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Vídeos: Bolsonaro surta e mente descaradamente, dizendo ser de 2015 vídeo com cena da “facada” de 2018

Sério, Bolsonaro precisa ser interditado. O que ele fez hoje nessa live abaixo, não é de uma pessoa normal, disse ser de 2015 um vídeo feito agora  para manifestação no dia 15 de março em apoio a ele e contra o Congresso e o STF.

O problema é que o ponto central do vídeo é ele tomando a falsa facada em 2018 e aquela xaropada.

Então, como pode ser de 2015 um vídeo em que aparece a cena da “facada” ocorrida em 2018, além de mostrar cenas de sua posse em 1º de janeiro de 2019? O sujeito falar uma coisa dessas não pode ser normal ou ele imaginou que as pessoas acreditariam nessa infâmia, sem observar esse detalhe grosseiro.

Um cara desse está normal?

Um sujeito desse pode continuar à frente da Presidência da República?

 

*Da redação

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Das pessoas mortas pela polícia de Dória, 99% são pobres e, desses, 65% são negros

O governador João Doria não aprovou o nome de Benedito Mariano para o cargo de Ouvidor de Polícia.

Mariano foi o mais votado na lista tríplice estabelecida pelo Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), mas o governador é quem tem a palavra final e Doria decidiu por nomear o último colocado.

Benedito Mariano era o atual ouvidor. Ele esteve à frente do mais recente relatório da Ouvidoria das Polícias de SP que revelou o aumento da letalidade policial em quase 12% durante o ano passado.

A polícia matou 716 pessoas em 2019, contra 642 em 2018.

Mariano é também um forte crítico do fato de 97% dos casos de crimes cometidos por policiais serem investigados pelos próprios batalhões aos quais pertencem, e não pela Corregedoria.

Consciente de seu papel, Mariano tem em mãos o dado que expõe a natureza perversa dos métodos policiais. Das pessoas mortas por policiais, 99% são pobres e, desses, 65% são negros.

Ele expõe esses dados. Precisa explicar mais do porque da decisão do governador?

Durante a campanha, Doria já tinha dito que sua polícia seria matadora. O massacre em Paraisópolis está aí para confirmar. E outros 707 cadáveres também.

O discurso alinhado com Bolsonaro e Witzel injetou um ânimo extra e brutal nas tropas. Basta prestar atenção ao tanto de casos registrados em vídeo desde que essa turma assumiu o poder.

Não, a culpa não é dos celulares. Vide os números que confirmam o crescimento de óbitos.

Mesmo quando não mata, a polícia hoje parece movida a ódio a tal ponto de ser capaz de subir na barriga de uma mulher grávida de 5 meses e espancá-la. A primeira reação de Doria foi acusar a mulher que passou por esse ato hediondo porque estava filmando uma abordagem.

Uma grávida de 5 meses fez o policial agir daquela forma por “escusável medo, surpresa ou violenta emoção”?

Não é a primeira vez que um governador tucano ignora a votação feita pela lista tríplice do Condepe e bota pra escanteio quem faz marcação cerrada na afronta aos direitos humanos e nas práticas discriminatórias das polícias.

Em 2015, o então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não levou em conta o fato do advogado Ariel de Castro Alves ter sido o mais votado.

Ariel é coordenador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos, integra o Grupo Tortura Nunca Mais de São Paulo e o Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (Condeca). Além de já ter sido membro do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e secretário geral do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe). Esse é o currículo.

Alckmin, assim como Doria, optou pelo último mais votado, um advogado da turma religiosa. Era membro da arquidiocese paulista.

“É lamentável que o governador João Doria não tenha reconduzido o ouvidor de Polícia Benedito Mariano. Certamente a atuação combativa do atual ouvidor diante da crescente violência policial favoreceu essa decisão do governador.

O novo ouvidor, o advogado Elizeu Soares Lopes, tem currículo e condições para também fazer um bom mandato à frente da Ouvidoria”, declarou Ariel de Castro Alves que fez mais um alerta: o órgão nunca teve uma ouvidora geral mulher.

Agora é rezar para que Ariel tenha razão e o novo ouvidor faça um bom trabalho e, sobretudo, faça frente aos ataques nefastos de quem deseja mesmo acabar com a Ouvidoria, caso do deputado Frederico D’Avila, do PSL.

Embora seu projeto de extinguir a Ouvidoria da polícia tenha sido considerado inconstitucional, ele permanece lutando para intimidar a atuação do Condepe.

É dele o projeto que prevê reduzir os representantes da sociedade civil na entidade e inserir ali integrantes das polícias Civil e Militar.

Raposa tomando conta do galinheiro. João Doria certamente gosta da ideia.

 

 

*Mauro Donato – DCM

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O ano das mentiras e torpezas

“Quando 2019 for revisitado lá adiante, quando tudo isso tiver passado, pois não há mal que sempre dure, haveremos de nos perguntar: como pudemos tolerar tudo aquilo sem nos revoltar?”, coloca a jornalista Tereza Cruvinel. Ela diz ainda que a pesquisa Datafolha deste domingo “precisa ser lida pelo reverso”: “Se apenas 36% consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, outros 62% não estão incomodados”.

Lá se vai 2019, o ano de Bolsonaro, ano trevoso, de mentiras e torpezas. Quando ele for revisitado lá adiante, quando tudo isso tiver passado, pois não há mal que sempre dure, haveremos de nos perguntar: como pudemos tolerar tudo aquilo sem nos revoltar? Como pudemos nos silenciar diante do esbulho de direitos, das mentiras diárias, da semeadura de preconceitos, dos ataques à cultura e ao conhecimento, do empurrão constante do Brasil rumo à barbárie, do flerte com a morte pelo incentivo à violência, até mesmo no momento natalino, com o indulto a policiais assassinos e a celebração do aumento de armas em mãos de brasileiros?

A pesquisa Datafolha parcialmente divulgada neste domingo precisa ser lida pelo reverso, valorizando a omissão, a cumplicidade monstruosa com tudo o que está aí. Se apenas 36% consideram o governo Bolsonaro ruim ou péssimo, outros 62% não estão incomodados, enxergam em tudo uma normalidade inaceitável, pois 30% o consideram ótimo ou bom e 32% regular. Se acham regular, não estão vendo nada de anormal. Esta, a meu ver, é a pior notícia para o ano que vem aí. Indica o quão longe estamos de construir na sociedade uma maioria que diga não à brutalidade a que estamos submetidos. Com 62% aplaudindo ou cruzando os braços, eles – Bolsonaro, seus lacaios e a extrema direita – vão continuar passando o trator sobre as universidades, os direitos trabalhistas, a rede de proteção social, os direitos humanos, o meio ambiente, a cultura e tudo mais. Não há dia em que mais de uma atrocidade não seja anunciada.

É irrelevante a comparação da rejeição a Bolsonaro com a reprovação ao Congresso (45%), que está em desgraça junto à população há anos, especialmente depois da campanha de demonização da política levada a cabo pela aliança mídia-Lava Jato. Ou com a do Supremo (39%), um poder que nem tinha antes sua avaliação aferida pelo instituto por conta de um protagonismo menor, que nos últimos anos cresceu.

É o Executivo que tem o saco de maldades, o poder de arrasar com tudo, inclusive com as instituições democráticas. O chefe do Executivo é que foi eleito por voto majoritário. Por justiça, vale reconhecer que o Congresso, embora apoiando a agenda econômica neoliberal, conteve os ímpetos de Bolsonaro na guerra cultural e na agenda comportamental, impedindo a aprovação de projetos como o Escola sem Partido. E mesmo na agenda econômica, foi o Congresso que mitigou a reforma previdenciária proposta por Paulo Guedes, evitando, por exemplo, a elevação do tempo de contribuição mínimo das mulheres de 15 para 20 anos. Da mesma forma, o Supremo tem imposto alguns limites, desautorizando, por exemplo, o fim do DPVAT ou a extinção dos conselhos sociais por decreto, sem falar na poda das asas da Lava Jato. Veremos agora se será capaz de condenar a MP que fere de morte a autonomia universitária.

O que espanta, ao final de um ano desatinado, é que 62% não percebam que estamos sendo atacados de dentro, por um governo que fala em Deus para fazer o mal, submisso à maior potência global, interessada em nos recolonizar como quintal. Guardadas as proporções, a situação permite um paralelo com a indiferença do povo alemão diante da ascensão de Hitler e do avanço do nazismo. Ainda em 1930, diante do segundo lugar nas urnas obtido pelo Partido Nacional-Socialista de Hitler, o escritor Thomas Mann fez o primeiro de seus muitos alertas, numa célebre conferência intitulada Um Apelo à Razão. Hitler já não podia ser considerado apenas uma piada de mau gosto, disse ele. Mann já havia ganhado o prêmio Nobel de Literatura e tinha enorme prestígio em seu pais, mas falou em vão. Deportado com sua família em 1936, continuou escrevendo cartas ao povo alemão. Não temos um Mann, mas temos Lula, que em janeiro retomará suas caravanas. Conseguirá ele sacudir povo brasileiro, romper esta prostração letárgica?

Em 2013, quando a Alemanha recordou em penitência os 80 anos da ascensão de Hitler, a chanceler Angela Merkel disse algo que serve perfeitamente ao Brasil de 2019: “ Aquilo só foi possível devido à cumplicidade e indiferença das elites e de boa parte do povo alemão”. Relativamente às nossas elites, pesquisa recente também apurou que 60% dos empresários apoiam irrestritamente o governo Bolsonaro. Sim, a economia não vai bem mas eles estão ganhando com a retirada de obrigações trabalhistas, e agora até da fiscalização. A mais-valia cresce. O fim do Ministério do Trabalho, criado por Vargas na aurora do trabalhismo, é símbolo mais que perfeito da aliança governo bruto-capital selvagem.

Se alguém tem ilusões quanto a 2020, que olhe os números do orçamento: a fiscalização trabalhista perderá metade de seus recursos, assim como o Minha Casa, Minha Vida. O Pronatec perderá 97%, vale dizer, vai acabar. A verba do Bolsa-Família encolheu e a Farmácia Popular também pode desaparecer. São os pobres sendo retirados do orçamento.

Não podemos esquecer as mentiras de um presidente que a mídia hesita em chamar de mentiroso com todas as letras. Bolsonaro, ainda antes da posse, desqualificou os médicos cubanos, que andam fazendo tanta falta, dizendo que alguns nem médicos eram. Teve a cara de pau de dizer que o nazismo foi um movimento de esquerda. Que os radares nas estradas, longe de prevenir acidentes, produziam aumento. Que as ONGS é que tocaram fogo na Amazônia. Que não há fome no Brasil e que nossas universidades não produzem pesquisas. Que o ator Leonardo di Caprio financiou ações contra a Amazônia para culpar seu governo. Foi capaz de anunciar a possibilidade de ter câncer de pele para depois acusar a imprensa de ter produzido fake-news sobre o assunto. O arsenal é grande e cansativo.

As torpezas não podem ser esquecidas. Chamou a mulher do presidente francês de feia, louvou a morte do pai de Michele Bachelet pela ditadura Pinochet e insinuou que o pai do presidente da OAB não foi morto nos porões, pela tigrada do regime militar, mas por companheiros da própria esquerda. Em compensação, disse I love you para Donald Trump.

Não falemos na política externa, a mais desastrada que o Brasil já teve desde a independência.

Por tudo isso, pelos 62% que estão achando tudo normal, é muito difícil, nestas horas finais de dezembro, dizer um sincero “Feliz Ano Novo”.

 

 

*Tereza Cruvinel/247