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Vídeo: Deputado bolsonarista carrega arma e ameaça Lula: “Vai ser bem-vindo”

Eleito por Minas Gerais, Junio Amaral reagiu a vídeo do ex-presidente em que fala sobre cidadãos precisarem “incomodar” deputados em casa.

O deputado federal Junio Amaral (PL-MG) publicou vídeo nas redes sociais nesta terça-feira (5/4) em que, enquanto carrega uma arma, convida o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a visitar sua casa. O parlamentar reagiu a um vídeo do petista em que ele sugere mapear as casas de deputados, “conversar com a mulher dele, conversar com a filha dele, incomodar a tranquilidade dele”, em vez de fazerem atos em frente ao Congresso.

“Eu moro em Contagem, cidade que é governada pelo PT, inclusive”, começa o bolsonarista, que é policial militar reformado. Ele descreve o local em que mora, ressaltando a presença de muitos buracos na rua.

Enquanto fala, Junio carrega a pistola, colocando munição. “Eu vou esperar vocês lá, tanto sua turma quanto você. Vai lá conversar com a minha esposa, com a minha filha, tá bom? Vocês serão muito bem-vindos”, finaliza o deputado federal, enquanto segura a arma.

*Com Metrópoles

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Política

PF conclui primeiro inquérito sobre Anvisa e diz que houve crime de ameaça

Paranaense disse que iria matar quem “atentasse contra vida de seu filho” com a obrigação da vacinação.

A Polícia Federal concluiu que o paranaense Douglas Bozza cometeu crime de ameaça ao enviar email a cinco diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) em que afirmava que iria matar quem “atentasse contra vida de seu filho” por causa da obrigação da vacinação contra Covid-19, segundo Painel da Folha.

O inquérito foi aberto em outubro e concluído no mês passado.

Na época do email, em outubro, a Anvisa começava a debater a vacinação a partir dos 5 anos. Na última semana, após aprovar o uso da Pfizer em crianças, a agência voltou a ser alvo de ataques.

Uma nova investigação foi aberta nesta segunda (20) após nova solicitação de integrantes da agência.

“Por identificar uma ameaça contra a saúde e integridade do meu filho nestas vacinas experimentais, sejam o que forem (sic), estou tomando a difícil atitude de retirá-lo do ambiente escolar”, dizia a mensagem enviada.

“Deixando bem claro para os responsáveis de cima para baixo: quem ameaçar, quem atentar contra a segurança física do meu filho, será morto”, completou Bozza no email.

O delegado da PF ouviu os cinco diretores e todos disseram que a ameaça resultou em uma situação de vulnerabilidade. O autor das mensagens eletrônicas, por sua vez, alegou que existiria comprovação de “que as vacinas são uma ameaça para as crianças” e que quis fazer “um pouquinho de terrorismo” com os técnicos da Anvisa.

Segundo Bozza, o email foi enviado após ele ter pedido documentos à Anvisa e para a Secretaria de Saúde do Paraná e ser ignorado.

“O declarante afirma que a possível ameaça/determinação feita por correio eletrônico seria uma maneira de ambos começarem a se respeitar”, diz o relatório da PF ao qual o Painel teve acesso.

Na conclusão do caso, o delegado afirmou que “restou claro” que o email seria mais que uma ameaça e “ocasionou considerável temor nas vítimas”.

“Tal ameaça se torna, ainda mais preocupante para as vítimas, em virtude do atual momento pandêmico que o país atravessa, aliado à polarização político-ideológica que se espraia no terreno das ciências, tornando simples factoides em verdades absolutas, a serem defendidas com o próprio sangue, se for entendido como necessário”, escreveu o delegado.

A PF, entretanto, por se tratar de crime com menor potencial ofensivo, não indiciou Bozza. Caberá ao Ministério Público Federal decidir se denuncia ou faz um acordo para transação penal. A pena prevista para esses casos é de 1 a 6 meses de prisão ou multa.

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Política

Glenn Greenwald: Sergio Moro é mais do que um juiz corrupto

Não é hiperbólico dizer que o ex-ministro de Bolsonaro representa a maior ameaça à democracia brasileira desde o fim da ditadura.

O Supremo Tribunal Federal reconheceu na quarta-feira 23 o que já era óbvio há muito tempo: Sergio Moro agiu de forma antiética e abusou de seu poder de juiz. Como reconheceu a maioria dos magistrados, Moro não cometeu esses abusos num caso qualquer, mas num dos julgamentos mais importantes da história do judiciário brasileiro: o caso do ex-presidente Lula, que teve que cumprir 18 meses de prisão devido a essa condenação oficialmente reconhecida como injusta.

A condenação não deve ser tratada como uma “mancha” no legado do ex-juiz, ou como um caso isolado de abuso em meio a uma carreira nobre. Nem se deve tratar Moro como um mero juiz corrupto. Moro é mais do que isso, e seu comportamento impróprio segue um longo padrão.

Não é hiperbólico dizer que Moro representa a maior ameaça à democracia brasileira desde o fim da ditadura. Os abusos cometidos pelo ex-juiz não foram causados por negligência ou incompetência: são parte de uma trama longa e complexa que, por meio do ativismo judicial, buscava subverter a escolha dos eleitores brasileiros e, assim, os preceitos fundamentais da democracia. O direito democrático de 220 milhões de pessoas ficou submetido aos ditames ideológicos de um único juiz de primeira instância.

É uma constatação óbvia dizer que a conduta de Moro alterou radicalmente as eleições de 2018. É impossível saber com certeza qual teria sido o resultado daquelas eleições se Lula não tivesse sido retirado do páreo. O que se pode afirmar com certeza, entretanto, é que todas as pesquisas mostravam Lula na liderança isolada até a interferência implacável – e corrupta – de Moro. Não há dúvidas que as ações – agora oficialmente declaradas impróprias pelo STF – retiraram dos brasileiros o direito de escolher se preferiam ser governados por Jair Bolsonaro ou Lula.

A corrupção judicial de Moro não deslegitimou apenas as eleições de 2018, mas também as de 2014. A vencedora daquele pleito, Dilma Rousseff, sofreu impeachment, pois foi removida do cargo 18 meses após de ter sido reeleita pelos brasileiros. O papel de Moro nesse processo foi tão central quanto o que ele desempenhou na vitória de Bolsonaro em 2018.

Como afirmou o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia em uma entrevista à Jovem Pan em 2019, a possibilidade de Dilma sofrer impeachment pelas chamadas pedaladas fiscais só era levada a sério por um setor restrito da direita brasileira, motivada em grande parte por uma incapacidade de aceitar a derrota eleitoral. Essa possibilidade só ganhou força entre setores mais amplos graças a um episódio específico: a divulgação das conversas privadas entre Lula e Dilma para a imprensa. As conversas – ilegalmente gravadas e divulgadas – foram amplamente repercutidas pela imprensa, culminando no episódio esdrúxulo dos âncoras do Jornal Nacional reconstituindo o diálogo como em uma novela. Os atos antiéticos de Moro foram explorados exaustivamente pela mídia antipetista, inflamando o movimento em favor do impeachment.

Exemplos da interferência de Moro na política brasileira são tão fartos que é fácil esquecer de alguns dos episódios mais graves: a exploração eleitoral da delação do ex-ministro Antonio Palocci logo antes das eleições de 2018, a proteção dada a tucanos enquanto petistas eram perseguidos pela mesma conduta e a promoção a ministro de Bolsonaro depois de ter facilitado sua vitória eleitoral. Fica claro que as condutas corruptas por parte de Moro são mais contínuas do que esporádicas: seus atos antiéticos são numerosos demais para listar.

Não é um exagero afirmar que praticamente nenhum dos eventos políticos significativos ocorridos no Brasil desde 2016 se deram dentro dos marcos do processo democrático normal, tendo sido influenciados pela cruzada ideológica de um juiz de primeira instância com delírios messiânicos que nunca recebeu um voto sequer. A toga de Moro é muito diferente do uniforme usado pelos generais que em 1964 golpearam a democracia brasileira, mas seu desprezo por ela e seu sucesso em subverter a vontade popular são no mínimo equivalentes.

É uma perversão do sistema da justiça brasileiro que Walter Delgatti, que heroicamente expôs a corrupção de Moro, seja ameaçado de prisão enquanto o ex-juiz e ex-ministro passeia tranquilamente pelos bairros sofisticados de Washington, DC. A história não tratará Moro com a mesma gentileza com que ele é tratado pelos garçons dos restaurantes cinco-estrelas que frequenta em Georgetown.

Sergio Moro não é apenas um juiz desmoralizado, mas o maior inimigo dos princípios básicos da democracia que surgiu no Brasil nas últimas décadas. Suas digitais podem ser encontradas no processo que desmoralizou não uma, mas duas eleições.

Moro prendeu injustamente Lula e dezenas de outras pessoas, e abusou, por razões ideológicas e narcisistas, do poder e da responsabilidade que lhe foram dados pelo sistema judicial brasileiro. Pode não ser apropriado chamá-lo de “criminoso” no sentido mais estrito dessa palavra. Mas não deve ser difícil para todos – de qualquer ideologia – reconhecer em Moro a maior ameaça à democracia brasileira em anos, senão décadas.

*Carta Capital

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Política

Vídeo: Paulo Marinho responde com recado ameaçador a Bolsonaro: “Bebianno não lhe esqueceu”

O empresário Paulo Marinho, que coordenou a campanha de Jair Bolsonaro e é suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), mandou um recado ameaçador ao presidente nesta tarde, depois da confusão ocorrida na Jovem Pan entre ele e seu filho André Marinho. “Quando você estiver chorando no banheiro, lembre-se de Gustavo Bebianno, capitão”, disse Paulo Marinho. “Ele não lhe esqueceu”.

Bebianno foi também um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro e morreu de forma misteriosa em março de 2020, depois de mandar vários recados à família Bolsonaro, a respeito de uma “Abin paralela” que estaria sendo montada pelo vereador Carlos Bolsonaro. Bebianno foi também peça central na trama de Juiz de Fora (MG), sobre a suposta facada de Adélio Bispo em Jair Bolsonaro. Bebianno disse reiteradas vezes que, curiosamente, Carlos Bolsonaro participou apenas de um ato de campanha: o de Juiz de Fora. Confira a ameaça feita por Paulo Marinho a Jair.

https://twitter.com/PauloMarinhoRio/status/1453444484461641735?s=20

*Com informações da Agência do Poder

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Mundo

Ameaça geopolítica: CIA cria centro de combate à China

Sputnik – A Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos EUA informou nesta quinta-feira (7) ter criado um novo grupo que se focará exclusivamente na China e nos desafios à segurança nacional que ela coloca.

Segundo o comunicado, a nova entidade se chama Centro de Missões da China e foi formada “para responder ao desafio global colocado pela República Popular da China” que toca todas as áreas de missão da agência.

O diretor da CIA, William Burns, sublinhou ainda que a ameaça vem do governo chinês e não de seu povo.

Ele adicionou que o objetivo de criação do centro é unificar o trabalho que a CIA está realizando sobre a China.

“O Centro reforçará ainda mais nosso trabalho coletivo sobre a ameaça geopolítica mais importante que enfrentamos no século XXI, um governo chinês cada vez mais adversarial”, segundo ele.

Burns afirmou ainda que a agência vai continuar se focando em “uma Rússia agressiva, uma Coreia do Norte provocativa e um Irã hostil”.

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Política

Bolsonaro ameaça Alexandre de Moraes: ‘A hora dele vai chegar’

Presidente convocou a população da cidade de São Paulo a se manifestar na Avenida Paulista contra os ministros do STF.

Após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ter acolhido notícia-crime enviada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o presidente Jair Bolsonaro seja investigado no inquérito das fake news, o chefe do Executivo realizou ataques tanto ao ministro quanto ao presidente do TSE, Luís Roberto Barroso. Em entrevista à Rádio 93 FM – RJ nesta quinta-feira (5), Bolsonaro convocou a população da cidade de São Paulo a se manifestar na Avenida Paulista contra os ministros com o objetivo de “defender a Constituição”. “Não podemos continuar com ministros (Judiciário) arbitrários”, declarou.

O presidente classificou Moraes como sendo “a própria mentira dentro do STF”. Para o presidente, Moraes faz “ações intimidatórias” e “joga fora da Constituição”. Em ameaça ao ministro, Bolsonaro afirmou: “A hora dele vai chegar”.

Na quarta-feira, 4, em entrevista ao programa Pingo nos Is, da Rádio Jovem Pan, Bolsonaro subiu o tom e disse que seria obrigado a jogar fora das quatro linhas definidas pela Constituição caso chegue a ele algo fora dos limites definidos pela Carta Magna

O chefe do Executivo disse nesta quinta que Moraes e Barroso lhe tiram muito tempo de trabalho e reforçou o discurso de que ambos “jogam contra a Constituição”.

*Com informações do Terra

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Bolsonaro é uma das maiores ameaças aos direitos humanos na América Latina

O presidente Jair Bolsonaro representa uma das “maiores ameaças aos direitos humanos na América Latina”. Mas a sociedade brasileira está dando sua resposta e precisa receber créditos por isso. A análise é do americano Kenneth Roth, diretor-executivo da entidade Human Rights Watch, ex-procurador federal dos EUA e uma das vozes mais ativas no campo dos direitos humanos no mundo.

Em resposta à coluna, o líder de uma das principais organizações no campo dos direitos humanos deixa claro que a situação brasileira preocupa. “Vemos uma séria deterioração no campo dos direitos no Brasil”, disse. “E vemos isso tanto com Bolsonaro dando luz verde para ataques contra defensores do meio ambiente, abrindo caminho para as queimadas na Amazônia, vemos na deferência que ele concede à polícia que atira em suspeitos nas favelas, vemos em seus ataques contra a sociedade civil”, explicou.

Seus comentários ocorrem às vésperas da primeira reunião do ano do Conselho de Direitos Humanos da ONU, a partir de segunda-feira. Para o evento, o Brasil será representado pelo chanceler Ernesto Araújo e pela ministra de Família, Mulheres e Direitos Humanos, Damares Alves.

De acordo com o Itamaraty, em sua intervenção, Araújo “tratará dos persistentes desafios às liberdades fundamentais e aos direitos humanos no mundo hoje”. Já Damares indicou que irá relatar o que o governo tem feito em sua resposta à pandemia da covid-19.

A reunião, porém, será marcado por um tsunami de denúncias contra o Brasil por parte de governos estrangeiros, relatores da ONU e dezenas de ongs.

Roth acredita que o Brasil hoje pode ser qualificado como uma “democracia que tem um líder autoritário que tem sido desastroso para tudo, desde pandemia à proteção de pessoas”. “Mas trata-se de uma sociedade que está conduzindo uma autocorreção importante”, defendeu.

“Ainda que ele (Bolsonaro) seja um dos maiores ameaças aos direitos humanos na América Latona, quero dar crédito às pessoas e as instituições democráticas por lutar de forma tão vigorosa até agora”, disse Roth.

Roth acredita que existe um lado positivo diante da situação brasileira. “A boa notícia é que o Brasil é uma democracia muito forte e está lutando contra isso de diversas formas”, disse. “Vemos limites sendo colocados contra a Bolsonaro no Congresso, pelas cortes, pela imprensa, pela pressão pública”, disse.

Credibilidade do Grupo de Lima

Apesar da situação do Brasil, ele vê como um aspecto positivo no campo dos direitos humanos o fato de que, pela primeira vez em décadas, os governos da região estão dispostos a enfrentar a situação de repressores na América Latina. Em específico, ele cita o fato de que o Grupo de Lima tenha surgido para colocar pressão sobre a Venezuela e Nicarágua.

“O que foi revolucionário é que, pela primeira vez, latino-americanos assumiram o papel de criticar um governo latino-americano. Tradicionalmente, isso era algo de Washington e visto como imperialista”. afirmou.

“Isso é algo novo. Na verdade, isso ocorreu com Trump quando ficou claro que ele não seria um ator com credibilidade para falar de direitos humanos na América Latina”, disse.

Mas, para Roth, o teste de credibilidade do Grupo de Lima será se esses governos forem capazes de também lidar com outros problemas de direitos humanos na região. “Venezuela e Nicaragua não são os únicos violadores. Será um teste da democracia da América Latina lidar com os outros problemas da região, o que inclui lidar com Cuba. Mas também lidar com grandes países como Brasil e México”, completou.

*Jamil Chade/Uol

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Vídeo: Bolsonaro precisa explicar sua aparente tentativa de chantagem e intimidação contra o Ministério Público

Nenhum presidente brasileiro, até hoje, fez algo parecido.

No dia 31 de dezembro, em sua última live de 2020, o presidente Jair Bolsonaro reclamou da atenção que a mídia dá ao caso Queiroz. Até aí, tudo normal. É o tipo de coisa que o presidente faz em vez de trabalhar para comprar vacina.

Mas Bolsonaro resolveu dar um passo a mais, e acrescentou, no minuto 34 do vídeo:
“Agora, o MP do Rio, presta bem atenção aqui: imagine se um dos filhos de autoridade do MP do Rio fosse acusado de tráfico internacional de drogas. O que aconteceria, MP do Rio de Janeiro? Vocês aprofundariam a investigação ou mandariam o filho dessa autoridade pra fora do Brasil e procuraria uma maneira de arquivar esse inquérito? Um caso hipotético, falando de um caso hipotético. (…) Caso um filho de uma autoridade do Ministério Público do Rio de Janeiro entrasse no inquérito da Polícia Civil do Rio e ali um delator tivesse falado que ele participava de tráfico internacional de drogas. Fica com a palavra as autoridades do Ministério Público do Rio de Janeiro”.

Parece bem grave. Parece que o presidente da República tentou chantagear e intimidar o Ministério Público do Rio de Janeiro. O Ministério Público do Rio de Janeiro investiga o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro.

Se algum bolsonarista ou alguém da turma do “não é tão ruim assim” tiver outra hipótese para explicar o que o presidente da República disse em sua live de 31 de dezembro, por favor, enviem-na para a Folha. Todos queremos ouvi-la. Mesmo eu, que penso as piores coisas de Jair Bolsonaro, tive dificuldade de acreditar no que estava ouvindo. Novamente: se alguém do governo tiver uma outra explicação, será um prazer discuti-la. Ministro da Justiça? Procurador-geral da República? Deputada Janaina Paschoal? Wassef?

Quanto à acusação feita pelo presidente, de duas, uma. Se ela for verdadeira, Bolsonaro vazou dados sigilosos de uma investigação da Polícia Civil que obteve ilegalmente. Se ela for falsa, Bolsonaro caluniou tanto o Ministério Público quanto a Polícia Civil.

A propósito, se Bolsonaro tiver aparelhado a polícia a ponto de vazar a acusação, pode perfeitamente tê-la aparelhado a ponto de forjá-la.

E, presidente, se usar “hipoteticamente” nesses contextos livrasse alguém das consequências jurídicas do que diz, o senhor mal imagina o que seriam minhas colunas sobre seu governo hipotético.

Talvez Bolsonaro tenha dito o que disse justamente para provocar um escândalo e difamar o Ministério Público no meio da confusão resultante. Seria uma conduta típica da máquina de ódio bolsonarista. Se for o caso, talvez esta coluna esteja fazendo o jogo de Bolsonaro ao divulgar suas acusações. É um risco.

Mas se o que o presidente da República fez no dia 31 de dezembro for o que parece ser, trata-se de coisa grave demais para não ser denunciada. Seria crime muito mais pesado do que tráfico de drogas ou, aliás, do que “rachadinha”. Nenhum presidente brasileiro, até hoje, fez algo parecido.

O Ministério Público do Rio continuará com as investigações, sem se intimidar. O episódio não deve influenciar a escolha do novo procurador-geral de Justiça. Mas enquanto o presidente da República for capaz de fazer o que parece ter feito no dia 31 de dezembro de 2020 sem sofrer consequências, ainda estaremos longe da normalidade institucional.

https://youtu.be/Hosh56rj49Q

*Uol/Celso Rocha de Barros – Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).

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Intercept: Pela Liberdade de Imprensa; “nós não temos medo de enfrentar quem quer que seja porque é a democracia que está em jogo”

Na manhã de ontem, dia 27 de julho, o presidente Jair Bolsonaro deu uma entrevista coletiva na qual ameaçou o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Eu, como todos aqueles que defendem a democracia, fiquei assustada. É por essa razão que o Intercept reafirma que:

O Intercept condena veementemente as declarações que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, fez sobre o jornalista e editor cofundador do Intercept, Glenn Greenwald. Jair Bolsonaro chamou Glenn Greenwald de “malandro” por ter casado com um brasileiro e adotado crianças no Brasil, o que dificultaria a sua deportação do país. A acusação seria ridícula se não fosse perigosa: o casamento de Glenn Greenwald ocorreu há quatorze anos, antes dele e da equipe do Intercept Brasil terem começado a publicar uma série de reportagens baseadas em um arquivo de conversas secretas revelando a má conduta de certos membros da força-tarefa Lava Jato.

Bolsonaro também disse que Greenwald “talvez pegue uma cana aqui no Brasil”, uma expressão coloquial que soa como uma ameaça. Glenn Greenwald e os repórteres do Intercept Brasil conduziram seu jornalismo com a máxima integridade, sempre pensando no interesse público, e por isso, gozam de total proteção da Constituição brasileira. O Intercept apoia e reafirma o direito de Glenn Greenwald, e de todos os jornalistas do Intercept Brasil, de fazer jornalismo sem qualquer intimidação oficial, muito menos deportação ou prisão.

Somos gratos pela solidariedade dos defensores da liberdade de imprensa em todo o mundo, já que as instituições democráticas brasileiras enfrentam esse profundo teste sob o atual governo, comandado por um autoritário que não vê nada de errado em ameaçar um jornalista simplesmente por exercer a sua profissão.

Experiências autoritárias em diversas partes do mundo demonstram que, mais do que nunca, é hora de fortalecer o jornalismo independente, que não se ajoelha diante de governantes ou de corporações. É isso que o Intercept e o Intercept Brasil fazem. Nós não temos medo de enfrentar quem quer que seja porque é a democracia que está em jogo. Se você acha que essa luta é importante faça também sua parte.

 

*Do Intercept Brasil