Adriano foi condecorado por Bolsonaro quando trabalhava para Bidi, bicheiro assassinado no Rio no domingo de carnaval

Assim que li a notícia do assassinato do bicheiro Bidi, no último domingo de carnaval, fui ver se ele tinha alguma ligação com Adriano da Nóbrega, o herói de Bolsonaro, morto dias antes na Bahia, e não deu outra, Adriano era chefe da segurança de Bidi, Alcebíades Garcia, quando foi condecorado por Flávio a mando de Bolsonaro.

A reportagem do jornal extra de hoje, mostra que a morte de Adriano e a de Bidi, podem ter ligação direta na operação “queima de arquivo” que interessa tão somente ao Clã Bolsonaro.

Talvez por isso, Bolsonaro já acordou fazendo fumaça com ataques requentados aos negros para tirar essa notícia do foco.

Como disse Janio de Freitas, neste domingo, em sua coluna, Bolsonaro está fazendo de tudo para tirar o foco das investigações de Adriano da Nóbrega que, naturalmente, levam ao clã Bolsonaro.

Extra:

Dezesseis dias e mais de mil quilômetros separam as mortes do ex-capitão Adriano da Nóbrega e do bicheiro Alcebíades Garcia, o Bidi. O ex-oficial do Bope foi morto no último dia 9 numa operação da PM na Bahia. Já o contraventor foi executado quando voltava do Sambódromo, na madrugada do dia 25. As duas vítimas, entretanto, tiveram relações muito próximas: segundo inquéritos obtidos pelo EXTRA que tiveram o ex-PM como alvo, o primeiro trabalho executado por Adriano para a máfia que domina o jogo do bicho e máquinas caça-níqueis no Rio foi o de chefe da segurança da Bidi, em 2005. A Polícia Civil investiga se há alguma conexão entre as duas mortes.

Um depoimento prestado à Polícia Civil em julho de 2008 detalha como Adriano foi recrutado para trabalhar para Bidi. O relato foi dado pelo pecuarista Rogério Mesquita, braço direito e administrador das fazendas do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, irmão de Bidi. Segundo Mesquita, ele mesmo indicou a Bidi, no início de 2005, o nome de Adriano para ser chefe de sua segurança.

À época, Bidi estava envolvido numa guerra familiar pelo espólio criminoso de Maninho, assassinado a tiros no ano anterior. O bicheiro morava em Roraima e, após a execução do irmão, voltou ao Rio para assumir os negócios da família. Rogério alegou que “viu que Bidi era uma pessoa que não tinha noção do que estava assumindo e, numa conversa, disse que ele deveria se precaver e contratar um corpo de seguranças que pudessem trazer mais tranquilidade”.

Mesquita, então, indicou um nome de sua confiança: o então tenente Adriano da Nóbrega, “com quem tinha um laço de amizade”. O pecuarista era uma espécie de “padrinho” do ex-PM. Mesquita o conhecia desde a adolescência, pois o pai de Adriano morava num lote dentro do Haras Modelo, em Cachoeiras de Macacu, interior do Rio, propriedade de Maninho administrada pelo pecuarista. Mesquita alegou que, na época, Adriano passava por “dificuldades financeiras”.

Bidi aceitou a sugestão. Adriano, entretanto, estava preso na época — havia sido acusado do homicídio de um flanelinha na favela de Parada de Lucas. Segundo Mesquita, o PM e o contraventor fizeram, então, um trato: ele receberia um salário de R$ 5 mil para indicar PMs do Bope para integrarem a escolta de Bidi.

14 seguranças do Bope

O acordo entre Bidi e Adriano também previa que, enquanto o PM estivesse preso, ele indicasse outro oficial para chefiar a escolta. Segundo Mesquita, Adriano recrutou um capitão da sua turma no curso de formação de oficiais e que também tinha passagem pelo Bope. Esse oficial também recebeu mesada de R$ 5 mil por um ano, até Adriano sair da cadeia. Depois, foi liberado. Atualmente, o colega de Adriano foi promovido a major e ainda está na PM.

Mesquita detalhou como funcionava a escolta de Bidi: 14 PMs foram recrutados por Adriano para se revezarem na segurança do bicheiro, numa escala de 12 por 36 horas — que conciliavam com os períodos em que trabalhavam na PM. Segundo o pecuarista, Adriano só recrutava PMs do Bope.

Após sair da cadeia, Adriano não passou muito tempo trabalhando para Bidi. Conhecido como um policial operacional altamente capacitado e bom atirador, o agora capitão foi contratado por outro integrante da família que desejava ascender na hierarquia: José Luiz de Barros Lopes, o Zé Personal, então marido de Shanna Garcia, filha de Maninho.

Adriano virou, então, responsável pela segurança das máquinas caça-níqueis da família. Paralelamente, começou a matar desafetos a mando do novo chefe.

Quatro agentes identificados

A investigação interna da PM que culminou com a expulsão de Adriano da corporação por sua relação com a contravenção, conseguiu identificar quatro policiais do Bope recrutados por ele para trabalhar na escolta de Bidi. À época, os PMs foram reconhecidos por um porteiro do prédio onde funcionava o escritório do contraventor, em Ipanema.

Após a descoberta, três dos PMs foram afastados do Bope. O quarto agente havia sido expulso da corporação por conta de excessos que teria praticado como instrutor do curso que dá acesso ao Bope.

Ao contrário de Adriano, os agentes não foram expulsos da PM: atualmente, os quatro são sargentos e seguem na corporação. O policial que havia sido expulso conseguiu ser reintegrado. Atualmente, eles ainda são lotados no Bope.

Rastro de sangue

Em 2008, Rogério Mesquita procurou a Delegacia de Homicídios (DH) para denunciar crimes cometidos por Adriano. Na época, o pecuarista afirmou que estava sendo ameaçado de morte pelo “afilhado” e que foi vítima de um atentado em Cachoeiras de Macacu que havia sido planejado e executado por Adriano.

No relato, Mesquita apontou Adriano como autor de uma série de mortes, como as de Carlos Alberto Alano, o Carlinhos Bacalhau, funcionário de Maninho assassinado no Centro do Rio, e do ex-deputado Ary Brum, executado na Linha Amarela — ambas em 2007.

O pecuarista foi morto seis meses após o depoimento, em janeiro de 2009, na esquina das ruas Visconde de Pirajá e Maria Quitéria, a cerca de cem metros da Praia de Ipanema. Um homem que desceu da garupa de uma motocicleta Honda Falcon, de cor preta, e disparou um tiro contra a nuca de Mesquita. Adriano nunca foi acusado pelo crime.

Em setembro de 2011, Zé Personal, que passou a ser chefe de Adriano depois de Bidi, foi assassinado dentro de um terreiro de candomblé, na Praça Seca, Zona Oeste do Rio. O então capitão foi investigado como responsável pelo crime: sua motivação seria se livrar do antigo chefe para ascender na quadrilha. Ele também nunca respondeu pelo crime.

Em 2014, Adriano foi expulso da PM e, junto com mais outros dois ex-policiais, fundou o Escritório do Crime. Já famoso no submundo do crime pelos assassinatos “perfeitos”, o trio passou a cobrar até R$ 200 mil pelos serviços. A polícia sabe que, além de pistoleiro, Adriano também tinha pontos de jogo do bicho e máquinas caça-níqueis. Por isso, a DH apura se a morte de Adriano, na Bahia, causou alguma mudança no mapa da contravenção no Rio.

 

 

*Com informações do Extra

 

Irmão de bicheiro fuzilado, no carnaval, pode ter relação com o miliciano Adriano, herói de Bolsonaro

A morte de Alcebíades Garcia, metralhado durante o carnaval ao chegar em casa, na Barra da Tijuca, pode ter relação com o caso do ex-capitão Adriano Nóbrega, morto há duas semanas na Bahia, numa operação que se suspeita possa ter sido uma queima de arquivo.

Bidi, como era conhecido, travava uma disputa com a filha de seu irmão, o bicheiro Valdomiro Garcia, o “Maninho”. A filha de Maninho, Shanna, tinha Nóbrega, herdado do pai, como um de seus guarda-costas e homem de confiança.

Tio e sobrinha viviam se enfrentando por conta da herança e Alcebíades foi à polícia acusá-la de tomar, na marra, uma fazenda que ocupara e pertencia ao irmão bicheiro.

Maninho era amigo de outro bicheiro, Rogério Andrade, cujo filho, Diogo, morto em 2011, num atentado com explosivos.

Um dos seguranças de Andrade, depois alvo de uma explosão de outra bomba, que lhe custou a perna, era o também ex-PM Ronnie Lessa.

Mas, é claro, tudo é mera coincidência.

 

 

*Fernando Brito/Tijolaço

Desmascarado: Flávio Bolsonaro pede para não cremarem o corpo de Adriano depois que juíza proibiu cremação

Pois então, 27 minutos separam a notícia do Portal G1 da postagem de Flávio Bolsonaro sobre a cremação do corpo do miliciano. Às 11:30 era esta: “Justiça do RJ proíbe cremação do corpo do miliciano Adriano da Nóbrega. Pedido de cremação havia sido feito pela família do ex-policial. Em sua decisão, juíza afirma que não constam no pedido documentos imprescindíveis como a cópia da Guia de Remoção de Cadáver e o Registro de Ocorrência.”

Como pode ser verificado no link abaixo:

https://g1.globo.com/google/amp/rj/rio-de-janeiro/noticia/2020/02/12/justica-do-rio-proibe-cremacao-do-corpo-do-miliciano-adriano-da-nobrega.ghtml?__twitter_impression=true

Exatos 27 minutos depois, como pode ser observado no twitter de Flávio Bolsonaro, ele diz, na maior cara dura, que é contra a cremação e pede para as autoridades competentes não deixarem isso acontecer, logicamente, esquecendo-se do registro da hora.

Como se pode ver, Flávio, que até então estava mudo sobre a morte do miliciano que de condecorar e empregar a família em seu gabinete, resolveu, de uma hora para outra, falar e ir contra a decisão da família de Adriano da Nóbrega de cremar o corpo do miliciano.

Está mais do que na cara que sua posição contra a cremação é uma gigantesca mentira. Mas, vê-se que, em plena era digital, Flávio, imaginando-se na época em que os telegramas eram uma revolução, não se deu contra de que sua mensagem, assim como a notícia do Portal G1, têm registro de hora. Deu nisso, foi pego na mentira publicada e se jogou ainda mais dentro de um verdadeiro turbilhão de acusações de que ele e o resto da família estão diretamente envolvidos na queima de arquivo chamada Adriano da Nóbrega.

A internet não tem sido muito parceira desses vigaristas. Nesta terça-feira (11) foi a malandragem do Hans River, que contou um monte de mentiras na CPMI da fake news e, agora, corre o risco de ser preso.

Hoje, foi a vez de Flávio Bolsonaro, que bancou o esperto, mas se deu mal. Desta vez não deu tempo de Carluxo alterar o horário do seu twitter, como fez no registro da portaria do Vivendas da Barra.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

Moro sabia da operação na Bahia: Por que não colocou o nome do miliciano Adriano da Nóbrega na lista de procurados pela PF?

Ministro não colocou o nome de Nóbrega em lista dos procurados da PF, mas sabia de operação na Bahia.

No último domingo (9), Adriano Magalhães de Nóbrega, ex-capitão do Bope, foi assassinado em Esplanada, na Bahia, após uma operação policial que devia prendê-lo, mas que teria terminado em uma troca de tiros, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).

O jornal Folha de S. Paulo informou nesta segunda-feira (10), que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, sabia da operação. Segundo o jornal, a pasta comandada pelo ministro cogitou a possibilidade de enviar um helicóptero para dar suporte à polícia baiana, responsável pela operação.

Acusado de comandar milícias em Rio das Ostras, no Rio de Janeiro, Nóbrega era procurado pela Justiça brasileira desde janeiro de 2019, mas ficou de fora da lista com os criminosos mais procurados do país, divulgada por Moro no dia 30 de janeiro.

No dia seguinte à divulgação da lista, a ausência do miliciano levou o PSOL a anunciar que convocaria o ministro Sérgio Moro para que ele prestasse esclarecimentos ao Congresso.

Relação com Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz

O ex-policial militar estava escondido na fazenda de Gilsinho da Dedé, vereador do PSL em Esplanada (BA). O partido é peça-chave para entender o caso que culminou em uma mandado de prisão expedido contra Nóbrega em janeiro de 2019.

Até novembro de 2018 quando ainda era filiado ao PSL – partido do qual se desligou em outubro de 2019 – o senador Flávio Bolsonaro (sem partido), empregava a mãe e a esposa de Adriano de Nóbrega em seu gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), pois era deputado estadual.

O Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro (MPE-RJ) aponta Nóbrega como um dos responsáveis pelo chamado “Escritório do crime”, de onde teria partido o plano para assassinar a vereadora Marielle Franco.

Homenageado por Flávio Bolsonaro na Alerj em 2003, oportunidade em que recebeu a medalha Tiradentes, mais alta honraria fluminense, Nóbrega é amigo de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador, acusado de recolher parte dos salários dos funcionários do gabinete do político, prática conhecida como “rachadinha.” Os dois trabalharam juntos no 18 Batalhão da Polícia Militar.

Ainda de acordo com a investigação do Ministério Público, as contas de Nóbrega teriam sido utilizadas por Queiroz para fazer depósitos das rachadinhas.

Paulo Emílio Catta Preta, advogado de Nóbrega, anunciou que seu cliente tinha medo de ser assassinado. Seria, segundo o ex-militar, uma “queima de arquivo”. “Ele falou que estava temendo pela vida dele, porque ele tinha certeza, segundo ele me disse, que esta operação para prendê-lo verdadeiramente, mas era para matá-lo”, explicou o defensor, em entrevista ao portal G1.

 

 

*Igor Carvalho/Brasil de Fato

 

 

Moro e Bolsonaro foram avisados da operação “queima de arquivo” que matou o miliciano

Se Moro sabia da operação “queima de arquivo” que matou o Adriano, o clã Bolsonaro também sabia e Eduardo foi para a Bahia.

Isso é mais do que evidente. O mesmo painel da Folha que publicou a notícia, também noticia que a PF, via Moro, foi sondada para dar apoio à operação, mas que não participou do cerco a Adriano da Nóbrega porque o pedido não foi formalizado.

Filigranas à parte, a análise dessa situação não pode ser outra, senão a que agrava, e muito, a situação da família Bolsonaro no envolvimento da morte de Marielle, pelo simples fato de estar umbilicalmente envolvida, de forma direta, com Adriano da Nóbrega, seja por Ronnie Lessa, vizinho de Bolsonaro no condomínio, seja por seus parentes empregados no gabinete de Flávio Bolsonaro ou pelo próprio Adriano, condecorado pelo Flávio.

Isso, por si só, já sintetiza a célebre fala de Brizola dando conta do clã Bolsonaro no assassinato de Marielle: “Se algo tem rabo de jacaré, couro de jacaré, boca de jacaré, pé de jacaré, olho de jacaré, corpo de jacaré e cabeça de jacaré, como é que não é jacaré?”

Sem falar na inexplicável presença de Eduardo Bolsonaro na Bahia no dia em que a polícia carioca comanda a operação que culminou na morte do miliciano Adriano da Nóbrega, sendo considerado por dez em cada dez brasileiros como queima de arquivo.

Seja como for, isso pesa ainda mais nos ombros de Bolsonaro, não só pelo ato, mas pelo desespero do ato, pela necessidade de se livrar de algo ameaçador.

Para piorar, Moro, Bolsonaro e os três filhos do presidente, que vivem elogiando operações policiais que terminam em morte dos criminosos, para colocar ainda mais fervura no apito da chaleira sobre o covarde assassinato de Marielle e Anderson.

Não há justificativa ou direção possível que leva todos a uma conclusão que o próprio desenha dos fatos mostra, que o clã Bolsonaro, que é um bloco único da família, está até o pescoço nesse brutal assassinato.

Como disse Fernando Brito, no Blog Tijolaço: “Governo de milícia não é mais uma metáfora.”

 

*Carlos Henrique Machado Freitas