria de que se tem notícia na história do judiciário brasileiro.

Temos que lembrar que o judiciário brasileiro foi o principal avalista de, praticamente quatro séculos de escravidão num país de 523 anos.

Nesse ponto, Moro operou um esquema com os outros bandoleiros da república de Curitiba, em parceria com a Globo e afins, para que o país vivesse uma super tragédia humanitária, social, econômica, moral à altura de uma terra sem lei, como é a prática de um Estado miliciano.

Tudo de ruim que o governo Bolsonaro produziu, matando mais pessoas do que toda a era do Brasil Colônia, Império e República, tem Moro como principal culpado.

Não interessa que um juiz pilantra sonhou em fazer de Bolsonaro ponte política para levá-lo à presidência da República, prendendo Lula, sem qualquer indício de crime, o presidente mais bem avaliado que bateu recorde de 87% de ótimo e bom.

Ou seja, a ganância do conje que, certamente, é a representação do que existe de mais inculto, grotesco e caricato na justiça brasileira, não tem fim, tanto que está ele aí de volta à caça de caraminguás bolsonaristas tentando se cacifar, de novo, para a próxima disputa presidencial.

O sujeito tem escrúpulo zero, o que otimizou e muito a falta de escrúpulos do próprio monstro, Jair Bolsonaro, com um adendo, Moro é o autor do projeto que pretendia permissão judicial para matar pretos e pobres que, com certeza, seriam caçados por um extrema direita altamente racista.

A coisa só não andou porque o Congresso, com todos os seus defeitos, cortou as asinhas do pilantra de Curitiba.

O que se quer aqui acentuar é que, perto do extrato de crimes que Moro operou dentro do sistema de justiça para condenar e prender Lula, um inocente, por 580 dias, para Bolsonaro vencer o pleito e provocar a erupção de um vulcão de corrupção que provocou, essa turma, presa até agora, é titica.

A prisão de Sergio Moro, portanto, tem a mesma urgência e relevância da prisão de Bolsonaro.

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“Por que Moro e Dallagnol têm tanto medo de Tacla Duran?”, questiona Kakay

“Não se pode ter medo da verdade. Ninguém está acima da lei”, reforçou.

Neste sábado, o advogado Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay, concedeu uma entrevista à jornalista HIldegard Angel, no 247. Durante a conversa, Kakay abordou a relação entre o ex-advogado da Odebrecht, Rodrigo Tacla Duran, e os ex-membros da Operação Lava Jato, Sergio Moro e Deltan Dallagnol.

Kakay questionou por que Moro e Dallagnol têm tanto medo das possíveis revelações que Tacla Duran poderia fazer sobre tentativas de extorsão. Segundo o advogado, essas revelações seriam gravíssimas e poderiam expor as falhas da Operação Lava Jato. “Não se pode ter medo da verdade. Ninguém está acima da lei”, afirmou Kakay. “Por que Moro e Dallagnol têm tanto medo de Tacla Duran?”, questionou.

Além disso, o advogado criticou a atuação de Sergio Moro na Lava Jato, que segundo ele, desestruturou o Brasil e deixou como legado o bolsonarismo. Kakay ainda destacou o apoio da mídia brasileira à operação, que segundo ele, foi um fator determinante para o sucesso da mesma.

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Vídeo: A mídia continua sendo a central do fascismo tropical

O que o Brasil vive hoje é o resultado de um processo cirúrgico de manipulação da grande que levou um fascista ao poder.

Por isso, independente de Bolsonaro estar ou não na presidência da República, o fascismo segue firme na mídia brasileira e precisa ser frontalmente combatido.

Assista

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Depois de tentarem surrupiar 2,5 bi da Petrobras para criar fundação, Moro e Dallagnol tentam fundar seita com xepa do bolsonarismo

É comovente ver Josias de Souza entusiasmado com Cármen Lúcia, por ter passado uma carraspana em Nunes Marques, que classificou as mulheres como “coitadas”, por serem vítimas de trapaças políticas protagonizadas pelos velhos marmanjões do machismo nativo.

Assim, pode-se dizer que, no país, a hipocrisia tem graduações, no caso de Josias de Souza, assim como em quase toda a mídia industrial, hoje entusiasmada com a fala de Cármen Lúcia, a graduação é a de nível 3, a máxima.

Estamos falando das pessoas que fizeram a maior campanha de misoginia de que se tem notícia contra uma mulher, a primeira mulher presidenta da República.

A ministra Cármen Lúcia, por exemplo, na época em que assumiu a presidência do STF, numa crítica boboca a Dilma, disse que ela seria presidente e não presidenta do STF, para delírio dos Nunes Marques da vida, numa clara tentativa de dizer que o termo presidenta, usado por Dilma, não existe na língua portuguesa, contrariando nada mais, nada menos que Machado de Assis.

Mas não é exatamente sobre esse ponto da mídia que queremos destacar aqui neste texto, que envolve sim as questões de um país destruído pela Lava Jato e que, de lambuja, colocou um fascista miliciano, genocida, no poder pelas mãos de um juiz e de um procurador tidos como heróis nacionais pela grande mídia, ratificados pelo elitista sistema de justiça brasileiro.

Muito foi comentado nas redes e nas mídias a chinelada que o grande ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, deu em Girão e Damares, mas sobretudo em Girão por conta de seu marketing macabro de oferecer ao ministro uma réplica de um feto de 11 semanas. Logo o Girão que, na CPI do genocídio, defendeu com unhas e dentes o genocida, o mesmo sujeito que matou milhares de crianças de covid por uma série de crimes que envolvem a compra de vacinas e por usar as bigtecs para espalhar, através dos mágicos algoritmos, milhares de fake news que ajudaram e muito na disseminação da covid, ao vender remédios com ineficácia comprovada, ou seja, um festival de charlatanismo.

Pois bem, primeiro Dallagnol, depois Moro correram para seus twitter de olho na xepa do bolsonarismo para apoiarem Girão, aí não há nada de novo. Os dois, mesmo pateticamente, querem se apresentar aos bolsonaristas como alguém mais bolsonarista que o próprio Bolsonaro.

Essa tática é velha. Na verdade, foi isso que custou a cabeça de Moro no ministério da Justiça, quando alguém avisou a Bolsonaro que Moro estava preparando uma cama de gato para ele já na eleição de 2022.

O problema é que a mídia segue inacreditavelmente protegendo esses dois bandoleiros, quando quem protege sua cria, fazendo de conta que Moro e Dallagnol não são os bandidos que são e que foram vendidos por essa mesma mídia como os grandes paladinos da moral e da justiça.

Ou seja, o fascismo no Brasil tem questões que não são para amadores.

Obs. Moro foi extremamente saudado na mídia por esses que se dizem defensores das mulheres em seu aplauso a Cármen Lúcia, quando cometeu um crime duplo contra a presidência da República grampeando ilegalmente a presidenta e, em seguida, passando para a Globo, de forma criminosa, esse mesmo grampo para ajudar no golpe que se buscava naquele momento somar forças golpistas contra Dilma.

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Ao recusar feto de plástico, ministro expôs farsa e desmoralizou senador

Silvio Almeida rechaçou teatro de bolsonarista Eduardo Girão para chocar eleitor religioso.

A performance foi planejada para chocar. Num gesto teatral, o senador Eduardo Girão se levantou da cadeira e caminhou até o ministro Silvio Almeida. Queria presenteá-lo com um pequeno boneco de plástico, simbolizando um feto de 11 semanas.

De celular em punho, uma assessora filmava tudo para abastecer as redes do chefe. Não contava com a reação do ministro, que se recusou a participar da encenação. “Isso é uma exploração inaceitável de um problema sério”, reagiu Almeida. Sem alterar a voz, o professor expôs a farsa e desmoralizou o farsante.

Dublê de empresário e cartola de futebol, Girão se elegeu na onda bolsonarista de 2018. Em quatro anos de mandato, já está no terceiro partido. Debutou no Pros, passou pelo Podemos e hoje é filiado ao Novo, que um dia se vendeu como novidade na política.

Na CPI da Covid, defendeu tratamentos ineficazes e fez propaganda da cloroquina. Agora milita contra a regulação das plataformas digitais, que pode impor barreiras ao discurso de ódio e à desinformação.

Girão tem motivos para temer o projeto. Em novembro, convidou ativistas de extrema direita para uma audiência no Senado. A sessão foi marcada por mentiras sobre as urnas, ataques ao Judiciário e pedidos de golpe militar.

“Vamos parar esse país para que vocês entendam que nós não estamos brincando”, ameaçou um dos oradores, após chamar o ministro Alexandre de Moraes de “ditador de toga”. Os discursos ganharam as redes e ajudaram a fermentar o clima para os ataques de 8 de janeiro.

No início da semana, Girão compartilhou a mentira de que o PL das Fake News censuraria versículos da Bíblia. A performance com o feto de plástico faz parte da mesma tática para confundir e assustar o eleitorado religioso.

Além de desrespeitar o ministro dos Direitos Humanos, o senador criticou ontem o Ministério da Saúde por revogar uma portaria do governo Bolsonaro. O texto obrigava vítimas de estupro a passarem numa delegacia para terem direito à interrupção legal da gravidez.

A medida impunha mais um constrangimento a mulheres violentadas. Como Girão se apresenta como “cristão e pró-vida”, haverá quem acredite em suas boas intenções.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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CPI vai triturar, expor e dividir oposição a Lula

Luís Costa Pinto*

Por 28 anos, a eternidade de uma geração, Jair Bolsonaro ocupou uma vaga de deputado federal pelo Rio de Janeiro na Câmara. Ignorante e despreparado, portou-se como um traste sujo e imprestável por todo o tempo. Nunca liderou as bancadas da meia dúzia de siglas pelas quais passou no Parlamento. Jamais presidiu quaisquer das comissões temáticas permanentes, nem mesmo comissões especiais. Não relatou um único projeto de lei relevante em plenário. Era um entulho e devia ter enfrentado processos de cassação de mandato e suspensão de direitos políticos em ao menos três oportunidades:

  • quando agrediu uma parlamentar e jornalistas mulheres com laivos misóginos,
  • quando enalteceu no púlpito da Casa do Povo o nome infame de um torturador abjeto;
  • quando levou ao Congresso um coronel dos porões da ditadura para que ele mentisse e enxovalhasse a biografia de outros parlamentares que haviam lutado contra o regime dos generais de 1964.

Ao longo dos quatro trágicos anos do governo do pai, o deputado Eduardo Bolsonaro e o senador Flávio Bolsonaro, foram figuras acessórias no trato de temas sérios no Congresso Nacional. Arrivista e boçal, o deputado só ameaçou brilhar como investigado e processado pelo Conselho de Ética. Porém, o comando do Parlamento não teve nem coragem, nem destemor, para cassá-lo quando perfilou mais de uma vez contra as instituições democráticas e o Estado de Direito. Igualmente boçal e dado a flertes pragmáticos (senão, ao usufruto) com o mercado jurídico de Brasília, o senador não conseguiu sequer traçar uma linha de defesa para o pai na CPI da Covid no Senado. Ou seja, a dupla de “Bolsonaros Minions” do Congresso não passa de um dueto de trapalhões empertigados. Não compreendem os ritos e os manuais do Parlamento, nem têm qualidades para usá-los.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que investigará o golpe de Estado dado e derrotado no dia 8 de janeiro de 2023 teve seu requerimento lido e acatado em sessão conjunta da Câmara e do Senado no Congresso Nacional. Na próxima semana os líderes de partidos e bancadas devem indicar os 32 integrantes titulares – 16 senadores e 16 deputados. O Governo terá maioria – ou com um placar de 21 x 11 ou de 20 x 12, a depender da compreensão regimental do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), acerca da boa jogada regimental promovida pelos governistas ao trocarem o senador Randolfe Rodrigues (Rede) de bloco. Essa maioria teórica só se revelará folgada na prática com alinhamento e fina sintonia entre a base do Palácio do Planalto e os parlamentares que gravitam em torno dos presidentes da Câmara e do Senado. Mas, os governistas estão conscientes da relevância da missão, da importância do desafio e do papel que o destino lhes reservou neste momento: expor, triturar, dividir, empacotar e despachar para o inferno a oposição desqualificada e tacanha que os bolsonaristas aloprados (talvez isso seja pleonasmo) fazem ao presidente Lula.

A turma de jagunços do ex-presidente, um homem covarde que ao vislumbrar e antever o xilindró à espreita por ter estimulado o badernaço antidemocrático de 8 de janeiro escondeu-se sob o manto de uma “inimputabilidade medicamentosa” patologicamente cretina e possivelmente falsa, não possui nem temperança nem preparo técnico-legislativo para fazer frente ao time já pré-selecionado pelo Governo. Os Bolsonaro integram um clã caquistocrático (Kakistocracia, em grego casto, significa “governo dos piores”) e já se arrependem do cacife empenhado na compra das fichas dessa Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. A eles interessava o enredo, falso, de ter o Palácio do Planalto trabalhando contra a Comissão por “medo” das investigações. Como não havia temor algum, e sim um cálculo prático de quem está no poder – CPIs que turvam o Parlamento e atrasam as agendas de votações, polarizando teoricamente a energia midiática, atrapalham governos – pagaram para ver e estão, agora, de calças arriadas ante os crupiês dos tapetes verde e azul do Congresso.

Será um espetáculo, e não podemos perder nenhum dos capítulos. A não ser que os oposicionistas recuem e esvaziem a CMPI acusando o golpe de terem sido derrubados pelas estratégias palacianas. Pode ser que isso aconteça – daí, será como assistir a um bando de trombadinhas fazendo arrastão e gritando “assalto! assalto!” ao tentarem confundir o público para se safar da polícia.

*247

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Chico lavou a alma ao dar uma esmerdada histórica na mídia provinciana, inculta, feita pela escória do jornalismo industrial.

Chico Buarque, ao receber o prêmio Camões, para lá de merecido, deixou claro que foi do pântano das organizações industriais de mídia que emergiu o monstro fascista.

Muito mais do cínica, vil e choldra, a mídia brasileira, nessas duas décadas, foi puramente fascista. Daí, Chico, além de dar uma bela esmerdada no jornalismo de fundo de poço que a mídia industrial chafurdou com a ridícula hecatombe da gravata que janja comprou para Lula.

Foi o momento mais descontraído, hilário da cerimônia porque representou, de forma cômica, não menos dura, um crítica extremamente ácida a essa espécie de burrice nacional, tendo as redações brasileiras como puxadoras de coro.

Instrumentalizada pela fascismo nativo, a mídia produziu não só o bolsonarismo que dizimou 700 mil vidas de brasileiros durante a pandemia, como conseguiu deixar o Congresso Nacional sua imagem e semelhança.

Daí o alerta de Chico Buarque sobre a sobrevivência do fascismo no Brasil, porque ele não se esgota com a saída de Bolsonaro do poder, porque, como ficou provado na espetacularização da compra da gravata de Lula, que Bolsonaro não é causa, mas consequência que chegou ao poder pelas mãos de uma mídia cada dia mais fascista.

Chico fez barba, cabelo e bigode numa fala breve, mas extremamente nobre, dura e sem deixar de ser cômica diante da jocosidade do jornalismo de quinta que se pratica no Brasil.

Salve Chico Buarque, o grande gênio popular!

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Estadão usa informação falsa como manchete principal

Luis Nassif*

Uma medida técnica, visando aprimorar as privatizações, foi tirada do contexto, adulterada, para permitir ao jornal criticar o governo.

Jornalismo crítico a governos é essencial. Mas o que acontece quando a crítica é enviezada com falsas acusações, e falta de compreensão sobre o tema tratado?

A manchete principal do Estadão é: “Estados vão na contramão da União e planejam privatizações”.

O que se encontra no corpo da matéria:

“Ainda que avesso às privatizações, o governo federal também está de olho na iniciativa privada para alavancar os investimentos em infraestrutura. “Estamos estruturando concessões de rodovias e trabalhando para soltar quatro ou cinco já neste primeiro ano”, disse ao Estadão o ministro dos Transportes, Renan Filho. Serão dois lotes no Paraná, um em Minas Gerais (BR-381) e o trecho da BR-040 entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte”. Ou seja, sou contra as privatizações mas vou estimular as privatizações. Entenderam? Nem eu,

“Na busca pelo capital privado e num contexto antiprivatista, o discurso da equipe econômica também tem sido o de reforço ao uso das PPPs. Na semana passada, o Ministério da Fazenda apresentou uma série de medidas numa tentativa de melhorar o cenário de crédito do País e estimular o uso de parcerias com o setor privado”. Ou seja, a alma econômica do governo a favor das PPPs, apesar do governo ser contra privatização. Entenderam? Nem eu.

E continua:

“Com base na medida anunciada, as operações de PPPs realizadas por Estados e municípios terão garantias da União. O Tesouro Nacional será o garantidor das contrapartidas e, em caso de inadimplência, poderá acessar os recursos das transferências obrigatórias dos fundos de participação dos Estados (FPE) e dos municípios (FPM).

Segundo o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, a medida tem potencial de alavancar R$ 100 bilhões em investimentos e destravar 150 projetos que hoje estão estruturados, mas não saíram do papel”. Ou seja, o papel do governo federal será central para viabilizar as PPPs de estados e municípios. Mas, como?, se a União está na contramão dos estados?

Parou por aí? Claro que não.

“O Secretário Nacional de Transporte Ferroviário, Leonardo Ribeiro, afirma que há hoje projetos no setor de carga que só poderão ser viabilizados por PPPs. “Há projetos que precisam de aportes públicos para se tornarem viáveis do ponto de vista econômico-financeiro”, disse. “Esse assunto vem sendo discutido pela Fazenda. É um tema importante para ferrovias, tendo em vista as características dos empreendimentos”. Mais um caso do Estado garantindo o capital privado.

Quando se analisa, é uma boa reportagem, com bom número de entrevistados e de ângulos. Mas a manchete precisa ser contra o Lula. E, para tanto, precisa adulterar os fatos.

Recentemente, houve um decreto presidencial dando um prazo para as empresas de saneamento estaduais conseguirem a universalização. Por tal, entenda-se, fechar contratos de concessão com todos os municípios do estado, já que as concessões são municipais. E não se pode privatizar estatais de saneamento, e exigir a universalização, se municípios ficarem de fora da abrangência da empresa.

Ou seja, uma medida técnica, visando aprimorar as privatizações, foi tirada do contexto, adulterada, para permitir ao jornal criticar o governo.

*GGN

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