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Justiça

Bretas aparece em denúncia como chefe de esquema de venda de sentenças

Deflagrada em 2014, a Operação Lava-Jato chacoalhou o sistema político brasileiro, trazendo à tona esquemas bilionários de propinas que envolviam as lideranças dos maiores partidos do país. Ao longo de quase sete anos, 357 pessoas, entre lobistas, empresários e, principalmente, políticos, foram julgadas e condenadas nas duas principais frentes da investigação, capitaneadas pelo juiz Sergio Moro e pelo procurador Deltan Dallagnol, em Curitiba, e pelo juiz Marcelo Bretas, no Rio de Janeiro. A constatação do uso intensivo por todos eles de métodos pouco ortodoxos, prisões preventivas extensas e apego excessivo a delações premiadas fez a maré virar, diz a reportagem da Veja.

Aos poucos, a maior operação contra a corrupção da história nacional se transformou em gigantesca batalha política e a Lava-Jato passou a colecionar reveses. Os três grandes acusadores ingressaram no rol de acusados. Enrolado em denúncias, Dallagnol, eleito deputado federal pelo Podemos em 2022, acaba de ter o mandato cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Moro, hoje senador do União Brasil, pode enveredar pelo mesmo caminho. E as denúncias contra Bretas, que segue na carreira jurídica, continuam a aparecer.

O juiz carioca, afastado da 7ª Vara Criminal pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suposto desvio de conduta, também é acusado de se envolver na venda de sentenças.

Ironicamente, a descrição da conduta imprópria relacionada a Bretas consta de um depoimento, o mesmo instrumento a que recorreu várias vezes em delações para sustentar acusações na Lava-Jato, e faz parte de dois procedimentos que questionam a sua imparcialidade: uma ação na Justiça Federal e uma representação no CNJ. VEJA teve acesso exclusivo ao documento lavrado em agosto de 2021 no cartório da cidade de Paraíba do Sul, a 140 quilômetros do Rio, anexado aos processos.

Na folha 21 do livro 13, Rogério Onofre de Oliveira, ex-presidente do Departamento de Transportes Rodoviários (Detro/RJ), condenado por corrupção passiva, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, detalha as circunstâncias em que lhe foi oferecida a liberdade — “via Bretas” — em troca de 8 milhões de reais.

LEVA E TRAZ - Nythalmar (à esq.): onze visitas ao acusado Onofre na penitenciária Bangu 8 e negociação com a mulher dele em Copacabana

Segundo Onofre, a proposta foi apresentada a ele pelo advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho — ele próprio um delator que gravou conversas com Bretas em que os dois aparecem orquestrando movimentos em processos da Lava-Jato fluminense, conforme revelado por VEJA, e incluiu os áudios no acordo de colaboração que firmou com a Procuradoria-Geral da República. Onofre relata que foi visitado onze vezes pelo advogado nos catorze meses em que permaneceu detido preventivamente no presídio de Bangu 8, tudo devidamente registrado.

Munido de uma pasta com informações sobre sua vida pessoal, Nythalmar teria dito que ele iria pegar uma pena de cinquenta anos de prisão, por estar sendo acusado de participação no milionário propinoduto do ex-governador Sérgio Cabral — no caso, uma negociata que rendeu 43,4 milhões de reais em subornos, pagos para favorecer empresas de ônibus. Além dele, teria dito o advogado, sua mulher na época, Dayse Onofre, também corria o risco de ser condenada a vinte anos, deixando o filho do casal desamparado. A saída seria recorrer a um “esquema” existente na 7ª Vara com dois procuradores amigos, teria lhe explicado Nythalmar, sem revelar a identidade deles.

Onofre conta que desconfiou da proposta. “Perguntei como que dois procuradores poderiam resolver isso de forma tão rápida, indagando-o como que o juiz Marcelo Bretas, que é rigorosíssimo, ia fazer vista grossa e compactuar com tudo isso”, relatou em seu depoimento. Resposta imediata do advogado: “Bretas é o chefe do esquema”. Sempre de acordo com o delator, deu-se início então a uma série de negociações com a participação de Dayse, que se encontrou diversas vezes com Nythalmar em um apartamento em Copacabana.

Ela diz que ele a pressionava pelo dinheiro, insistindo que os imóveis da família fossem vendidas para selar o acordo. A negociata, no entanto, não prosperou. Não só Rogério Onofre acabou condenado por Bretas a quarenta anos de prisão como Dayse recebeu pena de treze anos — castigo exagerado que seria fruto de uma vingança do juiz, segundo o réu. “A atuação do advogado Nythalmar traz uma névoa de dúvidas sobre a higidez da sentença”, diz Filipe Roulien, advogado de Onofre.

Bretas responde a outros três procedimentos no CNJ e, desde que foi afastado da função, ao menos vinte ações passaram a questionar na Justiça a imparcialidade de seus julgamentos. Enquanto trata de sua defesa, o juiz inunda o Instagram com vídeos em que exibe a cultivada musculatura e fala de Deus. “Nunca ouvi nada a este respeito. Seria mais uma mentira útil.

Se confirmada a existência desse relato, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal serão instados por mim a investigar e processar a prática, dentre outros, dos crimes de calúnia e denunciação caluniosa pelos citados”, afirma o juiz.

A declaração de Onofre também foi levada para a OAB, em uma representação contra Nythalmar que se soma a outras duas já existentes. “Não é a primeira vez que um réu tenta usar o meu sangue para lavar seus pecados”, diz o advogado. “Não cabe a mim julgar a estratégia de defesa do senhor Rogério, mas certamente mentiras não trarão bons resultados.” Hoje em liberdade, Onofre diz que não sai da cama, sofrendo de câncer, cardiopatia, hipertensão e diabetes. A Lava-Jato continua a deixar suas marcas, mas agora do outro lado da correnteza.

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Política

Vídeo: Cai o rei de espadas, cai o rei de ouros, cai o rei de paus, cai não fica nada

Todo processo que elevou Moro, Dallagnol e Bretas à condição de heróis nacionais, por conta da Lava Jato, na verdade, seguiu o mesmo roteiro de Fernando Collor de Mello, o caçador de marajás.

Tudo agora caminha para um desfecho idêntico, sobretudo depois do depoimento de Tacla Durán ao juiz Eduardo Appio.

Se por um lado, a blindagem parlamentar que eles tanto criticaram, hoje protege os principais paladinos da farsa judicialesca, por outro lado, é também um ponto de encontro entre uma oposição a eles extremamente aguerrida, seja na Câmara, seja no Senado.

O fato é que Moro e Dallagnol estão apanhando como gente grande rumo ao mesmo destino reservado a Collor, apesar de não ser parlamentar, Bretas segue a mesma trilha, e o Moro carioca mostra, com os últimos acontecimentos, que se os paladinos ficarem parados, afundam, se se moveram, afundam também.

Assista

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Justiça

TRF-2 anula sentença de Bretas e absolve ex-governador pezão da condenação

A primeira turma especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região acaba de anular a condenação do ex-governador Pezão a 98 anos de prisão, pena fixada em sentença do ex-todo poderoso juiz Marcelo Marcelo. Por maioria, o colegiado considerou improcedentes as acusações formuladas pelo pela força-tarefa da Lava Jato do Ministério Público Federal, comandada à época pelo procurador Eduardo El Hage, diz o Agenda do Poder.

A decisão da turma recursal se baseou na absoluta falta de provas do Ministério Público, que apresentou o libelo acusatório com base exclusivamente em delações.

– Estou aliviado. Vou comemorar hoje a reparação dessa injustiça praticado contra mim. Minha vida recomeça hoje. De cabeça em pé, por ter posto a limpo tudo isso. Por ter provado minha completa inocência diante de acusações tão arbitrárias – comemorou Pezão, ao lado da família e dos advogados do escritório de Wilson.

Leia a nota da defesa de Luiz Fernando Pezão

“No dia de hoje (12.04.2023), a 1a Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2a Região, por maioria de votos, absolveu o ex-Governador do Estado do Rio de Janeiro Luiz Fernando de Souza (“Pezão”) de todas as acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa feitas pela Força Tarefa da Operação Lava Jato. Trata-se de decisão que resgata a dignidade e honra do ex-Governador, que teve seu mandato

precocemente interrompido e ficou mais de um ano injustamente preso, com base em delações mentirosas e ilações do Ministério Público Federal. Ganham a democracia e o Estado de Direito”. Mirza & Malan Advogados

NOSSA OPINIÃO

Ricardo Bruno

O caso de Pezão configura mais uma das aberrações da Lava Jato. Mostra, de modo, irretorquível os abusos praticados pelos responsáveis pela operação tanto no Judiciário quanto no Ministério Público. A anulação de uma sentença de 98 anos não é um ato qualquer, não pode ser banalizada. Mostra quão tendenciosos e parciais foram Marcelo Bretas e Eduardo El Hage. Desnuda a farsa montada pela dupla em desfavor do Estado Democrático de Direito. E carimba como absolutamente teratológica a sentença de Marcelo Bretas – que atuou no caso mais como justiceiro e menos como juiz.

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Justiça

CNJ pode afastar Marcelo Bretas do cargo de juiz

Nos áureos tempos, o “Moro do Rio” mandou prender, entre outros, o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral e o empresário Eike Batista.

O juiz federal Marcelo Bretas, da 7a Vara Federal do Rio de Janeiro, conhecido como “o Moro do Rio”, vai ser julgado no dia 7 de março pela corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Alvo de três representações disciplinares que questionam sua atuação na Operação Lava Jato, ele pode ser afastado do cargo, fato considerado provável por magistrados de cortes.

Perseguições e direcionamentos

Em uma das representações, o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, afirma sofrer perseguições de Bretas, que não obedeceria ao princípio da imparcialidade ao atuar em processos que o envolvem.

O juiz ainda é citado em três delações premiadas. Os réus afirmam que Bretas aparece tentando direcioná-los para firmar delação, o que é proibido por lei.

Bretas foi quem mandou prender, entre outros, o ex-governador do Rio de Janeiro Sergio Cabral e o empresário Eike Batista.

O juiz será julgado por onze conselheiros do CNJ. O relator do caso é o corregedor-nacional de Justiça, Luis Felipe Salomão.

*Com Forum

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Cai o rei de Espadas, Cai o rei de Ouros, Cai o rei de Paus, Cai não fica nada

Quem se esquece do tapete vermelho estendido para Moro e Bretas no lançamento de um filme de quinta categoria que resultou em fracasso de público e crítica?

A soberba daqueles dois personagens caminhando sobre o tapete vermelho e, depois, dividindo pipoca no cinema, era o próprio triunfo da fábrica de heróis que a mídia produziu.

Cada um dos personagens com um percentual de gases que, agora, transformaram-se em traques com a avalanche de denúncias de malfeitos e que prometem muito carvão para manter acesa a fogueira que queima os ex-poderosos da Lava Jato.

O mesmo pode-se dizer daquele demente que se achava o esperto, com nome de laxante, Dallagnol. Sem dúvida, o mais tolo dos três que viu seu negócio falir alvejado por denúncias antes mesmo de alçar voo.

Na verdade, os três possuíam, a partir de um tratado com a mídia, uma situação de vacas sagradas, porque atravessaram as fronteiras da ética para produzir uma das mais imorais operações policiais da história do Brasil.

Lógico que, ao contrário do que pregaram, quem saiu roubado foi o país, tudo em nome das “boas intenções” do tribunal de exceção Curitiba-Rio.

Agora, totalmente desmascarados, dizem-se vítimas de infâmia e calúnia. Mas, ao contrário do que fizeram com suas vítimas, há provas materiais a dar com o pau contra esses heróis às avessas que se vendiam como as próprias credenciais de idoneidade que, desprezando a inteligência dos brasileiros com a ocultação sombria da verdade, fizeram o que fizeram.

Agora estão aí os três bocas abertas tentando justificar o injustificável, consertar o que não tem conserto, enquanto o Brasil inteiro já sabe da verdade sobre esses três espertos.

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Demorou, mas a hora de Bretas chegou

Gilmar decide municiar CNJ com provas contra Bretas.

Isso não é pouca coisa.

Ministro Gilmar é relator de uma das três delações premiadas que enredam o magistrado do Rio em supostas irregularidades.

Gilmar Mendes decidiu compartilhar com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um conjunto de provas e acusações contra o juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro Marcelo Bretas.

No conjunto de provas do acervo em poder de Gilmar estão relatos de episódios presenciados por José Antonio Fichtner, delator da Lava-Jato que acusa Bretas e os procuradores da força-tarefa do Rio de “tortura psicológica”

Mas está longe de serem estas as denúncias mais graves.

O que foi mandado para o o CNJ, é algo bem mais revelador porque mostraria uma parceria ilegal entre Bretas e o advogado Nythalmar Dias Ferreira Filho, responsável pela defesa de figurões, e se gabava de que, por ter amplo acesso ao juiz, garantiria a seus clientes penas brandas e até a absolvição.

Entre documentos que Gilmar vai encaminhar à corregedora nacional de Justiça, Maria Thereza de Assis Moura, estão relatos de Fichtner de que Nythalmar teve acesso antecipado à quebra de seus sigilo.

Em um dos casos, o delator disse que Nythalmar listou a ele, dentro de um carro, todas as aplicações financeiras e contas bancárias de Fichtner e valores administrados por uma empresa de gestão de investimentos da família.

Como os dados eram confidenciais e haviam sido alvo de quebra de sigilo pedida pelos procuradores e autorizada por Bretas, o colaborador interpretou como um sinal de que Nythalmar falava a verdade ao afirmar ter trânsito junto à vara do juiz.

Para piorar, além de Gilmar Mendes, os ministros Herman Benjamin e Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), também foram instados pelo CNJ a fornecer provas que possam embasar o processo disciplinar.

Ou seja, tem muito caroço nesse angu de Bretas para ser revelado.

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Brasil

TRF-2 impõe derrota a Bretas e Lava Jato ao reduzir pena do Almirante Othon de 43 para 4 anos

Conjur – Por entender que a conduta social e os motivos da prática do crime de corrupção não autorizam a elevação da pena em “índice elevadíssimo”, como feito pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, a 1ª Turma Especializada do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (RJ e ES) formou maioria, nesta quarta-feira (2/2), para reduzir a pena do almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, de 43 anos para quatro anos, dez meses e dez dias de prisão. A pena de reclusão foi substituída por duas restritivas de direitos.

O julgamento foi interrompido por pedido de vista do desembargador Flávio Lucas. Os desembargadores Antonio Ivan Athié, relator, e Simone Schreiber votaram para aceitar parcialmente a apelação de Othon.

Na primeira sentença do braço fluminense da “lava jato”, Bretas condenou o ex-presidente da Eletronuclear a 43 anos de prisão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro, obstrução às investigações, evasão de divisas e participação em organização criminosa.

O juiz entendeu ter ficado provado que Othon recebia 1% de propina nos contratos firmados entre a estatal e as empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, para a construção da Usina Nuclear Angra 3, no complexo nuclear de Angra dos Reis.

A defesa do almirante, comandada pelo criminalista Fernando Augusto Fernandes, sustentou que houve desrespeito ao devido processo legal no processo. Em sustentação oral em defesa do sócio da Engevix José Antunes Sobrinho, o advogado Geraldo Prado apontou que houve ocultação de provas no caso. Com base nesses argumentos, o desembargador Flávio Lucas pediu vista.

O relator da apelação, Antonio Ivan Athié, votou para absolver Othon Luiz Pinheiro da Silva das acusações de obstrução às investigações, pertencimento a organização criminosa, evasão de divisas, lavagem de dinheiro por manutenção de conta no exterior e de dois delitos de corrupção ativa.

Com relação ao crime de corrupção passiva, Marcelo Bretas, considerando a conduta social do almirante e os motivos do delito, fixou a pena-base em nove anos de prisão. Para o relator, tais fatores não autorizam a elevação da pena em tal “índice elevadíssimo”.

“De fato, não se nega que o apelante Othon Luiz Pinheiro da Silva manchou sua biografia ao solicitar vantagens indevidas das empreiteiras sob o pretexto de alavancar seus projetos científicos pessoais, decepcionando uma geração de engenheiros por ele influenciados e desonrando a sua carreira militar na Marinha. Todavia, essas consequências de ordem moral devem ser encaradas pelo próprio apelante junto ao seu meio social, não configurando elemento hábil para negativar sua conduta social, uma vez que os fatos enumerados não são desabonadores nem revelam pérfida convivência social”, avaliou o magistrado.

Ele também destacou que o objetivo de Othon não era o de obter “lucro fácil”, e sim o de dar continuidade às suas pesquisas de desenvolvimento de turbinas, projetando nelas uma utilização de energia limpa de baixo custo.

“Ao que tudo indica relegou, ainda que com idade avançada, viver nababescamente com os frutos dos ilícitos, optando por dar um fim útil às vantagens indevidamente recebidas em razão do cargo”, opinou o desembargador, fixando a pena-base por corrupção passiva em três anos, dez meses e 20 dias de reclusão. Com a lavagem de dinheiro e o reconhecimento de concurso formal entre os delitos, o relator votou por fixar a pena total nos quatros anos, dez meses e dez dias de reclusão, a serem substituídos por duas penas restritivas de direitos.

Ivan Athié defendeu que Othon, um dos pais do programa nuclear brasileiro, permaneça na ativa, transmitindo seus conhecimentos à sociedade.

“Considero que, em razão dos notórios e específicos conhecimentos do apelante Othon Luiz Pinheiro da Silva sobre engenharia nuclear, com reconhecimento nacional e internacional por sua capacidade técnica, revelar-se-ia muito mais interessante aos anseios do povo brasileiro, da Ciência e do Poder Público que, por manter-se relativamente ativo mesmo em avançada idade, com as limitações a ela inerentes, transmitisse seu valoroso saber em instituições públicas e universidades, a título de prestação de serviços à comunidade. A medida teria maior valia tanto para a sociedade e para a reabilitação do próprio apelante”.

O relator ainda votou para absolver Ana Cristina da Silva Toniolo, filha do almirante, igualmente representada por Fernando Fernandes. Também votou para substituir a pena de José Antunes Sobrinho por duas restritivas de direitos. E aceitou parcialmente os recursos de Olavinho Ferreira Mendes, Geraldo Toledo Arruda, Victor Sérgio Colavitti, Josué Augusto Nobre e Carlos Alberto Montenegro Gallo.

Clique aqui para ler o voto do relator

*A Postagem

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Política

Gilmar Mendes: Moro e Deltan no Podemos é confissão de que já jogavam juntos

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes diz ver o aceno do ex-juiz e agora presidenciável Sergio Moro (Podemos) ao ex-promotor Deltan Dallagnol, que também se filiou ao partido, como uma “confissão” de que ambos já atuavam em parceria durante a Operação Lava Jato.

“[Moro e Dallagnol] Estão mudando de união estável em casamento. [A filiação dos dois] É a confissão de que eles já jogavam juntos antes e que tinham o mesmo desiderato [a mesma aspiração]”, disse Mendes hoje ao UOL Entrevista, com a participação dos jornalistas Fabíola Cidral, Carol Brígido e Kennedy Alencar.

Vimos declarações dele [Moro] de que já tinha recebido convite de Bolsonaro para ser ministro entre o 1º e o 2º turno. Portanto, ele já estava em uma condição de dificuldade de ser imparcial. Ele já fazia uma atividade político-partidária sob as vestes da toga, como juiz. Agora, pelo menos, seguiu o caminho normal. Vai fazer política, vincula-se a um partido político”, Gilmar Mendes, sobre o ingresso de Sergio Moro na política

“Ele também vazou informações relativas a Palocci [Antonio Palocci, ex-ministro do governo Lula], que teve repercussão sobre as eleições [de 2018]. Depois, aceitou ser ministro de Bolsonaro. Tudo isso foi anotado no debate sobre a suspeição, mostrando que havia exageros, que a imagem de imparcialidade precisava ser preservada”, complementou.

Mendes questionou ainda ações de Moro em conjunto com Dallagnol em meio à Operação Lava Jato.

Grampear advogado, fazer uma combinação com o procurador, receber sugestões sobre testemunha, controlar delações, usar prisão preventiva alongada para propiciar delações… Tudo isso é formalidade? É tudo tão explícito que nos ajuda a ver com muita clareza para aqueles que eventualmente não tinham visto”.
Fundação para alimentar fundo partidário, diz Mendes

O ministro ainda relaciona a proposta do então coordenador da força-tarefa de criar uma fundação com dinheiro da Lava Jato com o pretexto de combater a corrupção com um possível fundo partidário —o próprio Dallagnol admitiu ao UOL que a iniciativa foi um erro.

Essa Fundação Dallagnol estava criando um fundo, alguma coisa como R$ 4 bilhões para combate à corrupção, que seria manejada por eles próprios. Dinheiro que veio da Petrobras. Alguém consegue adivinhar para onde iria este dinheiro agora se essa fundação estivesse funcionando? Iria alimentar a campanha política do partido. Era um fundo eleitoral”, Gilmar Mendes, sobre Dallagnol

“Eu antecipei isso e veja a dificuldade que foi para cassar essa fundação. A procuradora-geral de então teve que vir ao Supremo e obter uma decisão do ministro Alexandre [Moraes], que já estava constituída a fundação em Curitiba, o que mostra toda uma planificação política”, complementou.

‘Achavam que poderiam ser sócios’

Gilmar Mendes diz ainda ver uma parceria entre Moro e Dallagnol nessa iniciativa. “Eles achavam que poderiam ser sócios. Ou esse recurso é da Petrobras ou é da União. Não faz sentido esse tipo de apropriação”, criticou. “O poder total corrompe de maneira absoluta”.

Mendes também reconhece os méritos da Lava Jato. Contudo, pondera que isso não os autoriza a cometer arbitrariedades. “Não vamos tirar os méritos da operação. Certamente, ela tem méritos que precisam ser reconhecidos. Mas isto também não os faz imune de responsabilidade naquilo que eles eventualmente exageraram ou mesmo cometeram crimes. Isto não os faz isentos”, argumentou.

Me parece que eles [pensavam] que poderiam fazer qualquer coisa em nome do combate à corrupção. Mas não se combate crime cometendo crime.

‘Acho que já deveriam ter atuado sobre o Bretas’

Para Mendes, a Lava Jato abriu um perigoso precedente para arbitrariedades em nome do combate à corrupção.

“Criamos uma rede de arbitrariedades. Tudo que se associava ao modelo Moro, de alguma forma, tinha uma conotação de arbitrariedade”, avaliou.

“Nosso Bretas [juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato no Rio de Janeiro] é chamado de ‘novo Moro’. Esse nome parece que não dá sorte na área judicial. O que se fala em torno desse juiz, não se recomenda. Acho que já deveriam ter atuado sobre o Bretas. As instituições é que pagam o preço pelo desvio de um de seus membros”, completou.

*Com informações do Uol

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O inferno astral de Bretas, o último BolsoMoro

Antes mesmo dos bolsonaristas e moristas virarem peça de museu, que já está em acelerado processo de se transformação em relíquias inúteis, Bretas é o que sobrou do bolsomorismo e, como tal, carrega duas pesadas cruzes, a de ser o Moro carioca e, ao mesmo tempo, bolsonarista, com direito a fazer parte de eventos evangélicos ao lado de Bolsonaro e Crivella.

Por conta de tudo isso, junto e misturado, o padrinho político de Witzel, começa a arrastar uma bola de ferro amarrada ao pé que carrega todo o mal desse país, toda a desmoralização institucional de que se tem notícia na história da República.

Para quem já dividiu um saco de pipocas com Moro no cinema assistindo a uma peça publicitária esdrúxula da Lava Jato e chegou a ensaiar uma dancinha com Bolsonaro num palanque de Crivella em evento evangélico posando de marombeiro tardio e empunhando metralhadora como os componentes do clã, Bretas virou a bola da vez e vê seu chão desaparecer com uma tempestade de anulação de suas sentenças na Lava Jato, consideradas totalmente ilegais e imorais pelos tribunais superiores.

O nome disso é ressaca, mas pode chamar de refluxo azedo, sobretudo para quem carregou uma ambição política que virou um fardo. O que era mão, virou contramão. O que parecia prestígio, agora é considerado indecência dentro do próprio sistema de justiça do Brasil.

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Notícia

STF anula todas as decisões do juiz Marcelo Bretas na Operação Esquema $

Em acórdão publicado, a 2ª Turma do Superior Tribunal Federal (STF) anulou todas as buscas e apreensões determinadas pelo juiz Marcelo Bretas na Operação Esquema $, e declarou a 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro incompetente para julgar o processo.

No documento, divulgado nesta quarta-feira (3/11), foram anuladas apreensões promovidas, por ordem de Bretas, em 75 escritórios de advocacia no último ano. A Operação Esquema $ investiga a atuação de advogados em um esquema de tráfico de influência que abrange a Fecomércio e outras entidades do estado.

O relator do caso, ministro Gilmar Mendes, destacou na operação a tentativa de fishing expeditions — ampliação de medidas do processo para obtenção de novas provas que fundamentem outras ações. Ainda na decisão da Corte, os ministros apontam uma ligação do então presidente da Confederação Nacional do Comércio, Antônio Oliveira Santos, com a campanha em prol das “10 Medidas de Combate à Corrupção”, projeto de lei apoiado pelo MPF e pelo juiz do caso, Bretas.

Os escritórios que sofreram com as buscas afirmam que irão buscar reparação dos prejuízos e abalos na imagem causados pela operação. A Polícia Federal deve devolver todo o material apreendido nos endereços.

*com informações do Correio Braziliense

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Arlinda Celeste Alves da Silveira
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