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Denúncia contra Bolsonaro é destaque na imprensa internacional: ‘Nunca aceitou a derrota’

Maioria dos jornais estrangeiros classificaram Bolsonaro como um ‘ex-presidente da extrema direita’ que tentou um golpe de Estado.

The New York Times, dos Estados Unidos, classificou a denúncia como o “último capítulo” de uma saga que inclui Bolsonaro desacreditando o sistema de votação brasileiro, uma eleição “tensa” em que o ex-presidente “nunca aceitou completamente a derrota” e uma invasão aos prédios dos Três Poderes por seus apoiadores.

O The Washington Post, também estadunidense, destacou que “o procurador-geral da República, Paulo Gonet, acusou formalmente nesta terça-feira o ex-presidente Jair Bolsonaro de tentar dar um golpe para permanecer no cargo após sua derrota nas eleições de 2022, em uma conspiração que também incluía um plano para envenenar seu sucessor e atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva”.

O britânico The Guardian publicou que “Jair Bolsonaro é acusado de suposto plano de golpe de extrema direita para tomar o poder no Brasil”. O jornal do Reino Unido destacou no segundo parágrafo que a “conspiração” bolsonarista “incluía um plano para envenenar Luiz Inácio Lula da Silva e matar a tiro o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, um inimigo do antigo presidente”.

Na França, o jornal Le Monde noticiou no título que Bolsonaro, “antigo presidente de extrema direita do Brasil”, foi acusado de planejar um golpe contra Lula. “O antigo presidente de extrema direita (2019-2022) e 33 outros suspeitos são acusados de incitar e praticar atos contrários aos três poderes e ao Estado de direito democrático”, escreveu o veículo.

O espanhol El País também identificou Bolsonaro como um “ex-presidente de extrema direita” acusado por tentar “reverter a sua derrota eleitoral”. “Em novembro passado, a polícia pediu a acusação do antigo presidente de extrema direita. O Procurador-Geral da República afirma agora que Bolsonaro liderou ‘uma organização criminosa baseada num projeto autoritário de poder’.”

Na Argentina, a denúncia também foi destaque no jornal La Nación. “Promotores brasileiros acusaram nesta terça-feira o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas de uma tentativa de golpe em 2022 para impedir que seu sucessor, Luiz Inácio Lula da Silva, assumisse o cargo”, afirmou o veículo argentino.

Na mesma linha, o Clarín, também na Argentina, destacou que “Jair Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe em 2022”. O jornal ainda noticiou que ele também é acusado de “tentar abolir violentamente o estado democrático de direito” e de “organização criminosa armada”, e que “outras 33 pessoas também foram acusadas pelos tribunais locais”.

O venezuelano Telesur afirmou que a denúncia do procurador-geral da República, Paulo Gonet, alega “a responsabilidade de Bolsonaro como líder da estratégia do golpe, que terminou com os seus apoiantes a invadirem os edifícios dos três poderes em Brasília em 8 de janeiro de 2023”.

Denúncia no Supremo
No Supremo, caso haja rejeição da denúncia, o inquérito é arquivado. Se os ministros aceitarem, porém, Bolsonaro se torna réu e o processo penal tem início. Essa decisão pode ser tomada pelo plenário do STF, com os 11 ministros, ou pela Primeira Turma da Corte, presidida por Alexandre de Moraes, que também é relator do caso. Além de Moraes, compõem o colegiado Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Com o aceite da denúncia, os ministros ouvem a acusação e a defesa do ex-presidente. Depois, na etapa da instrução penal, são ouvidas as testemunhas, os peritos e os réus. Por último, as partes de defesa e acusação voltam para fazer as alegações finais. Somente após esta etapa é que os ministros decidem pela condenação ou absolvição Com ICL.

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Mundo

Israel sofre derrota e Hamas se fortalece como interlocutor geopolítico

O acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediado pelos governos do Catar, do Egito e dos Estados Unidos, não apenas interrompe temporariamente as hostilidades, mas também marca um momento de profundo impacto geopolítico e humanitário no Oriente Médio. Diversas análises apontam que o conflito expõe fragilidades de Israel, fortalece a resistência palestina e sublinha a necessidade de soluções duradouras. As avaliações convergem em torno do reconhecimento da importância do acordo e da urgência de avanços concretos para uma paz sustentável na região.

O Portal Vermelho consultou analistas do assunto que foram unânimes em apontar uma profunda derrota moral e estratégica para Israel. José Reinaldo Carvalho, presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), Emir Mourad, secretário-geral da Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe (Coplac), e Amyra El Khalili,a economista socioambiental e editora do Movimento Mulheres pela P@Z!, apontaram seus argumentos para esta conclusão. O governo brasileiro, por meio de Lula e de sua diplomacia, também se manifestou celebrando o acordo (confira ao final).

Objetivos não cumpridos

José Reinaldo Carvalho, Cebrapaz

José Reinaldo Carvalho, que também é membro da Comissão Política do PCdoB, afirmou que o desfecho do conflito representa uma derrota para Israel e um avanço significativo para a resistência palestina. Segundo Carvalho, a ofensiva israelense tinha como objetivo a aniquilação do Hamas, mas terminou com Israel desmoralizado e forçado a negociar diretamente com o movimento.

“Israel sai desmoralizado e isolado no mundo. Internamente, o regime israelense está em crise, enquanto o Hamas demonstrou maturidade política e capacidade de articulação”, declarou Carvalho. Ele também ressaltou que o Hamas emerge como um interlocutor geopolítico incontornável, tendo governos como os do Catar e do Egito em diálogo direto com sua liderança.

Para Carvalho, o cessar-fogo simboliza não apenas uma pausa na violência, mas também uma “derrota significativa” para os agressores. Ele destacou ainda que a resistência palestina deve agora concentrar-se em aliviar a crise humanitária em Gaza, garantir o cumprimento do acordo e fortalecer sua luta histórica por independência.

Acordo e papel do Hamas no cenário internacional

O presidente do Cebrapaz ressaltou que o acordo de cessar-fogo evidencia a influência do Hamas no cenário geopolítico, tornando-se um interlocutor incontornável. “Governos árabes, como os do Egito e Catar, foram negociadores e fiadores do acordo, dialogando intensamente com a direção do Hamas. Já o imperialismo estadunidense e os genocidas israelenses, que tinham como propósito aniquilar o movimento, foram obrigados a reconhecer sua autoridade”, avaliou.

O Hamas, por sua vez, celebrou a trégua como uma vitória da “lendária firmeza do povo palestino”. Carvalho destacou que essa resistência não é apenas retórica, mas uma demonstração de abnegação e persistência diante de adversidades extremas. “A trégua simboliza uma derrota significativa para os agressores, que se viram obrigados a reconhecer a força da resistência e a sentar-se à mesa de negociação”, afirmou.

Prioridades para a resistência palestina

Segundo Carvalho, o próximo passo da resistência é enfrentar a crise humanitária em Gaza, lutar por um cessar-fogo abrangente e permanente e reacumular forças para liderar a luta histórica pela libertação total e independência da Palestina. “O acordo é imperioso e indispensável. Ele representa uma pausa necessária nas agressões contra a população de Gaza, alivia a crise humanitária e abre caminho para soluções mais duradouras”, explicou.

Carvalho também enfatizou a importância de garantir o cumprimento do acordo, exercendo pressão internacional contra possíveis violações. “Os mediadores prometeram emitir uma resolução no Conselho de Segurança da ONU para apoiar o cessar-fogo, mas os inimigos figadais da paz e da libertação continuam vociferando ameaças de novas agressões”, alertou.

Concluindo, José Reinaldo Carvalho destacou que o cessar-fogo é apenas o início de um longo caminho rumo à paz duradoura e à justiça para o povo palestino. “A vitória da resistência é também a derrota dos agressores. Este acordo é um marco histórico e prova que, mesmo diante das adversidades mais extremas, é possível obter conquistas concretas. A luta pela liberdade da Palestina segue mais legítima e urgente do que nunca.”

Apenas uma batalha

Emir Mouad, secretário-geral da Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe (Coplac)

Emir Mourad apresentou uma visão mais cautelosa. Para Mourad, o cessar-fogo é um passo necessário, mas insuficiente para mudar a dinâmica de opressão contra os palestinos. O histórico do conflito e a continuidade de práticas como a limpeza étnica contra os palestinos lançam dúvidas sobre a efetividade e a durabilidade do acordo.

“O cessar-fogo momentâneo pode servir para a troca de reféns, mas a limpeza étnica segue em curso. Desde 1948, essa política vem sendo construída e nada nos garante que haverá mudanças significativas no médio e longo prazo”, afirmou Mourad. Ele também destacou as pressões internacionais sobre Israel, especialmente dos Estados Unidos, como fatores determinantes para o acordo.

Mourad alertou sobre as violações ao cessar-fogo e a escalada de tensões em regiões como o Líbano, apontando que os impactos militares e políticos do conflito ainda estão em curso. Ele também observou que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu enfrenta pressões internas significativas, refletindo a instabilidade política em Israel.

O secretário-geral da Coplac enfatizou que o acordo, além de permitir aliviar a crise humanitária, revelam fracassos de Netanyahu. “Israel não alcançou seus objetivos políticos, como a expulsão dos palestinos do norte de Gaza e a destruição completa da resistência. Esses fracassos são evidentes quando analisamos os resultados concretos”, avaliou.

O impacto humanitário e as limitações do acordo

Apesar das limitações, Mourad reconheceu que o cessar-fogo trouxe um “respiro” para a população palestina. “Esse momento é importante para reconstruir a infraestrutura de saúde e oferecer um alívio mínimo ao povo de Gaza. Mas devemos lembrar que o acordo é dividido em três fases, e apenas a primeira foi formalizada até agora, com monitoramento permanente ao longo de 42 dias. O que ocorrerá depois disso é incerto”, pontuou.

A escalada de tensões no Líbano e as violações ao cessar-fogo na região são outros pontos de preocupação. Mourad lembrou que a resistência libanesa também sofreu ataques, mas que Israel não conseguiu alcançar seus objetivos militares no país. “A derrubada da Síria e as ações no Líbano mostram como o redesenho do Oriente Médio segue em curso, com impactos militares e políticos profundos”, analisou.

Contexto político em Israel e nos EUA

Mourad destacou que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta pressões internas significativas, inclusive risco de colapso do governo. “Netanyahu teve que costurar alianças políticas para garantir a aprovação do acordo. Há descontentamento entre setores da extrema direita israelense que abominam qualquer concessão à resistência palestina”, explicou.

Nos Estados Unidos, tanto o presidente Joe Biden quanto Donald Trump, que reassume a presidência em breve, têm interesses estratégicos na região. Segundo Mourad, Biden tenta deixar um “legado positivo” ao mediar o cessar-fogo, enquanto Trump busca consolidar alianças no Oriente Médio e retomar os Acordos de Abraão.

Mourad concluiu com uma análise realista sobre os próximos passos: “Este é apenas um pequeno passo em uma batalha que está longe de terminar. A resistência palestina precisará se adaptar às novas realidades e continuar lutando por seus direitos. A comunidade internacional, por sua vez, deve se manter vigilante para garantir que acordos como este não sejam usados como pretextos para perpetuar a opressão.”

Derrota da “vitrine de extermínio”

Amyra El Khalili, rede Movimento Mulheres pela P@Z!

Amyra El Khalili, compartilhou uma análise contundente sobre a situação, voltando anos antes para demonstrar a dimensão dos interesses em jogo e das perdas e ganhos. A análise parte de um contexto em que Israel, segundo El Khalili, enfrenta derrotas significativas em diversos campos, da opinião pública internacional à economia interna, enquanto a resistência palestina conquista avanços simbólicos e políticos.

Para Amyra, o contexto atual é marcado por um misto de emoções: “Os palestinos estão emocionados. Eu falo com jornalistas, com as mulheres palestinas, as mães dos militantes e dos prisioneiros. Todos compartilham uma dor coletiva e uma resistência que transcende as fronteiras de Gaza”.

Ela explica que a presença de policiais nas ruas de Gaza após o cessar-fogo não é apenas uma questão organizacional, mas também uma mensagem estratégica: “Esses homens são policiais do governo de Gaza, que é liderado pelo Hamas, um partido eleito. Essa mobilização é uma reafirmação de que o governo ainda está operante, contrariando a narrativa israelense de colapso”.

A história do conflito: genocídio e resistência

Amyra destaca que os objetivos israelenses estão enraizados em um plano de longa data: o “Plano de Decisão”, anunciado em 2017 pelo ministro Bezalel Smotrich. Segundo ela, o plano oferecia três opções à população palestina: viver como cidadãos de segunda classe, emigrar ou enfrentar a morte. “Os palestinos de Gaza decidiram que, se é para morrer, será lutando. A operação ‘Tempestade de Al Aqsa’, desencadeada em 7 de outubro de 2023, foi um contra-ataque preventivo ao genocídio planejado para novembro”, defende ela.

Ela aponta que a resistência conseguiu desarmar sistemas de segurança israelenses, invadir territórios ocupados e levar reféns para negociar a liberdade de prisioneiros palestinos. “Esses prisioneiros são uma questão sensível para o povo palestino, pois quase todos têm algum parente ou conhecido que sofreu tortura ou morreu nas prisões israelenses”.

Amyra acredita que os objetivos da resistência foram alcançados até certo ponto: “A Palestina voltou à agenda mundial. Gaza era bombardeada semanalmente sem receber atenção da imprensa. Agora, o mundo está discutindo o genocídio e os crimes de guerra contra os palestinos”. Ela também ressalta que o objetivo de trocar prisioneiros está em curso, apesar dos desafios impostos por Israel.

Segundo Amyra, Gaza foi transformada em um campo de concentração e uma vitrine para o mercado armamentista israelense. “Israel bombardeava Gaza e exibia vídeos para vender suas tecnologias de extermínio ao mundo”, denuncia.

O acordo mediado: uma vitória estratégica

Amyra enfatiza que o reconhecimento de um Estado palestino sempre encontrou barreiras no Knesset, o parlamento israelense, que rejeita a solução de dois estados. “A resistência palestina continua a lutar não apenas pela sobrevivência, mas pela dignidade e pela liberdade de seu povo”.

De acordo com El Khalili, o recente acordo mediado é uma reedição do que fora proposto anteriormente pelo Qatar, mas rejeitado pelo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em dezembro do ano passado. Essa rejeição inicial submeteu reféns israelenses a meses de cativeiro em Gaza, com consequências graves, incluindo a morte de alguns durante ataques dos próprios israelenses.

“Não interessa ao Hamas matar reféns. Devolver essas pessoas sãs e salvas é uma das maiores estratégias geopolíticas que eles podem empregar”, argumenta a professora. Para ela, o ato de liberar reféns em boas condições é uma demonstração política e moral que reforça a imagem do Hamas perante a opinião pública global e, especialmente, entre os israelenses. Ela também sublinha o impacto da propaganda sionista, que, segundo ela, intoxica muitos israelenses ao perpetuar a ideia de que os palestinos são terroristas.

El Khalili destaca como Israel tem sofrido derrotas em várias frentes. No âmbito interno, muitos israelenses, especialmente aqueles com dupla cidadania, estão deixando o país devido à insegurança crescente. “Israel perde na economia, na comunicação e na segurança de sua própria população”, afirma.

O martírio e a luta pela liberdade

Para os palestinos, a resistência é uma questão de sobrevivência e dignidade. Amyra ressalta que a ideia de martírio é frequentemente mal interpretada no Ocidente: “Dizer que os islâmicos gostam de morrer ou cultuam o martírio é uma visão distorcida. Para eles, trata-se de lutar com orgulho contra a humilhação e a opressão”.

Ela lembra que Gaza tem sido palco de massacres recorrentes desde que foi isolada por muros. Apesar disso, o povo palestino segue resistindo, preferindo enfrentar a violência a aceitar a subjugação.

Amyra também aborda os interesses geopolíticos que alimentam o conflito. Segundo ela, Israel busca controlar recursos energéticos estratégicos, como petróleo e gás, e usar Gaza como uma rota para exportação desses recursos. “O objetivo é claro: atacar o Irã e consolidar o domínio sobre as riquezas naturais da região”, afirma.

A professora também destaca o papel do Irã como um agente diplomático cauteloso. Apesar de apoiar a resistência, o país evita confrontos diretos devido à presença de armas nucleares em Israel. Essa diplomacia cuidadosa reflete a complexidade do cenário e a importância de evitar uma escalada que poderia ter conseqüências devastadoras.

Para ela, o acordo recente representa uma vitória simbólica e estratégica para a resistência palestina. “É uma demonstração de que a resistência não se intimida diante do poderio militar israelense e de que a luta por liberdade é inegociável”, conclui. A troca de reféns e a resposta popular palestina mostram que, mesmo diante de desafios extremos, a resistência permanece viva e resiliente.

Posição do governo brasileiro

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) também se posicionaram sobre o cessar-fogo, reforçando o compromisso do Brasil com soluções pacíficas no Oriente Médio. Lula celebrou a trégua como um sinal de esperança, destacando a necessidade de construção de uma solução duradoura para o conflito.

“Que a interrupção dos conflitos e a libertação dos reféns ajudem a construir uma solução duradoura que traga paz e estabilidade a todo Oriente Médio”, escreveu o presidente em suas redes sociais.

O Itamaraty, em nota oficial, saudou o cessar-fogo e sublinhou a importância de respeitar os termos do acordo, garantindo ajuda humanitária e a reconstrução da infraestrutura de Gaza. O comunicado reiterou o compromisso brasileiro com a solução de dois Estados, com um Estado palestino independente e viável, convivendo em paz com Israel.

Embora o cessar-fogo seja amplamente saudado, ele é visto apenas como um passo inicial em um longo caminho. A resistência palestina precisará lidar com as adversidades humanitárias e manter sua luta por direitos, enquanto a comunidade internacional deve garantir que o acordo não seja usado como pretexto para perpetuar a opressão. Como enfatizou o Itamaraty, o compromisso com o diálogo e a solução de dois Estados permanece essencial para uma paz duradoura. Com Vermelho.

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Política

Presidente Lula vê sucessão de erros e derrota para oposição em norma sobre Pix

Tratamento burocrático da medida pela equipe econômica está entre as críticas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se irritou com a condução da crise que culminou com a revogação da norma da Receita Federal que ampliaria a fiscalização sobre transações via Pix, segundo relato de aliados.

Dentro e fora do Palácio do Planalto, a avaliação é a de que o governo sofreu uma derrota para a oposição, após uma sucessão de erros, no debate sobre a fiscalização do Pix.

Entre os pontos criticados, está o fato de uma medida dessa magnitude ter recebido um tratamento burocrático da equipe econômica, sem a definição de uma estratégia de comunicação.

O presidente e a Casa Civil afirmam que não tinham conhecimento da medida até a repercussão nas redes sociais. A principal pecha que a oposição busca colar no governo é de que é uma gestão que gosta de impostos e de taxar. Nos últimos dias, viralizaram vídeos e publicações críticas ao governo quanto à medida do Pix.

O principal deles é o do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), em que ele afirma que o governo “só está pensando em arrecadar, sem te oferecer nada” e fala em “quebra de sigilo mascarado de transparência”. O vídeo registra mais de 200 milhões de visualizações no Instagram.

No vídeo, o parlamentar afirma que o Pix não seria taxado com a norma da Receita, mas diz “não duvidar” que o sistema de pagamento possa ser tributado no futuro e argumenta sobre os possíveis impactos das regras para profissionais autônomos e MEIs (microempreendedores individuais).

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) chegou a afirmar nas redes sociais que iria à Justiça contra Nikolas por causa “das fake news que espalhou sobre o Pix”.

Após reuniões descritas como tensas, Lula fez um cálculo político ao revogar a norma. Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha defendido o mérito da medida até a manhã desta quarta-feira (15), quando teve a primeira reunião com o presidente, pesou o argumento de que uma campanha publicitária já não seria mais suficiente para deter a onda críticas à medida, fake news e a prática de crimes contra a economia popular, com aplicação de golpes.

Além disso, o governo foi avisado sobre o risco de aprovação de decreto legislativo para a derrubada da norma, caso mantida.

A contragosto, o presidente aceitou o recuo — comemorado pela oposição — para estancar o clima de desconfiança na população e o risco de fuga de dinheiro do sistema financeiro.

O ministro-chefe da Secom, Sidônio Palmeira, é apontado como um dos principais defensores da revogação, com o apoio de Rui Costa (Casa Civil) — que conversou sobre o tema antes de entrar de férias, na quarta-feira (15).

Revogação de norma do Pix dividiu governo
Segundo esses aliados, diante da repercussão nas redes sociais e nas ruas, Haddad já não apresentava forte resistência à proposta de revogação da norma, mas fazia ponderações em favor de sua manutenção aliada à edição de uma medida provisória sobre o tema.

Antes da revogação, houve uma proposta para a realização de um pronunciamento em rede nacional para explicar a medida.

O tema é o primeiro a opor Haddad e Sidônio, desde que o marqueteiro tornou-se ministro palaciano, na véspera. No passado, o marqueteiro defendeu a inclusão da isenção do Imposto de Renda para quem ganhar até R$ 5.000 no anúncio de pacote de corte de gastos — e também saiu vitorioso.

Na véspera do recuo, o secretário da Receita Federal, Robson Barreirinhas, defendeu a manutenção da medida em entrevistas. “O que vai acontecer se eu revogar hoje? Eu vou prejudicar diretamente o pequeno contribuinte e vou dar um presentão para os criminosos”, disse.

O anúncio feito no Palácio do Planalto por Haddad, Jorge Messias (AGU) e Barreirinhas.

O martelo foi batido à tarde após duas reuniões que contaram com a presença de Haddad e Sidônio. À tarde, Messias e Barreirinhas se juntaram ao grupo.

Entre os erros listados por aliados do presidente, está o fato de o Ministério da Fazenda não ter definido uma estratégia antes da instituição da norma. Diante da repercussão, aliados do presidente reconheceram ter sofrido uma derrota já na largada.

Mas o recuo dividiu o governo. Parlamentares que integram a base governista se queixaram da decisão após terem defendido publicamente a regra.

Sob reservas, um ministro afirma que o episódio deixa uma lição para o governo de que é preciso ficar atento para a construção de narrativas negativas antes da adoção de medidas de impacto. Com ICL.

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Lula responsabiliza Bolsonaro pelo 8/1: “Não aceitou nossa vitória”

Em entrevista ao Metrópoles, o presidente Lula defendeu a democracia e comentou sobre a responsabilização dos autores de 8/1.

Às vésperas de completar um ano dos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) conversou com o Metrópoles e falou sobre democracia e responsabilização de mentores e participantes do episódio.

Para o chefe do Executivo, o ex-presidente e seu adversário direto, Jair Bolsonaro (PL), é o responsável por arquitetar a ação. O petista afirmou que Bolsonaro planejou e, “covardemente, se escondeu”, ao sair do país antes do término do mandato, em 2022.

“Eu acredito que tem um responsável direto, que planejou tudo isso e que, covardemente, se escondeu e saiu do Brasil com antecedência, que foi o ex-presidente da República”, disse, sem citar o nome de Bolsonaro.

“É sabido que ele não aceitou a nossa vitória. É sabido que ele tentou desmoralizar, o tempo inteiro, a Justiça Eleitoral. É sabido que ele tentou desmoralizar todas as instituições possíveis. Ele planejou isso, covardemente, e não teve coragem de assumir. Saiu e deixou os mandantes dele para cumprir o que fez”, completou.

Um ano após os atos golpistas de 8 de janeiro, o Metrópoles traz um documentário analisando o que a democracia brasileira viveu naquele dia. Assista ao especial, a partir da meia-noite da próxima segunda-feira, dia 8 de janeiro de 2023, no YouTube. A conversa com o presidente faz parte do material levantado pela reportagem.

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‘Foi a maior derrota da carreira de Netanyahu’, diz especialista da Crisis Group sobre impacto da guerra em Israel

Para Joost Hiltermann do Crisis Group, conflito pode transbordar para outros países do Oriente Médio dependendo do que acontecer em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, sagrada para muçulmanos e cristãos.

Ninguém estava preparado” para o que aconteceu na manhã de sábado em Israel, quando o grupo extremista armado Hamas lançou um ataque-surpresa terrorista sem precedentes por terra, céu e mar, disse ao GLOBO Joost Hiltermann, diretor do programa de Oriente Médio do Crisis Group e especialista no tema. Para ele, o resultado desta escalada do conflito entre judeus e palestinos é igualmente difícil de mensurar: “dependendo do que acontecer em Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental, sagrada para muçulmanos e cristãos”, outros atores regionais podem se envolver no conflito, transformando a disputa territorial em uma guerra mais ampla no Oriente Médio, avalia.

O especialista também destaca os impactos do confronto para a política interna de Israel:

— Se a guerra se limitar a Israel e ao Hamas, Israel vencerá militarmente. Mas do ponto de vista político e psicológico, o Hamas já venceu — afirma. — O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sofreu a maior derrota de sua carreira.

Joost Hiltermann, diretor do programa de Oriente Médio do Crisis Group — Foto: Acervo pessoal

O que explica a falha de segurança de Israel nos ataques do Hamas?

É preciso perguntar às autoridades israelenses sobre isso e ver o que elas dizem, o resto é especulação. Mas minha impressão é que a inteligência israelense tem se concentrado na fronteira norte e na ameaça do Hezbollah e do Irã. E isso não significa que eles não estejam de olho no Hamas nem suspeitem das ligações entre o Hamas e o Irã. Mas, na minha opinião, eles fizeram uma avaliação errada de que o Hamas não tinha capacidade de travar uma guerra de grandes proporções neste momento, porque ainda estava se recuperando dos últimos confrontos. Eles também não achavam que o Hamas consideraria esse o momento certo pelo mesmo motivo. E digo isso em retrospecto, porque também fiquei surpreso com o fato de que esse era o melhor momento. Ninguém estava preparado.

  • O Hamas atacou por terra, céu e mar. Como tiveram acesso a todos esses equipamentos sem serem notados?

Foi um ataque multifacetado muito bem planejado e bem coordenado, realizado em motocicletas, caminhonetes e algumas asas-delta, que não são tão difíceis de conseguir. São todos equipamentos muito pequenos que podem ser facilmente usados com os foguetes, muitos deles feitos em casa. E o Hamas vem construindo esse arsenal há muito tempo, embora seja um arsenal pouco sofisticado. Mas esse é o ponto. É um povo que está sendo oprimido há muito tempo e está desesperado. Eles irão recorrer a todos os meios para encontrar uma forma de lutar por sua liberdade, inclusive motocicletas. No entanto, é preciso dizer que são meios muito imorais atacar, matar e sequestrar civis.

Qual é a gravidade do que está acontecendo neste momento? Podemos falar de uma nova guerra de Yom Kippur?

O único paradoxo com a guerra do Yom Kippur é o elemento surpresa, mas, fora isso, é muito diferente, porque no Yom Kippur eram os exércitos sírio e egípcio que cruzavam o território ocupado por Israel. Hoje, estamos falando de atores palestinos não estatais. O Hamas entrou em Israel a partir do território ocupado e conquistaram alguns tanques, capturaram algumas estruturas, mas foi um ataque baseado no uso de asas-delta, motocicletas e caminhonetes, totalmente diferente do que aconteceu no Yom Kippur.

A recente conexão entre Israel e a Arábia Saudita pode ter desencadeado esse ataque? Quais razões podem estar por trás do momento escolhido pelo Hamas?

Não creio que exista um gatilho único e, certamente, essas conversas não foram um gatilho, porque elas já estavam acontecendo há algum tempo. O Hamas citou a violência em Jerusalém, nas prisões palestinas, que tiveram sérios problemas nas últimas semanas, e também os protestos violentos em Gaza, na fronteira com Israel. Portanto, pode-se dizer que esses foram os gatilhos, embora as tensões não tenham sido tão diferentes de outras que ocorreram no passado. Parece ter sido muito mais a percepção de que Israel estava vulnerável naquele momento e que o Hamas já estava planejando um ataque há meses.

O Irã já declarou apoio à Palestina e o Hezbollah disparou mísseis em “solidariedade” ao Hamas… Qual é a chance de esse novo conflito entre Israel e Palestina se espalhar pelo Oriente Médio?

Depende do que Israel fizer em Gaza e do que acontecer na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, sagrada para muçulmanos e cristãos. Isso pode determinar se outros atores se envolverão no conflito, como o Hezbollah ou o Irã. No momento, não parece que isso vá acontecer, mas quem sabe? Às vezes, os conflitos acontecem porque os atores são arrastados, não porque eles realmente querem.

Correspondente em Tel Aviv: ‘Um foguete do Hamas caiu a uma quadra de onde estou dormindo’, relata Paola de Orte
Os EUA declararam apoio incondicional a Israel. Existe algum risco de que isso possa ser o início de um conflito global?

Não imediatamente. Os Estados Unidos estão brigando com a China pela Palestina, mas a Rússia não vai se envolver, porque está muito ocupada na Ucrânia. Então não parece que haja risco de um conflito global, embora possa haver uma escalada precoce além de Israel e Gaza. Espero que não aconteça, mas é possível.

Netanyahu prometeu destruir todos os locais onde o Hamas está presente. Estamos prestes a ver um banho de sangue?

Netanyahu prometeu destruir os locais onde há equipamento do Hamas, mas o problema é que são áreas povoadas por civis. Não posso prever nada nesse sentido, sob o risco de facilmente estar errado. Mas se Israel lançar uma invasão terrestre em Gaza é seguro dizer que haverá muitas baixas.

Existe um lado certo e um lado errado nessa história?

Há dois modos de analisar esta questão. Um deles é o da guerra, porque existe uma lei internacional para isso e ambos os lados violaram essa lei atacando civis e usando poder de fogo desproporcional. Não estou falando apenas de ontem, mas do passado. Mas há também a dimensão da ocupação militar isralenese de outro povo no território desse outro povo. E isso, inerentemente, causa mais conflitos. É isso que precisa ser resolvido, esperamos que por meio de negociações.

Em termos de política interna, Netanyahu sai mais forte ou mais fraco desse conflito?

Eventualmente, se essa guerra se limitar a Israel e ao Hamas, Israel vencerá militarmente. Mas, do ponto de vista político e psicológico, o Hamas já venceu. E por causa da falha de inteligência e do fracasso do Exército israelense em responder rapidamente, esse governo de direita do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu já perdeu sua moral. É muito difícil de ver, porque no momento eles estão no meio de um conflito externo, então ninguém vai dizer nada para derrubá-los. Mas, quando a luta terminar, acho que o acerto de contas virá e eles vão se arrepender. Não sei se isso significa que o governo cairá ou apenas que algumas pessoas serão demitidas, mas, com certeza, Netanyahu sofreu a maior derrota de sua carreira.

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Mídia brasileira dá como derrota a vitória de Lula no BRICS

A cúpula dos Brics realizada na África do Sul exibiu espetacularmente o fortalecimento desse bloco de países que se organizam como alternativa à decadente hegemonia dos Estados Unidos e seus aliados da Europa, cada vez mais avassalados.

A reunião aprovou o recurso a instrumentos de comércio (especialmente de petróleo) entre os países membros. As trocas passarão a ser nas próprias moedas nacionais e outros instrumentos, representando o maior abalo já ocorrido ao domínio do dólar, estabelecido desde a conferência de Bretton Woods ao fim da Segunda Guerra. A reunião dos Brics aprovou o ingresso de seis novos membros: Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã. São adesões que expressam uma legitimação das ideias do grupo, de aproximação pacífica, e reafirmam a ascensão da multipolaridade na arena mundial.

Há dezenas de candidatos na fila para aderir aos Brics.

O Brasil, também pelo empenho do presidente Lula, patrocinou o ingresso da vizinha Argentina na organização à véspera de eleições gerais naquele país e em meio a uma crise inflacionária. Foi nítida expressão de poder regional do Brasil de Lula, autorizando a diplomacia nacional a ambicionar papéis maiores na negociação da paz na guerra da Ucrânia e a obtenção de um assento no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Além disso, o Brasil reforçou laços com mercados emergentes, como China e Índia, que são seu principal alvo comercial e também constituem fontes de investimentos necessários à geração de empregos.

O saldo do encontro foi considerado pelo professor de Economia Política Internacional José Luís Fiori, em entrevista ao canal Tutameia, como a explosão da ordem geopolítica internacional sustentada há mais de três séculos pelos europeus e seus descendentes diretos.

Diante de fatos tão transcendentes como os que o Brasil acaba de protagonizar junto a um grupo que reúne agora mais de 40% da economia mundial, qual foi a reação da mídia corporativa brasileira? Todos os veículos, Globo, Folha, Estadão, TV Globo seguiram em uníssono a linha oficial ditada por Washington e que pode ser resumida por um artigo Financial Times. O encontro, segundo eles, só serviu para avançar o domínio da China sobre o grupo e para diluir a influência do Brasil. A grande vitória da diplomacia sob Lula, que se equilibra entre estender seu soft power pacifista, sua estratégia comercial junto a mercados estratégicos enquanto estabiliza suas relações com a aliança atlântica, simplesmente não existiu em nenhum artigo, reportagem ou editorial. Estes oscilaram entre a indignação paranoica por o Brasil “virar as costas ao Ocidente” e permitir o aumento do poder chinês.

São antolhos submissos, expressivos de um complexo de vira-latas merecedor de terapia psiquiátrica, para além de desmascaramento de sua natureza ideológica, qual seja a de advocacia interesses colonialistas (como apontou Lula em pronunciamento), responsáveis históricos pelo atraso nacional e, portanto, contrários ao Brasil.

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Política

Moro tem mandato sob ameaça e corre risco de derrota já no Paraná

TRE julgará pedido de cassação após mudanças em sua composição; defesa de senador diz confiar em análise técnica.

Réu em uma ação de investigação judicial eleitoral por suspeita de abuso de poder econômico na pré-campanha das eleições de 2022, o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) corre risco de derrota já em seu próprio reduto, a Justiça do Paraná, segundo a Folha.

A avaliação é de adversários políticos e também de aliados do ex-juiz da Lava Jato e ex-ministro da Justiça, para os quais há uma tendência desfavorável a Moro no TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do estado.

A fase atual do processo, que pode decidir pela cassação de seu mandato, é de produção de provas. Além de irregularidades na pré-campanha, Moro é acusado de gastos eleitorais acima dos limites estabelecidos pela lei.

Para a disputa pelo Senado do Paraná, o teto era de R$ 4,4 milhões. Moro declarou um gasto de R$ 5,2 milhões, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O senador nega qualquer irregularidade.

O clima antes apontado como favorável para o ex-juiz federal mudou desde o dia 5, com a posse de três novos integrantes do tribunal.

A substituição de membros do TRE levou até à designação de um novo relator do caso. Com a saída de Mário Helton Jorge do tribunal, o desembargador D’ Artagnan Serpa Sá assumiu a relatoria da ação.

No meio jurídico, a aposta era a de que Helton apresentasse um parecer pela improcedência da representação contra Moro. Mas ele acabou submergindo após repercussão do discurso, durante sessão em abril, em que afirmou que o Paraná “tem nível cultural superior ao Norte e ao Nordeste” e que é um local que não tem o “jogo político dos outros estados”.

Helton havia assumido a relatoria do caso após o vice-presidente e corregedor do TRE, Fernando Wolff Bodziak, se julgar impedido.

Em junho, Helton indeferiu pedidos de quebra de sigilo e busca e apreensão contra os investigados.

No Tribunal de Justiça do Paraná, o novo relator não figura na lista dos lava-jatistas. Entre seus pares, Serpa Sá —que foi assessor do ex-governador José Richa— é descrito como capaz de resistir à pressão de apoiadores de Moro.

Também estreia no tribunal o advogado Julio Jacob Junior. Ligado ao ex-governador tucano Beto Richa, ele foi nomeado pelo presidente Lula (PT) em abril, após um périplo por Brasília.

Seu nome também foi submetido a uma junta composta pelo governo, apresentando-se como um advogado sem vínculos políticos, garantista, ou seja, da corrente que tende a privilegiar os direitos individuais e a presunção de inocência nos julgamentos.

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Política

Imprensa internacional sobre condenação de Bolsonaro: “Derrota da extrema direita”

Repercute na imprensa internacional a inelegibilidade até 2030 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado, nesta sexta-feira (30/6), pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação em uma reunião com embaixadores, em julho de 2022, diz o Metrópoles.

Entre as notícias, diversos jornais internacionais cravam a “derrota da extrema direita” brasileira após Bolsonaro ser condenado a ficar por oito anos (2022, 2026 e 2030) sem poder se candidatar a qualquer cargo político no Brasil.

O jornal norte-americano The New York Times descreveu a inelegibilidade do ex-presidente como “um golpe significativo no movimento de extrema direita do país”. Na mesma linha, o francês Le Monde ressalta que a derrota de Bolsonaro abre uma “batalha de sucessão dentro da direita e da extrema direita” brasileiras. O Washington Post chamou Bolsonaro de “Trump dos Trópicos”.

Para o alemão Deutsche Welle, a inelegibilidade do ex-presidente deve levar a extrema direita brasileira a construir um nome alternativo para tentar herdar o capital eleitoral do bolsonarismo no pleito de 2026.

Já o italiano Corriere Della Sera preferiu puxar pela fala do ministro e relator do caso no TSE, Benedito Gonçalves, que recomendou a condenação de Bolsonaro. No título: “Bolsonaro ‘inelegível’ por 8 anos: ‘Ele é uma ameaça à democracia’”.

Veja as manchetes sobre a inelegibilidade de Bolsonaro:

Lei da anistia

Na Espanha, o El País afirmou que “a Justiça brasileira encurtou a carreira política do líder de direita, o ultra Jair Bolsonaro”. O jornal lembra que os apoiadores do ex-mandatário começaram a preparar uma lei da anistia, mas que a probabilidade de a sentença do TSE ser revertida é “pequena ou nula”.

O britânico The Guardian lembrou que, após cumpridos os oito anos de inegibilidade, Bolsonaro estará apto a concorrer à Presidência do Brasil aos 75 anos, dois anos a menos que o atual chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além disso, o jornal chamou o ex-mandatário de “radical de extrema direita, que difamou incansavelmente as instituições democráticas do país sul-americano”.

Já o jornal português, Diário de Notícias, destacou o novo papel político de Bolsonaro para as eleições municipais de 2024. O ex-presidente deve assumir o posto de cabo eleitoral e adotar o discurso de “perseguição política” para conseguir mais votos. Na America Latina, o argentino Clarín também noticiou que a Justiça brasileira tornou Bolsonaro inapto para concorrer a cargos públicos até 2030.

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Opinião

A cassação do número 2 da Lava Jato foi uma derrota da direita, mas sobretudo, da Globo

Como dizia o jornalista da Globo, Paulo Henrique Amorim, não existiria Moro, Dallagnol e Lava Jato se não existisse a Globo.

Bolsonaro jamais seria presidente se não fosse a Lava Jato.

Se hoje, dentro da própria Organizações Globo, muitos jornalistas creditam a Bolsonaro a ascensão do fascismo no Brasil, é preciso lembrar a essas mesmas pessoas que ele só chegou ao poder por um jogo político estratégico de uma célula fascista que operava em Curitiba.

Como mostra a reportagem de hoje, de Jamil Chade, eles, da Lava Jato, atuavam de maneira criminosa com achaques em mesadas a suas vítimas de extorsão para não serem sequestradas pelo califado jurídico com ramificações em vários tribunais do Paraná e Rio Grande do Sul.

O fato é que tudo isso só foi possível a partir da mais publicita e marqueteira operação policial, que se transformação num folhetim diário da Globo, para os Marinho perseguirem quem consideravam inimigo, sobretudo, Lula, Dilma e outros quadros do PT e o próprio partido, satanizado pela operação conjunta de cartas marcadas.

O interessante é observar que as denúncias entraram em erupção de um vulcão de corrupção do governo Bolsonaro se dá no mesmo momento em que Dallagnol é cassado como ficha suja. E Moro está em desespero no compasso de espera extremamente tenso com as revelações de Tacla Durán que, como mostra Jamil Chade, terá efeito de explodir Sergio Moro e, junto, seu mandato.

Moro, não se pode esquecer, até então, não sofreu qualquer crítica das Organizações Globo, Os Marinho ignoraram a Vaza Jato do Intercept e o depoimento de Tacla Durán ao novo juiz da Lava Jato, Eduardo Appio, sem falar que, na última eleição foi candidato desse conglomerado midiático.

Isso mostra quanto e com que força os ventos mudaram contra a direita brasileira como um todo.

Sim, porque, na verdade, a direita, extrema direita e  Globo são uma coisa só.

Dallagnol sempre apoiou Bolsonaro e foi, na Globo, o garoto propaganda dos fascistas de Curitiba. Não há como negar, menos ainda a Globo ignorar a sua cassação.

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Política

Por que a família Bolsonaro teme a candidatura de Flávio a prefeito do Rio

Flávio Bolsonaro tem interesse de concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro em 2024; candidatura é alvo de certo temor da família.

Jair, Eduardo e Carlos Bolsonaro têm certo receio com a possível candidatura de Flávio Bolsonaro à Prefeitura do Rio de Janeiro em 2024. Há o temor de que, se Flávio não for eleito, a família acumule mais uma derrota, diz Guilherme Amado, Metrópoles.

Ainda existe no grupo a esperança de que Jair Bolsonaro não será declarado inelegível e poderá concorrer à Presidência novamente em 2026. Uma possível derrota de Flávio, dois anos depois do pai ter perdido a reeleição para Lula, seria, na visão deles, ruim para esse plano, à medida que ela seria vista como uma nova vitória de Lula — o maior adversário de Flávio será o atual prefeito carioca, Eduardo Paes, que deverá ser apoiado pelo PT.

Flávio ainda não bateu o martelo sobre a candidatura, mas tem o apoio de Valdemar da Costa Neto. Bolsonaro ainda não falou publicamente sobre o tema.

Outros três nomes do PL também querem a prefeitura carioca: o ex-ministro da Saúde e deputado federal Eduardo Pazuello, o ex-ministro da Defesa Walter Braga Netto e o senador Carlos Portinho. A prioridade no partido, contudo, é de Flávio.

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