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Em desespero de quem está com a cabeça a prêmio, Bolsonaro bate o martelo do leilão da Cedae implorando que o mercado o salve

O sorriso de Renata Vasconcellos, do Jornal Nacional, comemorando a entrega de grande parte da Cedae para fundos de investimento que compraram parte da Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro, que terão financiamento do BNDES, mostram que o patrimonialismo brasileiro sempre foi e sempre será a marca principal do pensamento das camadas ricas da sociedade no que se refere à ideia do bom burguês, como disse Mário de Andrade e muito bem definida por Sergio Buarque sobre o brasileiro cordial.

Bolsonaro correr para o leilão para bater o martelo de mais um pedaço do desmonte do Estado para servir à ganância do mercado, foi uma festa para a Globo. Mas não deixou de revelar o desespero de quem, segundo um dos seus principais aliados na CPI da Covid, o senador Ciro Nogueira, que disse que, para não ser degolado, Bolsonaro dependia apenas da caneta Bic de Arthur Lira. Imagina isso!

Como é que se deita a cabeça no travesseiro sabendo disso, que você pode dormir presidente e acordar presidiário. Sim, porque todos sabem que o impeachment de Bolsonaro significa bem mais do que a sua cassação, significa que ele perderá o poder de controle das instituições e terá que responder pelas acusações das formas mais variadas que pesam sobre seus ombros e de seus familiares.

Talvez as pessoas possam ter esquecido de que, se o Jair é o homem da casa de vidro, Lira também tem telhado de cristal, e se a justiça der uma ciscada para que o protetor de Bolsonaro entregue logo a rapadura, não há dúvidas, entre a sua cabeça e a de Bolsonaro, ele entregará imediatamente a do presidente da República.

Na verdade, ontem, Bolsonaro deu resposta à matéria de hoje publicada no jornal francês Le Monde que indaga, por que depois das atrocidades cometidas por Bolsonaro durante a pandemia que já matou mais de 400 mil brasileiros, ele ainda está na presidência e conta com um suposto apoio de 25% a 30% da população?

A resposta é simples e foi dada pelo próprio Bolsonaro, indo pessoalmente ao leilão da Cedae dar satisfação ao mercado e a própria confissão de Ciro Nogueira no encontro que teve com banqueiros e empresários e, de joelhos, pedindo apoio para o governo, para que o impeachment não dê em nada por pior que sejam as acusações e provas que desabarão sobre a cabeça do moribundo.

Os atos desesperados de bolsonaristas teleguiados pelo gabinete do ódio, que acontecem hoje, 1º de maio, pedindo intervenção militar, sublinham em vermelho que Bolsonaro está sentindo um cheiro forte e cada vez mais ardido de sua queda.

Para piorar, a fumaça que ganha cada vez mais tamanho e intensidade de que Mourão não só está pronto para entrar em campo, como já está esfregando as mãos, já virou realidade, como fogo que ajuda a elevar a temperatura da panela de pressão contra Bolsonaro capaz de lhe cozinhar em tempo recorde para ser devorado num banquete neoliberal com figuras mais palatáveis à sociedade, mas tão submissas ao mercado quanto o governo que aí está.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Em função do orçamento, mercado calcula risco de impeachment de Bolsonaro

Se Bolsonaro assinar o Orçamento do governo para 2021 como foi aprovado pelo Congresso, o risco de impeachment vai entrar definitivamente no radar do mercado. Apenas a possibilidade do processo de impedimento -mesmo que ele não vá adiante- já é suficiente para que os investidores fiquem mais desconfiados com relação ao Brasil. A consequência disso é a valorização do dólar em relação ao real e inflação mais alta. É o que dizem economistas de instituições financeiras.

O governo enviou ao Congresso uma proposta de Orçamento para 2021 com cálculos desatualizados que já deixaria um rombo de R$ 22,4 bilhões. No legislativo, os parlamentares aumentaram ainda mais as despesas, em mais R$ 26,5 bilhões. Para fechar as contas, a proposta é jogar para 2022 várias obrigações, como pagamentos do abono salarial, e a suspensão de outros compromissos. Para especialistas, isso é um tipo de crime fiscal, semelhante ao que motivou o impedimento da ex-presidente Dilma Rousseff.

Até membros do ministério da Economia reconhecem o potencial risco de o governo ser acusado de crime fiscal se seguir com esse Orçamento.

Se Bolsonaro sancionar, o risco de impeachment é enorme. José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos

O risco fiscal existe há um bom tempo, antes mesmo do teto de gastos. Mas, com o teto de gastos, a dúvida do mercado é se o fato gerador do crime fiscal ocorre com a sanção ou com a execução do Orçamento.

Teto de gastos entra em cena

O teto de gastos é isso mesmo: uma lei que determina um valor máximo de despesas para o governo. A Emenda Constitucional 95, de 2016, determina que despesas e investimentos públicos ficam limitados aos mesmos valores gastos no ano anterior, corrigidos pela inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo).

Assim, dizem economistas, o mercado considera que basta Bolsonaro assinar esse Orçamento, que o risco de impeachment já é maior. O TCU (Tribunal de Contas da União) já sinalizou que essa interpretação pode ser usada.

E daí? Dólar caro e inflação alta

Para o mercado, basta a possibilidade maior de abertura de um processo de impeachment de Bolsonaro para que as consequências aconteçam. Esses profissionais lembram que isso foi assim nos meses antes do impedimento da presidente Dilma Rousseff, ao longo de 2016, em processo iniciado também por não cumprimento da legislação fiscal.

O risco de impedimento do presidente da República vai afastar investidores estrangeiros e atrasar novos projetos de empresários brasileiros, dizem profissionais de mercado. No fim das contas, isso significa dólar mais caro -o que contamina os preços da economia, provocando inflação, travando o crescimento da economia e a geração de empregos.

Em relatório a clientes, o banco BTG revisou para pior o cenário da economia brasileira neste ano. A estimativa para o dólar no fim do ano subiu de R$ 5,20 para R$ 5,40. A previsão de inflação (IPCA) aumentou de 4,7% para 5% no ano.

Diversos episódios recentes sinalizam que o país insiste em flertar com o perigo, aumentando a percepção de risco fiscal pelo mercado. BTG Pactual, em relatório.

*Com informações do Uol

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Economia Política

Bolsonaro acuado? Efeitos do aumento da pressão sobre o presidente na economia e nos mercados

Mercado interpreta “sinal amarelo” de Lira como aceno a impeachment e analistas dizem que a crise política e a pandemia entraram em uma nova fase.

A elevação do tom do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) soou no mercado como um ultimato: ou a postura do presidente muda ou o Centrão desembarca do governo. Ainda que aproximações e rupturas entre o Centrão e o Executivo aconteçam com certa frequência, a sensação entre os analistas é de que a pandemia e a crise política entraram, juntas, em uma nova fase.

A fala de Lira, que disse que os “remédios políticos” do Congresso são “conhecidos”, “amargos”, e alguns, “fatais”, foi interpretada pelo mercado como um aceno, ainda que distante, a um processo de impeachment.

Para Marcio Fernandes, analista político da OhmResearch, é como se o Centrão dissesse que a hipótese de impedimento foi colocada no horizonte. “O mundo político passou os últimos dias fazendo cálculos quanto ao efetivo papel que o presidente poderia ter em uma virtual transição entre o momento atual e as eleições de 2022. Se o presidente não se adequar, a sucessão dos acontecimentos poderia tornar o impedimento um caminho inevitável. O Planalto estaria flertando com o perigo.”

Em relatório, o analista Victor Guglielmi, da Guide Investimentos, lembra que Lira é o único que pode abrir um processo de impeachment contra o presidente. “Lira deixou claro que não é essa a intenção, mas o discurso foi uma nítida ameaça ao presidente, que se recusa a ajustar o seu discurso em torno do isolamento social, a preeminência das vacinas e os tratamentos precoces.”

E essa animosidade não surge ao acaso. “Por que todo mundo inflou a crítica agora, se os erros do presidente na condução da pandemia já estavam presentes?”, questiona Fabio Klein, economista da Tendências. “Por uma confluência de fatores. Teve a carta aberta dos economistas, a entrada de Lula no páreo e a pandemia, que não é um fato novo, mas que agora atingiu um novo patamar de gravidade”, completa.

O Brasil acaba de registrar 300 mil mortes pela Covid-19, sendo o único país do mundo a passar dessa marca, além dos Estados Unidos, que tem uma população superior à brasileira. Hoje, o país é responsável por 11% dos óbitos por coronavírus em todo o mundo.

“Enquanto o presidente falava em tratamento precoce e criticava o lockdown, mas o número de mortes era inferior ao do resto do mundo, a classe política não se preocupava tanto. Mas com o Brasil virando o epicentro da pandemia e a população assustada, esse discurso começou a gerar atrito. Então Lira quis mostrar que eles não estão com o governo nessa piora da pandemia“, afirma Victor Hasegawa, gestor da Infinity Asset.

Em relatório divulgado nesta quinta-feira, a Levante Ideia de Investimentos, vai na mesma linha. “O Centrão, como grupo político, compõe a base aliada do governo, mas jamais estaria disposto a eventualmente compartilhar o ônus de um desastre na gestão da pandemia.”

Mudança de rumo

Com o presidente sob pressão, economistas e analistas alertam para algumas mudanças importantes nos cenários político e econômico.

“Ao perceber o presidente mais acuado, o Centrão ‘vai na jugular’. Os parlamentares se sentem mais confortáveis para peitar o Executivo e a agenda passa a ser pautada pelo Congresso e não pelo presidente”, diz Fabio Klein, da Tendências.

Se de fato o Centrão tomar a dianteira, a dúvida que fica é: qual seria a agenda liderada pelo Congresso? Ainda que os parlamentares tenham dado sinais de que apoiam uma pauta mais liberal, Klein acredita que, com as eleições de 2022 se aproximando e o aumento da pressão de governadores sobre os parlamentares aliados por mais gastos e emendas, medidas de ajuste fiscal perdem espaço.

*Priscila Yazbek/Infomoney

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Mercado abandona a narrativa do “risco Lula” após seu discurso

O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (10), na visão de economistas e analistas de bancos e consultorias, serviu para aplacar o temor do mercado financeiro do chamado “risco Lula”, caso seja candidato e vença a eleição presidencial de 2022.

Segundo economistas e analistas ouvidos pelo jornal Folha de S. Paulo, Lula fez acenos ao mercado, embora tenha criticado as privatizações e o teto dos gastos públicos, e lembrou da escolha do empresário José Alencar para ser o seu vice em 2003.

“Não se deve usar uma eventual candidatura de oposição como desculpa para os erros em série cometidos pelo governo Bolsonaro”, disse o economista e ex-ministro do Planejamento e da Fazenda, Nelson Barbosa., sobre o chamado “risco Lula”. Ainda segundo ele, “o PT nunca foi esse bicho papão que é pintado. As pessoas precisam de inimigos imaginários para sobreviver”.

“O presidente Bolsonaro é que tem que lidar com isso”, completou em referência aos erros de condução da política econômica atual, comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

Para a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta, o discurso do ex-presidente serviu para acalmar o ânimo dos investidores, que viram que ele “não pretende deixar o mercado desamparado”.

“Lula tem esse perfil mais intervencionista, o que coloca um sinal amarelo para o mercado. Ele procurou, com algumas falas mais conciliadas, não deixar o mercado desamparado, trouxe elementos desse Lula de 2002 para próximo do Lula de 2006”, disse a economista. Nesta quarta-feira, a Bolsa subiu 1,29% e o dólar recuou 2,36%, fechando a cotação em R$ 5,655.

A economista e professora da Universidade de São Paulo (USP) Laura Carvalho observa que a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, que na segunda-feira (8) anulou as condições impostas pelo ex-juiz Sergio Moro ao ex-presidente, não pode ser utilizada como pretexto ou justificava para eventuais turbulências no mercado.

“Vejo Lula como um conciliador que soube aproveitar muito bem o cenário externo favorável para realizar políticas importantes (de transferências de renda e investimento público em infraestrutura física e social) e conseguiu ao mesmo tempo reduzir a dívida pública, a inflação e acumular reservas internacionais. Não acho que faz sentido o temor. Ainda mais no cenário calamitoso em que nos encontramos”, avaliou.

Para Guilherme Mello, o professor do Instituto de Economia da Unicamp, “o chamado ‘risco Lula’ é um bicho papão inventado com o objetivo de manipular o mercado e os humores políticos. Ele não existe na prática, mas funciona para assustar os incautos”.

*Com informações do 247

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Petrobras: Bolsonaro entre a cruz e a caldeirinha, entre o mercado e os caminhoneiros

Bolsonaro demitiu o presidente da Petrobras, Roberto Castelo Branco e a mídia faz alarido em prol do coveiro do petróleo nacional.

Bolsonaro não é contra os reajustes dolarizados que sugam os brasileiros para servir aos acionistas internacionais.

O problema é que a explosão do preço do diesel mexe com os caminhoneiros que, de base eleitoral, pode se transformar no seu pior pesadelo se a categoria resolver parar o país, como fez com Temer, tendo apoio oportunista de Bolsonaro.

Para a mídia que, certamente, tem interesses contrariados na mudança de comando da Petrobras, não importa se essa política que esfola a economia brasileira funciona como um mata-leão para a maioria dos brasileiros, para ela, os lucros dos acionistas internacionais é sagrado e, mexer no oráculo dos lacaios do nosso petróleo, é um sacrilégio imperdoável.

A mídia só faz entrevista com economistas tucanos que são os próprios idealistas da entrega das riquezas nacionais para defender os papa lucros internacionais. Afinal o golpe em Dilma e Lula que tinha como base a dobradinha Globo e Lava Jato, era pra isso. Roubarem o petróleo dos brasileiros para beneficiar o capital internacional. Golpe que elegeu Bolsonaro que, agora, está entre a cruz e a caldeirinha, entre o mercado e os caminhoneiros.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro avisa ao mercado que vai abandonar as reformas e, consequentemente, a escolta do poder

O Centrão não é a favor nem contra o mercado, o Centrão é a favor do Centrão e age como um camaleão de olho em pesquisas de opinião pública, o que não deixa de ser uma relativa vantagem para a totalidade da população.

Por isso prefere afrontar o mercado do que os eleitores, mesmo não os tratando como cidadãos, mas como eleitores que podem definir o futuro político do integrantes do Centrão.

Parece que esse é um dos preços mais caros a Bolsonaro no acordo que foi feito com o Centrão que quer impedir a continuação das reformas e, consequentemente, bater de frente com os interesses da banca.

Mais que isso, exigiram que Bolsonaro, a seu próprio jeito, mandasse esse recado ao mercado e, assim, fez o presidente em sua última live, quando disse que o mercado tem medinho de tudo e qualquer coisa, fica nervosinho e que precisa ser mais patriota e que o povo precisa comer. Claro, ele estava falando ao Auxílio Emergencial que, para o Centrão, é assunto urgente. Ou seja, é a faca do Centrão na nuca de Bolsonaro.

O fato é que, se Bolsonaro não presta para as reformas que o mercado quer, para a banca, Bolsonaro não presta mais para nada. É aí que pode dar o curto mortal para o seu mandato que se segura em cordas pinguelas cada dias mais frágeis.

Tudo indica que o Posto Ipiranga será somente uma carcaça, uma vaca sagrada para ser adorada, porém, inútil.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Opinião

Vídeo: Veio da Havan, o muambeiro celebridade e o fundamentalismo do consumo

Como disse Milton Santos décadas atrás, o consumo é o grande fundamentalismo do planeta hoje.

A convergência de interesses que giram em torno do consumo como engrenagem de um sistema que há muito produz uma filosofia de que a existência humana só tem sentido se for para consumir e produzir lucros ao mercado, transformou-se em uma seita e, como tal, embota os olhos de uma sociedade induzida à compulsão.

Não foi por acaso que o mundo chegou a uma epidemia de diabetes, hipertensão em consequência da obesidade, entre outras doenças provenientes desse estado de coisas. Sair de casa e deixar de se alimentar de forma saudável para ir a um fast food, passou a ser um hábito dos zumbis do consumismo que, cada vez mais, parecem dependente dessa quimera de felicidade.

É um sentimento que está longe de ser exclusividade do brasileiro, mas é sim compatível com a civilização que o capital construiu.

O Brasil, que neste sábado completou um ciclo de 150 mil mortos em consequência da Covid-19, traz uma imagem que soma uma série de elementos que estão longe de serem culturais, mas de persuasão que funciona quase como uma imposição para a sobrevivência humana numa sociedade de consumo.

Dependesse do mercado, não teríamos 150, mas 300 ou até 500 mil mortes, pois o mercado da saúde, ao contrário do SUS, não vê o ser humano como paciente, mas como cliente consumidor, assim como tudo que envolve o mercado. E quando observamos que essa adoração ao mercado é fruto de uma massificação conceitual das empresas de comunicação de massa que martelam sem parar que a sobrevivência humana depende da sobrevivência do mercado e este do consumo, entendemos melhor por que o mercado da fé cresceu tanto; por que o deus que ali é vendido produz o milagre da multiplicação do dinheiro, da capacidade de ter e não de ser dos seres humanos.

Palmas para os marqueteiros, para quem pensa como estimular o consumo e buscá-lo a qualquer custo. É gente antenada com os costumes cotidianos das pessoas, que observa cada detalhe do comportamento humano e, a partir de um minucioso mapa emocional, forja estímulos para o consumo, produzindo do outro lado, nos que não podem consumir determinado produto, a sensação de fracasso, muitas vezes convertida em depressão por tal “impotência”.

Somente isso explica um muambeiro se transformar em celebridade num país que tem Bolsonaro como presidente da República, uma caricatura civilizatória que imita uma outra caricatura civilizatória, os Estados Unidos que, não por acaso, elegeu Trump e investe cada vez mais em armamento para destruição humana em nome da expansão do seu mercado.

Não importa que o Veio da Havan se pareça com qualquer coisa medieval dos tempos contemporâneos, que ele se diga anticomunista, erga uma estátua da liberdade em frente a sua loja com uma fachada que imita a Casa Branca. Dentro de seu estabelecimento comercial não há uma agulha vinda dos EUA, tudo é 100% made in China, por que esta fabrica e comercializa produtos que dão margem de lucro inimaginável e que, ainda assim, cabem no bolso dos consumidores brasileiros.

Esse é o grande desafio que a chamada sociedade moderna enfrenta, a autodestruição induzida pela filosofia do mercado em que qualquer barbaridade vale a pena se as margens de lucro não forem pequenas.

Fosse num país sério em que os próprios ministros da Suprema Corte não estivessem rendidos ao mercado, o Veio da Havan estaria na cadeia hoje por promover, em plena pandemia, a maior concentração de pessoas por metro quadrado. Mas como o capital transformou nossas instituições em departamentos pessoais, um sujeito como esse seguirá livre, leve e solto comemorando a falência institucional e, consequentemente a falência de um arcabouço civilizatório em que, quanto mais alto o posto que se ocupa, mais status se busca e mais submissão aos “donos da terra” se pratica.

https://twitter.com/denesfernando_/status/1315055541010530304?s=20

*Carlos Henrique Machado Freitas

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“Nossa aldeia é sem partido ou facção, não tem bispo, nem se curva a capitão”. Portela

No momento em que o Globo revela que metade dos povos indígenas isolados do Brasil é alvo de religiosos e que a milícia do Ceará soma quase 150 assassinatos desde início da paralisação de PMs, o carnaval é marcado pelas críticas contra a beligerância do bolsonarismo, as escolas de samba do Rio de Janeiro, no primeiro dia de desfile, produziram uma mistura de emoção, resistência e luta contra os tratados entre o governo Bolsonaro, milícia e pastores evangélicos, que têm como principal foco a mutilação da cidadania, a segregação, o racismo e a discriminação de negros, índios, mulheres e gays, resumindo a capacidade de fazer o mal que esse governo tem exercido.

Lógico que uma parte significativa da população carioca, principalmente das camadas mais pobres, viu-se espelhada nos enredos dos desfiles das escolas até aqui. Vários temas com várias versões desaguaram numa crítica contundente a esse estado de coisas que o Brasil vive e que assombra não só o país, mas a comunidade internacional.

Bolsonaro é um monstro tipo exportação e todo o cenário de ódio que o rodeia, pois tudo o que tem a marca do bolsonarismo, tem crime, sangue, violência, crueldade, injustiça, segregação e exaltação ao terror, marcas de uma mesma sociedade, que tem em uma parcela de fanáticos a garantia de que a individualidade é o melhor caminho para se nutrir o preconceito. Individualidade que tem como comissão de frente o mercado que, por ser um conceito abstrato, estimula todo o tipo de egoísmo, cobiça, indigência intelectual, social e política em nome do lucro e do enriquecimento a todo custo.

É nessa lógica do privado contra o comum que as escolas de samba souberam muito bem explorar e expor os mercadores da fé, as milícias, os magnatas, banqueiros garimpeiros, madeireiros e grileiros que não medem esforços para saciar a ambição que carregam consigo, potencializada com a chegada de um clã disposto a fazer acordos, parcerias com o que existe de mais nefasto numa civilização.

Nada disso impediu que as escolas de samba saíssem deslumbrantes com sambas encantadores, cada um mais belo que o outro, trazendo o tom da emoção ao limite do humano, principalmente os temas que carregam a defesa das religiões de matrizes africanas. mas o coro somado das escolas produziu um só enredo no primeiro dia de desfile no Rio, o de repúdio a Bolsonaro e a tudo o que representa o bolsonarismo como ideologia de guerra em nome do ódio ao outro.

Como diz e estrofe do lindo samba da Grande Rio:

“Salve o candomblé, Eparrei Oyá
Grande Rio é Tata Londirá
Pelo amor de Deus, pelo amor que há na fé
Eu respeito seu amém
Você respeita o meu axé”

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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O mercado está em festa com a possível aprovação da Reforma da Previdência que destruirá o povo

Bolsa sobe e dólar cai. O mercado comemora a destruição que a reforma da Previdência promoverá para os brasileiros. Mas o que se pode esperar de um governo que está aí para atender ao mercado?

Ibovespa atingiu nova máxima de fechamento nesta quarta-feira, impulsionado pelo otimismo do mercado com o início da votação da reforma da Previdência na Câmara; o índice subiu 1,23%, passando a acumular alta de 20,4% em 2019; já o dólar cai a mínima desde fevereiro.

Por Peter Siqueira (Reuters) – O Ibovespa atingiu nova máxima de fechamento nesta quarta-feira, impulsionado pelo otimismo do mercado com o início da votação da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados.

O Ibovespa subiu 1,23%, a 105.817,06 pontos. Com isso, passa a acumular alta de 20,4% em 2019. O volume financeiro da sessão somou 21,5 bilhões de reais na sessão.

O mercado monitorou o processo de votação do texto principal da reforma da Previdência no plenário da Câmara dos Deputados, considerada pelo governo peça-chave para o reequilíbrio das contas públicas do país.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que a sessão deve ir até a madrugada de quinta-feira para encerrar o primeiro turno da votação. A previsão de Maia é que o segundo turno seja encerrado até sexta-feira.

“O mercado está precificando essa aprovação”, afirmou Felipe Silveira, analista de investimentos da Coinvalores, que também reiterou otimismo na expectativa que a votação em segundo turno seja realizada antes do recesso parlamento dia 18 de julho.

No exterior, o otimismo também prevalecia quando o chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, abriu caminho nesta quarta-feira para o primeiro corte de juros nos Estados Unidos em uma década ainda neste mês, ao prometer “agir conforme apropriado” para defender a expansão econômica ameaçada pelas disputas comerciais e desaceleração global. Em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,45%.

É isso. Até quando o povo vai suportar?

 

*Com informações do 247