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Declarações de Bolsonaro sobre adolescentes da Venezuela transformam a campanha em depravação eleitoral

Istoé – Declarações de Bolsonaro que associam refugiadas adolescentes da Venezuela à prostituição causam uma crise em sua campanha e são exploradas por Lula. Especialistas apontam que associar temas como sexualidade e política, uma prática que ocorre desde o início do atual governo, é uma tática comum em regimes totalitários.

Seguindo à risca a cartilha do autoritarismo, Jair Bolsonaro transformou a difusão do medo em uma de suas mais eficazes armas para se perpetuar no poder. Balizado pela estratégia, durante a campanha, deixou de lado a discussão sobre programas de governo, impulsionou a paranoia sobre o “fantasma” do socialismo e tenta acuar o eleitorado ao repetir incessantemente que, se optar por Lula, o Brasil corre o risco de submergir em uma crise semelhante àquela que assola a Venezuela.

A retórica não tem qualquer fundo de verdade: em 13 anos de governo, o PT não tentou replicar aqui os regimes ditatoriais de países como Cuba, Venezuela e Nicarágua, apesar dos repetidos elogios de Lula aos seus ditadores. Como os delírios do capitão não encontram guarida na realidade, ele opta pela mentira e aposta alto na estigmatização de cidadãos que buscam em solo brasileiro a construção de novos — e mais felizes — capítulos de suas histórias. Em meio à sórdida estratégia eleitoral, nenhum episódio exemplifica melhor a mesquinhez de Bolsonaro do que a falsa acusação de que, após fugirem do regime Nicolás Maduro, meninas venezuelanas, refugiadas em São Sebastião, área carente do Distrito Federal, se prostituem para “ganhar a vida”.

FATO O presidente visitou meninas venezuelanas refugiadas no Brasil, no dia 10 de abril de 2021, um sábado, no bairro de São Sebastião, na periferia do DF, acompanhado pelo general Luiz Eduardo Ramos, na época ministro-chefe da Casa Civil
FAKE Bolsonaro em entrevista ao blog Paparazzo Rubro-Negro, na sexta-feira, 14, chocou o País ao contar uma versão libidinosa sobre a visita à casa de meninas venezuelanas

O caso ganhou repercussão no dia 14, quando, no podcast do canal Paparazzo Rubro-Negro, no afã de popularizar suas mentiras, Bolsonaro declarou que “pintou um clima” ao avistar “umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas” de uma comunidade e contou que entrou na casa delas para checar o que estavam fazendo, sugerindo que as jovens haviam se embelezado para fazer programas. As “suspeitas” do presidente, que nem sequer foram comunicadas às autoridades competentes, logo foram desmentidas.

O Instituto Migrações e Direitos Humanos, que atua há mais de 20 anos junto a pessoas migrantes e refugiadas, esclareceu nunca ter identificado “indícios de redes de prostituição ou de exploração sexual infantil” das venezuelanas. Vinte e uma organizações da sociedade civil, incluindo a Conectas, acrescentaram que ele “promove desinformação sobre a comunidade venezuelana do Distrito Federal”.

Além disso, uma cabeleireira que estava no local da visita de Bolsonaro esclareceu ao portal UOL que, naquele dia, a garagem era palco de uma ação social para a oferta de serviços de salão de beleza às meninas. “O dia que a gente foi lá, foi só para arrumar as meninas [venezuelanas] e fazer o treinamento. Não tinha nada disso não [prostituição]. Achei elas muito responsáveis”, explicou Lu Silva. “Ele [Bolsonaro] só entrou, saiu, fez um debatezinho, falou mal da Venezuela, dizendo que as meninas estavam aqui, sendo bem acolhidas, só isso”, emendou.

A sequência de falsas acusações de Bolsonaro é apenas um dos traços problemáticos da declaração — que, aliás, foi verbalizada pelo menos em três situações distintas. O uso da expressão “pintou um clima”, tradicionalmente empregada em contextos libidinosos, chocou internautas porque foi sacada pelo presidente para se referir a adolescentes. Na internet, após a divulgação do vídeo, usuários levaram aos assuntos mais comentados do Twitter hashtags como “Bolsonaro pervertido” e “pintou um clima?”. O estardalhaço foi tão grande que, em uma medida desesperada, o QG do capitão rapidamente pagou mais de R$ 160 mil por anúncios no Google com a frase “Bolsonaro não é pedófilo”.

Entidades não deixaram o caso passar em branco. O Fórum Nacional de Conselhos e Comitês Estaduais para Refugiados, Apátridas e Migrantes divulgou nota em que aponta que “qualquer ‘clima’, com conotação sexual, envolvendo criança e adolescente, é uma violação de direitos fundamentais”. A entidade acrescentou que o assunto não pode ser explorado por conveniência política, uma vez que se trata de uma pauta séria e os dados são preocupantes: estudos acadêmicos indicam que uma em cada cinco refugiadas já sofreu violência sexual, e o Brasil ocupa a segunda colocação no ranking mundial de exploração sexual.

Gestão de danos

A péssima repercussão resultou na mobilização de uma força-tarefa no QG de Bolsonaro para a contenção de danos eleitorais. Escaladas como bombeiras, Michelle Bolsonaro e Damares Alves, que têm viajado o País em campanha, se apressaram em sair em defesa do capitão. No domingo, em um evento em Aracaju (SE), a primeira-dama declarou que o marido “tem mania” de recorrer à frase “se pintar um clima”, que usa de forma corriqueira, na tentativa de blindá-lo de acusações sobre o cunho sexual da expressão. O jornal O Estado de S.Paulo, porém, contabilizou que, em 128 lives gravadas entre 2019 e 2022, o presidente jamais recorreu à sentença. A ex-ministra dos Direitos Humanos, por sua vez, usou as redes sociais para dizer que estava embarcando do Nordeste rumo a Brasília para “dar uma resposta à altura” das críticas. “Quando Bolsonaro me levou para ser ministra, a ordem foi: ‘Vamos enfrentar a pedofilia, a exploração sexual de crianças e adolescentes’. Aguardem, mentirosos, que nos medem pela régua de vocês”, esbravejou.

“Se as minhas palavras, que, por má-fé, foram tiradas de contexto, de alguma forma foram mal entendidas ou provocaram algum constrangimento às nossas
irmãs venezuelanas, peço desculpas” Jair Bolsonaro, presidente da República

As duas não se movimentaram apenas publicamente. Nos bastidores, articularam uma conversa a sós com lideranças comunitárias ligadas às famílias venezuelanas, com o plano de fazê-las posar em frente às câmeras, fosse para uma fotografia ou um vídeo, a fim de transmitir um clima de “perdão” e “normalidade”. O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência e a Secretaria de Comunicação chegaram a fazer uma varredura em São Sebastião, mas as imigrantes, receosas quanto à exposição e aos desdobramentos do caso, resistiram ao encontro. Cederam somente no final da noite de domingo, quando entrou em cena a embaixadora do governo de Juan Guaidó em Brasília e aliada do Planalto María Teresa Belandria. A conversa, então, acabou agendada para a tarde de segunda-feira.

Segundo apurou a ISTOÉ, o encontro aconteceu em um imóvel ligado a Manoel Arruda, suplente de Damares Alves e presidente do União Brasil no DF — ele é, também, ex-assessor especial do Ministério da Justiça e Segurança Pública, órgão que cuida dos processos de imigração no País. O tête-à-tête ocorreu a portas fechadas, sem a presença de instituições de defesa dos direitos humanos ou de assistência aos migrantes e refugiados na capital e sem captação de imagem e voz. Na conversa, conforme relatos feitos à reportagem, Michelle e Damares repetiram diversas vezes que houve um “mal-entendido” e afirmaram que Bolsonaro jamais quis imputar às jovens a pecha de prostitutas — àquela altura, ainda não havia sido divulgada outra gravação em que o presidente diz, com todas as letras, que as adolescentes faziam “programas”. Apesar das explicações, as venezuelanas negaram-se a gravar vídeos para ajudar a desfazer o mal-estar gerado. Ao contrário, pediram uma retratação pública.

Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL), que acompanha o caso, afirmou que sua equipe estuda se há brecha legal para defender a investigação de Michelle e Damares por abuso de autoridade, porque, embora as duas não ocupem cargos públicos, valeram-se da influência que exercem pela conexão com o Planalto para persuadir as venezuelanas a ouvirem-nas. “Acho que foi uma violência. Um convite a imigrantes feito por uma primeira-dama, junto a uma senadora eleita, é quase uma convocação. Elas, que estão construindo a vida fora de seu país, acabam, obviamente, se sentindo intimidadas”, comenta.

“O comportamento do Bolsonaro agora, no caso das meninas da Venezuela, é o comportamento de um pedófilo. E por isso é que ele ficou apavorado e tentou se explicar o mais rápido possível” Luiz Inácio Lula da Silva, candidato à Presidência.

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De Felipe Neto a Janja: a estratégia de Lula para manter em alta o ‘pintou um clima’ após proibição do TSE

Orientação é insistir no debate sobre a conduta do presidente no episódio, visto como a primeira vez em que os petistas conseguiram atingir a imagem de Bolsonaro entre seu eleitorado mais fiel.

De acordo com O Globo, campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) traçou uma estratégia para manter vivo o episódio em que o presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que “pintou um clima” com adolescentes venezuelanas durante um passeio de moto em Brasília. Como o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), proibiu o petista e aliados de veicularem o vídeo que contém tal declaração, a militância tem sido estimulada a continuar comentando o assunto nas redes sociais.

Para o QG de Lula, o caso marcou a primeira vez em que os petistas conseguiram atingir a imagem de Bolsonaro entre seu eleitorado mais fiel, o conservador. Prova disso, na avaliação dos petistas, foram as reações do presidente. Ele abriu uma live no início da madrugada de domingo, logo após o assunto vir à tona, e disse que as 24 horas anteriores estavam sendo “as piores da vida”. Ontem, voltou ao assunto e gravou um vídeo em que se desculpa pela frase a que se refere a meninas de 14 e 15 anos de idade.

A ordem do PT é insistir no debate sobre a conduta do presidente à exaustão, sem republicar o vídeo vedado pelo TSE. Nesse cenário, personagens como o youtuber Felipe Neto, que tem 15 milhões de seguidores só no Twitter, passaram a explorar o tema. Eleitor declarado de Lula, Neto resgatou uma gravação em que Bolsonaro elogia o ex-ditador paraguaio General Stroessner ao classificá-lo como “estadista” e “homem de visão”. Stroessner foi acusado de ser estuprador e pedófilo. A publicação no Twitter teve 2 milhões de visualizações. O youtuber chamou Bolsonaro de “adorador de pedófilo”.

Procurada pelo GLOBO, contudo, a assessoria do influenciador afirmou que Neto define todas suas ações por conta própria. Acrescentou que ele só discute com a campanha petista gravações para o horário eleitoral gratuito e inserções na TV de Lula.

Durante reunião com 18 mil comunicadores digitais na terça, o senador e integrante da campanha petista Randolfe Rodrigues (Rede-AP) fez um apelo aos apoiadores de que é preciso “focar no que ataca no front adversário”

— Vamos focar aquilo que ataca no front do adversário, o “pintou um clima”, que surgiu na semana passada. Aquela cena horrenda, dele aliciando, ofendendo adolescentes, não pode desaparecer das redes. Nós temos que reiterar, voltar a insistir nesses temas. Esse tema tem que continuar repercutindo porque esse tema foi diagnosticado como um ponto falho deles — justificou.

Aferições internas do núcleo duro petista apontam que o tema ainda não perdeu “prazo de validade” nos meios digitais. Aliados de Lula consideram importante não desistir do caso, que, na opinião deles, é capaz de desconstruir a imagem de Bolsonaro.

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Opinião

Vídeo: Campanha de Bolsonaro não tem passado, nem futuro

Bolsonaro, até agora, não disse a que veio, não mostrou nenhum feito positivo em quatro anos de governo, menos ainda apresenta qualquer projeto de país.

No primeiro turno, no debate da Globo, conseguiu se embolar com outros candidatos utilizando o falso padre como bucha de canhão para não ter confronto direto com Lula. Agora ele não tem como fugir do debate e, consequentemente, da comparação dos oito anos do governo Lula com o seu governo, o que, convenhamos, é uma covardia, além do projeto que cada um tem para o país.

Assista:

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Clima na campanha de Bolsonaro é de conflitos e acusações

A cinco dias da eleição, o clima nas campanhas de Lula e Jair Bolsonaro é totalmente distinto um do outro.

A campanha de Lula está confiante com a vitória no primeiro turno, porém com um pé atrás, pois, em se tratando de eleição e embora difícil para Bolsonaro, de acordo com os números divulgados pelas pesquisas.

Segundo Lauro Jardim, O Globo, os arraiais bolsonaristas, sobram acusações de erros na condução do marketing, de reclamação de parcialidade da imprensa e da falta de engajamento de alguns ministros. Os comandantes da campanha de Bolsonaro não jogaram a toalha, mas o clima é mais de voluntarismo do que de estratégias definidas.

A pesquisa divulgada ontem pelo Ipec só reforçou o clima em cada uma das campanhas, mas ele está assim pelo menos desde a semana passada.

De acordo com reportagem da jornalista Bela Megale, do Globo, “a leitura na campanha é que uma maior migração de votos úteis para Lula deve acontecer às vésperas da eleição, a partir de quinta e sexta-feira. Com isso, há a expectativa de que o petista consiga superar os 50% dos votos. Hoje este índice está em 52%, segundo o Ipec”, diz trecho da reportagem.

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Opinião

Na bacia das almas, campanha de Bolsonaro enfrenta tempestade perfeita após pesquisas

É a velha história, se tem tudo para dar errado, não há dúvida, vai dar errado.

Neste momento, o que se vê é somente a constatação da realidade, Bolsonaro, o gigante eleitoral de 2018, transformou-se num titanic encalhado com o casco furado, pronto para naufragar no dia 2 de outubro.

E, mesmo que isso não ocorra, já é tido por 100% dos analistas que sua reeleição babou. Não há a menor chance ou coelho na cartola que faça o Hércules imbrochável não brochar num segundo turno.

A derrota de Bolsonaro é tida como certa por qualquer um que tenha o mínimo de juízo.

Mas como não há nada de ruim que possa piorar em sua campanha, a lavação de roupa em praça pública não poderia faltar nesse pardieiro.

Então, o que se vê é Paulo Guedes culpando o Centrão pelo fracasso da reeleição de Bolsonaro e o Centrão culpando Paulo Guedes pelo mesmo resultado.

Ciro Nogueira, o cacique do Centrão, já deu a letra, abrindo a gaveta, retirando seus pertences, dando linha na pipa e pulando fora da campanha de Bolsonaro a uma semana do pleito para cuidar de sua própria costura no Piauí.

Arthur Lira, sem ter o que dizer, arrumou um jeito de lavar as mãos para o fracasso da campanha de Bolsonaro, revelada por todas as pesquisas oficiais.

O discípulo de Eduardo Cunha resolveu, de forma inadvertida, rotular as pesquisas como tendenciosas e virou chacota nas redes sociais 5 minutos após sua declaração.

No pepino familiar, que carrega traços emocionais mais beligerantes, a pinimba se dá entre Flávio, o 01, e Carlos, o 02. Enquanto Flávio busca una nova estratégia menos gordurosa e mais light de seu pai, Carlos quer o cabo do machado mais curto para Bolsonaro não perder uma suposta proteção do gado, no caso de derrota e prisão imediata, pelos crimes e processos que Bolsonaro enfrentará fora da presidência.

Ou seja, dose por dose, de tudo o que Bolsonaro plantou, agora se volta contra ele. Sem falar dos escândalos de corrupção como o do MEC, revelado pelo Estadão, que joga ainda mais lenha na fogueira em que Bolsonaro está sendo fritado em praça pública.

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Após novo Ipec, campanha de Lula tenta evitar abstenção por vitória em 1º turno; bolsonaristas atacam pesquisas

Em post que cita o TSE, ministro das Comunicações, Fábio Faria diz que população ‘vai cobrar fechamento’ de instituto após as eleições. Em reservado, interlocutores admitem que ‘não há bala de prata’ para reverter cenário desvantajoso para o presidente.Infográfico mostra resultados das pesquisas Ipec para eleição presidencial divulgadas entre 15 de agosto e 19 de setembro., — Foto: Reprodução/g1

Interlocutores do presidente Jair Bolsonaro (PL) aumentaram o tom dos ataques às pesquisas eleitorais depois de o novo levantamento Ipec, divulgado na segunda-feira (20), indicar que Lula oscila para cima, dentro da margem de erro, e ampliou a vantagem sobre o presidente no primeiro turno.

Logo após a divulgação, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, fez uma ameaça ao Ipec por meio de sua conta oficial no Twitter. No imperativo, ordenou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que é responsável por regulamentar a divulgação de pesquisas eleitorais, anotar os números do levantamento e disse que, no dia da eleição, “a população vai cobrar o fechamento desse instituto”.

Postagem do ministros das Comunicações, Fábio Faria, no Twitter: 'população vai cobrar o fechamento' do Ipec, diz texto — Foto: Reprodução/Twitter

“Saberemos quem vai estar certo no final. Nossas pesquisas de consumo internos [dão números] diferentes dos números [que estão] saindo.”

Em reservado, um líder do Centrão alinhado com Bolsonaro foi na mesma linha – “as pesquisas estão uma pouca vergonha”, diz – e afirma que, passada a eleição, o grupo vai agir para “regular pesquisas”.

*Andreia Sadi/G1

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Bolsonaro é criticado pela imprensa e população britânica, por campanha no velório

Palanque improvisado, Michelle posando com look, ataque ao preço do combustível foram criticados pelos britânicos.

Em Londres, Jair Bolsonaro não parecia ter ido ao funeral da rainha Elizabeth 2ª. Com direito a ataques ao preço da gasolina inglês e palanque improvisado com microfone da janela da casa do embaixador, não tardou aos jornais britânicos repercutirem o uso político do velório pelo brasileiro.

Fotos do look de Michelle Bolsonaro posando, uma parada no posto de gasolina para atacar o preço do combustível no dia do velório e até o uso da janela do embaixador, com um microfone, para discursar para bolsonaristas no Reino Unido.

Foram algumas das cenas suficientes para fomentar críticas dos britânicos e dos jornais contra o presidente do Brasil que tenta a reeleição e tornou o momento fúnebre parte de sua campanha política.

Mas, ao contrário do que esperava, o mandatário brasileiro não conquistou elogios ou reconhecimento internacional. “Jair Bolsonaro usa visita a Londres para funeral da rainha como palanque eleitoral”, manchetou o The Guardian.

“Falando da varanda da casa do embaixador brasileiro, do século XIX em Mayfair, no domingo, o populista sul-americano expressou ‘profundo respeito’ pela família real. (…) Mas Bolsonaro, que parece estar prestes a perder as eleições presidenciais do próximo mês no Brasil, mudou rapidamente para o papel de campanha, apesar do momento de luto do país.”

O The Times escancarou que Jair Bolsonaro estava “quebrando o luto” britânico para “ganhar pontos políticos”, destacando a cena do presidente brasileiro fazendo live no posto de gasolina e atacando o preço do combustível do país.

A agência Reuters, que dissemina notícias para todo o mundo, também chamou a atenção para “o discurso de campanha” de Bolsonaro, logo na manchete, e associou o ato ao “último ataque à reputação do Brasil”, segundo críticos.

 

*Com GGN

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Edir Macedo prepara desembarque da candidatura Bolsonaro

história se repete. Edir Macedo, líder da Igreja Universal do Reino de Deus, se prepara para abandonar a candidatura à reeleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, diante de uma provável vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A revelação foi feita, em conversas reservadas, por um bispo da Universal. Ex-pastores e outros religiosos confirmaram as conversas ao Intercept.

Segundo o Intercept, Edir Macedo já pulou do barco na campanha de seu então candidato à Presidência, Geraldo Alckmin, em 2018, à época no PSDB. Às vésperas do primeiro turno da última eleição, o bispo abandonou Alckmin, por acaso hoje o vice de Lula, ao intuir que Bolsonaro seria o provável vencedor nas urnas.

A avaliação é de que a eleição não será decidida no primeiro turno. No segundo, a igreja faria acenos aos dois lados. Macedo não quer se arriscar a perder verbas publicitárias da Record, vindas do governo federal, ao declarar apoio oficial a Lula. A emissora do bispo foi a mais beneficiada com fatias da publicidade federal no começo do governo, e, ao final de 2021, a Globo recuperou essa liderança, pois Bolsonaro precisou também da emissora carioca para divulgar suas realizações. Assim, segundo pessoas próximas à Universal, Macedo, com receio de secar a fonte, fará o jogo duplo num eventual segundo turno, liberando bispos e pastores candidatos da igreja, então já eleitos, para pedir o voto de fiéis ao petista.

Bolsonaro, nesse caso, deixará de ser enaltecido, e Lula não mais criticado nos meios de comunicação ligados à Universal. Dessa forma, Edir Macedo mantém o pé em duas canoas e fica bem com qualquer um que vencer a eleição.

A estratégia atribuída a Macedo vazou após conversas que teriam sido mantidas, em julho, por dirigentes da campanha petista com o ex-deputado federal Bispo Rodrigues, homem de confiança de Macedo e um dos poucos remanescentes do núcleo fundador da Universal. Segundo religiosos próximos à cúpula da igreja ouvidos pelo Intercept, o candidato do PT teria pedido um encontro com Macedo para falar sobre as eleições, mas o bispo evitou recebê-lo. Macedo teria indicado então Rodrigues, que foi coordenador político da igreja durante muitos anos, para atender os emissários petistas.

Rodrigues havia desaparecido da cena política. Ele foi preso em 2006 na Operação Sanguessuga, um esquema de compra de ambulâncias superfaturadas, e novamente em 2013, após condenação por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do mensalão. Oficialmente, Rodrigues foi afastado. Mas continua dando expediente na sede da igreja no Rio, segundo integrantes da instituição. Na coordenação política da Universal, o cargo de Rodrigues foi ocupado depois pelo bispo Marcos Pereira, deputado federal e presidente do Republicanos. Hoje, o coordenador político da igreja é o bispo Alessandro Paschoal.

“Há uma divisão entre Bolsonaro e Lula na Universal e nas igrejas em geral. Isso vai muito da pessoa. E o Edir Macedo é Centrão. Para se manter no poder, com qualquer um que ganhar, ele tem de fazer o jogo. O Centrão trabalha dessa forma. Uma parte está com um, outra parte está com o outro. O que se quer é estar no poder, não importa quem vença”, atestou o apóstolo Márcio Líbano, presidente da Associação de Ministros Evangélicos Interdenominacionais, a Amei, e próximo da Igreja Universal.

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Bolsonaro declara gasto de só R$ 30 mil com atos de campanha do 7 de Setembro

Eventual omissão de custos caracteriza infração grave, que pode levar à rejeição da prestação de contas.

Segundo a Folha, campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) protocolou às 23h30 desta terça-feira (13) a prestação de contas parcial do candidato e declarou ter gasto apenas R$ 30 mil com os atos eleitorais do dia 7 de Setembro em Brasília e no Rio de Janeiro.

Pelo documento, os custos da campanha do presidente se resumiram a R$ 22 mil para captação de imagens dos eventos e R$ 7,9 mil para locação de 300 grades no Rio.

Os desfiles militares oficiais do Dia da Independência, para os quais Bolsonaro por meses convocou a população a comparecer, foram sucedidos por comícios de campanha em que o presidente foi a estrela principal, tendo discursado com ataques a adversários e pedidos de voto, sem menção ao Bicentenário da Independência.

Ao usar as comemorações oficiais para encorpar comícios de campanha, Bolsonaro pode ter cometido uma série de crimes eleitorais, na visão de especialistas, entre eles abuso do poder econômico ou o abuso do exercício de função. A oposição ingressou com Ação de Investigação Judicial Eleitoral.

A resolução do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que disciplina a prestação de contas dos candidatos estabelece que “a não apresentação tempestiva da prestação de contas parcial ou a sua entrega de forma que não corresponda à efetiva movimentação de recursos caracteriza infração grave, salvo justificativa acolhida pela Justiça Eleitoral, a ser apurada na oportunidade do julgamento da prestação de contas final”.

Pela lei, os candidatos tem que apresentar a prestação de contas parcial até o dia 13 de setembro, com a discriminação de todas as suas receitas e despesas realizadas até 8 de setembro.

Para efeito de comparação, Bolsonaro fez uma declaração de gastos detalhada do evento inaugural de campanha, que realizou em Juiz de Fora, em 16 de agosto.

Sobre esse evento, há um detalhamento de valores estimáveis de gastos com captação de imagens, tradutor de libras, detector de metais, aluguel de gradis, wi-fi, banheiros químicos e custos genericamente descritos como “comício presidente”, entre outros.

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Opinião

A campanha normal acabou

Celso Rocha de Barros – Nela, Jair já perdeu; o que resta para as próximas semanas é a anormalidade.

A revista britânica The Economist, que a elite brasileira lia antes de começar a dar mamadeira de coturno para seus filhos, trouxe em sua capa essa semana a foto do Jair com o texto “Bolsonaro prepara sua grande mentira para o Brasil”.

“A Grande Mentira”, nesse contexto, tem um sentido bem específico. “The Big Lie” é o nome que os americanos dão à mentira segundo a qual Donald Trump venceu a eleição presidencial de 2020, mas foi vítima de fraude.

Não há, obviamente, um único indício que comprove isso. Se houvesse, seria “a grande dúvida”, ou “o grande questionamento”, mas é “a grande mentira”.

A revista britânica, como todo mundo que não dormiu nos últimos quatro anos, teme que Bolsonaro tente um golpe como o de Trump quando perder as eleições.

O comício do último 7 de Setembro deve ser entendido nesse contexto. Segundo o Datafolha da sexta-feira, o show não trouxe votos que ajudassem Bolsonaro a vencer. Mesmo assim, pode tê-lo ajudado a virar a mesa quando perder.

O 7 de Setembro eletrizou a militância bolsonarista. As promessas golpistas estavam todas lá: Bolsonaro prometeu, por exemplo, que em seu segundo mandato enquadraria quem saísse das quatro linhas da Constituição. Traduzindo para o português, Bolsonaro prometeu reprimir juízes ou demais autoridades que investiguem seus crimes. Isso aconteceu poucos dias depois do presidente da República chamar o ministro Alexandre de Moraes de vagabundo.

O 7 de Setembro encerrou a campanha normal. Veio logo depois do fim do mês em que, segundo as projeções do Planalto, Bolsonaro deveria ter ultrapassado Lula nas pesquisas. Ao que tudo indica, mesmo mudando a Constituição a três meses da eleição para poder gastar mais dinheiro, mesmo usando as Forças Armadas como animadoras de comício, Bolsonaro ainda não conseguiu tirar votos de Lula. Como notou Bruno Boghossian em sua coluna de 8 de setembro, Bolsonaro não tem como vencer sem tirar votos de Lula.

Com o 7 de Setembro, a campanha normal acabou, e nela Jair perdeu. Perdeu quando deixou centenas de milhares de brasileiros morrerem sem vacina, quando trouxe o Brasil de volta para o mapa da fome, quando fez sua guerra particular contra as mulheres, quando a imprensa descobriu os 51 imóveis de sua família comprados com dinheiro vivo. A maior parte da campanha de candidato à reeleição é sempre o mandato que está chegando ao fim, e o de Jair, enfim.

O que sobra para as próximas semanas —e, se for o caso, para o segundo turno— é a anormalidade. Desde o dia 7, mais um petista foi assassinado por bolsonarista, e seguidores do presidente ameaçaram Guilherme Boulos e Ciro Gomes na rua. As ligações do bolsonarismo com o mundo do crime são notórias: no palanque do dia 7, discursou o secretário de Polícia Civil bolsonarista que, dias depois, foi preso por ligação com a máfia do jogo do bicho.

Além da violência, que busca evitar que as pessoas manifestem seu apoio a Lula, ou mesmo que tenham medo de votar no dia 2, Bolsonaro deve avacalhar ainda mais as instituições brasileiras de agora em diante. Já liberou R$ 5 bilhões adicionais do orçamento secreto e não vai parar aí. Afinal, se ninguém cassou sua candidatura por usar as Forças Armadas em um comício, o que ele se sentirá impedido de fazer?

*Celso Rocha de Barros/Folha

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