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Janio de Freitas: São as entranhas brasileiras

Demonstrações que Bolsonaro deveria ser investigado com rigor não cessam.

​Nenhum presidente legítimo, desde o fim da ditadura de Getúlio em 1945 —e passando sem respirar sobre a ditadura militar— deu tantos motivos para ser investigado com rigor, exonerado por impeachment e processado, nem contou com tamanha proteção e tolerância a seus indícios criminais, quanto Jair Bolsonaro. Também na história entre o nascer da República e o da era getulista inexiste algo semelhante à atualidade. Não há polícia, não há Judiciário, não há Congresso, não há Ministério Público, não há lei que submeta Bolsonaro ao devido.

As demonstrações não cessam. Dão a medida da degradação que as instituições, o sistema operativo do país e a sociedade em geral, sem jamais terem chegado a padrões aceitáveis, sofrem nos últimos anos. E aceitam, apesar de muitos momentos dessa queda serem vergonhosos para tudo e todos no país.

Nessa devastação, Bolsonaro infiltrou dois guarda-costas no Supremo Tribunal Federal. Um deles, André Mendonça, que se passa por cristão, na pressa de sua tarefa não respeita nem a vida. Ainda ao início do julgamento, no STF, do pacotaço relativo aos indígenas, Mendonça já iniciou seu empenho em salvá-lo da necessária derrubada.

São projetos destinados a trazer a etapa definitiva ao histórico extermínio dos indígenas. O pedido de vista com que Mendonça interrompeu o julgamento inicial, “para estudar melhor” a questão, é a primeira parte da técnica que impede a decisão do tribunal. Como o STF deixou de exigir prazo para os seus alegados estudiosos, daí resultando paralisações de dezenas de anos, isso tem significado especial no caso anti-indígena: o governo argumentará, para as situações de exploração criminosa de terras indígenas, que a questão está sub judice. E milicianos do garimpo, desmatadores, contrabandistas e fazendeiros invasores continuarão a exterminar os povos originários desta terra.

Muito pouco se fala desse julgamento. Tanto faz, no país sem vitalidade e sem moral para defender-se, exangue e comatoso. Em outro exemplo de indecência vergonhosa, nada aconteceu à Advocacia-Geral da União por sua defesa a uma das mais comprometedoras omissões de Bolsonaro. Aquela em que, avisado por um deputado federal e um servidor público de canalhices financeiras com vacinas no Ministério da Saúde, nem ao menos avisou a polícia. “Denunciar atos ilegais à Polícia Federal não faz parte dos deveres do presidente da República”, é a defesa.

A folha corrida da AGU é imprópria para leitura. Mas, com toda certeza, não contém algo mais descarado e idiota do que a defesa da preservação criminosa de Bolsonaro a saqueadores dos cofres públicos. Era provável que a denúncia nada produzisse, sendo o bando integrado pela máfia de pastores, ex-PMs da milícia e outros marginais, todos do bolsonarismo. Nem por isso o descaso geral com esse assunto se justifica. Como também fora esquecido, não à toa, o fuzilamento de Adriano da Nóbrega, o capitão miliciano ligado a Bolsonaro e família, a Fabrício Queiroz, às “rachadinhas” e funcionários fantasmas de Flávio, de Carlos e do próprio Bolsonaro. E ligado a informações, inclusive, sobre a morte de Marielle Franco.

Silêncio até que o repórter Italo Nogueira trouxesse agora, na Folha, duas revelações: a irmã de Adriano disse, em telefonema gravado, que ele soube de uma conversa no Planalto para assassiná-lo. Trecho que a Polícia Civil do Rio escondeu do relatório de suas, vá lá, investigações. O Ministério Público e o Judiciário estaduais e o Superior Tribunal de Justiça não ficam em melhor posição, nesse caso, do que a polícia. São partes, no episódio de implicações gravíssimas, de uma cumplicidade que mereceria, ela mesma, inquérito e processo criminais. O STJ determinou até a anulação das provas no inquérito das “rachadinhas”, que, entre outros indícios, incluía Adriano da Nóbrega.

Desdobrados nas suas entranhas, os casos aí citados revelariam mais sobre o Brasil nestes tempos militares de Bolsonaro do que tudo o mais já dito a respeito. Mas não se vislumbra quem ou que instituição os estriparia.

*Com Folha

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Cotidiano

ÁUDIO: “O que está fod* o Adriano é o Bolsonaro”, diz viúva de miliciano

Em conversa telefônica interceptada pela Polícia Civil do Rio, Júlia Lotufo ainda confirma que ex-esposa de miliciano ganhava R$ 10 mil como funcionária fantasma no gabinete de Flávio Bolsonaro.

Júlia Lotufo, ex-mulher de Adriano da Nóbrega, afirma em uma conversa telefônica divulgada nesta sexta-feira (8) pela Folha de S.Paulo que o que está “fodendo” a vida do miliciano é “o presidente”, em referência clara a Jair Bolsonaro (PL).

Na conversa, gravada há três anos pela Polícia Civil durante a Operação Gárgula, que investigou Adriano, Júlia diz a uma amiga sobre o que estaria vivendo à época.

“A verdade é a seguinte: o que hoje está fodendo o Adriano é o presidente, mais nada”, diz. A amiga emenda: “Só o Bolsonaro” e Júlia responde. “É. Porque se não fosse ele [Bolsonaro] ninguém mais falaria dele [Adriano]”.

No telefonema, Julia fala ainda que a ex-esposa de Adriano ganhava R$ 10 mil como funcionária fantasma no Gabinete de Flávio Bolsonaro (PL-RJ), então deputado estadual, no esquema de corrupção comandado por Fabrício Queiroz.

“Ela foi nomeada por 11 anos. Onze anos levando dinheiro, R$ 10 mil por mês para o bolso dela. E agora ela não quer que ninguém fale no nome dela? […] Bateram na casa dela porque a funcionária fantasma era ela, não era eu”.

Julia ainda diz que Danielle “sabia muito bem qual era o esquema”. Ex-capitão do Bope que comandava o Esquadrão da Morte, braço armado da milícia de Rio das Pedras, Adriano da Nóbrega foi homenageado por Flávio e Jair Bolsonaro e teve a mãe e a ex-esposa empregadas no esquema de rachadinhas no gabinete do senador.

Ouça o áudio

https://tv.uol/19VMV

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Política

‘Que motivo que eu teria para matar Marielle’, diz Bolsonaro sobre caso Adriano da Nóbrega (vídeo)

Durante sua live semanal, Jair Bolsonaro falou sobre o áudio da irmã de Adriano, que acusou o Palácio do Planalto de oferecer cargos comissionados em troca da morte do miliciano.

Jair Bolsonaro negou nesta quinta-feira (7) que tenha qualquer relação com a morte do ex-PM do Rio de Janeiro e miliciano Adriano da Nóbrega, que morreu durante uma operação da Polícia Militar na Bahia em 9 de fevereiro de 2020.

Segundo escuta telefônica da Polícia Civil do Rio de Janeiro de dois anos atrás, Daniela Magalhães da Nóbrega – irmã de Adriano da Nóbrega – diz que o Palácio do Planalto ofereceu cargos comissionados como pagamento pela morte de seu irmão.

Ao se defender de áudio, Bolsonaro acabou mencionando a vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada em março de 2018. “Alguém me aponte um motivo que eu poderia ter para matar Marielle Franco. Motivo nenhum, zero, não dá nem para discutir mais. Os áudios dela, pelo que tomei conhecimento, ela se equivocou: em vez de falar Palácio das Laranjeiras, falou Palácio do Planalto”, afirmou Bolsonaro na live. “Nunca conversei com ela, pelo que eu lembre”, disse ele, ao responder a um tweet do deputado Orlando Silva (PCdoB-SP).

Investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apontam que Adriano da Nóbrega era dono de pontos de máquinas caça-níquel na cidade e ele era ligado a “assassinatos, agiotagem e negócios junto à milícia de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste do Rio”, segundo o G1.

Sobre Adriano, ex-capitão do Bope, também pesava a suspeita de envolvimento no esquema da “rachadinha” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) quando ele era deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Na gravação, Daniela diz a uma tia que Adriano ficou sabendo de uma reunião no Palácio do Planalto em que seu nome teria sido associado à ideia de um “arquivo morto”. “Ele já sabia da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto. Ele já era um arquivo morto. Já tinham dado cargos comissionados no Planalto pela vida dele, já. Fizeram uma reunião com o nome do Adriano no Planalto. Entendeu, tia? Ele já sabia disso, já. Foi um complô mesmo”, disse Daniela à tia na gravação.

A gravação é uma das escutas da polícia na operação Gárgula, deflagrada nem 22 de março de 2021, para investigar os suspeitos de lavar o dinheiro e movimentar os recursos de Adriano da Nóbrega. O jornal diz que, por mais de um ano, a polícia ouviu conversas de familiares e pessoas próximas de Adriano. Daniela não é acusada de envolvimento nos crimes do irmão, diz a reportagem, segundo a qual o Palácio do Planalto e a defesa de Daniela foram procurados, mas não se posicionaram sobre as escutas.

“Ele falou que não ia se entregar”

O diálogo que menciona o Planalto é de conversa com alguém que Daniela chama de tia – não identificada – dois dias depois da morte de Adriano. A família sempre suspeitou de queima de arquivo. “Ele falou para mim que não ia se entregar porque iam matar ele lá dentro. Iam matar ele lá dentro. Ele já estava pensando em se entregar. Quando pegaram ele, tia, ele desistiu da vida”, disse.

*Com 247

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Cotidiano

Áudio: A morte de Adriano da Nóbrega volta a assombrar os Bolsonaro

No mesmo dia em que vemos um deputado vigarista do Paraná ameaçando a vida de Lula no plenário, a Folha revela que o Planalto ofereceu cargos pela morte de ex-PM Adriano da Nóbrega, ligado aos Bolsonaro.

Eduardo Bolsonaro não disse até hoje o que estava fazendo na Bahia no dia que ocorreu a queima de arquivo com a morte de Adriano, pela PM baiana.

O miliciano, Adriano da Nóbrega, tinha mulher e mãe lotadas no gabinete do Flávio até 2018. Ele foi homenageado pelo Flávio enquanto cumpria pena por assassinato em Bangu.

Não é que querem, ele está umbilicalmente ligado aos Bolsonaro.
Coincidências? Não.

Um fio condutor assombroso, pra não dizer macabro.

Trocando em miúdos, o pensamento da turma do seu Jair da casa 58 no Vivendas da Barra:

“Arquivo bom é arquivo morto”.

https://twitter.com/AgendaDoJair/status/1511737084184305679?s=20&t=VUd-f3K186fG1-7QKYR3tQ

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Ronnie Lessa, assassino de Marielle complica Bolsonaro

Se a história contada por Bolsonaro sobre sua relação com o vizinho, Ronnie Lessa, que morava na mesma rua, a 50 metros de sua casa, já era imbricada como um labirinto, as declarações de Lessa em entrevista na Veja traz dados que, aos invés de entender ou acreditar na versão do atual presidente da República, amplia a quantidade de questões não respondidas até aqui pelo mesmo.

Ronnie Lessa acusa o ex-policial do Bope, Adriano da Nóbrega de ter executado Marielle Franco.

Aí chama atenção o fato de um segundo suspeito ter relação ainda mais íntima com Bolsonaro, afinal, foi a seu mando que Flávio Bolsonaro medalhonou, dentro da cadeia, com a mais alta condecoração da Alerj, o chefe do escritório do crime chamado de “patrãozão” em Rio das Pedras, sem falar que a família inteira está envolvida em lavagem de dinheiro e peculato, carinhosamente chamado de rachadinha.

A coisa toma mais dramaticidade quando Ronnie Lessa confirmou que recebeu ajuda do presidente Jair Bolsonaro no fim de 2009 — embora afirme que mal o conhece. Depois de perder parte da perna esquerda na explosão de uma bomba em seu carro, ele conta que o presidente, então deputado federal, intercedeu para que seu atendimento fosse priorizado na Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR), no Rio de Janeiro. “Bolsonaro era patrono da ABBR. Quando soube o que aconteceu, interferiu.

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‘Se souber, não vou deixar ela falar’, diz atual marido de viúva de miliciano Adriano da Nóbrega sobre Bolsonaro

Eduardo Giraldes afirma que caso a mulher, Júlia Lotufo, tenha informação sobre o presidente, ele tentará impedi-la de revelar em delação; diálogo ocorreu entre empresário e Bernardo Bello, acusado por ela de ter sido sócio do ex-PM.

Ex-presidente e ex-patrono da escola de samba Unidos da Vila Isabel, Bernardo Bello Barbosa diz que a tentativa de delação premiada de Júlia Mello Lotufo, viúva do miliciano Adriano da Nóbrega, é “uma farsa”. Júlia acusa Barbosa de ter sido sócio de Adriano no “Escritório do Crime” e o mandante de pelo menos dez mortes executadas pelo ex-policial. Ela já gravou depoimentos para o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.

Segundo Bello, a viúva se associou à ex-cunhada dele, Shanna Harrouche Garcia, com quem está rompido, para “criar um fantasma” e proteger “alguém”. Adriano da Nóbrega foi segurança da família de Shanna, historicamente ligada à contravenção e ao carnaval do Rio.

“Eu afirmo veementemente que a Júlia está mentindo”, diz Bernardo Bello em entrevista à coluna.

Um dos trunfos que a defesa de Bernardo Bello acredita ter é o pedido de conservação da gravação de uma conversa entre ele e o atual marido de Júlia, o empresário Eduardo Giraldes, que é fabricante de azeite. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é citado no diálogo.

Bernardo Bello e Giraldes se encontraram em junho, antes que a proposta de delação de Júlia Lotufo viesse a público —mas quando já corriam rumores de que a viúva poderia colaborar com a Justiça.

Investigada em processo que tramita na 1ª Vara Criminal Especializada do Rio, ela é acusada de lavagem de dinheiro a serviço da milícia. Está em prisão domiciliar, de tornozeleira, e tenta uma delação premiada para se livrar de eventuais penas e deixar o Brasil com o novo marido, Eduardo, que conheceu alguns meses depois da morte do capitão Adriano.

Na conversa com Giraldes, Bello afirma que os promotores não estariam interessados nele (“é óbvio que o que querem não é o bobalhão aqui”), mas sim que a viúva do miliciano “fale de [Jair] Bolsonaro”.

O capitão Adriano era ligado à família do presidente da República e foi citado na investigação que apura a prática conhecida como “rachadinha” no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual pelo Rio de Janeiro. A mãe e a primeira mulher do miliciano trabalhavam com o parlamentar e teriam repassado parte de seus salários ao esquema.

“Não vai falar”, responde o atual marido de Júlia sobre Bolsonaro. “Se ela souber, e ela quiser falar”, emenda Bernardo Bello. “Mas se souber, eu também não vou deixar ela falar”, segue Eduardo Giraldes.

Bernardo diz então acreditar que, se citar Bolsonaro, vão acabar com Júlia “de verde, amarelo, azul e branco”.

“Se ela não quiser falar… meu irmão, até porque, sabe por quê? Vai acabar com a vida dessa menina”, afirma o ex-presidente da Vila Isabel.

O marido de Júlia concorda: “E com a minha”.

Ouça o áudio:

*Monica Bergamo/Folha

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Viúva de Adriano da Nóbrega diz que sofreu pressão do advogado do clã Bolsonaro

Júlia Lotufo, viúva de miliciano Adriano da Nóbrega, relatou em sua delação que Wassef fez contato com ela enquanto marido estava foragido.

Segundo Guilherme Amado, Metrópoles, Júlia Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, contou em sua delação premiada, negociada com o Ministério Público do Rio de Janeiro e remetida para a Procuradoria-Geral da República, que Frederick Wassef, advogado de Flávio Bolsonaro, fez contatos com ela ao longo da fuga do marido e também depois de sua morte.

Segundo os relatos de Júlia, nesse contato após a morte de Adriano, Wassef insistiu para que ela abraçasse sua teoria para explicar a morte de Adriano, de que o miliciano havia sido assassinado por policiais do Rio de Janeiro a mando de políticos. De fato, na época, esta era a versão que Wassef queria fazer prevalecer, conforme entrevista dada para esta coluna em junho de 2020.

Na ocasião, Wassef afirmou que a ordem de matar Adriano teria partido de políticos interessados em colocar a culpa em Bolsonaro.

“(É) a política que está por trás disso. Queiroz ia ser assassinado. Eles iriam matar o Queiroz. Ele teria sido enterrado há muito tempo. De quem é a culpa? A culpa seria do presidente Bolsonaro. Queiroz pode ser morto na cadeia para incriminar Bolsonaro. E você ia torturar a família, porque não tem o pai para assessorar. Eles iriam sequestrar, barbarizar”, disse.

Perguntado que político, respondeu:

“Você é maluco que vou falar. Daqui a pouco, matam Queiroz na cadeia e vão falar que ele se suicidou, que foi briga de preso. Ele ainda corre risco de vida. Se acha que quem quer matar o Queiroz é bandidinho, PM, esquece. É canhão calibre grosso, forças políticas. O plano é um só: derrubar Bolsonaro”.

Procurado para confirmar se de fato ocorreram os encontros, Wassef leu as mensagens, mas se calou.

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Em proposta de delação, viúva de Adriano aponta quem mandou matar Marielle

Na negociação para a delação premiada de Julia Mello Lotufo com o MP-RJ, a viúva do miliciano Adriano da Nóbrega revelou quem foi o mandante da execução de Marielle Franco, detalhou a participação do ex-marido em uma dezena de homicídios encomendados e listou agentes públicos que receberam propina para acobertar crimes.

Finalmente os mandantes do assassinato de Marielle Franco poderão ter seus nomes revelados. Na negociação para a delação premiada de Julia Mello Lotufo, viúva de Adriano da Nóbrega, que foi chefe da milícia Escritório do Crime, ela revelou quem foi o mandante da execução da ex-vereadora do Psol e seu motorista Anderson Gomes, detalhou a participação do ex-marido em uma dezena de homicídios encomendados e listou agentes públicos que receberam propina para acobertar crimes. Segundo a viúva, o assassinato da ex-parlamentar foi realizado pela milícia que atua na comunidade Gardênia Azul. Um dos chefes da milícia é o ex-vereador Cristiano Girão (ex-PMN). Não se sabe ainda quem ela indicou aos promotores como o mandante do crime. Adriano da Nóbrega e Julia Lotufo foram funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro quando o atual senador ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio.

Segundo o jornalista Daniel Pereira, em reportagem na revista Veja, “de acordo com o relato de Julia, integrantes da milícia que atua na comunidade Gardênia Azul procuraram o ex-capitão para discutir a possibilidade de ele preparar um plano para assassinar Marielle. Ao fazer a sondagem, alegaram que a atuação da vereadora estaria colocando em risco os negócios da milícia não só em Gardênia Azul, mas em Rio das Pedras. Segundo a viúva contou às promotoras, Adriano teria considerado a ideia absurda e arriscada demais, especialmente por envolver uma parlamentar. Tempos depois, ele foi surpreendido com a notícia do crime”.

“Ao cobrar satisfações de comparsas de Rio das Pedras, teria ouvido que a ordem partiu do alto-comando da Gardênia Azul. Nenhuma das fontes consultadas pela reportagem quis informar o nome da pessoa que, conforme o relato de Julia, ordenou a execução de Marielle e Anderson. Um dos chefes da milícia de Gardênia Azul é o ex-vereador Cristiano Girão”, destaca a reportagem.

“Em setembro do ano passado, a Polícia Civil e o MP realizaram busca e apreensão em endereços de Girão e de pessoas ligadas ao PM reformado Ronnie Lessa, preso por participar do assassinato de Marielle. Os dois são suspeitos de envolvimento na morte de um casal em 2014, num crime com ‘características muito peculiares e que se assemelham muito com o que vitimou a vereadora Marielle Franco e seu motorista’ segundo o delegado Antônio Ricardo Nunes, na época chefe do Departamento Geral de Homicídios e Proteção à Pessoa”, continua.

Em regime de prisão domiciliar, Julia foi obrigada a usar tornozeleira eletrônica. Ela propôs a colaboração premiada para conseguir a revogação das medidas restritivas determinadas pela Justiça. O MP ainda não respondeu se aceita a delação.

Marielle era ativista de direitos humanos e vivia denunciando a violência cometida por policiais nas favelas, bem como a atuação de milícias. Os atiradores perseguiram o carro dela por cerca de três, quatro quilômetros, e efetuaram os disparos em um lugar sem câmeras na região central do Rio.

*As informações são da Veja/247

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Grampos sugerem que comparsas do miliciano Adriano da Nóbrega recorreram a Bolsonaro “o cara da casa de vidro”

Íntegra da matéria do Intercept

Diálogos transcritos de grampos telefônicos sugerem que o presidente Jair Bolsonaro foi contactado por integrantes da rede de proteção do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, chefe da milícia Escritório do Crime. As conversas fazem parte de um relatório da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Polícia Civil do Rio elaborado a partir das quebras de sigilo telefônico e telemático de suspeitos de ajudar o miliciano nos 383 dias em que circulou foragido pelo país.

Logo após a morte do miliciano, cúmplices de Adriano da Nóbrega fizeram contato com “Jair”, “HNI (PRESIDENTE)” e “cara da casa de vidro”. Para fontes do Ministério Público do Rio de Janeiro ouvidos na condição de anonimato, o conjunto de circunstâncias permite concluir que os nomes são referências ao presidente Jair Bolsonaro. “O cara da casa de vidro” seria uma referência aos palácios do Planalto, sede do Executivo federal, e da Alvorada, a residência oficial do presidente, ambos com fachada inteiramente de vidro.

Após as citações, o Ministério Público Estadual pediu que a justiça encerrasse as escutas dos envolvidos nas conversas, apesar de eles seguirem trocando informações sobre as atividades ilegais de Adriano da Nóbrega. A interrupção reforça a ideia de que trata-se do mesmo Jair que hoje ocupa o Planalto. O MP estadual não pode investigar o presidente da República. Em casos deste tipo, tem a obrigação constitucional de encerrar a investigação e encaminhar o processo à Procuradoria Geral da República, que tem esse poder. Questionada pela reportagem, a PGR não informou se recebeu ou não a investigação do MP do Rio até a publicação desta reportagem.

O Intercept já havia reportado sobre as escutas em fevereiro, quando mostramos como Adriano dizia que “se fodia” por ser amigo do presidente da República, e em março, quando detalhamos a briga pelo espólio deixado pelo ex-caveira. As referências a “Jair” e “cara da casa de vidro” constam em novos documentos recebidos pela reportagem, que, em conjunto com as escutas anteriores, permitem entender a amplitude das relações do miliciano e da rede que lhe deu apoio no período em que passou foragido.

Adriano da Nóbrega fugia da justiça desde janeiro de 2019, quando o Ministério Público do Rio pediu a sua prisão, acusando-o de chefiar a milícia Escritório do Crime, especializada em assassinatos por encomenda. Ex-integrante da elite do batalhão de elite da Polícia Militar do Rio, ele foi expulso da corporação em 2014 por relações com a máfia do jogo do bicho.

As conversas de apoiadores do miliciano com supostas referências ao presidente começaram a aparecer nos grampos a partir do dia da morte de Adriano, em 9 de fevereiro de 2020, e continuaram por mais 11 dias. No dia 9 pela manhã, o miliciano foi cercado por policiais do Rio e da Bahia, quando se escondia no sítio do vereador Gilson Batista Lima Neto, o Gilsinho de Dedé, do PSL, em Esplanada, cidade a 170 quilômetros de Salvador. Segundo os agentes, o miliciano reagiu a tiros a ordem de se render. Os policiais reagiram e mataram Adriano com dois tiros.

‘Cara da casa de vidro’

De acordo com as transcrições, a primeira ligação supostamente feita ao presidente aparece no dia 9 de fevereiro de 2020 à noite, horas depois que Adriano foi morto. Ronaldo Cesar, o Grande, identificado pela investigação como um dos elos entre os negócios legais e ilegais do miliciano, diz a uma mulher não identificada (MNI, no jargão policial) que ligaria para o “cara da casa de vidro”. No telefonema, demonstra preocupação com pendências financeiras e diz que alertou Adriano que “iria acontecer algo ruim”. Ele fala ainda que quer saber “como vai ser o mês que vem” e que a “parte do cara tem que ir”.

Identificado pela polícia como ele entre os negócios legais e ilegais do miliciano, Grande diz que vai “ligar para o cara da Casa de Vidro”.

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Quatro dias após a morte de Adriano, em 13 de fevereiro de 2020, Grande fala com um homem supostamente não identificado (HNI), que tem ao lado, entre parênteses, a descrição “PRESIDENTE” em letras maiúsculas, e relata problemas com a família de Adriano devido à divisão de bens. O interlocutor se coloca à disposição caso ele venha a ter algum problema futuro. Apenas duas frases do diálogo de 5 minutos e 25 segundos foram transcritas.

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No mesmo dia 13, o nome “Jair” aparece em conversas de outros comparsas de Adriano – o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e sua mulher, Ana Gabriela Nunes. O casal, segundo as investigações, escondeu Adriano da Nóbrega numa fazenda da família nos arredores de Esplanada após ele ter conseguido escapar ao cerco policial a uma luxuosa casa de praia na Costa do Sauípe, no litoral baiano, em 31 de janeiro de 2020.

Num dos diálogos, de pouco mais de cinco minutos, Ana Gabriela relata a uma interlocutora identificada apenas como “Nina” que “a polícia retornou com o promotor” a sua casa e que não pretende voltar para lá por causa dos jornalistas. Na sequência, diz: “Leandro está querendo falar com Jair”.

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Após a morte do miliciano, Ana Gabriela diz a uma interlocutora identificada apenas como Nina que o esposo, Leandro Guimarães, quer falar com Jair, numa possível referência ao presidente. Imagem: Reprodução/MPRJ.

Leandro Guimarães é descrito pelos policiais como um vaqueiro premiado, que ganha a vida organizando e participando de rodeios. Foi num desses eventos que o ex-capitão comprou 22 cavalos de raça mesmo estando foragido da justiça.

Minutos depois, Ana Gabriela faz outra ligação. O telefonema iniciou às 8h50 e terminou às 8h51. No campo de comentários, o documento sugere que o diálogo aconteceu entre Gabriela e Jair. A conversa, contudo, não é transcrita na íntegra. Os analistas apenas reproduzem a mesma frase destacada anteriormente: “Gabriela diz que Leandro quer falar com Jair”.

CasaVidro-PrintNinaJair

Logo após os episódios, o analista da Polícia Civil sugere que não sejam renovados os grampos do casal. O mesmo acontece com Grande, que, pelo teor dos telefonemas, segue tratando dos negócios de Adriano da Nóbrega e chega a ser chamado de “chefe” em uma das interceptações. O Ministério Público Estadual do Rio, que não tem atribuição para investigar suspeitas sobre o presidente da República, aceitou a recomendação. O mesmo procedimento já havia sido adotado depois que Orelha e a irmã de Adriano citaram Bolsonaro em seus telefonemas, como mostramos em fevereiro no Intercept.

Questionamos o Ministério Público Estadual sobre o porquê das escutas dos suspeitas terem sido encerradas após as menções ao “homem da casa de vidro”, a “Jair” e “HNI (PRESIDENTE)” e, sobretudo, se a instituição remeteu à Procuradoria-Geral da República as suspeitas da ligação dos suspeitos
com o presidente Jair Bolsonaro. Não recebemos nenhum retorno até a publicação desta reportagem.

‘Muito fiscalizado’

O nome do presidente já havia sido citado anteriormente em diálogos da irmã de Adriano, Tatiana da Nóbrega, e do sargento da PM Luiz Carlos Felipe Martins, o Orelha, um dos homens de confiança do miliciano, como revelou o Intercept em março. Ao dizer a um interlocutor não identificado que “Adriano falava que se fodia por ser amigo do presidente da República”, Orelha acendeu a luz amarela entre policiais e promotores envolvidos na perseguição ao ex-capitão. “Essa luz passou a piscar vermelha no decorrer da análise das escutas e transcrição das conversas dos suspeitos de proteger o miliciano foragido enquanto o cerco se fechava”, me disse um dos envolvidos na investigação sob a condição de anonimato.

Para os investigadores, o conteúdo das novas transcrições sugere que a amizade entre o miliciano e o presidente não seria mera bravata entre os seus comparsas. Os Bolsonaro têm uma relação antiga com o ex-caveira. Em 2005, enquanto estava preso preventivamente pelo assassinato de um guardador de carros, Adriano foi condecorado pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro com a medalha Tiradentes, a mais alta honraria da Assembleia Legislativa do Rio, a Alerj. Uma semana após a morte do miliciano, em 15 de fevereiro de 2020, o presidente Bolsonaro o chamou de “herói” e afirmou que recomendou pessoalmente que o filho desse a medalha ao então policial. Flávio ainda empregou a mãe e a ex-mulher de Adriano em seu gabinete na Alerj, situação hoje investigada no inquérito das Rachadinhas.

Embora o ex-capitão usasse uma identidade falsa em nome de Marco Antônio Cano Negreiros, trechos das transcrições das quebras de sigilo mostram que todos os suspeitos ligados à rede de proteção de Adriano da Nóbrega sabiam que ele era foragido.

Em um diálogo captado em 7 de fevereiro, dois dias antes da operação que resultou na morte do ex-capitão, Ana Gabriela diz à mãe que não pode dar maiores explicações por telefone. A mãe então pergunta: “o rapaz está aí com você?” Ela reage com nervosismo e desconversa: “Não adianta que não vou dizer onde o rapaz está. Ele está em Esplanada com o Leandro”. A mãe insiste e acrescenta: “Graças a Deus que vocês não estavam na Costa do Sauípe. Esse rapaz não poderia estar por aqui. Ele está sendo muito fiscalizado”, concluiu.

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Trecho de uma conversa entre Ana Gabriela e a mãe em que ela diz que o “rapaz”, que a polícia entende ser Adriano, está em Esplanada (BA) com o marido. Imagem: Reprodução/MPRJ

Antes de se refugiar no sítio do vereador Gilsinho de Dedé, em que acabou sendo morto, e na fazenda do casal Leandro e Gabriela, o ex-oficial do Bope contou ainda com a ajuda de uma prima e de outro fazendeiro da região. As escutas dão a entender que a veterinária Juliana Magalhães da Rocha, que trabalhava como tratadora dos cavalos e das cabeças de gado do miliciano, chegou a alugar um carro que foi usado na fuga do ex-capitão do litoral baiano para o interior do estado. Já o fazendeiro Eduardo Serafim, proprietário de um rancho em Itabaianinha, na divisa de Sergipe com a Bahia, abrigou parte dos animais do chefe do Escritório do Crime.

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É na fazenda de Serafim que ficavam os 22 cavalos de raça comprados por Adriano. Nas transcrições, a polícia sugere que Adriano ou a atual esposa Julia Lotufo visitaram o local. Imagem: Reprodução/MPRJ

Mesmo com provas robustas de que ajudaram Adriano na fuga, nem o casal Leandro e Gabriela, nem o vereador Gilsinho, a veterinária Juliana ou o fazendeiro Serafim foram denunciados à justiça pelo MP do Rio. Procurada pela reportagem, a instituição não explicou porque preferiu deixá-los de fora da denúncia.

Uma investigação pegando poeira

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado, o Gaeco, do MP do Rio, levou 406 dias para denunciar parte da rede de apoio ao miliciano. A operação Gárgula foi posta em prática após o Intercept ter revelado a disputa em torno dos bens do miliciano, em 19 de fevereiro deste ano. No mesmo dia da publicação da reportagem, o MP denunciou à 1ª Vara Criminal Especializada do Tribunal de Justiça nove dos 32 suspeitos.

Apesar das evidências de que a mãe de Adriano, suas irmãs Tatiana e a sua ex-mulher também se beneficiaram do dinheiro ilegal acumulado pelo miliciano, o MP optou por levar à justiça apenas a então companheira do miliciano, Júlia Lotufo, e os policiais militares Rodrigo Bittencourt Rego e Orelha. Os três tiveram as prisões decretadas a pedido dos promotores.

No dia seguinte ao pedido de prisão, Orelha sofreu uma emboscada em frente de sua casa, em Realengo, na zona oeste do Rio e foi morto a tiros de fuzil. Dois dias depois, o coordenador do Gaeco, promotor Bruno Gangoni, aventou a possibilidade de o crime ter sido queima de arquivo, mas sem dar maiores esclarecimentos. Um dos principais aliados de Adriano, o PM poderia ter informações fundamentais para o desenrolar de investigações relacionadas às Rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro e à morte de Marielle, em que há fortes suspeitas do envolvimento do Escritório do Crime.

O Intercept questionou o MP sobre quem seriam os beneficiados com a morte do policial-miliciano e o motivo da denúncia não ter incluído os nomes dos integrantes da família de Adriano e seus aliados na Bahia. Mais uma vez, não obteve resposta até a publicação desta reportagem. A Presidência da República também não nos respondeu se o presidente entrou ou não em contato com comparsas do miliciano logo após a sua morte.

*Colaboraram com a reportagem Paula Bianchi e Guilherme Mazieiro.

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Valor Econômico: Bolsonaristas na PM da Bahia executaram Adriano da Nóbrega

A colunista Maria Cristina Fernandes escreveu em sua coluna no jornal Valor Econômico que bolsonaristas da PM da Bahia já entregaram a Jair Bolsonaro duas ações de interesse da família presidencial: a execução do miliciano Adriano da Nóbrega, ligado a Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro; e o motim na PM que foi instrumentalizado pela deputada Bia Kicis.

A informação foi divulgada no artigo “Bolsonaro entrincheirado”. No texto, a jornalista comenta que as mudanças de Jair Bolsonaro no governo, que culminaram na “maior crise militar já vista desde a redemocratização”, “decorreu de um presidente da República que se entrincheira para proteger os filhos.”

Bolsonaro trocou os comandos das Forças Armadas e ainda botou um aliado no Ministério da Justiça e Segurança Pública. Enquanto a reforma ministerial chamava atenção da mídia, um deputado bolsonarista movimentava um projeto de lei na Câmara dos Deputados, para ampliar os poderes de Bolsonaro sobre as polícias militares em plena pandemia.

“Um esboço do Estado policial apareceu no projeto de lei do líder do PSL, Vitor Hugo (BA), que dá poderes a Bolsonaro sobre polícias estaduais. Ainda que não passe, o projeto, que o vice Hamilton Mourão define como ‘pura espuma’, cumpre a função de manter mobilizadas células bolsonaristas das polícias militares Brasil afora. A da Bahia entregou não apenas a execução de Adriano da Nóbrega, ex-PM bolsonarista da milícia carioca, como o motim do fim de semana”, escreveu Fernandes.

*Com informações do Valor

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