Compromissos de Rafael Correa com Cristina Kirchner, José Mujica e outras autoridades também foram alvo de companhia de segurança ibérica que trabalhava para a CIA.
O dono da empresa de segurança espanhola UC Global, SL, David Morales, supostamente espionou para a CIA, o serviço secreto dos Estados Unidos, reuniões que o ex-presidente equatoriano Rafael Correa (2007-2017) teve em 2018 com uma série de antigos mandatários e autoridades da região — entre eles, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ex-presidente Dilma Rousseff. As informações vieram à tona após uma análise do computador de Correa, investigado pela Justiça do seu país.
*Com O Globo
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“Quem veio de Portugal para o Brasil foram degredados, criminosos. Quem foi para os Estados Unidos foram pessoas religiosas, cristãs, que buscavam realizar seus sonhos. Era um outro perfil de colono.”
Essas palavras foram proferidas por Deltan Dallagnol, Procurador da República e coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, durante uma palestra realizada em uma Igreja Batista, em fevereiro de 2016.
A afirmação – esdrúxula, factualmente incorreta e preconceituosa – é um excelente exemplo da mentalidade colonizada que impera em amplos segmentos da sociedade brasileira, forjada a partir da mistura do complexo de vira-lata com a americanofilia inflamada e doses cavalares de puritanismo e crença no excepcionalismo americano.
No caso de Deltan, a frase talvez tenha uma alusão autobiográfica. Afinal, ele, um “cristão fervoroso”, também foi para os Estados Unidos em busca de um sonho – Deltan obteve seu mestrado na Universidade de Harvard em 2013. E a julgar por suas ações desde o ingresso no Ministério Público Federal (MPF), Deltan parece estar convencido de que a sua missão é servir a pátria dos “puritanos excepcionais”.
Deltan esteve à frente da força-tarefa da Lava Jato entre 2014 a 2021. A gigantesca operação, criada poucos meses depois do escândalo da espionagem praticada pelos serviços de segurança dos Estados Unidos contra empresas brasileiras, deixou um rastro de devastação nas contas públicas do Brasil.
Setores inteiros da economia nacional – sobretudo a construção civil e a indústria naval – foram completamente obliterados, deixando 4,4 milhões de pessoas desempregadas. Um estudo da PUC-SP estima que, em apenas um ano, a Lava Jato causou um prejuízo de mais de 142 bilhões de reais para o país – ao mesmo tempo em que ajudou as corporações estadunidenses a recuperarem mercados internacionais que as companhias brasileiras vinham conquistando.
A operação também teve consequências devastadoras na política nacional, ajudando a insuflar o golpe parlamentar que derrubou Dilma Rousseff em 2016, servindo de justificativa para a prisão política de Lula em 2018 e ensejando a adoção de uma nova política econômica de subordinação inconteste aos interesses do capital financeiro e de renúncia a quaisquer resquícios de soberania nacional.
Não causa espanto, portanto, que os Estados Unidos tenham buscado estabelecer o que o procurador estadunidense Kenneth Blanco definiu como “um relacionamento íntimo que desprezava procedimentos formais” com os membros da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba. E Deltan, como bom admirador da “pureza cristã” dos estadunidenses, serviu de ponte a esse inusitado intercâmbio, contribuindo secretamente com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) e facilitando a investigação conduzida pelos estadunidenses contra as empresas brasileiras.
Em outubro de 2015, poucos meses após uma visita a Washington, Deltan recepcionou na sede do MPF uma delegação de 17 estadunidenses composta por procuradores do DOJ e agentes do FBI. As reuniões entre Deltan e os agentes internacionais duraram quatro dias e incluíram o repasse de informações sensíveis sobre as investigações envolvendo a Petrobras e outras empresas brasileiras. A colaboração jurídica é ilegal, uma vez que a troca de informações entre procuradores brasileiros e autoridades estrangeiras precisa ser autorizada pelo Ministério da Justiça – que, nesse caso, sequer foi informado sobre a visita.
Quando foi alertada sobre a possível colaboração irregular, a presidente Dilma Rousseff cobrou explicações do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que por sua vez acionou o procurador Vladimir Aras, então diretor da Secretaria de Cooperação Internacional (SCI). Aras, entretanto, não impediu que Deltan desse seguimento à colaboração com os agentes estadunidenses.
Em uma conversa com Aras, registrada no vazamento de mensagens enviadas via Telegram, o coordenador da Lava Jato explicou seu interesse na colaboração. Deltan queria repassar informações úteis aos investigadores estadunidenses antes que firmassem acordos domésticos de delação, de modo a assegurar parte dos recursos da multa que seria paga pela Petrobras ao governo dos Estados Unidos: “Nós estamos com pressa, porque o DOJ já veio e teve encontro formal com os advogados dos colaboradores (…). Isso atende o que os americanos precisam e não dependerão mais de nós. A partir daí perderemos força para negociar divisão do dinheiro que recuperarem.”
Fiel à concepção weberiana da ética protestante, Deltan mostrou seu tirocínio para os negócios. Após fornecer ilegalmente subsídios para que a justiça estadunidense punisse a Petrobras com uma multa bilionária, o procurador ainda tratou de articular um esquema para obter o controle sobre parte desse valor.
Dos 3,5 bilhões de reais que a Petrobras pagou ao governo dos Estados Unidos, 2,5 bilhões deveriam ser repatriados para o Brasil. Deltan, entretanto, tentou retardar a devolução dos valores, pois tinha um plano mirabolante para o destino dessa verba: usá-la para financiar uma fundação voltada ao “combate à corrupção”. Tal fundação ficaria sob tutela da força-tarefa da Lava Jato, que utilizaria o dinheiro para, por exemplo, pagar por palestras e cursos proferidos por autoridades envolvidas no “combate à corrupção”, tais como… os procuradores da própria força-tarefa da Lava Jato! “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, escreveu Deltan para sua esposa, apresentando em seguida a expectativa de lucro em 2018: “Total líquido das palestras e livros daria uns 400 mil”.
O plano de usar dinheiro público restituído da corrupção para financiar um esquema privado de enriquecimento por meio de palestras sobre combate à corrupção foi muito criticado pela Procuradoria Geral da República e pelo Supremo Tribunal Federal, razão pela qual foi abortado. Deltan, entretanto, seguiu colaborando de forma fiel com os agentes estadunidenses.
O procurador incentivou os agentes de Washington a conduzirem depoimentos com delatores diretamente nos Estados Unidos, de modo a contornar as salvaguardas oferecidas pela lei brasileira. Também se ofereceu a pressionar os delatores a viajarem para os Estados Unidos para prestarem esclarecimentos sem salvo-conduto. Mensagens da Lava Jato recentemente liberadas à defesa de Lula mostram que, além de Deltan, o ex-juiz Sergio Moro também recebia orientações e trocava informações com procuradores estadunidenses.
Arquivos de conversas de novembro de 2015 apreendidas na Operação Spoofing mostram, por exemplo, Moro instruindo Deltan a entrar em contato com procuradores dos Estados Unidos para obter instruções sobre uma quebra de sigilo de um executivo ligado a um estaleiro que tinha contratos com a Petrobras.
A colaboração ilegal com autoridades dos Estados Unidos também foi fundamental para a construção das acusações da Lava Jato de Curitiba contra o ex-presidente Lula. Conforme registrado nas mensagens vazadas, a Lava Jato recebeu ilegalmente dos agentes estadunidenses evidências do “caso Odebrecht” que pudessem ser utilizadas para sugerir suposta participação de Lula em esquemas de corrupção, visando justificar a quebra do sigilo fiscal dos familiares do ex-presidente sem a observância do devido processo legal.
Esses procedimentos não apenas foram ocultados da defesa de Lula, como também sonegados dos autos originais do processo. As mensagens sugerem que o nome do Lula não surgiu como evidência durante o curso das investigações. Ao contrário: o presidente, aparentemente, já era um alvo pré-definido e a força-tarefa passou a buscar provas que servissem à construção de um caso, promovendo operações com o objetivo de convencer pessoas a implicá-lo em atos de corrupção através de constrangimento, ameaça de punição legal e uma miríade de métodos pouco ortodoxos.
Não por acaso, os membros da força-tarefa comemoraram efusivamente a ordem de prisão expedida contra Lula em abril de 2018. Conforme registrado nas mensagens eletrônicas, Deltan era um dos mais animados do grupo dos procuradores no Telegram: “Meooo caneco. Não dá nem pra acreditar. Melhor esperar acontecer”, escreveu o coordenador da Lava Jato, em resposta a uma mensagem da procuradora Laura Tessler afirmando que já iria iniciar a comemoração pela prisão de Lula – então líder das pesquisas de intenção de voto para a eleição que transcorreria em alguns meses. Deltan afirma que não estaria no país para comemorar, já que tinha viagem agendada aos Estados Unidos. E finaliza a conversa pontuando que a prisão do líder petista era um “presente da CIA”.
Os diálogos estão transcritos abaixo na íntegra: 5 de abril de 2018 Isabel Grobba: Moro manda prender Lula. Deltan: Antes que MA ferre tudo Deltan: Creio que devemos ficar quietos neste momento. Laura Tessler: sim Laura Tessler: totalmente quietos Laura Tessler: até porque o mandado já disse tudo, kkkk Isabel Grobba: Está no uol que já foi expedido o mandado. Isabel Grobba: Deve se apresentar até as 17 horas de amanhã. Paulo: Ficará na PF… Novo local de peregrinação em.Curitiba! Deltan: Meooo caneco Deltan: Não da nem pra acreditar. Melhor esperar acontecer Julio Noronha: Exatamente! Deltan: Temos que pensar a segurança oras próximas semanas Laura Tessler: eu já vou comemorar hoje Deltan: Ou melhor, Vcs têm, pq estarei fora do país kkkk Paulo: Aqui tá tudo em segurança comigo, não se preocupe Deltan: Kkkk Laura Tessler: o problema é vc e CF…o resto é desconhecido Isabel Grobba: E eu sou a querida! Paulo: Deltan na Disney enquanto Lula está preso, isso vai ser noticia! Paulo: Mas… Problema Laura Tessler: é mesmo….pode ir lá dar as boas vindas pra ele, Isabel Isabel Grobba: hehehe Paulo: Não dá p mudar a vida por causa disso Julio Noronha: No Brasil, mesmo uma decisão judicial amparada no decidido pelo STF, pode não acontecer, mesmo q entre a decisão e o cumprimento sejam apenas horas Laura Tessler: agora já era…deixa de pessimismo Julio Noronha: Só o Lula vai mudar de vida! Welter Prr: Ele tem ate amanha para se apresentar. Depois é foragido Welter Prr: Mas acho que ele vem Laura Tessler: eles vão armar um bom teatro até amanhã para ele chegar “nos braços do povo” Paulo: Com certeza vai fazer um comício as 16h, antes de se apresentar Deltan: Presente da CIA
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Ammar Al Baluchi, detido em Guantánamo desde 2006, foi submetido a uma técnica chamada “parede” por até duas horas de cada vez, o que o deixou com lesão cerebral entre “moderada a grave”.
Documentos recentemente desclassificados revelaram que a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos EUA usou um detido no Afeganistão para que interrogadores em treinamento praticassem técnicas de tortura. De acordo com um relatório de 2008 publicado pelo The Guardian, Ammar Al Baluchi foi usado para ensinar uma técnica de tortura chamada “parede”.
De acordo com a descrição da CIA, isso consiste em atrair o detido em direção ao interrogador e, em seguida, empurrá-lo com força contra uma parede de madeira compensada para fazê-lo voltar na direção do interrogador.
De acordo com os documentos, esse método foi aprovado pelas diretrizes de “técnica de interrogatório aprimorada” enviadas pela sede da CIA.
Um ex-aluno relatou que “todos os alunos do interrogatório fizeram fila” para praticar essa tortura no detento e que seu instrutor “poderia atestar sua capacidade de usar a técnica”.
Ammar Al Baluchi, 44, foi “emparedado” por até duas horas de cada vez, deixando-o com “danos cerebrais moderados a graves”, de acordo com um documento recentemente desclassificado como parte de uma demanda judicial de seus advogados para ele passar por um exame médico independente.
De acordo com o relatório, “no caso particular da ‘parede’, o [Escritório do Inspetor-Geral] teve dificuldade em determinar se a sessão foi projetada para obter informações de Ammar ou para garantir que todos os interrogadores em treinamento recebessem sua certificação”. No entanto, o fato de os interrogadores terem feito fila para torturá-lo sugere que “a certificação era fundamental” para o processo, conclui.
O detido, de origem kuwaitiana, foi acusado de participar dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e está sob custódia norte-americana na Baía de Guantánamo desde 2006.
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Em entrevista ao Show do Antônio Carlos, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (1º), Lula (PT), que lidera as pesquisas de intenção de voto, afirmou que “não acredito em terceira via e não acredito que o Sergio Moro tenha muito futuro na política”, quando indagado sobre o ex-juiz e ex-ministro do governo Bolsonaro.
“Eu sinceramente de vez em quando fico pensando se devo falar do Moro ou não, porque ele é uma figura insignificante. É um deus de barro que foi construído para me prejudicar”, afirmou Lula sobre o ex-juiz que determinou sua prisão injusta por 580 dias e agora é pré-candidato à Presidência pelo Podemos.
Lula ainda alfinetou o Jornal Nacional, que na edição desta segunda-feira (31) defendeu Moro sobre os salários recebidos na consultoria Alvarez e Marsal e não admitiu que os processos contra ele chegaram ao fim.
“Uma parte da imprensa digeria as mentiras dele com muita facilidade e transformava as mentiras dele e da pequena quadrilha de procuradores da força-tarefa lá de Curitiba como se fossem verdades. E hoje eu sinto que aqueles que me acusaram de forma leviana, acreditando nas mentiras do Moro e nas mentiras dos procuradores, não têm como desfazer as mentiras. Eu já não tenho mais processos, mas aqueles que me acusaram continuaram teimando: ‘Ah, mas não foi julgado o mérito’. A única pessoa que queria que julgassem o mérito era eu. Mas, aí o processo foi anulado e não tem mais processo. O juiz foi considerado parcial, portanto um juiz que não merecia ser juiz, que nunca deveria ter colocado uma toga. E acho que ele vai ser medíocre como candidato à Presidência”, disse Lula.
Lula voltou a lançar dúvidas sobre a relação de Moro com o governo dos EUA durante o processo que resultou no golpe contra Dilma Rousseff (PT), na sua prisão e na eleição de Bolsonaro em 2018.
“Vamos esperar o que vai acontecer com esse cidadão, que na minha opinião tem uma ligação no mínimo duvidosa com a CIA e o Departamento de Justiça dos EUA”.
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Sputnik – A Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos EUA informou nesta quinta-feira (7) ter criado um novo grupo que se focará exclusivamente na China e nos desafios à segurança nacional que ela coloca.
Segundo o comunicado, a nova entidade se chama Centro de Missões da China e foi formada “para responder ao desafio global colocado pela República Popular da China” que toca todas as áreas de missão da agência.
O diretor da CIA, William Burns, sublinhou ainda que a ameaça vem do governo chinês e não de seu povo.
Ele adicionou que o objetivo de criação do centro é unificar o trabalho que a CIA está realizando sobre a China.
“O Centro reforçará ainda mais nosso trabalho coletivo sobre a ameaça geopolítica mais importante que enfrentamos no século XXI, um governo chinês cada vez mais adversarial”, segundo ele.
Burns afirmou ainda que a agência vai continuar se focando em “uma Rússia agressiva, uma Coreia do Norte provocativa e um Irã hostil”.
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Dallagnol tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula.
“Presente da CIA.”
A frase começa por suscitar curiosidade com seu sentido dúbio e logo ascende, vertiginosa, à mais elevada das questões nacionais —a soberania. As três palavras vêm, e passaram quase despercebidas, entre as novas revelações das tramas ilícitas de Sergio Moro e Deltan Dallagnol, envoltas em abusos de poder e de antiética no grupo de procuradores.
Seca, emitida como um repente fugidio de saberes velados, a frase de Dallagnol celebrava a informação mais desejada: Sergio Moro determinara, no começo da noite daquele 5 de abril de 2018, primórdio da campanha para a Presidência, a prisão do candidato favorito Lula da Silva. Na véspera, o Supremo Tribunal Federal acovardou-se ante a ameaça golpista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Por um voto de diferença, entregou a candidatura e, para não haver dúvida, o próprio Lula à milícia judicial de Curitiba.
A frase pode dizer presente “da CIA” porque destinado à agência do golpismo externo dos Estados Unidos. Ou “da CIA” porque vindo da articuladora do presente. Não importa o que agora Dallagnol diga. Não será crível. O mesmo sobre quem embalou e entregou o presente, Sergio Moro.
A dubiedade cede à certeza quando se trata do pré-requisito para que Dallagnol compusesse a frase. Em qualquer dos dois sentidos, a preliminar é a mesma: o coordenador da Lava Jato tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula. Nem lhe ocorreu falar de candidatos favorecidos, nem sequer do êxito da ideia fixa que dividia com Moro e disseminara nos companheiros. Era a CIA na sua cabeça.
Não faz muito, foi noticiado o envolvimento de agentes do FBI com a Lava Jato de Curitiba. FBI como cobertura, mas, por certo, também outras agências (NSA, Tesouro, CIA, por exemplo). Um grupo de 17 desses agentes chegou à Lava Jato em outubro de 2015, acobertado por uma providência muito suspeita: Dallagnol escondeu sua presença, descumprindo a exigência legal de consultar a respeito, com antecedência, o Ministério da Justiça. Eram policiais e agentes estrangeiros agindo com a Lava Jato, não só sem autorização, mas sem conhecimento oficial. Violação da soberania, proporcionada por procuradores da República, servidores públicos. Caso de exoneração e processo criminal.
O sigilo é tão mais suspeito quanto era certo que o governo nada oporia, como não veio a opor. Há até uma delegação permanente do FBI no Brasil, trabalhando inclusive em assuntos internos como as investigações de rotas do tráfico. O motivo real do sigilo é desconhecido, e só pode ser comprometedor.
Seca, emitida como um repente fugidio de saberes velados, a frase de Dallagnol celebrava a informação mais desejada: Sergio Moro determinara, no começo da noite daquele 5 de abril de 2018, primórdio da campanha para a Presidência, a prisão do candidato favorito Lula da Silva. Na véspera, o Supremo Tribunal Federal acovardou-se ante a ameaça golpista do comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas. Por um voto de diferença, entregou a candidatura e, para não haver dúvida, o próprio Lula à milícia judicial de Curitiba.
A frase pode dizer presente “da CIA” porque destinado à agência do golpismo externo dos Estados Unidos. Ou “da CIA” porque vindo da articuladora do presente. Não importa o que agora Dallagnol diga. Não será crível. O mesmo sobre quem embalou e entregou o presente, Sergio Moro.
A dubiedade cede à certeza quando se trata do pré-requisito para que Dallagnol compusesse a frase. Em qualquer dos dois sentidos, a preliminar é a mesma: o coordenador da Lava Jato tinha conhecimento da relação entre pretensões da CIA na eleição brasileira e a exclusão da candidatura de Lula. Nem lhe ocorreu falar de candidatos favorecidos, nem sequer do êxito da ideia fixa que dividia com Moro e disseminara nos companheiros. Era a CIA na sua cabeça.
Não faz muito, foi noticiado o envolvimento de agentes do FBI com a Lava Jato de Curitiba. FBI como cobertura, mas, por certo, também outras agências (NSA, Tesouro, CIA, por exemplo). Um grupo de 17 desses agentes chegou à Lava Jato em outubro de 2015, acobertado por uma providência muito suspeita: Dallagnol escondeu sua presença, descumprindo a exigência legal de consultar a respeito, com antecedência, o Ministério da Justiça. Eram policiais e agentes estrangeiros agindo com a Lava Jato, não só sem autorização, mas sem conhecimento oficial. Violação da soberania, proporcionada por procuradores da República, servidores públicos. Caso de exoneração e processo criminal.
O sigilo é tão mais suspeito quanto era certo que o governo nada oporia, como não veio a opor. Há até uma delegação permanente do FBI no Brasil, trabalhando inclusive em assuntos internos como as investigações de rotas do tráfico. O motivo real do sigilo é desconhecido, e só pode ser comprometedor.
Bruno Rodríguez Parrilla, autor do tweet abaixo, é o ministro de Relações Exteriores de Cuba.
No mundo inteiro, por onde passam, os médicos cubanos deixam rastro de gratidão, humanidade e saudade gigantes.
Afinal, eles atuam onde frequentemente os profissionais locais não querem ir por distância, falta de estrutura, riscos, entre outras razões.
“Nós não oferecemos o que temos de sobra. Nós compartilhamos o que temos”, dizem com orgulho.
Com toda a razão.
Não é da boca para fora. Nem para inglês ver. Faz parte da cultura médica de Cuba.
As distantes comunidades indígenas e ribeirinhas do Norte e Nordeste do Brasil são testemunhas disso.
Antes do advento do Programa Mais Médicos, em 2013, os seus habitantes nunca tinham visto um médico na vida.
Assim como as periferias das grandes capitais brasileiras, que padecem cronicamente da falta de médicos, pois os nossos fogem por receio da violência.
Não é só.
Sempre que há grandes desastres, lá estão como voluntários os profissionais de saúde cubanos.
É o que aconteceu em janeiro de 2010, quando um terremoto devastou o Haiti.
Ou quando, em 2014, houve na África Ocidental (principalmente em Serra Leoa, Guiné e Libéria) o pior surto do vírus Ebola na história.
Em outubro daquele ano, o governo cubano enviou 165 médicos e enfermeiros para Serra Leoa e 91, para Libéria e Guiné.
Àquela altura (de março a outubro de 2014), o Ebola já havia matado na África Ocidental mais de 4.500 pessoas, entre as quais de 200 trabalhadores da saúde.
Mesmo sabendo dos riscos, eles foram solidariamente prestar ajuda humanitária ao povo africano.
Por tudo isso, os ataques injustos e desonestos aos médicos cubanos nos causam profunda indignação.
No Brasil, em 2018, assistimos à agudização dessa selvageria contra quem atende realmente com respeito, dignidade, ética e competência o povo.
Jair Bolsonaro, na campanha e após eleito presidente, desferiu reiteradas grosserias e ameaças contra os médicos cubanos.
Em 14 de novembro de 2018, até por questões de segurança física dos seus profissionais, o Ministério da Saúde Pública de Cuba decidiu interromper sua participação no Programa Mais Médicos e retirar os 8.500 médicos que aqui estavam.
Exatamente um ano depois os médicos cubanos são alvo dos golpistas na Bolívia, por coincidência apoiados por Bolsonaro.
Nas redes sociais, campanhas difamatórias fomentam o ódio e a violência contra os profissionais cubanos.
Chegam a dizer que eles participam, organizam e estão envolvidos nos protestos na Bolívia.
Nas últimas horas diferentes autoridades do governo golpista têm apresentado discurso semelhante ao das redes sociais.
Nesse contexto, pelo menos seis médicos cubanos foram presos desde quarta-feira, 13 de novembro.
A prisão mais recente foi a da chefe da Brigada Médica Cubana na Bolívia, dra. Yoandra Muro Valle, nessa quinta-feira, 14 de novembro, em La Paz. Detido junto, o responsável pela logística da Brigada, Alfonso Pérez.
Além de negar enfaticamente a participação dos colaboradores cubanos, Eugenio Martínez Enriquez, diretor geral da América Latina e Caribe do Ministério de Relações Exteriores de Cuba, denunciou as prisões arbitrárias.
Vehículo de la Embajada de #EEUU placa 28-CD-17 participa en operativo de policía de #Bolivia detuvo médicos cubanos en Ave Enrique Herzog, Achumany, Zona Sur, La Paz. Embajada de EEUU participa en instigación a la violencia contra médicos cubanos. pic.twitter.com/drRl5idopr
(…) nesses momentos em que estamos falando, a coordenadora da Brigada Médica Cubana na Bolívia, companheira Yoandra Muro Valle, foi detida injustamente, juntamente com a Logística da Brigada, camarada Jacinto Alfonso Pérez.
As autoridades da Interpol Bolívia foram à casa do chefe da brigada médica cubana e, sem qualquer motivo, sem justificativa legal ou real, a detiveram no momento em que estamos conversando.
Curiosamente, um carro da Embaixada dos Estados Unidos cujo registro confirma que também está estacionado nas proximidades da casa.
Estamos denunciando esta situação agora.
As autoridades bolivianas ainda não nos deram uma resposta, e isso está acontecendo no momento em que estamos conversando, mas a Embaixada de Cuba está envolvida no esclarecimento dessa situação.
Esses incidentes estão ocorrendo nas últimas horas.
Isso aconteceu ontem [quarta-feira] em Santa Cruz, quando um coronel da Interpol em frente às câmeras de televisão foi às casas de colaboradores cubanos naquela cidade sob o pretexto de responder a uma queixa dos vizinhos de que havia armas.
Em frente às câmeras de televisão e sem ordem judicial, eles entraram em uma das casas, revistaram o que quiseram, verificaram os pertences de cada um dos colaboradores, inclusive das companheiras que ali estavam.
Eles não encontraram nada e assim mesmo disseram isso diante das câmeras de televisão aos que assistiam este espetáculo contra os colaboradores cubanos.
No twitter, o ministro de Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, Bruno Rodríguez P@BrunoRguezP
Vehículo de la Embajada de #EEUU placa 28-CD-17 participa en operativo de policía de #Bolivia detuvo médicos cubanos en Ave Enrique Herzog, Achumany, Zona Sur, La Paz (veja no topo)
QUATRO PRESOS QUANDO VOLTAVAM PARA CASA COM DINHEIRO PARA PAGAR ALUGUEL
Na quarta-feira, em 13 de novembro, quatro membros da Brigada Médica em El Alto foram presos pela polícia quando voltavam para casa com dinheiro retirado de um banco para pagar os serviços básicos e o aluguel dos 107 membros da Brigada Médica nessa região.
Em nota publicada no Granma, o Ministério das Relações Exteriores de Cuba denunciou as quatro prisões e exigiu a libertação imediata deles:
(…) A prisão veio sob a presunção caluniosa de que o dinheiro era dedicado ao financiamento dos protestos.
Os representantes da polícia e do Ministério Público visitaram a sede da Brigada Médica em El Alto e La Paz e confirmaram, a partir de documentos, folhas de pagamento e dados bancários, que a quantia em dinheiro coincidia com a quantia extraída regularmente todos os meses.
Os quatro colaboradores presos são:
Amparo Lourdes García Buchaca, Licenciada em Eletromedicina. Em Cuba, ela trabalhou no Centro Provincial de Eletromedicina na província de Cienfuegos antes de iniciar a missão na Bolívia, em março deste ano.
Idalberto Delgado Baró, Licenciado em Economia pelo município especial Isla de la Juventud, que trabalhou no Centro Municipal de Eletromedicina da Isla de la Juventud até que ingressou na missão na Bolívia, em março passado.
Ramón Emilio Álvarez Cepero, especialista em Cuidados Intensivos e Endocrinologia, que trabalhou em Cuba no Hospital Geral Gustavo Aldereguía, na província de Cienfuegos, até o início de sua missão na Bolívia, em julho de 2017.
Alexander Torres Enriquez, especialista em Medicina Geral Integral que trabalhou em Cuba na Policlínica Carlos Verdugo, na província de Matanzas, quando saiu para completar uma missão, em 3 de fevereiro de 2019.
Os quatro colaboradores cubanos têm uma trajetória reconhecida de acordo com seu perfil ocupacional e, tal como os demais que prestam uma missão na Bolívia, aderem estrita e rigorosamente ao trabalho humanitário e cooperativo que os motivou a viajar para o país sob acordos intergovernamentais.
APELO ÀS AUTORIDADES BOLIVIANAS PARA QUE PAREM ESTÍMULO À VIOLÊNCIA
Na mesma nota, o Ministério das Relações Exteriores exige a libertação imediata dos quatro profissionais de saúde cubanos detidos na Bolívia sob acusações difamatórias.
Também exige que as autoridades bolivianas garantam a integridade física de cada um dos colaboradores cubanos, que “deram sua contribuição solidária à saúde daquele povo irmão”:
O ministério das Relações Exteriores rejeita as falsas acusações de que esses companheiros incentivam ou financiam protestos baseados em mentiras deliberadas e sem fundamento.
O Ministério das Relações Exteriores exige que os colaboradores detidos sejam libertados imediatamente e que as autoridades bolivianas garantam a integridade física de cada um dos colaboradores cubanos, de acordo com as responsabilidades adquiridas pelo Estado boliviano com a segurança e a proteção dos funcionários correspondentes aos acordos intergovernamentais assinados.
O Ministério das Relações Exteriores apela às autoridades bolivianas para que interrompam a exacerbação de expressões irresponsáveis anticubanas e odiosas, difamações e instigações à violência contra cooperadores cubanos, que deram sua contribuição solidária à saúde daquele povo irmão boliviano.
Os milhões de bolivianos que receberam a atenção altruísta das centenas de médicos cubanos sabem perfeitamente que as mentiras não podem esconder a contribuição meritória e o nobre propósito de nossos profissionais de saúde.
Por volta das 22h (horário de Cuba), o ministro da Saúde Pública de Cuba informou pelo twitter que “ a chefe da Brigada Médica Cubana na Bolívia, Dra. Yoandra Muro Valle, depois de ter sido submetida a injustificada detenção e interrogatória por parte da polícia, regressou à sede da coordenação cubana.