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Gastos de Michelle eram pagos com dinheiro de empresa fornecedora da Codevasf, diz PF

Uma empresa com contratos públicos na gestão de Jair Bolsonaro é a origem de uma série de transferências feitas a um militar da Ajudância de Ordens da Presidência da República, que fez saques em dinheiro vivo e, com ele, pagou despesas de um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro em pelo menos três ocasiões, segundo a Polícia Federal. O militar, o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, também fez ao menos 12 depósitos em dinheiro em conta de uma tia da então primeira-dama.

Os pagamentos ocorreram pelo menos até julho de 2022, de acordo com dados obtidos pela Polícia Federal ao quebrar sigilos bancários de auxiliares do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL). Quando autorizou a quebra de sigilo de subordinados de Cid, ainda no ano passado, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes afirmou que o caso tinha indícios de “desvio de dinheiro público” por meio dos militares do Planalto e de assessoras da então primeira-dama.

A defesa de Jair Bolsonaro e Michelle negou enfaticamente que recursos da Codevasf tenham bancado as despesas da ex-primeira-dama e negou irregularidades nas transações. “A dona Michelle não conhece esse ajudante de ordens [sargento Dos Reis] e desconhece que ele tenha feito pagamentos para ela”, disse Fábio Wajngarten, advogado que chefiou a Secretaria de Comunicação na gestão Bolsonaro.

Segundo a PF, a Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção, empresa com sede em Goiânia e contratos com o governo federal, é a origem de depósitos de pelo menos R$ 25.360 na conta bancária do sargento Dos Reis, que trabalhava sob as ordens de Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro, no Palácio do Planalto.

O principal contrato da Cedro do Líbano é com a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba), estatal que já foi alvo de operações da PF mirando corrupção em contratos no Nordeste no ano passado.

Segundo a Polícia Federal, o dinheiro era depositado por Vanderlei Cardoso de Barros, pai de uma sócia da Cedro do Líbano, nas contas do sargento Dos Reis. Em ao menos uma ocasião, o dinheiro foi transferido de conta bancária da própria Cedro. Depois que o dinheiro caía na conta, o sargento sacava as notas em um caixa eletrônico. Segundo a PF, Dos Reis era responsável por fazer pagamentos a pessoas ligadas à então primeira-dama e para outros militares da Ajudância de Ordens da Presidência da República.

Vanderlei Cardoso de Barros, o autor das transferências para o sargento Dos Reis, foi encontrado pelo UOL na manhã deste sábado. Ele disse que é amigo do militar e que o dinheiro foi um “empréstimo”, mas que não sabia como o militar usaria o dinheiro (leia mais abaixo). Vanderlei disse que é marido de uma sócia da empresa, não pai.

A Polícia Federal afirma não ter encontrado justificativa para os pagamentos da Cedro do Líbano ao sargento Dos Reis, que trabalhava com Mauro Cid. Os dois estão presos preventivamente desde 3 de maio, por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). São investigados em inquérito que apura se houve falsificação do certificado de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Pagamentos na conta de amiga de Michelle

Três depósitos do sargento Dos Reis foram para a conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de Michelle Bolsonaro, à época lotada como assistente parlamentar no gabinete do senador Roberto Rocha (PTB-MA).

Segundo a PF, Rose emitiu um cartão de crédito usado por Michelle Bolsonaro e vinha recebendo, pelo menos até junho de 2021, depósitos em espécie — alguns deles fracionados, segundo a investigação — de integrantes da Ajudância de Ordens da Presidência da República.

O dinheiro era usado para pagar a fatura do cartão de crédito usado pela primeira-dama.

A existência de um cartão de crédito emitido por Rosimary e usado pela primeira-dama foi revelada em uma reportagem do portal Metrópoles em fevereiro de 2022. Na ocasião, a reportagem informou que contas de Michelle eram pagas por militares da Ajudância de Ordens da Presidência.

O cartão de crédito emitido pela amiga já era uma preocupação do próprio tenente-coronel Cid em 2020, como revelou o UOL neste sábado.

Em 25 de novembro de 2020, após ouvir o relato de Giselle da Silva, uma assessora de Michelle, sobre o uso do cartão, Mauro Cid afirma que a situação das despesas da primeira-dama poderia ser alvo de investigações por sua semelhança com um esquema de rachadinha, ou desvio de recursos públicos.

Mauro Cid também compara a situação com o caso do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do presidente que foi denunciado sob acusação de peculato pelo Ministério Público do Rio.

“Giselle, mas ainda não é o ideal isso, não, tá? O Cordeiro conversou com ela, tá, também. E ela ficou com a pulga atrás da orelha mesmo: tá, é? É. É a mesma coisa do Flávio. O problema não é quando! É como deputado, rachadinha, essas coisas.”Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, em áudio enviado a Giselle dos Santos Carneiro da Silva, em 25/11/2020, segundo transcrição da PF

“Se ela [Michelle] perguntar pra você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente. O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente, que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”.Novamente Cid para a assessora Giselle em áudio na mesma data, 25/11/2020, segundo a PF

Pagamentos mensais para a tia da primeira-dama

Além do sargento Dos Reis, que realizou 12 depósitos para Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia de Michelle Bolsonaro, outros militares que trabalhavam sob as ordens do tenente-coronel Cid também realizavam pagamentos de valores idênticos com periodicidade regular.

  • 18 de abril de 2022: o sargento Dos Reis deposita R$ 2.840 na conta de Maria Helena, a tia;
  • 17 de maio de 2022: o segundo sargento Luiz Antônio Gonçalves de Oliveira depositou R$ 2.840 na conta de Maria Helena;
  • 15 de junho de 2022: Maria Helena recebe mais R$ 2.840, depositados de um terminal de autoatendimento do BB na praça dos Três Poderes, sem que a PF tenha conseguido identificar até o momento quem foi o portador do dinheiro;
  • 18 de julho de 2022: o sargento Dos Reis deposita mais R$ 2.840 na conta de Maria Helena. Há uma peculiaridade nesta transação porque oficialmente Reis havia deixado de trabalhar na Ajudância de Ordens da Presidência no mês anterior.

Segundo a PF, outro militar da Ajudância de Ordens, o também segundo-sargento Murilo José Geromini Zilotti, também participou dos pagamentos. Na investigação, a PF concluiu que Zilotti foi “responsável por vários depósitos para Maria Helena e Rosimary por determinação da primeira-dama”.

Os contratos da Cedro do Líbano com o governo

Ao autorizar quebras de sigilo bancário dos investigados em outubro de 2022, o ministro do STF Alexandre de Moraes considerou que os elementos colhidos pela PF “revelam indícios de desvio de dinheiro público, por meio da Ajudância de Ordens da Presidência da República, direcionando os valores para pessoas indicadas por Giselle dos Santos Carneiro da Silva e Cintia Borba Nogueira Cortes, assessoras da primeira-dama Michelle Bolsonaro”.

O caminho do dinheiro começava numa empresa com contratos com o governo. Em 1º de junho de 2022, a Cedro do Líbano recebeu R$ 188 mil pela venda de quatro plantadeiras e adubadeiras mecanizadas para a Codevasf. A empresa, de venda de madeira e material de construção, não tem entre suas atividades declaradas à Receita Federal comércio de equipamentos agrícolas. Também não há máquinas à venda no site da companhia.

  • Madereira Cedro do Líbano vendeu quatro plantadeiras para Codevasf por R$ 47 mil cada – Reprodução/UOL – Reprodução/UOL
  • Madereira Cedro do Líbano vendeu quatro plantadeiras para Codevasf por R$ 47 mil cada
    Imagem: Reprodução/UOL
    O pagamento foi liberado — mas não efetuado — no dia 18 de abril de 2022. Em
  • 27 de maio, o pai da proprietária da Cedro do Líbano depositou R$ 15 mil para o sargento Dos Reis — que, minutos depois, fez o saque em dinheiro de R$ 12.700. Em 1º de junho, a empresa recebeu efetivamente o pagamento de R$ 188 mil da Codevasf.

A compra do maquinário teve origem em uma emenda da bancada parlamentar do Amapá.

Os contratos com outros órgãos federais foram de menor monta. Em 10 de janeiro de 2022, a Cedro do Líbano recebeu R$ 75.200 da Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo). O contrato previa a entrega de uma colhedora de forragem. O dinheiro foi empenhado em 6 de janeiro de 2021.

Outro lado

A defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama refutou as conclusões de que recursos de um fornecedor da Codevasf tenham sido usados para pagar gastos de Michelle Bolsonaro e negou irregularidades nas transações.

“A dona Michelle não conhece esse ajudante de ordens e desconhece que ele tenha feito pagamentos para ela. Contas pequenas, fornecedores informais, necessidades privadas e pequenas compras, o Cid pegava o cartão da conta privada do presidente, sacava e fazia os pagamentos. Ele fazia isso para resguardar a privacidade do tomador de serviço e não expor a intimidade da dona Michelle e filhos. A dona Michelle rechaça qualquer pagamento e qualquer relação dele. A tia da dona Michelle cuidava da Laura e ela repassava pagamentos por conta de ser a babá da Laura”, afirmou o ex-secretário de Comunicação e advogado Fábio Wajngarten.

“Não há em nenhum momento confusão de conta: o que é privado é privado, o que é público é público. Os valores saíam exclusivamente da conta do presidente”, afirmou.

Em nota publicada em rede social neste sábado sobre o caso, Wajngarten também afirmou que “não há nada de ilegal” nas transações em dinheiro vivo envolvendo as despesas de Michelle.”Conforme já amplamente explicado, os pagamentos de fornecedores informais, pequenos prestadores de serviços, eram feitos em dinheiro a fim de proteger dados do presidente. Muitos sequer sabiam que o contratante/tomador dos serviços era a primeira-dama”, disse.

Procurado pelo UOL, Vanderlei Cardoso de Barros primeiro disse não se lembrar das transferências a Dos Reis. Depois, disse que o sargento é amigo dele e pediu dinheiro emprestado. As transferências são esse empréstimo, segundo Vanderlei. Ele disse que não conhece o ex-presidente Jair Bolsonaro nem a ex-primeira-dama Michelle e que Dos Reis não explicou para o que usaria o dinheiro. “Ele me perguntou se eu tinha dinheiro para emprestar, eu disse que tinha e emprestei. Mas foi pouco dinheiro”, disse.

Sobre a Cedro do Líbano, Vanderlei disse que a empresa é de sua esposa, também citada nas investigações da PF. Mas ele garantiu que a companhia está, sim, cadastrada na Receita como vendedora de máquinas agrícolas. “A empresa participa de licitações, então precisa estar sempre toda certinha, regularizada”, disse.

O UOL não conseguiu localizar o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis, que recebia as transferências da cedro e realizou três depósitos para a conta da Rosimary Cardoso Cordeiro, que cedeu um cartão de crédito para a primeira-dama, e 12 depósitos para Maria Helena Graces de Moraes Braga, tia de Michelle Bolsonaro.

O advogado de Mauro Cid, Bernardo Fenelon, afirmou que “a defesa técnica, por respeito ao Supremo Tribunal Federal, se manifestará apenas nos autos do processo”. A assessoria de Michelle Bolsonaro não respondeu aos contatos feitos pelo UOL na manhã deste sábado.

O UOL também não conseguiu contato das assessoras Giselle dos Santos Carneiro da Silva e Cintia Borba Nogueira Cortes, que foram citadas na decisão do ministro Alexandre de Moraes como responsáveis por indicar quem deveria receber o dinheiro depositado pelos auxiliares de Mauro Cid.

*Com Uol

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Política

Rachadinha? Assessores eram orientados a pagar gastos de Michelle Bolsonaro em dinheiro vivo

Diálogos interceptados pela PF, por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid, apontam dinâmica suspeita sobre os pagamentos.

Conversas em áudio, por meio de um aplicativo de mensagens, entre o então ajudante de ordens do Palácio do Planalto, o tenente-coronel Mauro Cid, e assessoras do governo de Jair Bolsonaro (PL) apontaram que havia uma orientação para o pagamento em dinheiro vivo das despesas da então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

De acordo com informações da coluna de Aguirre Talento, no portal Uol, duas assessoras da primeira-dama, Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro da Silva, conversaram entre si e com Mauro Cid manifestando preocupação sobre irregularidades nos tais pagamentos, que poderia ser caracterizado como um esquema de rachadinha.

Os diálogos foram interceptados pela PF, por meio da quebra de sigilo das comunicações de Mauro Cid, preso no último dia 3 por suspeitas de fraudar certificados de vacina da Covid-19.

Segundo a PF, as conversas apontam a existência de uma “dinâmica sobre os depósitos em dinheiro para as contas de terceiros e a orientação de não deixar registros e impossibilidades de transferências“.

A investigação apurou que a ex-primeira-dama usava um cartão de crédito de uma amiga, Rosimary Cardoso Cordeiro, que era assessora do senador bolsonarista Roberto Rocha (PTB-MA). A PF apontou que os pagamentos das despesas feitas com o cartão de Rosy eram feitos em depósitos, para tentar ocultar a origem dos recursos.

Ex-funcionários palacianos já relataram a suspeita de que Rosy repassava parte do salário a Michelle, prática conhecida como rachadinha.

*Com GGN

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Justiça

Embaixada dos EUA recebe pedido para suspender vistos de Bolsonaro e Michelle

Ex-presidente Jair Bolsonaro é investigado pela PF por suposta falsificação de registros de vacina para garantir entrada nos EUA.

A embaixada dos Estados Unidos (EUA) recebeu um ofício pedindo que a diplomacia norte-americana abra uma investigação e avalie suspender os vistos de entrada em território norte-americano do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da esposa, Michelle, bem como do tenente-coronel Mauro Cid Barbosa.

O documento foi enviado à embaixadora dos EUA no Brasil, Elizabeth Frawley Bagley, nessa quarta-feira (3/5), pela deputada federal Erika Hilton (PSol-SP). No texto, a parlamentar solicita que a embaixada reavalie e a permissão com base nas suspeitas de fraude em comprovantes de vacinação contra a Covid-19, investigados em operação da Polícia Federal (PF).

“Eu encaminhei um ofício para a Embaixada dos EUA suspenda os vistos de Bolsonaro, Michelle e assessores, se confirmando que apresentaram o comprovante de vacinação falso para entrada nos EUA”, diz a deputada.

“Além das mortes pela sua inação e mentiras durante a pandemia, Bolsonaro e assessores podem também ter espalhado o coronavírus deliberadamente, enquanto fingiam estar vacinados”, prosseguiu Erika.

Além de Erika Hilton, outra deputada federal do mesmo partido, Luciene Cavalcante (PSol-SP) questionou a representação diplomática do país no Brasil sobre a apresentação do comprovante de vacina ao ingressar no território, como revelado pela coluna Guilherme Amado, do Metrópoles.

Nessa quarta (3), Bolsonaro foi alvo da Operação Venire, que apura o envolvimento do ex-presidente com uma associação criminosa acusada de fraudar dados de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde. O cartão de imunização dele e da filha, Laura, teriam sido alterados.

Bolsonaro relatou que a busca e apreensão na residência teve como alvo os cartões de vacina dele e da esposa. Ele afirmou que seu celular foi levado pelos investigadores, mas disse não temer o resultado das investigações, pois não teria tomado a vacina contra o coronavírus nem fraudado informações.

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Michelle tem mais respostas a dar à PF sobre joias do que parecia

Chico Alves*

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro tem explicações a dar à Polícia Federal depois de demonstrar, em entrevista, ter conhecimento sobre joias recebidas da Arábia Saudita, avaliou o colunista do UOL Chico Alves no UOL News.

Na primeira vez que a noticia veio à público, Michelle Bolsonaro disse que não sabia de nada, não sabia de joias. Agora admite que sabe das joias, mas do kit masculino. Perguntada se chegou às suas mãos, ela não diz que não, diz que “chegou no Alvorada, veio pelo trâmite administrativo”. Mas não disse “não, essas joias não chegaram em minhas mãos.”

Para Chico, a nova declaração demonstra uma mudança de roteiro importante no caso.

“Essa investigação avança tendo então a ex-primeira-dama como uma pessoa que vai ter mais respostas para dar à polícia do que parecia inicialmente. No começo disse que não sabia de joia nenhuma, agora pelo menos do kit masculino ela diz que sim, ela sabe, e inclusive descreveu cor, tipo, itens.”

“Esse tipo de contradição da Michelle nem de longe dá a entender que vai motivar ou justificar algum pedido de prisão, nem dela nem de Bolsonaro. É o estilo Janones de se expressar, com exageros, ele tenta responder aos seus opositores da extrema-direita, que também são exagerados em tudo que falam nas redes sociais.”

*Uol

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Opinião

Bolsonaro, primeiro-cavalheiro de Michelle

Perto da inelegibilidade, emplacar candidatura da ex-primeira-dama é o que resta ao capitão.

Ao voltar ao país após a temporada turística de três meses nos EUA, Bolsonaro vetou a candidatura da mulher, Michelle, ao Palácio do Planalto em 2026. Das duas, uma: ou o ex-presidente está mentindo como sempre ou não manda mais nada.

Presidenta do PL Mulher, Michelle já se considera candidata, reforçando a imagem de uma mulher ligada a valores conservadores, ao lar e à família, mas com direito a ocupar o espaço público. No Brasil de hoje, é capaz de colar. A ex-primeira-dama age sob efeito da mosca azul do poder —e o responsável pela mordida foi o próprio Bolsonaro, que a fez entrar na campanha de 2022 numa tentativa de reverter a rejeição do voto feminino e de reforçar o apoio entre os evangélicos. Ao contrário de Bolsonaro, Michelle saiu vitoriosa.

Em entrevista à Folha, a socióloga Esther Solano concedeu ao bolsonarismo status de movimento estruturado dentro da sociedade brasileira e apontou Michelle e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como herdeiros do ex-presidente. O caminho dela, no entanto, será cheio de obstáculos: eleitores de Bolsonaro não parecem concordar em ver a mulher ocupando uma posição mais alta; os mais tóxicos chegam a odiar mulheres.

A força de Michelle —que precisa tomar aulas de geografia, para não perder eleitores ao chamar Pernambuco de cidade— está na desgraça do marido. Sem foro privilegiado e perigando ser preso a qualquer hora, Bolsonaro está perto da inelegibilidade. Punição que, justiça seja feita, ele buscou incessantemente ao longo da carreira de deputado do baixo clero e presidente golpista.

Como legado dos quatro anos em que atuou para destruir o país, não terá nem as joias árabes guardadas no mocó de Nelson Piquet. Sob as ordens de Valdemar Costa Neto, o capitão será cabo eleitoral. No futuro, se a jogada der certo e ele se comportar direito em casa, poderá manter a pose de primeiro-cavalheiro.

*Alvaro Costa e Silva/Folha

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Justiça

Em depoimento, Bento Albuquerque diz que não foi informado que pacotes com joias eram presentes para Michelle e Bolsonaro

Ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque prestou depoimento à Polícia Federal (PF) nesta terça-feira (14) sobre o caso das joias milionárias dadas pelo governo da Arábia Saudita em outubro de 2021.

Bento afirmou ainda, também segundo sua defesa, que os pacotes seriam “presentes de Estado”, entregues por um oficial do governo saudita quando o grupo chefiado por ele se preparava para deixar o país.

Segundo o advogado, o ex-ministro relatou que os presentes não foram abertos até a chegada da comitiva ao Brasil, e que em nenhum momento foi informado a ele que as joias seriam para Jair Bolsonaro ou para Michelle.

Vídeo divulgado pelo g1 na quarta-feira (8), gravado pelo circuito interno do aeroporto de Guarulhos após o desembarque da comitiva, mostra o ex-ministro dizer: “Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama” – de acordo com a defesa de Albuquerque, ao ver que se tratava de joias, ele supôs que os itens seriam para a então primeira-dama.

O depoimento do ex-ministro, que durou pouco mais de uma hora, foi dado na casa de seu advogado, no Rio de Janeiro. Também depôs Marcos Soeiro, ex-assessor de Albuquerque, representado pelo mesmo defensor.

Vídeo divulgado pelo g1 na quarta-feira (8), gravado pelo circuito interno do aeroporto de Guarulhos após o desembarque da comitiva, mostra o ex-ministro dizer: “Isso tudo vai entrar lá pra primeira-dama” – de acordo com a defesa de Albuquerque, ao ver que se tratava de joias, ele supôs que os itens seriam para a então primeira-dama.

O depoimento do ex-ministro, que durou pouco mais de uma hora, foi dado na casa de seu advogado, no Rio de Janeiro. Também depôs Marcos Soeiro, ex-assessor de Albuquerque, representado pelo mesmo defensor.

*G1

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Em cena, um novo par político: Valdemar Costa Neto e Michelle

Bolsonaro não está gostando disso nem um pouquinho.

Quem já foi capaz de condenado e preso chefiar um partido de dentro da cela e negociar ministérios e cargos de segundo escalão para correligionários, não se deixará abater por dificuldades menores. É o caso de Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que no momento abriga Bolsonaro, sonhando com Michelle em 2026.

Lembra-se de algum discurso de Costa Neto em defesa de Bolsonaro depois que estourou o escândalo das joias que ele e Michelle ganharam de presente da ditadura da Arábia Saudita? Ou de alguma mensagem postada por ele nas redes sociais a propósito do assunto? Não lembra porque ele nada falou ou escreveu.

Na semana passada, Costa Neto inaugurou sua conta no Twitter, e o que escreveu ali repercutiu entre os políticos. Não, não foi sobre Bolsonaro, Michelle, joias, mas sobre o deputado Nikolas Ferreira (PL), o campeão de votos em Minas Gerais, que vestiu uma peruca loura e ofendeu os trans a pretexto de defender as mulheres.

Não, Costa Neto não criticou Ferreira, ameaçado de perder o mandato por quebra do decoro parlamentar; defendeu-o. E, ao fazê-lo, respondeu indiretamente a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, que aplicou uma reprimenda pública em Ferreira. Lira entendeu o recado e calou-se.

Costa Neto quer distância de Bolsonaro, e uma aproximação cada vez maior com Michelle. Bolsonaro virou sinônimo de problemas para Costa Neto desde que perdeu uma eleição que considerava ganha. Por causa dele, o PL pagou uma auditoria nas urnas eletrônicas para detectar falhas que nunca existiram, mas não só.

O partido contestou a vitória de Lula, foi multado em 22,9 milhões de reais e teve suas contas bloqueadas. Elas só foram liberadas depois do pagamento da multa. O desgaste sofrido por Bolsonaro no caso das joias pode contaminar a imagem do PL e dos seus dirigentes, e isso é o que Costa Neto mais teme e quer evitar.

Ele encomendou duas pesquisas de opinião que já estão sendo feitas para medir o estrago provocado pelo escândalo das joias em Bolsonaro, em Michelle e no PL. E também para avaliar as chances de Michelle substituir o marido como candidata a presidente da República em 2026. Michelle é seu objeto de desejo.

Por tudo que ele escuta em rodas de ministros de tribunais superiores e de advogados experientes, Costa Neto parece convencido de que a Justiça eleitoral tornará Bolsonaro inelegível por crime contra a democracia. Antes das eleições de 2026, teremos as municipais do próximo ano para prefeito e vereador.

Michelle já entrou em campo para ajudar Costa Neto. Formarão um belo par. Bolsonaro não está gostando do que vê nem um pouquinho.

Noblat/Metrópoles

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Opinião

Dallagnol lambe e lustra as joias de Michelle e Bolsonaro

Nada de novo no front. Dallagnol, de tanto ser ridicularizado por sua mudez no caso dos diamantes e joias que os Bolsonaro receberam da Arábia Saudita, resolveu escrever um artigo no tal “Gazeta do Povo” esfregando pano.

Agora mesmo chega a notícia de que o Chile superou o Brasil como país latino-americano com maiores empresas de engenharia e construção civil, simplesmente porque Moro e Dallagnol destruíram tudo o que se refere à engenharia no Brasil com a farsa da Lava Jato.

Ninguém, com juízo, compraria um carro nas mãos de Moro, Dallagnol ou Bretas. Isso é fato inconteste. Por que diabos alguém poderia achar que o artigo de Dallagnol sobre as joias seria menos desonesto? Isso, para dizer o mínimo.

O que se deve lembrar é que, em 2019, o STF sustou a picaretagem de Dallagnol e Moro com uma tal fundação privada de combate à corrupção para a qual seria usada a bagatela de R$ 2,5 bilhões da Petrobras. A coisa era totalmente ilegal. Em qualquer país civilizado, os dois estariam presos.

O problema nesse pela-saquismo de Dallagnol é que o biscate quer ser mais realista do que o rei das mutretas e rachadinhas. Não foi o próprio Bolsonaro quem confessou que está com o lote das joias masculinas, que entraram ilegalmente no país? Que papo é esse do picareta lavajatista?

O fato é que, em seu artigo, “passando pano para Bolsonaro”, o queima filme do MP, Deltan Dallagnol, corta uma volta danada para dizer que o caso das joias, que envolve Michelle e Bolsonaro, não é bem assim, e que tudo não passa de uma crítica seletiva. E que faltam muitos dados.

Servidora do Planalto relata à PF que recebeu ordem para lançar antecipadamente joias no acervo pessoal de Bolsonaro. logo depois que a coisa azedou pediu para ela excluir do sistema. Está tudo no áudio que entregou a PF.

Enfim, o que Dallagnol escreveu é um monte de coisa nenhuma para ver se, assim como Moro, pega alguma xepa do bolsonarismo.

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Política

Michelle desabafa: como ‘mulher traída’, fui a última a saber das joias sauditas

Ex-primeira-dama demonstra irritação e diz querer que objetos sejam devolvidos ao governo árabe.

De acordo com Monica Bergamo, Folha, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirma que, como “mulher traída”, foi a “última a saber” que joias teriam sido enviadas a ela de presente pelo governo da Arábia Saudita em 2021.

Ela não teria também a menor ideia de que os objetos preciosos tinham sido apreendidos pela Receita Federal há mais de um ano, e que o governo de Jair Bolsonaro se mobilizara para tentar reavê-los.

Nem mesmo seu marido, Jair Bolsonaro, teria passado informações a ela depois de tomar conhecimento do episódio.

Os fiscais retiveram na alfândega um par de brincos, um anel, um colar e um relógio, confeccionados com pedras preciosas, bem como um enfeite em forma de cavalo com adornos dourados.

O conjunto valeria R$ 16 milhões e, segundo o ex-ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, que trouxe os presentes em sua comitiva, seriam destinados à então primeira-dama.

O desabafo de Michelle foi feito a interlocutores depois que o caso virou escândalo, na semana passada.

A ex-primeira-dama diz que tomou conhecimento dos fatos na sexta (3), quando uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo sobre o assunto foi enviada a ela por Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação do governo e próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Nos diálogos, a ex-primeira-dama chegou mostrar desconfiança, em um primeiro momento, de que alguma pessoa envolvida no transporte das joias teria tentado se apoderar dos bens.

Afinal, se o presente era destinado a ela, como nada ainda lhe teria sido informado, mais de um ano depois do envio dos objetos preciosos?

Num segundo momento, Michelle levou em consideração o fato de as joias estarem em uma caixa selada, o que em tese impediria qualquer um de saber o que havia dentro dela. A hipótese de desvio os bens foi descartada.

Demonstrando irritação por ter seu nome envolvido no escândalo, Michelle informou aos interlocutores que Jair Bolsonaro só teria sido informado sobre o presente e a retenção das joias no fim do ano passado, quando o governo se mobilizava para retirá-las da Receita Federal.

O marido, no entanto, não teria contado nada a ela, que só soube da confusão na semana passada.

A primeira-dama afirmou ainda que consultaria advogados sobre o que fazer.

Ela quer saber se ainda há uma forma de retirar os objetos da Receita Federal para devolvê-los à Arábia Saudita.

Como não houve declaração, o órgão apreendeu os bens e exigiu o pagamento do devido Imposto de Importação, oferecendo a opção de o Ministério de Minas e Energia pleitear formalmente o reconhecimento da condição dos bens como propriedade da União —o que destravaria os itens sem a necessidade do pagamento.

O governo de Jair Bolsonaro fez várias tentativas de reaver as joias, sem sucesso.

Quando o caso veio à tona, Michelle postou em uma rede social: “Quer dizer que ‘eu tenho tudo isso’ e não estava sabendo? Meu Deus! Vocês vão longe mesmo hein?! Estou rindo da falta de cabimento dessa impressa [sic] vexatória”.

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Política

A companhia dos Bolsonaro e a reputação de Michelle, se é que tem

O incrível caso das joias contrabandeadas pelo ex-presidente da República.

Era muito tentador. As joias, lindas e caras. Bastaria dar um jeito de driblar a lei para que a riqueza da família aumentasse num único lance em cerca de R$ 16,5 milhões, a preço de hoje.

Sabe quanto custou a mansão de 2,4 mil metros quadrados comprada em Brasília pelo senador Flávio Bolsonaro? R$ 5,97 milhões. Daria para comprar quase três mansões iguais.

E com outra vantagem no caso das joias: não precisaria declará-las, ficando a salvo do pagamento de impostos. Equivalem a dinheiro vivo para saldar possíveis dívidas que não deixam rastro.

Joias são muito usadas para lavagem de dinheiro. Rachadinha também serve para isso: o funcionário, muitas vezes fantasma, é pago com dinheiro público e devolve parte do salário.

De resto, quem ousaria confiscar joias trazidas na mala de um militar ajudante de ordem do almirante Bento Albuquerque, à época ministro de Minas e Energia do governo Bolsonaro?

Eram presentes dados pela ditadura da Arábia Saudita, país produtor de petróleo, quando Bolsonaro esteve por lá em outubro de 2021 – colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes.

As joias foram apreendidas pela Receita Federal no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. O almirante tentou liberá-las, mas não conseguiu. Na prática, tratava-se de contrabando.

Poderia ter alegado que as joias seriam incorporadas ao patrimônio nacional, de vez que foram dadas ao presidente e à primeira-dama. Mas se tivesse feito isso, o casal ficaria sem elas.

Nos últimos dois meses, houve quatro tentativas de Bolsonaro de reaver as pedras preciosas, envolvendo três ministérios (Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores) e militares.

A última ocorreu quando faltavam apenas três dias para o fim do mandato de Bolsonaro: um funcionário do governo pegou um avião da FAB e desembarcou em Guarulhos para retirar as joias.

A missão fracassou, segundo o jornal O Estado de S. Paulo. No dia 28 de dezembro, Bolsonaro enviou um ofício à Receita pedindo que os bens fossem destinados à Presidência da República.

Àquela altura, talvez sua intenção fosse “limpar” a história. Uma vez que não recuperara as joias, pelo menos deixaria registrado que elas haviam sido dadas ao Estado brasileiro, não a ele.

A cúpula da Receita empenhou-se em salvar Bolsonaro de um escândalo, mas seus agentes em Guarulhos não concordaram. Eles são empregados do Estado, não de governos. Cumprem a lei.

*Noblat/Metrópoles

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