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O silêncio de Tarcísio sobre o Oscar do Ainda Estou Aqui revela seu bolsonarismo latente

Governador de SP seguiu nas redes sociais o movimento de outros líderes da extrema-direita.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ignorou a vitória inédita do Brasil no Oscar do último domingo (2), com o filme “Ainda Estou Aqui”.

Tarcísio seguiu nas redes sociais o movimento de outros governadores bolsonaristas que optaram pelo silêncio diante da premiação.

“Ainda Estou Aqui” retrata a história da advogada paulistana Eunice Paiva, cujo marido, o deputado federal cassado Rubens Paiva, foi sequestrado e assassinado pela ditadura militar no início da década de 1970.

Jair Bolsonaro (PL) defendeu o regime durante toda sua carreira política e mantinha em seu gabinete, quando deputado, fotos como do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, comandante do DOI-Codi do Exército. Antes da premiação, há uma semana, o ex-presidente havia feito críticas ao filme, em entrevista.

Tarcísio tem histórico de comemorar feitos brasileiros nas redes
Tarcísio tem histórico de usar suas redes sociais para comemorar feitos de brasileiros em competições internacionais.

O caso mais recente foi o do tenista João Fonseca, após sua vitória no ATP de Buenos Aires, em fevereiro.

“É mais um talento brasileiro despontando para o mundo, carregando as cores da nossa bandeira”, escreveu na ocasião.

Antes disso, durante as últimas Olimpíadas, a ginasta Rebeca Andrade e a judoca Beatriz Souza, ambas medalhistas de ouro, também haviam sido homenageadas pelo governador, que é cotado para disputar a Presidência da República em 2026.

Nesta terça (4), ele publicou também uma mensagem parabenizando a Rosas de Ouro por seu oitavo título do Carnaval paulistano.

A “Folha de S.Paulo” questionou o Palácio dos Bandeirantes sobre o silêncio em relação à premiação de cinema, mas não obteve resposta.

Quando criticou o filme, Bolsonaro tinha sido questionado se torceria pela produção e pela atriz Fernanda Torres e se esquivou, respondendo: “A mensagem ali é política. Ela falou, por exemplo, que no meu governo não seria possível fazer aquele filme. Por quê? Eu proibi alguém de fazer alguma coisa? Cassei a concessão de alguém?”

Em fevereiro, o diretor Walter Salles concedeu à “CNN” americana e havia afirmado que o filme é um “produto do retorno da democracia ao Brasil”, com a derrota do ex-presidente para Lula (PT), em 2022, e que no governo anterior “Ainda Estou Aqui” não teria como ser filmado.

Durante o mandato do ex-presidente, o diretor Wagner Moura enfrentou uma série de entraves com a Ancine para o lançamento do filme “Marighella”, que retrata a história do deputado cassado Carlos Marighella, militante comunista e integrante da luta armada contra o regime, morto em 1969, segundo Bruno Ribeiro, ICL.

Em resposta pública a queixas de Moura, o então secretário de Cultura de Bolsonaro, Mario Frias, afirmou que não haveria verba pública para “lixo panfletário”.

Bolsonaristas
Outros governadores bolsonaristas tiveram comportamento semelhante ao de Tarcísio. Romeu Zema (Novo), de Minas, e Ratinho Junior (PSD), do Paraná, apontados como possíveis presidenciáveis, não fizeram nenhuma citação à vitória brasileira. O goiano Ronaldo Caiado (União Brasil), que já se declara pré-candidato, publicou nos stories no Instagram palmas e uma bandeira brasileira.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que se declara apoiador de Bolsonaro e se aliou ao ex-presidente nas eleições municipais do ano passado, deu “parabéns a todos” pela vitória histórica de domingo. “Mais um orgulho em ser brasileiro, a cidade de São Paulo está em festa”, escreveu.

Tarcísio tem concentrado suas publicações nas redes sociais, nesta semana, em uma ação de policiais que entram em blocos de Carnaval fantasiados para tentar deter ladrões de celulares.

O governador publicou uma imagem de policiais vestidos de Power Rangers no domingo e outra com os personagens dos jogos Super Mario na segunda. Ambas tiveram mais de 180 mil curtidas.

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O troco em dobro que o Oscar deu em Bolsonaro por sua exaltação ao torturador Brilhante Ustra no voto pelo golpe em Dilma.

Com um ataque decoradinho contra Dilma, junto com o Eduardo, Bolsonaro tirou do bolso um dos mandamentos dos ditadores que não tiraram da cabeça o sonho de ver Dilma pelas costas.

O motivo, todos sabem

A comissão da Verdade que Dilma, corajosamente, bancou e revelou os horrores dos porões da ditadura.

Bolsonaro, que havia cuspido do busto de Rubens Paiva, era o cara certo para ir à forra dos militares que odiaram a ideia de Dilma levantar o passado da ditadura.

Rubens Paiva foi torturado até a morte pelo aparelho de repressão, montado pelo regime militar, comandado pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

O mesmo Ustra, a quem Bolsonaro exaltou na hora de seu voto, dizendo que o assassino era o terror de Dilma por torturá-la ainda adolescente.

Os militares e Bolsonaro queriam deixar claro para Dilma como e por que orquestraram o golpe contra ela.

Agora vem o Oscar para o filme Ainda Estou Aqui, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, que utilizou informações contidas na Comissão da Verdade, mostrando a esses fascistas quem riu por último diante da consagração mundial e, sobretudo, da torcida do Brasil inteiro pelo prêmio, mas principalmente pela ditadura ser impiedosamente desmascara.

Pior, o filme tira a carapaça de Bolsonaro, o fascista que, borrando-se de medo da justiça, diz-se perseguido pela “ditadura da toga”

Isso é o que lava a alma de qualquer brasileiro decente.

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Dilma fica emocionada com Oscar. Filme foi possível graças à Comissão Nacional da Verdade, instituída em seu governo

A ex-presidenta Dilma Rousseff celebrou a conquista histórica do filme Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional e destacou a importância da obra como um tributo à memória e à democracia. Em uma série de publicações nas redes sociais, Dilma parabenizou a equipe do longa e relembrou que o filme só foi possível graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada durante seu governo para investigar os crimes cometidos pela ditadura militar.

“O Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui é um reconhecimento da força da cultura brasileira. Uma homenagem merecida ao nosso cinema, ao diretor Walter Salles, às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, ao ator Selton Mello e a toda a equipe do filme”, escreveu Dilma.

Em outra publicação, ela ressaltou o impacto histórico da premiação. “Nossa emoção é ainda maior porque a premiação celebra uma obra que presta tributo à civilização, à humanidade e aos brasileiros que sofreram com a extinção das liberdades democráticas, lutando contra a ditadura militar”, afirmou.

O papel da Comissão Nacional da Verdade
Dilma Rousseff destacou que a história de Rubens Paiva e da luta de Eunice Paiva pela justiça puderam ser contadas com profundidade graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Criada em 2011, a CNV teve a missão de investigar as graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 1946 e 1988, com ênfase nos crimes praticados durante a ditadura militar.

“É motivo de orgulho saber que a história de Rubens Paiva e de sua família — especialmente a busca incansável de Eunice Paiva pela verdade e pela justiça — pôde ser contada graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que criei durante meu governo para investigar os crimes da ditadura”, escreveu a ex-presidenta.

O relatório final da CNV, publicado em 2014, apontou a responsabilidade do Estado brasileiro em centenas de casos de assassinatos e desaparecimentos forçados, incluindo a execução de Rubens Paiva. O documento trouxe à tona documentos, testemunhos e provas que desmentiram as versões oficiais divulgadas pelo regime militar e serviram como base para narrativas como a de Ainda Estou Aqui.

A conquista histórica do cinema brasileiro
A premiação de Ainda Estou Aqui marca a primeira vitória do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. O longa, dirigido por Walter Salles e baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, retrata a luta de Eunice Paiva, advogada e defensora dos direitos humanos, após o desaparecimento e assassinato de seu marido, Rubens Paiva, um dos casos mais emblemáticos da repressão militar, diz o 247.

Ao receber a estatueta, Walter Salles dedicou o prêmio à protagonista da história. “Uma honra tão grande. Isso vai para uma mulher que teve uma perda tão grande. Esse prêmio vai para ela, Eunice Paiva, e para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, declarou.

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Brasil

Ganhar um Oscar em pleno carnaval levando a Sapucaí a uma explosão de alegria, é a cara do Brasil.

Em que país no mundo se comemora um Oscar como no Brasil? Não existe.

A cultura brasileira é única, antropofágica e, potencialmente, popular.

Não foi a vitória da grana, mas da história que os militares tentaram apagar ao se vingarem de Dilma que, com coragem, bancou a Comissão da Verdade.

O mundo viu o que é o Brasil.

Mesmo diante de uma trágica ditadura, contada em detalhes, o país encontra na alegria a forma de denunciar crimes hediondos.

Está rodando o mundo a maneira Ganhar um Oscar em pleno carnaval levando a Sapucaí explodir de alegria, é a cara do Brasil com que os brasileiros, em pleno carnaval, receberam a notícia do 1º Oscar. Nunca se viu nada igual.

Brasil nas ruas, na maior festa popular do mundo, explodindo de alegria pela vitória, através da cultura, do bem contra o mal, sem sombra de dúvida, deixa o caminho aberto para outras glórias.

O povo brasileiro tem orgulho de sua cultura no sentido mais profundo, complexo e poético. Isso surpreendeu o mundo.

Esse clima de copa do mundo que tomou o Brasil na noite deste domingo (02), mostra como o filme Ainda Estou Aqui é representativo para o povo brasileiro.


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Mundo

Brasil ganha seu primeiro Oscar. Melhor Filme Internacional: “Ainda Estou Aqui”

O filme Ainda Estou Aqui concorria ao Oscar de Melhor Filme Internacional com grandes produções como Emília Perez e Flow.

Sucesso de crítica e de bilheteria, o filme brasileiro Ainda Estou Aqui fez história neste domingo (2/3) ao ser a primeira produção 100% brasileira a vencer a categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar 2025. Dirigido por Walter Salles, o filme é estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello e desbancou o favorito à premiação, Emilia Pérez.

Além de Emilia Pérez (França), os outros filmes que concorreram na categoria foram A Garota da Agulha (Dinamarca), A Semente do Fruto Sagrado (Alemanha) e Flow (Letônia).

Com a vitória na categoria, Ainda Estou Aqui tornou-se o filme brasileiro de maior destaque na história do Oscar, ultrapassando Central do Brasil (1999), que foi indicado ao prêmio, mas acabou derrotado pelo longa italiano A Vida é Bela.

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E o Oscar vem aí

A atriz brasileira Fernanda Torres foi indicada ao Oscar 2025 de melhor atriz interpretando Eunice Paiva em “Ainda estou aqui” na quinta-feira (23). E, em feito inédito, o filme de Walter Salles também concorre em melhor filme — é a primeira vez que um filme brasileiro concorre na principal categoria da premiação.

A obra também foi indicada a Filme Internacional, concorrendo com produções da França, Letônica, Dinamarca e Alemanha. Fernanda Torres concorre com Mikey Madison (“Anora), Demi Moore (“A substância”), Karla Sofía Gascón (“Emilia Pérez”) e Cynthia Erivo (“Wicked”).

A atriz disputa a categoria 26 anos após indicação de sua mãe, Fernanda Montenegro, por “Central do Brasil” em 1998. Um dos primeiros longas de sucesso de Walter Salles, o filme marcou a última vez em que o Brasil apareceu nas categorias de atuação (melhor atriz ou melhor ator).

 

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Fernanda Torres cotada para o Oscar

Fernanda Torres, aclamada atriz brasileira, vem ganhando destaque na corrida pelo Oscar 2025, sendo apontada como uma das favoritas na categoria de Melhor Atriz, de acordo com o renomado portal americano Entertainment Weekly .

O site descreve a disputa como “uma categoria lotada”, referindo-se à intensa concorrência entre talentosas atrizes. Torres, que vem se destacando por seu desempenho notável, é vista como uma “nova líder” na categoria, com chances fortes de levar a estatueta para casa.

A principal adversária de Fernanda na disputa é a experiente atriz Demi Moore, vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Comédia/Musical, que também se destacou por sua atuação em um projeto de grande visibilidade.

A corrida pelo prêmio de Melhor Atriz promete ser uma das mais emocionantes e equilibradas, com ambas as atrizes trazendo atuações intensas e memoráveis ​​que conquistaram tanto o público quanto a crítica especializada.

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Indicados ao Oscar 2023 recebem estátua Yanomami como alerta para perigos da extração ilegal de ouro

Agência Brasil — Uma campanha sobre o impacto do garimpo ilegal em terras indígenas deve movimentar o tapete vermelho, neste domingo (12), na noite de Cerimônia do Oscar 2023.

Chamada de The Cost of Gold – O Preço do Ouro, em tradução livre, a intenção da campanha foi lembrar que a extração ilegal do ouro pode significar o extermínio dos indígenas no Brasil.

A Urihi Associação Yanomami enviou aos indicados da maior premiação do cinema, uma estatueta, como símbolo da luta contra a extração ilegal de ouro na Amazônia.

A estatueta de madeira não tem ouro em sua composição e foi confeccionada no formato da divindade Omama que, para os Yanomami, é a divindade responsável pela criação do ser humano, floresta e animais, e significa proteção.

Campanha “The Cost Of Gold” (O Preço do Ouro)tem o intuito de conscientizar as estrelas de Hollywood para a crise de saúde que o povo Yanomami enfrenta devido ao avanço de garimpos ilegais de ouro. 20 indicados receberam a estátua que representa o deus Omama.

Além da estatueta, um vídeo da campanha, no Youtube, fala sobre os problemas sociais e econômicos causados pelo garimpo ilegal. No vídeo, Junior Yanomami, líder da Associação Yanomami afirma que o ouro assumiu o sentido de “morte e destruição” para os indígenas e para a floresta.

Maior território indígena do Brasil, a terra Yanomami vive uma crise humanitária sem precedentes devido ao avanço do garimpo ilegal nas terra indígenas nos últimos anos.

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Bacurau, Coringa e Parasita: a desigualdade social nas telas, um apelo para a mudança

Três filmes e um argumento que caiu no gosto do povo porque representa os anseios da nossa sociedade. O que há em comum entre os filmes Bacurau, Coringa e Parasita?

Vamos nos despedindo das telas de 2019 que est%u001o fechando suas cortinas para um cinema que, ao que parece, vai fazer história.

Um filme do Brasil, outro da Coreia do Sul e um dos Estados Unidos: todos têm em comum um mesmo argumento: a profunda desigualdade social que está levando nossa humanidade ao colapso.

Bacurau ganhou o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, enquanto Parasita foi o grande vencedor da Palma de Ouro. Já Coringa foi aclamado pela crítica e um sucesso de bilheteria que tem muita chance de render ao ator Joaquin Phoenix o Oscar na categoria Melhor Ator.

Qual o valor que fez desses três filmes tão exitosos? A linha condutora deles se desenvolve a partir do colapso social provocado pela desigualdade social.

Veja as sinopses de cada um deles:

Bacurau – Brasil

Os moradores de um pequeno povoado do sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa, Domingas, Acácio, Plínio, Lunga e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.

Coringa- EUA

O comediante falido Arthur Fleck encontra violentos bandidos pelas ruas de Gotham City. Desconsiderado pela sociedade, Fleck começa a ficar louco e se transforma no criminoso conhecido como Coringa.

Parasita – Coreia do Sul

Toda a família de Ki-taek está desempregada, vivendo em um porão sujo e apertado, mas uma obra do acaso faz com que ele comece a dar aulas de inglês a uma garota de família rica. Fascinados com a vida luxuosa destas pessoas, pai, mãe e filhos bolam um plano para se infiltrarem também na família burguesa, um a um. No entanto, os segredos e mentiras necessários à ascensão social custam caro a todos.

A união contra o colapso social

Atenção – contém SPOILERS

Talvez em Bacurau o colapso social não seja tão evidente, porque, ainda que Bacurau seja uma cidade desprovida de infraestrutura, há uma coesão social que permite à comunidade local lidar com o caos que se instala por lá.

Em Bacurau, os moradores do pequeno vilarejo interiorano aprendem a viver à margem de qualquer governo, desenvolvendo suas próprias regras de convívio e soluções para os seus problemas, como a falta de abastecimento de água.

Para uma das atrizes do elenco, Karine Teles:

“O filme está nascendo em um momento em que o mundo está pensando muito nas questões que são abordadas nele. Acho que isso ajuda. As pessoas estão querendo discutir esse assunto. Há uma urgência em pensar sobre a forma com que a gente lida com a violência”, comenta para o G1.

bacurau

O maior problema de Bacurau, que parecia ser a questão da água, se dissolve quando um grupo de forasteiros chega à cidade com intenções sinistras, fazendo com que ela desapareça, literalmente, do mapa.

A professora Giselle Beiguelman disse ao Jornal da Usp que os diretores do filme conseguiram mostrar as diferentes formas de a violência no Brasil se expressar.

“A história se passa em Bacurau, que desapareceu do mapa. E isso não é força de expressão. A cidade subitamente deixou de ser registrada nos serviços de geolocalização, como se houvesse sido deletada do Google Maps. Nesse lugar perdido no tempo e na história, ocorre um confronto entre invasores, brancos e americanos, liderados por um chefe neonazista, e a população local, que decide recorrer a Lunga, uma figura andrógina interpretada magistralmente pelo ator Silverio Pereira, que é uma espécie de mistura de cangaceiro e bandido social do século 21”.

Desamparo social. Desigualdade abissal parasite

Se a sociedade de Bacurau entende que é com unidade que ela pode enfrentar seus problemas, o mesmo se pode dizer da família Kim, cujos membros se mantêm unidos para lidar com o desamparo social a que estão submetidos. A família, constituída de um casal, uma filha e um filho adolescentes, vive de bicos até que o filho, Ki-taek, passa a ser professor de inglês da filha de um casal rico, os Park, também com a mesma composição familiar: pai, mãe, filha e filho.

Embora, numa primeira interpretação, a família Kim pareça ser parasita dos Park, apropriando-se de suas vidas, uma outra leitura propõe que, na lógica capitalista, aqueles que acumulam dinheiro é quem são os verdadeiros parasitais sociais.

Um crítica da revista Cult, feita por Fabiane Secches, revela uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que analisou a distribuição da renda de trabalho no mundo entre 2004 e 2017, em 200 países. O relatório divulgou que os 10% mais ricos recebem quase 50% da renda de trabalho gerada, sendo que os outros 49% são relativos à renda de capital, ou seja, destinada aos proprietários do dinheiro.

Um o relatório de 2018 da Oxfam mostrou que as 26 pessoas mais ricas do mundo detêm uma riqueza equivalente à metade mais pobre da humanidade somada em conjunto (3,8 bilhões de pessoas). Em 2017, a concentração de riqueza no mundo aumentou, visto que os bilionários tiveram sua renda ampliada para 12%, ao passo que a metade mais pobre teve uma diminuição de 11% de sua renda.

O que esses dados revelam? Que famílias como os Park têm a vida que têm porque vivem às custas do empobrecimento da maioria da população explorada, como a família Kim.

Não que os Park sejam maus e os Kim bons – aliás, o comentário da mãe da família Kim de que a mãe da família Park é extremamente “gentil” justamente é um exemplo de que o filme não busca construir uma mise-en-scène para bandidos e mocinhos – mas é que a própria lógica capitalista a que todos estão submetidos fazem de todos potenciais parasitas.

Arthur Fleck, o palhaço triste

Se os moradores de Bacurau e os Kim têm suas próprias relações de pertencimento, essa não é a condição de Arthur Fleck, um indivíduo completamente só na sua jornada, que faz dele um caso de patologia social.

Arthur é um homem de cerca de 35 anos, palhaço de profissão, que vive com a mãe em uma área marginalizada de Gotham City e tem um distúrbio mental que o faz rir de forma histriônica, uma condição paradoxal para um palhaço sem graça.

Arthur se transforma no Coringa, um sujeito que é o resultado de experiências sociológicas de um homem profundamente triste – um homem sem lar, membro de uma família e de uma sociedade adoecidas.

Coringa e Gotham entram em colapso quando os seus princípios éticos e morais viram ruína. Arthur passa a se sentir pertencente a algo quando se dá conta de que não está só em seu isolamento social: há uma multidão de gente sem nada, formada por invisíveis sociais, que vê no Coringa a chance de estar em comunhão.

Uma reflexão sociológica necessária

Os três filmes – Bacurau, Parasita e Coringa – ganharam o público e a crítica porque pareceram ser necessários para uma reflexão sociológica estetizada pelo cinema em um momento carente de princípios éticos humanitários, cuja construção vem sendo proposta pelo filósofo argentino Enrique Dussel como uma agenda urgente para o século 21.

Talvez por estarmos tão profundamente destituídos de tais princípios, sobretudo em um ano marcado por tantos eventos desalentadores no Brasil e no mundo, esses três filmes tenham despertado o pathos de públicos tão diferentes, mas com a mesma desesperança em comum.

É de se notar a globalização do problema… é como se não tivéssemos por onde escapar. É preciso acordar, se levantar e mudar. Ao menos, o sucesso desses filmes indicam para essa necessidade.

Estaríamos no começo de uma grande reviravolta?

 

*Publicado originalmente em greenMe/Com informações da Carta maior

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“Barbárie”, denuncia mãe de jovem esmagado por policiais no Chile

Na sexta-feira, Oscar foi atropelado por dois carros dos Carabineros usados para lançar gases sobre os manifestantes.

A mãe do jovem que foi alvo de um atropelamento na sexta-feira (21) por parte de dois blindados dos Carabineros do Chile foi às redes sociais criticar a violência promovida pelo Estados durante a jornada de manifestações que toma conta do país por mais de dois meses.

“Meu filho Oscar foi brutalmente, intencionalmente atropelado e esmagado por 2 gambás. Milagrosamente está vivo. Essa barbárie apoiada pelo monstro do interior e do Estado do Chile deve parar!”, publicou Marta em seu Twitter.

Oscar aparece em vídeo divulgado nas redes sociais sendo pressionado entre dois carros usados para lançar gases sobre os manifestantes. Ele foi prontamente socorrido por voluntários de saúde presentes no local e levado para um hospital. Ele teve uma fratura na pélvis e está com quadro estável, segundo informações do Instituto Nacional de Direitos Humanos.

Os protestos no Chile já ultrapassam dois meses e vê avançar a construção de uma nova Constituição no país que até hoje não reviu a carta constitucional estabelecida durante a ditadura de Augusto Pinochet.

 

 

*Com informações da Forum