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Justiça

CPMI do 8 de Janeiro: Coaf vê movimentação suspeita em pequenas doações de Pix para Bolsonaro

Transferências de 1 centavo a 2 reais no meio de grandes pagamentos levantam suspeitas de fraude e lavagem de dinheiro na conta pessoal do ex-presidente; em nota, defesa diz que a origem é ‘absolutamente lícita’.

O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações suspeitas envolvendo pequenas doações em Pix para o ex-presidente Jair Bolsonaro na mesma conta bancária em que o ex-presidente recebeu mais de R$ 17 milhões, de acordo com documentos enviados à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro no Congresso Nacional, diz o Estadão.

Além dos valores recebidos e dos pagamentos feitos para familiares, incluindo a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o relatório do Coaf destacou uma amostra de 16 pessoas que fizeram Pix para Bolsonaro com valores pequenos, de R$ 0,01 a até R$ 2, em transferências apontadas como atípicas e que agora serão investigadas por integrantes da CPMI.

A circulação de dinheiro na conta pessoal do ex-presidente – incluindo os pequenos valores – levantou suspeitas de “burla fiscal e lavagem de dinheiro”, de acordo com o Coaf, órgão responsável por comunicar às autoridades indícios de lavagem de dinheiro. Membros da CPMI querem investigar se as doações de centavos serviram para dificultar o rastreamento de possível origem ilícita da fortuna obtida pelo ex-presidente só neste ano.

Isso porque as transferências para Bolsonaro somam diferentes sinais de alerta descritos nos manuais do Coaf como indícios típicos de lavagem de dinheiro, tais como pequenos valores transferidos por pessoas “sem ligação aparente com o titular” e movimentações atípicas em relação à renda mensal. No caso de Bolsonaro, os investigadores da CPMI querem verificar se houve uso de CPFs falsos para simular doações e se os supostos doadores tiveram CPFs usados em contas bancárias como “laranjas” para disfarçar a possível origem criminosa dos recursos.

Em nota, a defesa de Bolsonaro informou que “para que não se levantem suspeitas levianas e infundadas sobre a origem dos valores divulgados, eles são provenientes de milhares de doações efetuadas via Pix por seus apoiadores, tendo, portanto, origem absolutamente lícita”. “Por derradeiro, a defesa informa, ainda, que nos próximos dias tomará as providências criminais cabíveis para apuração da autoria da divulgação de tais informações.”

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Política

De olho no espólio de Bolsonaro, Zema e Tarcísio são rechaçados nas redes

Internautas criticaram os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). No Twitter, as críticas aos dois políticos chegaram ao trending topic (tópico em tendência), um dos assuntos mais comentados nas redes, neste final de semana, diz o 247.

Um perfil em rede social escreveu: “Tarcisio ‘satisfeito’ com chacina e Zema defendendo união do Sul-Sudeste contra o Nordeste. A briga pelo legado de bolsonaro só podia mesmo escancarar o fascismo da direita brasileira”.

O chefe do Executivo mineiro defendeu a criação de uma frente Sul-Sudeste contra a Região Nordeste O governador de São Paulo defendeu a chacina policial que deixou mais de 15 mortos desde o dia 28 de julho. Para Tarcísio, “não houve excessos” na operação policial.

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Política

Advogado de Delgatti Neto aconselhou hacker a abandonar Zambelli e Bolsonaro: “a corda sempre arrebenta para o lado mais fraco”

O advogado Ariovaldo Moreira, que representa Walter Delgatti Neto, hacker conhecido por ser um dos responsáveis ​​pela invasão de celulares de autoridades no caso conhecido como “Vaza Jato”, em entrevista à TV 247, disse que aconselhou seu cliente a abandonar a trama golpista que estava criando junto à deputada bolsonarista Carla Zambelli e Jair Bolsonaro. O advogado disse, inclusive, que este foi um dos motivos que o levou a abandonar o caso em 2022, diz o 247.

Moreira relatou que decidiu abandonar a defesa de Delgatti Neto quando percebeu que ele estava se envolvendo com pessoas que poderiam trazer graves problemas para ele. Ele mencionou um episódio em que o hacker foi capturado por figuras da extrema direita, incluindo Valdemar Costa Neto, presidente do PL, Jair Bolsonaro e Carla Zambelli, o que o deixou profundamente triste e preocupado.

“Eu fiquei emocionado porque eu nunca, não sei se você lembra disso, não é muito triste? Eu tava muito triste, sabe, eu não queria aquilo. Foi muito triste aquele episódio, muito triste para mim como pessoa, para mim como advogado, sabe?”, disse.

Moreira também sentiu que Delgatti Neto estava insatisfeito com a esquerda, sentindo-se abandonado e sem apoio financeiro. Segundo o advogado, ambos foram a Brasília na tentativa de conseguir um trabalho para o hacker e permitir que ele pudesse tocar sua vida de forma digna. Entretanto, o acabou sendo desastroso, o que levou Moreira a aconselhar Delgatti Neto a retornar a Araraquara.

Sobre a prisão do hacker, Moreira expressou preocupação com a possibilidade de estar forçando uma delação, mas afirmou que ainda não tinha certeza sobre os motivos reais para sua detenção. Ele declarou ter encaminhado um e-mail ao gabinete do Ministro Alexandre de Moraes solicitando uma audiência para expor a visão da defesa e requerer medidas cautelares alternativas à prisão.

Um ponto intrigante levantado pelo advogado foi o envolvimento claro de Carla Zambelli. Moreira questionou se a Polícia Federal possuía imagens da reunião entre Delgatti Neto e o delegado no restaurante Frango Assado, que poderia conter informações relevantes para o caso. Ele também mencionou que o hacker afirmou ter entrado várias vezes no Ministério da Defesa, mas não sabia se existiam registros desse acesso.

Em relação às mudanças de declaração de Zambelli sobre o hacker, Moreira opinou que, caso as imagens fossem divulgadas, a deputada poderia mudar novamente seu depoimento. No entanto, ele destacou que, no momento, acredita no depoimento de seu ex-cliente.

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Justiça

Emails apontam que Bolsonaro recebeu pedras preciosas, e CPI aciona PGR

Mensagens mostram presente dado em Minas em 2022; advogado afirma que gastou R$ 400.

A CPI do 8 de janeiro quer que a PGR (Procuradoria-Geral da República) investigue a origem e o paradeiro de possíveis pedras preciosas que foram entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no final de outubro do ano passado em Teófilo Otoni (MG), diz a Folha.

Uma troca de emails entre funcionários da ajudância de ordens da Presidência aponta que o ex-mandatário teria recebido, durante sua passagem pela cidade, um envelope e uma caixa com pedras preciosas para a então primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

Nos documentos em poder da CPI, o ex-assessor Cleiton Henrique Holzschuk relata que, a pedido do tenente-coronel Mauro Cid, um dos principais auxiliares de Bolsonaro, “as pedras não devem ser cadastradas e devem ser entregues em mão para ele [Cid]”.

“Foi guardado no cofre grande, 01 (um) envelope contendo pedras preciosas para o PR [presidente] e 01 (uma) caixa de pedras preciosas para a PD [primeira-dama], recebidas em Teófilo Otoni em 26/10/22”, relata Holzschuk.

Ele afirmou ainda que o “Sgt Furriel” –referindo-se ao sargento Marcos Vinícius Pereira Furriel— estaria “ciente do assunto” e que poderia tirar dúvidas.

Cid é alvo de investigações no STF (Supremo Tribunal Federal) e em outras instâncias, incluindo no caso das joias enviadas ao ex-mandatário por autoridades da Arábia Saudita. O militar está preso desde o início de maio por determinação do ministro Alexandre de Moraes.

No documento enviado à PGR, parlamentares questionam se o ex-presidente cometeu o crime de peculato, e afirmam que as pedras preciosas não constam na relação de 1.055 itens recebidos oficialmente por ele nos quatro anos de mandato.

“Sabe-se que, no dia do recebimento, a 4 dias do segundo turno das Eleições Presidenciais de 2023, Bolsonaro estava fazendo campanha em Teófilo Otoni”, diz o texto do pedido de investigação.

“Ou seja, as pedras preciosas não foram recebidas em cerimônia protocolar. Logo, questiona-se: quem presenteou Jair Bolsonaro? Qual o motivo da recusa em cadastrar o presente?”

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Opinião

A pergunta que o Brasil faz: por que Bolsonaro ainda não foi preso?

A dicção dos bolsonaristas ao pronunciar o nome de Bolsonaro está cada vez pior. A entonação de um tanto de brasileiros, que tinham o “mito” como herói, mudou o timbre e, agora, eles vivem de farelo, quando não de lágrimas, pelo carnaval de corrupção que envolve o ex-presidente.

Não se pode dizer que as mais recentes acusações, a da venda do rolex por Mauro Cid, por R$ 300 mil, as pedras preciosas que Bolsonaro recebeu de presente em Teófilo Otoni e as denúncias feitas pelo hacker, Walter Delgatti, deixaram insuportável e irrespirável o ambiente de quem ainda tem a cara dura de defender Bolsonaro.

Claro, aqueles que, diretamente, estão envolvidos em muitos dos seus rolos, continuam defendendo Bolsonaro como autodefesa.

O que fica patente é que Bolsonaro saiu do baixo clero, mas este não saiu dele, o sujeito é um fuleiro. Nunca quis honrar qualquer pasta do seu governo. Ele ficou quatro anos dando de ombros para a administração, dedicando-se a acirramento político de forma ininterrupta de 2019 a 2022, e só.

Nenhuma pasta do governo Bolsonaro funcionou, tudo foi desmontado, inclusive ou sobretudo, a de Paulo Guedes, que só tinha uma preocupação, encher as burras da oligarquia para tê-la como garante de um governo que não tinha como parar de pé sozinha.

A verdade é que o brasileiro, cansado de tanto ver escândalos diários de corrupção que envolvem Bolsonaro e seu clã, como assunto único, pergunta, por que Bolsonaro ainda não foi preso?

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Política

O que Bolsonaro, Moro e a excludente de ilicitude têm a ver com chacina no Guarujá

Por mais que o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas (Republicanos), esteja “extremamente satisfeito” com a Operação Escudo, da Polícia Militar, em resposta ao assassinato de um agente da Rota, no Guarujá, novas informações conferem a ela não uma resposta das autoridades, mas ação de vingança e retaliação respaldada pela excludente de ilicitude.

Um homem indicado em boletim de ocorrência como indigente se tornou a 16a vítima fatal da Operação Escudo ao ser cravejado de tiros de fuzil e pistola na tarde desta segunda-feira (1) no bairro Sítio da Conceiçãozinha, confirmando denúncia de moradora da região ouvida pelo GGN.

Conforme apuração do jornal Folha de S. Paulo, moradores testemunharam a polícia colocando armas no local da ocorrência e ameaçando os presentes a confirmarem a versão de que o homem estava armado atacando os policiais primeiro, que foram obrigados a revidar.

“Estávamos com o PSDB e agora estamos com esse governador que parece ser pior, querendo transformar a polícia em milícia. A situação no Guarujá está agora se transferindo para os morros de Santos”, denuncia ativista de direitos humanos na segurança pública que pediu para não se identificar.

Ainda nesta segunda (1) outro homem chamado Evandro Silva Belém foi morto no bairro Pae Cara pelo Batalhão de Operações Especiais da Polícia, o mesmo a qual pertencem os soldados envolvidos na ocorrência da morte do homem indicado como indigente.

Excludente de ilicitude
Nas delegacias, se apresentando para a confecção da ocorrência, os policiais militares reproduzem um discurso com ares de ensaio: o homem atirou contra eles. As respostas da Secretaria de Segurança Pública e do próprio governador parecem também ensaiadas: se houver excesso, vamos punir os responsáveis.

As ocorrências com morte da Operação Escudo têm sido enquadradas pelos boletins na chamada excludente de ilicitude, previsto no artigo 23 do Código Penal, que exclui a culpabilidade de condutas ilegais em determinadas circunstâncias. Os policiais mataram porque estavam se defendendo.

Conforme o artigo do código penal, “não há crime quando o agente pratica o fato: em estado de necessidade; em legítima defesa; em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”.

O parágrafo único diz: “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”. Ou seja, caso ocorram excessos, eles estão, em tese, justificados, sobretudo para as autoridades que entendem que a polícia apenas deu uma resposta à altura.

Aliança Moro e Bolsonaro pela excludente
O pacote anticrime do então ministro da Justiça, Sérgio Moro, sancionado pelo então presidente Jair Bolsonaro, em 2019, acrescenta a esse artigo 23 que: “O juiz poderá reduzir a pena até a metade ou deixar de aplicá-la se o excesso decorrer de escusável medo, surpresa ou violenta emoção”.

Os críticos do projeto afirmam que essa proposta representa uma espécie de carta branca para policiais matarem. O ministro Moro, em artigo publicado na imprensa, negou que essa interpretação seja verdadeira.

Segundo ele, o texto apenas descreve “situações de legítima defesa” e “reconhecendo que quem reage a uma agressão injusta pode exceder-se”. A ampliação da excludente de ilicitude foi uma das promessas de campanha de Bolsonaro.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em 2022, uma a cada cinco mortes violentas e intencionais no Estado de São Paulo foi praticada por agentes de segurança pública. Em 2021, mais de 6 mil pessoas foram mortas por forças policiais no país: 12,07% de todas as mortes violentas intencionais.

*Renato Santana/GGN

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Política

A mensagem de WhatsApp de Carla Zambelli a Bolsonaro

Carla Zambelli enviou mensagem de WhatsApp ao ex-presidente Bolsonaro com questionamentos em relação a fatos ocorridos pós-eleição.

Em meio ao período sabático que passou nos Estados Unidos após deixar a Presidência, Bolsonaro recebeu um WhatsApp de Carla Zambelli. Na mensagem, em fevereiro, a deputada ressaltava ser uma de suas mais fiéis apoiadoras. E demonstrava incômodo com relatos, publicados na mídia, de que o ex-presidente estaria irritado com ela.

Zambelli também cobrou Bolsonaro. Disse que ele deveria ter dito com clareza a seus seguidores, após a derrota eleitoral, que aceitassem os resultados das urnas.

Tal medida, ponderou, evitaria o desgaste de parlamentares, como ela própria, e de militantes que contestaram as eleições. Em Orlando, Bolsonaro abriu a mensagem. Leu tudo. Mas não respondeu.

Poucos dias depois, ainda em fevereiro, foi procurado pela CNN para comentar uma entrevista que a deputada acabara de conceder ao jornal Folha de S. Paulo. O teor era semelhante ao do texto que havia lido em seu WhatsApp, acrescido de alguns acenos de Zambelli ao STF.

Questionado, Bolsonaro foi direto: “Não li nem vou ler (a entrevista)“.

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Opinião

Ai dos pequeninos que possam fazer mal a Bolsonaro

Todos serão abandonados, como já estão sendo.

Bolsonaro quer distância de todos os que sempre o apoiaram, mas que agora, por culpa dele ou não, estão em apuros. Não distingue entre pobres e ricos, pretos e brancos, homens e mulheres, civis e militares. Pouco lhe importa o que ouviu quando usava farda: não se abandona mortos e feridos no meio de uma batalha.

Para salvar sua pele, Bolsonaro abandona qualquer um e todos os que lhe pedem ajuda. Jesus disse uma vez: “Ai daquele que fizer mal a um de meus pequeninos”. Bolsonaro entendeu: “Ai dos pequeninos que um dia possam me fazer mal”. Sabe que é por meio dos pequeninos que a Justiça quer ferrar com ele.

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi alvo de uma operação de busca e apreensão no seu apartamento e no seu gabinete de trabalho. Aparentemente, a Polícia Federal não encontrou o que procurava, e desconfia de que Zambelli foi avisada antes. O hacker Walter Delgatti foi preso e está disposto a delatar.

Delgatti recebeu dinheiro de Zambelli para tentar acessar as urnas eletrônicas e as contas telefônicas do ministro Alexandre de Moraes. As urnas revelaram-se impenetráveis. As contas, nem tanto, mas nada ali de comprometedor foi encontrado pelo hacker. Zambelli levou-o ao encontro de Bolsonaro. Para quê?

Julho de 2022: Bolsonaro reúne mais de 40 embaixadores estrangeiros no Palácio do Planalto e ataca o processo eleitoral brasileiro. Acabaria inelegível por causa disso, mas não só.

Agosto: Zambelli e Delgatti são recebidos por Bolsonaro no Palácio do Alvorada. Bolsonaro pergunta ao hacker se, com o código-fonte, seria possível invadir uma urna eletrônica.

Setembro: na véspera do dia 7, milhares de bolsonaristas invadem a Esplanada dos Ministérios em Brasília e ameaçam atacar o prédio do Supremo Tribunal Federal.

Outubro: Bolsonaro perde a eleição, mas se recusa a reconhecer a vitória de Lula. Para de trabalhar. Entra em depressão. Assiste calado ao início da rebelião dos bolsonaristas.

Novembro: começam a ser montados os primeiros acampamentos à porta de quartéis do Exército. Bolsonaro dá ordem para que seus pequeninos sejam bem acolhidos, e são.

Dezembro: o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) e o senador Marcos do Val (Podemos-ES) reúnem-se com Bolsonaro. Em pauta: como grampear o ministro Alexandre de Moraes.

No dia 12, bolsonaristas depredam a sede da Polícia Federal. Na véspera de Natal, a Polícia Civil desativa uma bomba que, se detonada, destruiria parte do aeroporto de Brasília.

Janeiro de 2023: refugiado nos Estados Unidos, Bolsonaro assiste pela televisão ao golpe do 8 de Janeiro, que, se bem-sucedido, o traria de volta ao poder e mandaria Moraes para a cadeia.

No dia 14, Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, foi preso. Na sua casa, a Polícia Federal apreende uma minuta de golpe.

Março: Bolsonaro volta ao Brasil depois de um exílio autoimposto de 90 dias. Dali a dois meses, seu ajudante de ordem, o tenente-coronel Mauro Cid, seria preso com outra minuta de golpe.

Numa caixa de lenços de papel é assim: você puxa um e o seguinte aparece. Na história do golpe abortado, também é assim: cada lance prepara o próximo.

Na investigação de um crime, a pergunta inicial é: a quem ele poderia beneficiar? Aplicado ao golpe frustrado: quem poderia se beneficiar dele? Lula, certamente que não. Quem?

Ora, ora, você sabe.

*Blog do Noblat

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Hacker afirma que Bolsonaro perguntou se ele conseguia invadir urnas eletrônicas

Preso preventivamente na manhã desta quarta-feira (2/8), em São Paulo, Walter Delgatti, conhecido como o “hacker da Vaza Jato”, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) perguntou se o investigado, munido de “código-fonte”, conseguiria invadir urnas eletrônicas. Contudo, o delator afirmou que “isso não foi adiante, pois o acesso dado pelo TSE [Tribunal Superior Eleitoral] foi apenas na sede do tribunal”, e Delgatti não poderia ir lá, segundo o Metrópoles.

A reunião entre os dois teria ocorrido no Palácio do Planalto, intermediada pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), também alvo da operação deflagrada pela Polícia Federal (PF) nesta manhã. A força-tarefa investiga a atuação de suspeitos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), bem como na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).

As ações ocorrem no âmbito de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ. O processo tramitou na Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro.

Os crimes apurados ocorreram entre 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ — e possivelmente de outros tribunais do Brasil — 11 alvarás de soltura de presos por motivos diversos, além de um mandado de prisão falso em desfavor do ministro do STF Alexandre de Moraes.

As inserções fraudulentas ocorreram após uma invasão criminosa aos sistemas, com uso de credenciais falsas e obtidas de forma ilícita. Assim, os criminosos conseguiram ter controle remoto das informações.

Os fatos investigados configuram, em tese, os delitos de invasão de dispositivo informático e de falsidade ideológica.

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Política

Delgatti diz que Bolsonaro ordenou que ele invadisse urnas eletrônicas, diz jornalista

Joaquim de Carvalho*

O depoimento de Walter Delgatti Neto é mais explosivo do que a parte até aqui vazada e que dá conta de que Carla Zambelli pediu para o hacker invadir as urnas eletrônicas ou, caso não conseguisse, a conta de e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Na trama para desmoralizar o sistema eleitoral brasileiro, está implicado o próprio Jair Bolsonaro, que, com intermediação de Carla Zambelli, conversou por telefone com Delgatti.

O depoimento do hacker é mantido em sigilo, mas é seguro afirmar que a Polícia Federal, a partir de suas declarações, iniciou uma investigação que comprova a veracidade de pelo menos parte do que Delgatti disse.

Segundo ele, em setembro de 2022 foi chamado para uma conversa com Carla Zambelli num restaurante da rodovia dos Bandeirantes, no interior de São Paulo, entre Campinas e Ribeirão Preto.

Nesse encontro, a deputada federal, que na época era muito próxima de Bolsonaro, teria feito o pedido. Bolsonaro e Carla se distanciaram depois do episódio em que a deputada teve vídeo divulgado no qual aparece perseguindo um eleitor do PT com arma em punho, na véspera do segundo turno.

A PF já tem as imagens do encontro, mas, ao contrário do que Delgatti disse, o posto não fica na Bandeirantes, mas na rodovia Anhanguera, e o restaurante é da rede Frango Assado.

No depoimento aos policiais, Delgatti havia feito a ressalva de que não sabia ao certo qual era a rodovia. Ele estava em um apartamento em Ribeirão Preto quando um assessor de Carla Zambelli telefonou e propôs o encontro.

Delgatti, que já tinha sido levado por Carla Zambelli para uma reunião de duas horas e meia com Bolsonaro no Palácio do Alvorada, concordou, e um motorista da deputada foi buscá-lo em casa e o levou para o restaurante na estrada.

O objetivo era invadir as urnas eletrônicas, para provar que o sistema era falho, mas Delgatti não conseguiu.

Entretanto, como resultado de suas tentativas, ele conseguiu acessar o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), e registrar um mandado de prisão assinado por Alexandre de Moraes contra o próprio Alexandre de Moraes.

O mandado foi descoberto em 5 de janeiro – três dias antes da invasão das sedes dos três poderes, em Brasília – e provocou uma mudança no sistema de informática do CNJ.

Ao contrário do que se disse até aqui, essa invasão foi um fato grave. Tendo acesso ao sistema, um hacker poderia emitir mandados, mas também revogar outros. Ou usar o acesso para outros serviços da Justiça, como bloqueio ou desbloqueio de automóveis, por exemplo.

A Polícia Federal apura como Delgatti conseguiu esse acesso. Um engenheiro de programação do CNJ foi investigado, sob a suspeita (não comprovada) de que teria fornecido suas credenciais ao hacker.

O nome do servidor está no inquérito, mas, como sua participação não está comprovada, será mantido em sigilo.

Pelo que contou Delgatti aos policiais, a conversa com Bolsonaro em torno da “missão” para invadir as urnas eletrônicas se deu por celular novo que Carla Zambelli retirou de uma caixa e colocou chip que também estaria sendo usado pela primeira vez – e talvez única.

Bolsonaro também teria pedido a Delgatti que assumisse uma gravação clandestina que ele teria do próprio Alexandre de Moraes.

Delgatti disse aos policiais que acredita que essa gravação nem existisse, mas fizesse parte do suposto plano para o senador Marcos do Val (Podemos-ES) gravar Alexandre de Moraes.

Não está claro se a conversa foi no próprio restaurante ou se em momento posterior, já que Delgatti, após a conversa, foi para Brasília e ficou hospedado no apartamento funcional da deputada, onde também residiam a mãe e o filho de Carla Zambelli.

Delgatti contou que recebeu depósitos em sua conta bancária feitos por assessores de Carla Zambelli, o que comprovará o vínculo entre eles.

Houve também, segundo seu depoimento, entrega de dinheiro vivo, que é mais difícil de ser rastreado, mas não impossível.

A Polícia pode buscar saques em espécie de assessores de Carla Zambelli e confrontar com depósitos na conta de Walter Delgatti.

A investigação é sigilosa, e está sob jurisdição do Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro, assim como Carla Zambelli, está no centro da investigação, sob a suspeita de mandar invadir o sistema de informática do Poder Judiciário.

*247

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