Opinião

Por que Carla Zambelli traiu Bolsonaro?

O que essa criatura chamada Carla Zambelli de fato quer com seu comunicado de que está abandonando Bolsonaro?

Sim, esse é o ponto que Carla Zambelli não esclarece em sua entrevista à Folha, o que acaba por produzir milhões de contos sobre essa aventureira que já se deslocou oficialmente para todo lado dentro da geografia política.

No final de sua entrevista, Zambelli embaraça suas intenções. Depois de colocar Bolsonaro na banca de promoção do sebo, a deputada propõe que algum membro do clã seja aproveitado potencialmente para substituir Jair Bolsonaro.

Ou seja, de cara, nesse vão especulativo, Zambelli aposentou Bolsonaro, justo o diretor-geral do departamento terrorista dos fascistas. Ela exigiu que virasse a página das urnas eletrônicas e orientou seus eleitores a reconhecerem a vitória  de Lula.

Claro, a camorra do Vivendas da Barra entendeu que ali não existia qualquer boa fé.

Mas é difícil extrair a verdade desse submundo. A primeira conclusão que se chega é a de que a carta revelação de Zambelli tinha partitura pronta, formato e destino. E não são os fregueses novos do bolsonarismo que ela pretende fomentar.

Na realidade, se tirar pela cartilha de Steve Bannon, seguida à risca pelo clã Bolsonaro, até um jogo casado entre Zambelli e Bolsonaro, entra na possível hipótese, seguindo a principal regra do bruxo político, Trump para se manter na mídia, mais que isso, pautando a mídia, mesmo que artificialmente produza falsos escândalos para não sumir das manchetes nacionais.

Por que Zambelli se resignaria com o resultado das urnas? O valor bruto dessa declaração está lhe custando uma sova digital que ela conhece bem, pois já emprestou seu talento para as maiores farsas, mentiras e futricas baratas criadas pelo gabinete do ódio.

O negócio era manter Bolsonaro em garrafais, ao estilo, fale bem ou fale mal, mas fale de mim.

Se levar ao pé da letra, não dá para eliminar a hipótese de isso não passar de uma tentativa de ressurreição política de Bolsonaro. Para tanto, basta uma cossegazinha para que a coisa ganhe uma coceira verde e amarela.

Na verdade, Carla não trouxe nenhum fato novo para quem já se declara presa preventivamente. Com certeza é uma declaração também ensaiada.

É difícil imaginar que tipo de raciocínio vai na cabeça de uma pessoa absolutamente sem escrúpulos, mas pode sim ter na intenção de Carla Zambelli a busca para aferir a temperatura da volta ou não de Bolsonaro. Isso cheira a um pedido de passaporte, sondando, através dos ataques que venha a receber, se Bolsonaro segue mito com capacidade de mobilizar ou não seu gado mais fiel.

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Contagem regressiva para a volta de Bolsonaro

A inelegibilidade o aguarda.

Bolsonaro voltará um dia. Seu visto de turismo dá-lhe pouco tempo para que fique nos Estados Unidos, onde se refugiou a pretexto de não passar a Lula a faixa presidencial. Foi só pretexto, porque não precisaria fugir para não transferir a faixa.

Talvez tenha sido também uma jogada esperta para que não fosse vinculado à tentativa de golpe do 8 de janeiro. Ou você acredita que ele não sabia? No dia da posse de Lula, com a segurança reforçada, o golpe seria impossível.

O general João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último ditador do ciclo de 64, não passou a faixa a José Sarney. Não gostava dele. Abandonou o Palácio do Planalto por uma porta lateral. Como Figueiredo disse, preferia cheiro de cavalo a cheiro de povo.

Era um cavaleiro, não um cavalheiro. Prometera arrebentar quem se opusesse à redemocratização do país. Seu governo, como o dos seus antecessores, tolerou a tortura e o desaparecimento de presos políticos. Ao largar o poder, pediu para ser esquecido. Foi.

Tão cedo Bolsonaro será esquecido, e é importante que não seja. Deve ser lembrado para sempre, assim como a ditadura, para que nada de parecido se repita. Retornará mais dia, menos dia. Só não quer ser condenado e preso, o que demoraria a acontecer.

Se a Justiça o tornar inelegível como tudo indica que fará, estará no lucro. Seu impulso inicial para concorrer à presidência nada tinha a ver com o desejo sincero e legítimo de governar o país. Queria, apenas, ajudar a carreira política dos filhos.

De saco cheio por ter sido durante quase 30 anos um deputado federal inexpressivo do baixo clero, dizia-se cansado e pensava em curtir o resto da vida ao lado de Michelle e de Laura, sua filha caçula. Deu no que deu. E, ao país, causou o estrago que se vê.

Se antes não lhe faltava dinheiro, agora muito menos. É um homem rico, riquíssimo. Contará para o resto da vida com os benefícios assegurados a um ex-presidente. Aposentado, disporá de votos suficientes para reeleger os filhos por um longo tempo.

Só não o ameacem com prisão. Há os que dizem que a prisão o elevaria à categoria dos mártires. Bobagem! Só quem não foi preso fala das vantagens de o ser. Pergunte a Lula se ele viu vantagens em ficar 580 dias preso. Ou a Nelson Mandela, que ficou 27 anos.

Mandela saiu da prisão direto para a presidência da África do Sul. Lula, para seu terceiro mandato. Bolsonaro já foi preso quando era apenas um militar indisciplinado que planejara atentados terroristas a quartéis. Acabou reabilitado por seus próprios pares.

*Noblat/Metrópoles

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Bolsonaristas agridem repórteres do Estadão

Como ninguém se anima a atacar Lula por estar salvando o Brasil, sobrou até para jornalistas do Estadão.

Bonecos nas mãos de Bolsonaro, bolsonaristas estão em guerra com tudo o que veem pela frente. Para eles, ou é Bolsonaro, ou tudo é comunista.

Esses pobres diabos coloniais estão por toda parte com a mesma resposta de cortesia a tudo o que não é espelho. Tudo se transforma em combustível para resolver seus problemas na base do sopapo.

É isso qua ainda une o restolho do bolsonarismo. Em plena tragédia humanitária que atinge São Sebastião, em São Paulo, moradores de um condomínio de luxo, aos berros de “comunistas” agrediram fisicamente jornalistas do Estadão.

Essa gente perigosa está alucinada. De mãos atadas, sem poder atacar Lula, atacam Janja, porque fez uma “coreografia errada” no carnaval da Bahia.

É o preço que se paga pela limitada capacidade cognitiva dessa índole pachorrenta que os bolsonaristas carregam na alma.

Ou seja, o bloco do Boitolo seguirá sua jornada de peregrinação por São Bolsonaro na base do xingamento e do pescoção.

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Lula está sobrando em campo e fazendo sombra na direita

Quais os efeitos práticos que diferenciam o governo Lula da doutrina do apocalipse que representou o governo Bolsonaro?

Muito além do absinto, que se confundiu com o governo fascista, Bolsonaro, durante quatro anos, deslumbrado com o poder, meteu-se a gozar a vida imaginando que o Palácio do Planalto era um mero pensionato.

Mas isso está longe de trazer um significado que descreva o momento político que abriu um clarão na vida nacional com a volta de Lula ao poder.

Na verdade, todo o engenho político imaginado pela direita, que pudesse produzir uma guerra contra o governo Lula, está fazendo água, porque Lula se move numa velocidade eletrizante. E isso, logicamente, culmina em picos de popularidade que soma triunfos diante dos adversários.

Ou seja, a química política de Lula está flopando todas as ações da direita, principalmente aquelas baseadas em mentiras cristalinas, o que significa o sonho de manter Lula amordaçado, transformou-se em algo vago, para não dizer canhestro que, até aqui, ignora qualquer tática que possa ser usada como forra política contra Lula.

O que vê é um intenso silêncio da direita, no máximo, um murmúrio totalmente ignorado pela sociedade, quando ela não tenta exaltar pateticamente um Bolsonaro cada vez mais deteriorado e sem qualquer capacidade para balançar uma batuta que venha reger a direita brasileira.

Daí a alteração dos políticos bolsonaristas e do próprio Bolsonaro com o entrosamento de Lula com Tarcísio de Freitas na busca, juntos, de solução para vários dramas das pessoas atingidas pela tragédia provocada pelas chuvas no litoral norte de São Paulo.

É lógico que não dá para poetizar os feitos de um governo de apenas 50 dias, mas dá para sonhar um sonho que o governo Bolsonaro tentou matar.

Lula ainda tenta desamarrar uma economia mumificada tanto pelo genocida Bolsonaro quanto pelo golpista Temer. Verdade seja dita.

Mas o brasileiro já está raciocinando de outra forma o Brasil e seu próprio futuro. Isso fará uma enorme diferença na relação de Lula com o Congresso Nacional.

Todos sabem que a melhor resposta a uma oposição de queixo duro é a popularidade continuada de um governante. E Lula, como não está para conversa, produz uma couraça próspera para enfrentar os tormentos naturais de um presidente da República.

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Beija-flor, historicamente perfeita, avermelha as terras do Brasil na sapucaí. (Assista)

Com o único enredo de protesto do ano de 2023, a Beija-flor subverte a sua própria tradição de enredo sem engajamento, ou crítica. Nos últimos anos, a busca por uma retórica de maior protesto, fez a escola se perder em histórias contadas com críticas vazias e com pouca autenticidade em seus conteúdos. Fato que mudou esse ano.

Com um carro abre alas encenando o quadro de Pedro Américo, o povo faz, o que o samba enredo inicia dizendo, uma revolução do povo, removendo Dom Pedro do cavalo e colocando uma mulher negra no lugar, interpretada por Isabel Filardes.

Em todo o desfile, a mesma beleza poética da letra do samba (no final), diz que o sangue retinto avermelhava essas terras, fica impresso em alas muito críticas, como a ideia de resistência entre os escravizados, como um elo que atravessa a todos os que sofreram para construir o Brasil profundo.

A crítica não ficou apenas na história, há grande ênfase na associação entre o passada e o presente, contida nos trechos: “Eu vim cobrar igualdade, Quero liberdade de expressão” e “O mito do descaso.”. Ainda, no desfile em si, alegorias falam de um império que se fundamentava na escravidão e na exploração de seu próprio povo, é derrubado por uma república que já nascia velha, dentro dos quartéis, por um golpe militar.

A hipocrisia, a autocracia e o racismo estrutural, fazem com que haja o incentivo à imigração branca, após a abolição da escravidão, em um esforço de embranquecimento do homem brasileiro.

Na sequência, a escola mostra o medo do comunismo, antes de um carro que mostra que o poder, no Brasil, existe para controlar e povo, para manutenção da desigualdade e a opressão do rico pelo pobre.

Na última sessão, a ala dos movimentos sociais, traz faixas contra a fome, contra a discriminação racial, social e LGBTQIA+. Os movimentos campesinos, trabalhistas e das periferias estão representados.

O penúltimo carro mostra a reconstrução da bandeira do Brasil e mostra uma matriarca negra costurando a nova bandeira, como quem reconstrói um país.

Por fim, após o carro dos índios e das revoltas indígenas, a escola dá a resposta, para a pergunta de como recriar o Brasil, basta seguir a própria cultura popular.

Perfeito e emocionante. (Assista à íntegra do desfile)

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh

A revolução começa agora
Onde o povo fez história
E a escola não contou
Marco dos heróis e heroínas
Das batalhas genuínas
Do desquite do invasor

Naquele 2 de julho, o Sol do triunfar
E os filhos desse chão a guerrear
O sangue do orgulho retinto e servil
Avermelhava as terras do Brasil

Eu vim cobrar igualdade
Quero liberdade de expressão
É a rua pela vida, é a vida do irmão
Baixada em ato de rebelião
Eu vim cobrar igualdade
Quero liberdade de expressão
É a rua pela vida, é a vida do irmão
Baixada em ato de rebelião

Desfila o chumbo da autocracia
A demagogia em setembro a marchar
Aos renegados, barriga vazia
Progresso agracia quem tem pra bancar

Ordem é o mito do descaso
Que desconheço desde os tempos de Cabral
A lida, um canto, o direito
Por aqui o preconceito tem conceito estrutural

Pela mátria soberana, eis povo no poder
São Marias e Joanas, os Brasis que eu quero ver
Deixa Nilópolis cantar
Pela nossa independência, por cultura popular
Deixa Nilópolis cantar
Pela nossa independência, por cultura popular

Ô, abram alas ao cordão dos excluídos
Que vão à luta e matam seus dragões
Além dos carnavais, o samba é que me faz
Subversivo, Beija-Flor das multidões

Ô, abram alas ao cordão dos excluídos
Que vão à luta e matam seus dragões
Além dos carnavais, o samba é que me faz
Subversivo, Beija-Flor das multidões

A revolução começa agora
Onde o povo fez história
E a escola não contou
Marco dos heróis e heroínas
Das batalhas genuínas
Do desquite do invasor

Naquele 2 de julho, o Sol do triunfar
E os filhos desse chão a guerrear
O sangue do orgulho retinto e servil
Avermelhava as terras do Brasil

Eu vim cobrar igualdade
Quero liberdade de expressão
É a rua pela vida, é a vida do irmão
Baixada em ato de rebelião
Eu vim cobrar igualdade
Quero liberdade de expressão
É a rua pela vida, é a vida do irmão
Baixada em ato de rebelião

Desfila o chumbo da autocracia
A demagogia em setembro a marchar
Aos renegados, barriga vazia
Progresso agracia quem tem pra bancar

Ordem é o mito do descaso
Que desconheço desde os tempos de Cabral
A lida, um canto, o direito
Por aqui o preconceito tem conceito estrutural

Pela mátria soberana, eis povo no poder
São Marias e Joanas, os Brasis que eu quero ver
Deixa Nilópolis cantar
Pela nossa independência, por cultura popular
Deixa Nilópolis cantar
Pela nossa independência, por cultura popular

Ô, abram alas ao cordão dos excluídos
Que vão à luta e matam seus dragões
Além dos carnavais, o samba é que me faz
Subversivo, Beija-Flor das multidões

Ô, abram alas ao cordão dos excluídos
Que vão à luta e matam seus dragões
Além dos carnavais, o samba é que me faz
Subversivo, Beija-Flor das multidões

Oh, oh, oh
Oh, oh, oh

*Fabio Rios

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Miriam Leitão: O jeito certo de agir e o que é inaceitável

Autoridades dos três níveis federativos trabalham juntas na tragédia em São Paulo. Já na Terra Yanomami, um apoio inaceitável.

O presidente Lula e o governador Tarcísio não tiveram carnaval. Muita gente nas administrações do país e do estado suspendeu as festas e se concentrou na tragédia que abalou o litoral norte de São Paulo. Sentados na mesma mesa, representantes dos três níveis federativos tinham a demonstrar a forma correta de agir diante de um evento que tira vidas, desabriga, desampara e choca. Governos governam. Isso é natural, mas não era frequente em tempos recentes. O ex-presidente Bolsonaro não se abalou de cima do seu jet ski quando a chuva desabou sobre a Bahia há pouco mais de ano, no Réveillon de 2022. “Espero não ter que retornar antes”, disse ele na ocasião.

Lula não se perguntou isso. Junto com o governador bolsonarista de São Paulo, Tarcísio de Freitas, e o prefeito tucano de São Sebastião, Felipe Augusto, afirmou que o governo federal vai ajudar na recuperação da Rio-Santos e na construção de moradias em lugares adequados. O governador disse que a presença de Lula dava “amparo e conforto”. Todo mundo se comportou da forma correta. Gestores públicos passam por cima de divergências políticas para atuar de maneira colaborativa quando acontece uma tragédia e pessoas públicas vão ao local dos eventos dramáticos porque é assim que se informam melhor, e demonstram solidariedade. Era tão difícil explicar o óbvio ao antigo governante do Brasil.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, estava no Acre para visitar a última irmã viva de seu pai. Pegou um voo às pressas e foi para São Paulo, onde chegou no meio da tarde. No caminho foi marcando uma reunião com o Cemaden, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. Uma das propostas que a ministra quer colocar em pé, com a ajuda do Cemaden, foi elaborada durante a transição. A ideia é fazer um levantamento de todas as áreas sensíveis aos eventos extremos. Seria decretado então um estado de emergência climática. As áreas teriam uma linha de crédito especial para ações estruturantes de adaptação. Atualmente, o país cumpre o orçamento feito pelo governo Bolsonaro, com o acréscimo dos recursos da emenda da transição. A proposta é já preparar as áreas que terão essa linha orçamentária de adaptação no ano que vem, recursos que seriam mobilizados mais rapidamente para ações preventivas.

Os especialistas em mudança climática ensinam que é preciso seguir duas palavras: “mitigação e adaptação”. O combate às emissões dos gases de efeito estufa – no qual se inclui a eliminação do desmatamento ilegal – é para mitigar a mudança climática já contratada e que se reflete na nossa vida através dos eventos extremos. Eles têm, conforme os alertas dos cientistas, se tornado mais frequentes e mais extremos. Ao mesmo tempo, é preciso se adaptar ao que inevitavelmente acontecerá.

O Cemaden, a propósito, foi criado a partir de uma ideia do climatologista Carlos Nobre, no Ministério da Ciência e Tecnologia, quando Aloizio Mercadante era ministro, exatamente para alertar sobre os riscos de eventos extremos. E será braço fundamental para qualquer ação preventiva.

Se, por um lado, a união dos governantes do país, do estado de São Paulo e da cidade de São Sebastião era boa de se ver e restabelecia o princípio federativo da cooperação, o que aconteceu ontem na Terra Yanomami mostra que há situações e apoios inaceitáveis. O senador Chico Rodrigues, defensor da liberação do garimpo em terras indígenas, como propunha Bolsonaro, desembarcou ontem na TI Yanomami, segundo informação do jornalista Rubens Valente. Famoso por portar dinheiro em partes inapropriadas do corpo, em escândalo que pertence ao governo Bolsonaro, o senador bandeou-se para o PSB e, portanto, é parte da coalizão do governo Lula.

Ao desembarcar na Terra Indígena, sem autorização das organizações Yanomami, e depois de ter sido advertido pelos senadores Eliziane Gama e Humberto Costa de que não deveria fazê-lo, o senador prova mais uma vez que é o pior presidente que se poderia imaginar para a Comissão Temporária sobre a Situação Yanomami.

Existe a boa cooperação política, a que se viu ontem em São Paulo diante da tragédia do litoral norte, e existe a adesão que contamina o projeto. Foi o que aconteceu nessa visita invasiva do senador Chico Rodrigues à Terra Yanomami. Que essa seja a prova definitiva de que ele não deve estar na comissão.

*O Globo

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Neste carnaval, Lula nos liberou do demônio e trouxe de volta a democracia e a alegria ao Brasil

Por Ângela Carrato*

Depois de seis anos com golpista no poder e de dois sem Carnaval por causa da pandemia, o Brasil tem, nos próximos três dias, uma festa que nada deixará a dever aos melhores períodos da nossa democracia.

Foram tantas e tamanhas as maldades e perversidades de Temer e Bolsonaro que muita gente quase se esqueceu que Carnaval é alegria, mas é também tempo para debochar e escrachar os canalhas. E exaltar e aplaudir quem merece.

Foi assim no passado e já está sendo assim novamente agora.

Os presidentes campeões no carinho e na lembrança popular são Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.

Alguns historiadores atribuem a Vargas a criação do sentido nacional em uma festa que não era nossa e tinha tudo para continuar assim.

Ao estimular e premiar as escolas de samba do Rio de Janeiro que tivessem em seus sambas-enredos temas ligados à história e à cultura brasileira, Vargas instituiu a nacionalidade no Carnaval.

Como amava os programas de auditório da Rádio Nacional, com as rainhas Marlene e Emilinha Borba, não demorou para ele próprio virar tema de marchinhas.

De todas que falam sobre Getúlio, a mais conhecida é a do refrão “tira o retrato de velho, bota o retrato do velho de novo na parede”.

Essa manchinha foi sucesso absoluto no Carnaval de 1950, quando Getúlio se preparava para deixar o “exílio” em sua fazenda em São Borja, no Rio Grande do Sul, e disputar as eleições presidenciais daquele ano.

Como se sabe, Getúlio foi derrubado por um golpe militar em 1945. Seus adversários, alojados na UDN, que comemoravam o fim de sua presença na vida pública brasileira, não poderiam imaginar que ele voltaria nos braços do povo. Aliás foi o povão nas ruas e nos improvisados blocos que exigiam que o “retrato do velho” voltasse para a parede.

Outro a merecer o carinho e o reconhecimento dos brasileiros foi JK, “o presidente bossa nova”. Sua luta para desenvolver o Brasil “50 anos em cinco” ficou eternizada em manchinhas e sambas-enredos.

Juscelino deu continuidade ao governo progressista de Getúlio, mostrando-se apoiador e amigo das artes e dos artistas brasileiros.

Para desespero da UDN (os golpistas nas décadas de 1950 e 1960), os brasileiros não escondiam o orgulho com a construção da nova capital, Brasília, e por terem um presidente que se sentava na calçada, em sua cidade natal, Diamantina, para ouvir e cantar serestas com um jovem que veio a se tornar o gigante Milton Nascimento.

Juscelino, o presidente festeiro, alegre e seresteiro, permanece no imaginário dos brasileiros como uma referência de trabalho, seriedade e modernidade.

Posso estar enganada, mas não me recordo de nenhuma manchinha de Carnaval ou samba-enredo exaltando os militares que chegaram ao poder com o golpe de 1964 e lá permaneceram até 1985.

Não me recordo, igualmente, de nenhuma canção carnavalesca que homenageasse presidentes como José Sarney, Fernando Collor ou Fernando Henrique Cardoso.

Collor, ao contrário, virou alvo de repúdio nacional pela roubalheira e

por ter que renunciar ao governo para não ser alvo de impeachment.

Já FHC, com seu ar blasé e mais interessado na vida parisiense, nunca despertou a simpatia da nossa gente sambista e mulata.

Mesmo tendo permanecido apenas dois anos no poder, os carnavais de 2017 e 2018 foram fundamentais para que a imagem de Temer ficasse associada para sempre à de golpista e à de Drácula.

Com feição que lembra caricatura, seu gosto pelas mesóclises, palavreado difícil e a traição à Dilma Rousseff estampada em seu sorriso, Temer tornou-se, com razão, sinônimo de vampiro.

Basta lembrar que os principais atos de seu governo foram a entrega do pré-sal para empresas estrangeiras, as reformas do ensino médio e a trabalhista, e a PEC do fim do mundo, que engessou as finanças e os investimentos públicos.

Não por acaso, os carnavais durante sua passagem pelo Palácio do Planalto foram marcados pelo “Fora Temer” nas ruas e nos desfiles de escolas de samba no Rio de Janeiro.

Pior que esses carnavais foram apenas os ocorridos sob o desgoverno Bolsonaro.

Como se não bastassem todas as atrocidades ditas e cometidas por ele, a pandemia impediu que as pessoas pudessem cantar e aglomerar nas ruas, nem que fosse para tentar espantar os seus males.

Bolsonaro, o imbrochável, o genocida, entra para a história do Brasil como o “pior presidente de todos os tempos”, como o inimigo das mulheres, dos negros, dos índios, dos LGBTGIA+ e dos trabalhadores.

Neste Carnaval, o primeiro após o retorno à democracia e um pouco mais de mês depois de Bolsonaro tentar dar um golpe no governo Lula, o que deve ganhar as ruas é uma espécie de acerto de contas popular com o “Inominável”.

Milhares de bloquinhos vão sair, do Oiapoque ao Chuí, detonando Bolsonaro.

Ele será retratado como o presidente vagabundo, que preferia fazer motociatas a trabalhar. Será retratado como aquele que debochou e imitou pessoas morrendo de covid por falta de ar. Será retratado como o presidente corno, que nunca conseguiu manter a “recatada” Michelle dentro do seu cercadinho e jamais deu conta de botar limites nos filhos.

Ele será retratado como o presidente vagabundo, que preferia fazer motociatas a trabalhar. Será retratado como aquele que debochou e imitou pessoas morrendo de covid por falta de ar. Será retratado como o presidente corno, que nunca conseguiu manter a “recatada” Michelle dentro do seu cercadinho e jamais deu conta de botar limites nos filhos.

Será retratado como o vilão que fugiu para Miami com medo de ser preso e lá continua tramando contra o Brasil e os brasileiros.

Engana-se, no entanto, que acha que o Carnaval 2023 será apenas o do “sem anistia” e ” Bolsonaro na cadeia”.

O Carnaval 2023 será, sobretudo, o do reconhecimento dos brasileiros e brasileiras para com a luta sem tréguas travada pelo presidente Lula.

Em menos de dois meses de governo, ele já venceu uma tentativa de golpe patrocinado por bolsonaristas e setores militares, trouxe de volta programas sociais como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, pôs fim ao genocídio que vinha sendo cometido contra os índios Yanomami, retomou a política externa altiva e ativa, encontrou-se com Alberto Fernández, na Argentina, Biden na Casa Branca, e teve a coragem de falar, alto e em bom som, para a potência imperialista, que o mundo precisa de paz, comprou briga com os rentistas bilionários e com o Banco Central “independente” por causa dos juros estratosféricos praticados no Brasil, os mais altos do mundo.

Lula, neste Carnaval, é tema de uma infinidade de blocos. É homenageado por escolas de samba, como a Cidade Jardim, de Belo Horizonte, mas especialmente estará recebendo o carinho e o reconhecimento popular, através de refrões como “o pai está on” e o “velhinho voltou”.

A voz das ruas está certa. No fundo, ela está dando visibilidade ao que as pesquisas de opinião registram: 93% dos brasileiros são contra os atos terroristas de 8 de janeiro, 70% acham que Bolsonaro está por trás destes atos e 76% consideram que Lula está certo ao combater os juros altos.

Lula pode e deve aproveitar o Carnaval para descansar. Mas seu nome estará nas bocas e no sorriso dos foliões.

Afinal, foi ele que nos liberou do demônio Bolsonaro e devolveu a alegria ao Brasil.

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG
*Viomundo

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Luis Costa Pinto: “Lula e Haddad venceram o debate econômico da semana. O Banco Central perdeu”

O jornalista Luis Costa Pinto afirmou nesta sexta-feira (17) que o debate econômico que pautou o país nesta semana, envolvendo a alta taxa de juros a 13,75% e a meta de inflação inexequível de 3,25% para 2023, foi vencido pelo presidente Lula (PT) e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A dupla petista vem trabalhando para reduzir a taxa de juros brasileira e ampliar a meta de inflação, enquanto o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a mídia hegemônica tratam o assunto com relutância.

“Veja bem, o Lula venceu o debate econômico em relação aos juros, à inflação e à condução da economia, não tenha dúvida. A semana começou com o presidente do Banco Central indo ao Roda Viva, num cercadinho particular, formatado para ele, administrado por eles, porque os repórteres e a âncora foram muito condescendentes, e foi o foro que ele elegeu para ele tentar baixar um pouco a bola e dizer: “quero ouvir o governo””, avaliou Luís.

“Ele admitiu, então, que os juros estão muito altos, que isso tem potencial de travar a economia, que a meta de inflação está muito baixa e precisa ser alterada, mas ele não admitiu que poderia já ter começado a fazer essas coisas já no final do ano passado, quando estava evidente que iria ter a troca de governo porque o Lula tinha sido eleito. E ele não admitiu que ele não procurou o governo entrante para um diálogo quando ele tem mandato em razão da autonomia do BC e o Lula o enquadrou: autonomia não é independência total em relação à agenda eleita nas urnas”, acrescentou o jornalista.

Luís explicou o papel ‘fundamental’ de Haddad na disputa econômica travada nos últimos dias: “o Haddad é personagem fundamental desta semana também, porque ele botou a institucionalidade debaixo do braço e disse ‘olha, não vamos levar isso para o conselho monetário agora, porque o rito não é esse. Para a gente levar para o conselho, a gente tem que ter discutido em reunião prévia e isso não aconteceu. Para mudar a taxa de juros do ano corrente, só pode ser feito na reunião do conselho monetário em junho, então vamos preparar as condições para isso explicando que mudar a meta de inflação é fundamental para reduzir a taxa de juros.”

“Então é por isso, por essa mudança do humor econômico que a gente tem que dizer com todas as letras – e a mídia tradicional não tem dito: o presidente Lula e o ministro Fernando Haddad venceram o debate econômico da semana, o BC perdeu”, concluiu.”Isso vale até para a própria segurança do presidente do BC, que já teve que escrever duas cartas ao ministro da Fazenda, uma para o Paulo Guedes e a outra para o Haddad, se justificando porque não cumpriu a meta de inflação e para que não tenha que escrever uma terceira carta, você amplia a meta agora”, relembrou.

O jornalista acrescentou que até mesmo pessoas influentes do mercado financeiro estão ao lado de Lula e Haddad na empreitada contra os juros altos: “e aí você cria condições para começar a fazer uma redução de juros, porque o mercado está pedindo, porque os dealers de opinião do mercado já estão dizendo que o crédito caro reduz a disponibilidade de crédito para a economia, e sem dinheiro para tomar emprestado você não consegue fazer investimento produtivo, e não fazendo investimento produtivo você não gera emprego, não gera renda, não faz rodar a economia.”

*Luis Costa Pinto em entrevista ao 247

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O velhaco fascista

Há uma gigantesca diferença entre o escândalo e a escandalização como forma de fazer política.

Na literatura geral, os dois são a mesma coisa, porém, na obra completa de Steve Bannon, a escandalização, provocada de maneira bem pensada, sobrepõe-se a um escândalo desviando o foco da denúncia, com declarações, mesmo que estapafúrdias, que possam escandalizar para que as edições da mídia, no mínimo, tratem esses dois pesos antagônicos de maneira igual.

Somente nisso há uma avanço de 50% dessa engenharia macabra de Steve Bannon que, aliás, deveria ser melhor estudado, pois ele sabe manipular mentes ociosas, cabeças ocas. E como diz o ditado popular, “cabeça vazia é oficina do demônio”, Steve Bannon que é um poço sem fundo de mau-caratismo, é um e soube perfurar bem o oceano de burrice apalermada para transformar em petróleo político uma falange gigantesca de zumbis.

Ocorre que não existe plano perfeito, tudo depende do chamado traço psicológico e, no caso dessa forma de manipulação de Bannon, o seu protegido, Bolsonaro, tem que aparecer frequentemente na mídia para vender qualquer ideia, por mais idiota que seja, sobretudo para parecer um idealista, mesmo zombeteiro ou gaiato para alcançar um determinado objetivo.

Ou seja, sem mídia, nada feito, pior, sem poder, significa ostracismo. E é aí que o enredo começa a engrossar o caldo para Bolsonaro e sua cúpula de canalhas que criaram uma grande organização criminosa dentro do Palácio do Planalto subordinada ao poder de Bolsonaro, assim como estariam todos subordinados à estratégia de guerra do general Augusto Heleno, incumbido de sabotar toda e qualquer ação que pudesse colocar em risco o poder dos fascistas.

Isso mostra a grande diferença entre ter ou não o maior poder da República ou dele ser parte, como é o caso de Bolsonaro e, consequentemente, de Heleno, é só olhar seu tuíte magro diante da repercussão da reportagem da Istoé que revela que o velhaco fascista era o spala da conspiração golpista.

Na verdade, a Istoé coloca Heleno como compositor, arranjador, maestro e spala. Tudo absolutamente conjugado. Ou seja, todas as ações daquilo que vimos nos atos terroristas do 8 de janeiro, estão escritas, ponto e contraponto, na partitura do sinistro Heleno.

Heleno, como se sabe, em plena ditadura, fez parte de uma tentativa de golpe no ditador Geisel, que fracassou.

Depois, mesmo de forma residual, teve seu nome oficialmente ligado a Nuzman via COB. Nuzman, então presidente do COB, foi preso pela Lava Jato por corrupção comprovada até com barras de ouro.

Já o general Heleno, saiu dessa história ileso, de fininho, à francesa e pouca gente sabe que ele era parte da cúpula do Comitê Olímpico comandado por Nuzman.

No governo Bolsonaro, certamente Heleno andava muito preocupado com a sua araponguice para não ver que o chefe do governo que ele servia comandava uma facção familiar com ramificação em todo tipo de crime, principalmente o de milícia e corrupção generalizada.

Seja como for, Heleno, que já trazia uma mancha pesada em sua reputação como comandante da tropa brasileira no Haiti, por comandar um massacre dentro de uma comunidade pobre, sempre teve faro apurado para o poder, o que fez dele um golpista compulsivo, traiçoeiro e perigoso.

Agora, sem o guarda-chuva do poder e toda a proteção que isso lhe dava, vai se ver com o STF, contra quem ele planejou desmoralizar e destruir com o ataque terrorista que seguiria com o golpe de Estado, que fracassou.

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Magnoli, o bolsonarista harmonizado, me chama de “populista de esquerda”

Em sua coluna na Folha, Demétrio Magnoli se refere a um trecho da minha coluna de 9 de fevereiro no jornal. Escreve ele: “As agências reguladoras e o BC independente são tentativas de deep state no Brasil”, escreveu Reinaldo Azevedo, citando Walfrido Warde.

A crítica aos bancos centrais autônomos circula tanto no discurso da esquerda latino-americana quanto no da direita nacionalista europeia. Mesmo assim, é um argumento -e merece, portanto, exame de mérito.” Vou recuperar aqui o que eu escrevi: “Como lembra o advogado Walfrido Warde, as agências reguladoras e o BC independente são tentativas de ‘deep state’ no país. As decisões do BC, no entanto, ele pondera, não são infensas

Vou recuperar aqui o que eu escrevi: “Como lembra o advogado Walfrido Warde, as agências reguladoras e o BC independente são tentativas de ‘deep state’ no país. As decisões do BC, no entanto, ele pondera, não são infensas às pressões e fazem perdedores e ganhadores. Com juros altos, tomadores de crédito, por exemplo, perdem. Quem ganha?”

Escrever tendo inimigos a combater, especialmente se forem a “esquerda populista” e a “direita nacionalista” virou um facilitário. Porque isso confere ao articulista em questão a confortável posição de “centro”, de “independência”, de “não alinhado”. Comprometidos sempre serão os outros. Para quem leu com atenção o meu texto de referência, eu não escrevi, e isto parece bastante claro, que o BC é um exemplo de “deep state” e que, por isso mesmo, eu me oponho. A citação da fala de Walfrido servia apenas para introduzir uma afirmação absurda feita por Roberto Campos Neto num seminário em Miami, que transcrevo de novo:

“A principal razão, no caso da autonomia do BC, é desconectar o ciclo de política monetária do ciclo político, porque eles têm diferentes lentes e diferentes interesses. Quanto mais independente você é, mais efetivo você é, e menos o país vai pagar em termos de custo-benefício da política monetária”

E, então, emendei, contestando que estejamos diante de um exemplo de “deep state”: “Sedutor para alguns. É uma tese que funda não o ‘deep state’, mas o ‘metaphysical state’ e o eleva a uma categoria filosófica: o ‘platonismo monetário’.”

O ATAQUE

Faz tempo que Demétrio Magnoli anda a buscar adversários e inimigos, inclusive na Folha. Para tanto, usa e abusa do recurso de acusar os seus alvos de ter um pensamento comprometido. Ele, obviamente, é independente. O recurso é pueril, mas serve para satisfazer a vaidade sem lastro do polemista.

Escreve: “Usá-la [a expressão “deep state”], porém, para desacreditar BCs autônomos nada ensina sobre os bancos centrais – mas esclarece muito sobre o sujeito do discurso. A esquerda populista fala em deep state para acusar os BCs de servirem ao ganancioso mercado. A direita populista fala nisso para acusar os BCs de servirem aos demoníacos “globalistas”. Uns e outros recorrem a teorias conspiratórias para exibir a democracia como farsa: a roupagem sob a qual opera o deep state. Democracia é só ditadura disfarçada -eis a mensagem de fundo. O presidente (ou seja, o Povo) contra o Deep State (ou seja, a Elite). Lula tem extensa companhia quando adota essa linha de propaganda.”

Suponho que eu e Walfrido, nessa sua categorização, façamos parte da “esquerda populista ” — dada a impossibilidade, quero crer, de ser “direita populista’. Tem lá a sua graça.

Jamais me ocorreu contestar Magnoli. Tenho mais o que fazer. Se e quando o leio, é por dever profissional. Ele não é um “autor”, mas um tipo. No texto de onde ele retirou a citação, para distorcê-la de forma burra e intelectualmente malandra, escrevo:

“Para além das dissensões e crenças, é incompatível com uma sociedade democrática partir do princípio de que o presidente está obrigado a silenciar sobre juros, o que alçaria a autoridade monetária à categoria de Estado acima do Estado. A ideia parece boa e, dizem, nos protege de diabólicos populistas, mas é falsa. A propósito: ‘populista’ se tornou o insulto predileto dos sectários de centro. É, na sua boca e na sua pena, o correspondente ao ‘comunista’ dos bolsonaristas e ao ‘fascista’ da esquerda ligeira. Uma dica de leitura: “Do que Falamos Quando Falamos de Populismo”, de Thomas Zicman de Barros e Miguel Lago (Companhia das Letras).”

Magnoli é o exemplo acabado do “sectário de centro” — coisa que, na verdade, ele pensa ser. Não é. Passei a lê-lo com tédio profissional há muito tempo. Por quê? Porque sempre sei onde termina a sua ladainha “independente”. Qualquer que seja o tema, ele culpa os “suspeitos de sempre”, para lembrar frase de Louis, o policial corrupto do filme “Casablanca”. E os suspeitos de sempre, na sua pena, são os progressistas, onde quer que estejam — e isso inclui a Folha.

FINALMENTE

Atenho-me, finalmente, à parte mais tonta e primitiva de seu artigo — e nada tem a ver comigo. Vamos ver. Eu não acho, tampouco Walfrido Warde, que o BC sirva ao “ganancioso mercado”. Que burrice isso! Nem em prego esse vocabulário. Três grandes dos tais mercados, bancos, a Febraban e 50 pesos-pesados reunidos no Grupo Esfera se manifestaram em cena aberta contra a Selic de 13,75%.

Magnoli, o sectário de centro, precisa apelar à polarização que não existe mais para que ele próprio possa fazer sentido. Ah, Demétrio, esse trem já passou. Você já passou. A sua oposição é obsoleta. Não funciona mais mandar “prender os suspeitos de sempre”.

Ademais, oponho-me firmemente ao que tem escrito, mas o julgava ao menos um bom leitor. Vejo que não. Para combater inimigos imaginários, também lê o que não está escrito.

“Por que responde aqui e não na Folha, onde ele o atacou, Reinaldo?” Porque, neste espaço, escrevo quantas vezes me der na telha. Na Folha, uma vez por semana, a exemplo de Magnoli. Ele pode gastar seu espaço comigo. Não posso gastar o meu com ele.

Magnoli, Bolsonaro está voltando daqui a pouco. Este “populista de esquerda” lhe recomenda: vá procurar sua turma. Seu “bolsonarismo harmonizado” não engana mais ninguém.

*Reinaldo Azevedo/Uol

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