Sem a mínima sutileza, buscando discrição em sua escolha, a Globo já apontou o seu candidato à Presidência em 2022. E esse será um dos principais apelos de Moro para ser convidado por um partido com base eleitoral sólida, certamente, o PSDB, afinal de contas, o bom filho à casa torna.
Originalmente, Moro é um projeto do PSDB. Ele está com seu passe emprestado a Bolsonaro, agora sem partido, mas foi criado nas bases do clube tucano para o qual ele deve retornar para tentar a faixa presidencial, fechando o ciclo final da Lava Jato com uma vitória com V maiúsculo.
Só que no meio do caminho tem uma pedra, tem um Lula no meio do caminho. E aí começa a saga do ex-juiz, agora político, para transpor essa muralha política.
Ninguém é ingênuo de acreditar que, depois de produzir toda aquela sujeira odiosa na Lava Jato contra Lula, o sujeito vai de cara limpa enfrentar o maior fenômeno político da história do Brasil.
Não, Moro não quer isso, muito menos a Globo, ele quer vencer por WO, pelo menos de Lula, repetindo a mesma receita usada com sucesso para levar Bolsonaro à cadeira da Presidência e ao maior vexame internacional que é.
Nesse ponto, Moro leva vantagem sobre Bolsonaro. Se o capitão já era conhecido no Brasil como um dos maiores vigaristas do partido mais denunciado pela Lava Jato, o PP, hoje Progressista, ninguém sabia nada dele fora do país, mas demorou pouco tempo para ficar conhecido como o político mais imbecil da terra, como disse o New York Times.
Moro, assim como Bolsonaro, é visto com o mesmo desprezo por grande parcela politizada da sociedade que sempre desprezou o capitão. Só que Moro já é conhecido pela comunidade jurídica internacional como um dos juízes mais vigaristas do mundo, o que não é pouca coisa.
Assim, repetir a receita de uma fraude eleitoral, é a única saída encontrada pela direita no país. E Moro é atualmente o principal nome da escória política, dos barões da comunicação e dos donos do dinheiro grosso.
Mas Moro não quer correr riscos. Nesse ponto, o provinciano de Curitiba, que vive pateticamente citando frases do Batman, porque nunca leu uma única biografia de quem quer que seja, como confessou no programa Conversa com Bial, na TV Globo, quando protagonizou um dos momentos mais constrangedores da história da televisão brasileira, dizendo que gostava de ler biografias, mas, perguntado por Bial qual a última que havia lido, o mentiroso respondeu, não lembro.
O fato é que, fora desses detalhes bizarros, Moro tem um projeto na cabeça, apoiado sistematicamente pela Globo, como sempre, tirar Lula do páreo para que ele seja o Presidente da República. Por isso está afrontando o STF, indo sistematicamente ao Congresso para pressionar deputados e senadores a irem contra a Constituição e ao próprio entendimento do STF e aprovar a volta da prisão após condenação em segunda instância.
O sujeito quer entrar em campo para disputar a final do campeonato sem adversário e sem torcida contrária.
Não é bobo não, né?
Da fruta que Bolsonaro gostou, Moro come até o caroço sem se fazer de rogado.
A primeira coisa que se deve ter em mente é que, todas as vezes que a mídia falar na volta da segunda instância, é, na verdade, impedir Lula de se candidatar e devolvê-lo à solitária que o tirou do páreo em 2018.
Isso está mais do que desenhado, colorido e margeado. Moro remonta em seus passos, um melodista que desenha em suas notas os acordes da harmonia, de tão escancarados que são os caminhos que ele escolheu para trilhar.
O que a oposição precisa é denunciar essa manobra do vigarista que não cabe dentro de sua própria ambição e que tem apoio incondicional da Globo e, por isso mesmo, a emissora já estabeleceu censura prévia a qualquer notícia que possa produzir uma melhora na imagem de Lula no caso da Lava Jato, por que isso significa uma perda do castelo de areia fabricado pelos dois, Moro e Globo. Simples assim.
Por isso o que se espera é que a oposição assuma com vigor o protagonismo dessa denúncia e que diga aos quatro cantos do país que a operação Moro 2022 da Globo já está a todo vapor, com suas metas e estratégias traçadas dentro de suas redações em comum acordo entre os Marinho e Moro, com o apoio dos tucanos, certamente.
*Carlos Henrique Machado Freitas