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Gilmar Mendes, decano do STF: “Estamos atrasados na regulação das redes”

Para o decano do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, o Brasil está atrasado na regulação das redes sociais. A afirmação foi feita nesta conversa com o Correio Braziliense, em Zurique, onde o ministro participou do Fórum Econômico Brasileiro organizado pelo Lide — Grupo de Líderes Empresariais e pela Editora Abril. O magistrado considera que o Poder Legislativo desperdiçou, a partir da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, a possibilidade de analisar os limites para publicações nas plataformas de internet, e assim reforçar ainda mais a democracia brasileira. “Todos acreditamos que o Congresso ia se debruçar (na matéria). Houve aquele avanço no Senado, mas, depois, por dissidências e desinteligências, a matéria acabou sendo parada na Câmara”, lamenta. Gilmar, aliás, salienta que a decisão do Supremo sobre a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet será uma das principais pautas da Corte neste semestre. Leia a entrevista completa a seguir.

O senhor tem participado de vários fóruns internacionais, e faltam alguns dias para o STF retomar os trabalhos. O que o senhor destaca como assunto mais importante na Corte neste semestre?

Acho que é a questão das redes sociais. O tema, que já está posto, tem um pedido de vista do ministro André Mendonça. Mas, diante de tudo que aconteceu e está acontecendo, é fundamental que o Brasil tenha alinhamento sobre essa temática. De modo que espero que, no primeiro semestre, tenhamos uma definição que possa, até mesmo, estimular o Congresso a se debruçar sobre a temática, e ter uma regulação mais detalhada de um tema tão difícil. Sabemos que alguns países têm regulado e isso tem gerado conflitos. A Alemanha regulou, a União Europeia tem isso regulado, a Austrália está vivendo também algum tipo de confrontação e o Reino Unido aprovou algo nesse sentido. Precisamos olhar com atenção, pois vimos que, certamente, poderemos ter problemas a partir da interpretação da liberdade de expressão traduzida pelos norte-americanos.

O senhor não votou ainda. E quando acredita que a matéria será votada?

A partir da devolução da vista do ministro André, certamente haverá uma busca de encaminhamento de consenso. Ele tem 90 dias para devolver (o processo). Isso faz algum tempo e teve essa interrupção do período de recesso. Mas não demora. Isso volta e haverá o devido encaminhamento.

As big techs resistem à regulamentação e o Congresso também está demorando. Agora, temos o governo de Donald Trump abrigando as big techs e a Meta suspendendo a moderação de publicações em suas plataformas. Estamos caminhando para um mundo de verdade pulverizada?

Temos que buscar a regulação. Não é fácil. É desafiadora a questão dos crimes graves, que não dependem de uma decisão judicial; ou quando a empresa cobra publicidade ou cobra pelo incremento da divulgação. Há alguns parâmetros que o próprio Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas eleições, adotou. Então, alguma coisa sabemos. Mas, também, estamos lidando com uma dinâmica móvel, que é a própria tecnologia. Alguns desses sistemas desapareceram. Quem fala mais em Orkut? Tem inteligência artificial — tivemos, inclusive, essa disciplina nas eleições. O TSE regulou o uso da IA na campanha eleitoral. Então, temos de estar atentos e, claro, discutirmos, também, quem vai cuidar disso em determinados casos, se é possível ter uma agência. Todos têm desconfiança em relação à agência ou muitos têm desconfiança em relação à agência por conta da possibilidade de se tornar um suprapoder e ser capturada pelas empresas. Ou passar a ser tão intervencionista que acabará afetando a liberdade de expressão. Acho que é um aprendizado institucional que condiz com a democracia, mas, certamente, a preocupação existente e as respostas que foram dadas vão nos ajudar a trilhar um rumo construtivo.

Mas não teria de ser uma tarefa do Poder Executivo, ou de uma união dos Três Poderes, para discutir a questão de se criar uma agência? Cabe ao Supremo debater isso?

Também cabe ao Supremo. Nunca podemos esquecer que uma das competências do STF advém das chamadas “omissões inconstitucionais” — as pessoas esquecem disso. Quando há omissão inconstitucional por parte do Executivo ou do Legislativo, o Supremo pode atuar — e não está abusando. Então, é fundamental que a gente tenha isso presente. Algumas normas no Brasil só existem a partir de decisões do Supremo. Por exemplo: o direito de greve do servidor público. Até hoje, o Congresso não regulou isso e o Supremo mandou aplicar as leis de greve existentes.

Sobre as emendas parlamentares. É outro tema que estará na ordem do dia, nessa largada de 2025, tanto no Legislativo quanto no Judiciário. Muita gente aposta em um conflito entre o Legislativo e o Judiciário por causa das decisões do ministro Flávio Dino, muitas delas já ratificadas pela Corte. O senhor acredita que haverá briga entre os Poderes?

Não espero que as coisas tenham esse desfecho. Talvez a gente tenha até que separar as questões residuais, que são expressivas. Mas da disciplina ou do quadro mais ou menos de anomia que existia pré-entendimento e pré-legislação que o Congresso acabou por aprovar.

O senhor acha que ficou só um resíduo? E qual é?

No que é significativo. Houve, a partir do entendimento do ministro Dino, um bloqueio na liberação das emendas de comissão — é um valor significativo — e de todas aquelas que não estavam, de alguma forma, identificadas. E há um problema: o Congresso, às vezes, informa que essa identificação é difícil e o ministro Dino está apontando que isso vem em descumprimento daquela primeira decisão tomada pela ministra (aposentada) Rosa Weber. É preciso olhar isso com atenção, mas tenho a impressão de que a construção para frente foi feita. E veja: o Supremo não está interferindo na conceitualização, se deve ou não ter emendas impositivas. Não é esse o debate, ser contra ou a favor das emendas impositivas. O que o Supremo está dizendo é que são verbas públicas que devem ser aplicadas com transparência, com rastreabilidade, com projetos. É isso que o Supremo está cobrando e, por isso, a censura forte que se fez às chamadas emendas Pix. É fundamental que essa questão seja vista não como um conflito entre o Supremo e o Legislativo, mas como um modus procedendi de construir dentro de um parâmetro de legalidade. A questão de qual é o valor das emendas, isso é uma decisão do Congresso e do Executivo, embora haja debate sobre os valores que estão sendo aplicados. E é legítimo que o parlamentar participe das necessidades de sua base, faça as indicações. Há muitas propostas nesse sentido, até do ponto de vista conceitual — a ideia, por exemplo, de um banco de projetos em que as pessoas colocariam lá as emendas. É preciso que haja o devido equilíbrio para que a gente não crie crises onde não há.

Mas não está faltando acerto, diálogo? O Supremo pode patrocinar esse diálogo?

Talvez seja discutível e questionável o caso dos valores, mas esse é um diálogo entre o Executivo e o Legislativo. Se houvesse a aplicação em planos pré-existentes, o problema seria menor. O ministro Dino até deu o exemplo das chamadas emendas de bancada, em que os próprios governadores vinham ao Congresso e participavam da discussão sobre obras estruturantes. Então, não haveria maiores problemas, porque o parlamentar participa, tem lá o seu selo, sua intervenção. Os governos ou as regiões participam. É possível construir soluções que não levem a uma eventual dissipação de recursos, à não aplicação em finalidades prioritárias. Considerando os nossos apertos orçamentários financeiros, é fundamental que os recursos sejam bem aplicados.

Outro assunto que aparece na ordem do dia é o 8 de Janeiro de 2023. O presidente Donald Trump concedeu perdão aos que participaram da invasão ao Capitólio (em 6 de janeiro de 2021). Há algum risco de o Brasil conceder anistia àqueles que depredaram as sedes dos Três Poderes?

Tem havido apoio de um grupo no Congresso a essas ideias, mesmo antes do advento da presidência Trump. Mas é preciso ver tudo isso num amplo contexto, que agora tem seu novelo deslindado, com a responsabilidade ou a possibilidade de responsabilização dos idealizadores. Tivemos, primeiramente, aquelas pessoas que ficaram na frente dos quartéis, meses a fio, mesmo depois da posse do presidente Lula, até o 8 de Janeiro de 2023. A invasão dos palácios, a aposta nas GLOs (Garantia da Lei e da Ordem) que sugeriam golpe. Agora, vêm as revelações de participantes de alta estatura, inclusive militar, e envolvimento de várias autoridades. As investigações, portanto, como vocês reclamaram, chegaram aos possíveis mentores intelectuais ou responsáveis, segundo o relatório da Polícia Federal. É preciso que isso seja deslindado e espero que o Supremo, ainda este ano, recebendo a denúncia, faça a devida instrução do processo e julgue a matéria. É inconcebível, incogitável a meu ver, falar-se de perdão ou anistia nesse contexto.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, vem trabalhando no recesso. A informação que se tem é de que pode vir alguma coisa pesada contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. O senhor acredita em algo nesse sentido?

Acho que, ao lado dos dados que estão naquele relatório, certamente a Polícia Federal anexou novos resultados. Li informações sobre conteúdos, que foram acrescentados, do telefone do general (Walter) Braga Netto. A PGR está muito adiantada. E trata-se, também, como sabemos, de um procurador-geral extremamente ponderado, responsável e equilibrado. Não espero nenhuma espetacularização na denúncia, mas algo muito calcado em documentos e fatos. Certamente, o doutor Gonet também tem a coragem moral para pedir absolvição ou arquivamento daqueles casos que não forem relevantes.

A democracia brasileira ainda corre algum risco, diante dessa tentativa de golpe, inclusive, com supostos planos de assassinatos de autoridades?

O governo Bolsonaro foi atípico. Inicialmente, um pouco como testemunha da história nesses 30, 40 anos, esperava que fosse se valer do quadro dos militares, mas não com esse viés distorcido. Era natural, porque ele vinha da caserna, tinha toda essa tradição. Mas é possível que alguns segmentos militares, ou vinculados a eles, tenham interpretado que voltaram ao poder pelas mãos do povo. Consideradas todas as distorções e os episódios de corrupção que ocorreram anteriormente, talvez se animaram de maneira equivocada. Felizmente, vimos que a maioria das Forças Armadas, de sua própria cúpula, é composta de pessoas com formação republicana e democrática, que recusaram qualquer aventura. Acho que, aqui, é um sinal de que precisamos estar atentos e tomar medidas. Tenho me queixado de que, até agora, não fizemos o dever de casa em relação à participação dos militares na vida pública, como também em relação às polícias militares. Tem que haver limite. Se alguém decide exercer funções administrativas civis, e está na caserna, deve ir para casa e deixar a carreira militar. Como também a questão das candidaturas, das inelegibilidades, e parece que estamos devendo isso.

*Correio Braziliense

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STF recebeu também ameaças por e-mail, diz PF

Assessoria não informou se ameaças foram recebidas antes ou após as explosões na praça dos Três Poderes.

O STF (Supremo Tribunal Federal) recebeu outras ameaças, segundo relatou o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (14). Estas ameaças teriam sido recebidas por e-mail.

A assessoria do tribunal, no entanto, não quis informar se elas foram recebidas antes ou após as explosões na praça dos Três Poderes na noite desta quarta-feira. Uma fonte do tribunal afirmou que as ameaças que a corte recebe são constantes.

A sessão plenária do tribunal está mantida nesta quinta a partir das 14h, com participação restrita aos advogados das partes e imprensa previamente credenciada. De acordo com a corte, todos serão submetidos a rigorosos procedimentos de segurança.

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STF derruba sigilo de operação contra Gustavo Gayer

Em vídeo publicado na rede social, Gayer disse que “nunca fez nada de errado” e que nunca cometeu crime.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantou o sigilo da operação que investiga o deputado federal, Gustavo Gayer (PL-GO) por associação criminosa e desvio de recursos públicos da cota parlamentar.

De acordo com o inquéri

to policial, as apurações tiveram origem em outra investigação sobre financiamento dos atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Duas empresas do parlamentar que teriam sido abastecidas com dinheiro público estão no centro da investigação. A PF apura os delitos de associação criminosa, peculato na modalidade desvio e falsificação de documento particular.

Gayer

Segundo a PF, o grupo teria falsificado as atas de criação de uma OSCIP, Organização da Sociedade Civil de Interesse público, para receber as verbas. Chamou atenção da corporação que o quadro social da OSCIP era formado por crianças de 1 a 9 anos.

Gayer se justificou nas redes sociais
Além do deputado, foram expedidos mandados contra assessores parlamentares dele e outras pessoas e algumas informações ainda continuam sob sigilo.

Em vídeo publicado na rede social, Gayer disse que “nunca fez nada de errado” e que nunca cometeu crime.

Ele disse ainda que “está sendo tratado como criminoso pela nossa Polícia Federal e pelo Alexandre de Moraes”.

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STF teme crise de reputação com a relação de Nunes Marques com Gusttavo Lima

Participação do ministro do STF em festa do cantor, alvo de mandado de prisão, na Grécia levanta questionamentos.

O Supremo Tribunal Federal (STF) enfrenta uma nova polêmica, desta vez envolvendo o cantor Gusttavo Lima, que teve sua prisão decretada na última segunda-feira (24). O pedido de prisão ocorreu em meio à Operação Integration, liderada pela Polícia Civil de Pernambuco, e trouxe à tona uma possível crise de imagem para a Corte. Isso porque o ministro do STF, Nunes Marques, esteve presente na festa de aniversário do cantor, celebrada em um iate de luxo na Grécia, no início de setembro.

De acordo com fontes do STF ouvidas pela coluna da jornalista Luísa Martins, da CNN Brasil, o cenário é ainda mais preocupante devido à presença de José André Rocha Neto e Aissla Sabrina Rocha, sócios da casa de apostas “Vai de Bet” e atualmente foragidos, na comemoração. A decisão judicial que culminou no pedido de prisão menciona a recente viagem de Gusttavo Lima à Europa, criando um elo entre o evento e a investigação.

O Supremo, por sua vez, justificou a presença de Nunes Marques no evento, afirmando que o ministro estava em Roma para compromissos acadêmicos e aproveitou a proximidade geográfica para cumprimentar o cantor, com quem mantém uma relação de amizade. Um vídeo publicado em um perfil de fãs no Instagram mostrou o ministro aplaudindo Gusttavo Lima durante a celebração.

Além de participar do evento, Nunes Marques atuou remotamente em uma sessão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) logo após a festa, o que gerou críticas sobre a conduta do ministro e a percepção pública da situação. Ainda segundo a reportagem, nesta terça-feira (24), Marques indicou a interlocutores que a ordem de prisão assinada pela juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal de Pernambuco, carece de fundamentação jurídica.

A Operação Integration resultou na emissão de 19 mandados de prisão e 24 de busca e apreensão em cinco estados, tendo como alvos, além de Gusttavo Lima, a influenciadora e advogada Deolane Bezerra. As investigações apontam que o cantor teria abrigado foragidos e ocultado cerca de R$ 9,7 milhões em depósitos provenientes de atividades ilegais de jogos de azar. Em meio à repercussão, Gusttavo Lima viajou para Miami com sua família na véspera da decretação de prisão, enquanto sua defesa nega qualquer envolvimento ilícito.

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STF decide por 5 x 0 manter suspensão da rede social X no Brasil

Decisão unânime do STF decide pelo bloqueio da plataforma e mantém a multa de R$ 50 mil para quem usar VPN.

A primeira turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu na manhã de segunda-feira (02) manter a rede social X fora do ar. A decisão foi unânime, com votos favoráveis dos cinco ministros que compõem o colegiado.

A ministra Cármen Lúcia e os ministros Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin e Luiz Fux referendaram a decisão da sexta-feira (30) de bloquear o X, de propriedade do empresário Elon Musk, por falta de pagamento de multas e pela ausência de representante legal no país.

Os ministros também mantiveram a multa de R$ 50 mil diários para pessoas e empresas que utilizarem “subterfúgios tecnológicos” para manter o uso do X, como o uso de VPN (rede virtual privada), diz o ICL.

Entenda o bloqueio do X determinado pelo STF
Desde abril de 2024, Elon Musk tem descumprido ordens do ministro Alexandre de Moraes de bloquear contas de investigados pelo STF por envolvimento em atos antidemocráticos. Musk também não pagou as multas da ordem de R$ 18,35 milhões pelo descumprimento das ordens judiciais.

O escritório da plataforma no Brasil foi fechado em 17 de agosto e, desde essa data, não está sem representante legal no Brasil. A suspensão do X foi determinada até que sejam cumpridas as ordens judiciais, as multas sejam pacas e a rede indique novo representante legal no país.

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Não é Moraes ou STF x Twitter, é Elon Musk x soberania nacional

A primeira coisa que se tem que lembrar é que Elon Musk não é o fundador do Twitter, hoje X, é um empresário que comprou a plataforma para se promover na cena global.

Até aí, nada demais, é uma situação totalmente legal se não for diagnosticada uma prepotência megalomaníaca, como assistimos agora de Elon Musk contra o Brasil.

O que surpreende é que ele toca o X inspirado na sua megalomania, tratando o Brasil como negócio de varejo, quando o país tem a quarta maior comunidade mundial de usuários da plataforma.

Então, a primeira coisa que Musk tem que entender é que o Brasil não é a casa da mãe Joana onde pode mijar aberta.

Se o brasileiro admite que um estrangeiro acha que pode subordinar a seus caprichos uma população inteira por ser bilionário, tem sim que, como qualquer estrangeiro no Brasil, respeitar os limites impostos pela constituição.

O X não pode estar desconectado da tomada legal, porque seu proprietário faz cálculos políticos de olho no custo benefício de suas relações políticas dentro do Brasil.

Ao contrário do que alguns vira-latas acham, a decisão de Moraes de interromper o serviço do X no Brasil, não é estapafúrdia ou ditatorial.

Elon Musk joga politicamente quando diz que está fazendo o possível para manter os serviços de sua empresa no Brasil. Ora, não precisa fazer o impossível, mais sim respeitar a soberania do país, que não é propriedade dele.

O camarada não quer pagar as multas impostas pelo STF ao X, como qualquer brasileiro paga quando cobrado pela justiça, então, não tem condições de operar no Brasil na prestação de qualquer serviço. Acabou o assunto.

Não há nada de ilegal na atitude de Moraes, mas sim na atitude do empresário sul-africano, que se vê como a grande divindade que está acima do bem e do mal, sobretudo de todos os brasileiros. O resto é palavrório.

Moraes só colocou Musk no prego, paga as multas e estará tudo resolvido como o dono de uma quitanda quando toma calote de um freguês.

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Por que as coisas contra Bolsonaro não caminham na PGR?

Os velhos processos contra Bolsonaro, que não são poucos, não andam na PGR, em pleno governo Lula.

Essa é a principal causa, segundo especialistas, que alimenta a impunidade e, consequentemente, os ataques da bolsonarada contra o sistema de justiça, mais precisamente o STF, mas sobretudo Moraes.

Circunstâncias assim são favoráveis ao criminoso, elas funcionam como redutor da gravidade, produzindo uma espécie de escala em que os crimes de Bolsonaro são colocados como algo de pouca monta, quando, na verdade, até até ato terrorista para explodir caminhão de combustível no aeroporto de Brasília, estava na planilha da cúpula golpista, que tinha Bolsonaro como mentor e líder.

Lógico, os bolsonaristas querem vender esses bandidos para a opinião pública como pulga magra, que estão sendo levados ao Supremo como mera perseguição política.

A família Bolsonaro, que forma o clã já conhecido até no exterior, é algo totalmente inédito na história do Brasil, nunca se viu uma quadrilha inteira cometer crimes comuns e controlar, de forma tão hostil, as instituições da República.

Até aqui, os Bolsonaro estão somente pagando uma caixinha aqui, outra acolá e pronto. Qualquer vaquinha, via pix, resolve isso e ainda lucram com a sobra da barbárie.

A razão disso é somente uma, impunidade. Esse é um assunto que formiga também na sociedade que, pelo conjunto da obra, o povo brasileiro acha que o clã inteiro já deveria estar na cadeia há muito tempo cumprindo uma elevada pena, mas o olho sonolento da Procuradoria Geral da República parece não enxergar isso.

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STF forma maioria e mantém suspensão de emendas impositivas

STF decidiu manter decisão do ministro Flávio Dino. Ele, Mendonça, Fachin, Zanin, Moraes e Toffoli votaram pela suspensão das emendas.

A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, nesta sexta-feira (16/8), em sessão no Plenário Virtual, referendar a suspensão do pagamento das emendas impositivas, nas quais estão incluídas as “emendas Pix”.

O plenário virtual formou maioria ncom os votos dos ministros André Mendonça, Edson Fachin, Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes e Dias Toffoli, que acompanharam o relator Flávio Dino.

O primeiro a votar foi o ministro Flávio Dino, relator da ação e autor da decisão liminar. Dino se manifestou por manter a cautelar concedida por ele. Na quarta-feira (14/8), o ministro havia suspendido as transferências destes recursos no âmbito da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7697.

Todos os 11 integrantes da Corte devem apresentar voto até as 23h59 de hoje. No momento, não será apreciado o mérito da questão.

As “emendas Pix” são recursos públicos os quais os parlamentares têm o poder de fazer o encaminhamento para estados e municípios. O impedimento por parte de Dino para a continuidade dos repasses tem como motivo a falta de transparência nestas transações.

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Se Bolsonaro seguir impune, não só Moraes, mas o STF todo, será cada vez mais atacado pela grande mídia

A grande mídia brasileira é e sempre foi descaradamente bolsonarista. Não por ser Bolsonaro, mas por ser Bolsonaro o sujeito que assumiu Paulo Guedes como timoneiro econômico.

O STF, na farsa do Mensalão, esteve par e passo com a Globo e congêneres naquela experiência, digamos bem sucedida, do Instituto Innovare, criado pelos Marinho da Globo.

Na sua apresentação, o instituto mostra que existe para personalizar a justiça brasileira pelos moldes globais.

Assim o Innovare dos Marinho se apresenta:
“O Instituto Innovare é uma associação que tem como objetivos principais e permanentes a identificação, premiação e divulgação de práticas do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Defensoria Pública e de advogados”

Aqui já fica claro porque Chico Buarque, no palanque de Lula, citou o prêmio Faz Diferença para sintetizar quem era o Moro que recebeu esse prêmio do Instituto Innovare por condenar e prender Lula sem provas de crime, em 2018, para Bolsonaro se eleger presidente da República e Moro, ainda juiz, ser ministro.

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STF derruba legislações estaduais e municipais ligadas a pautas de costumes e à extrema direita

Entre as medidas derrubadas estão a flexibilização do porte de armas, a proibição do uso de linguagem neutra e o ensino de temas relacionados ao gênero.

Nos últimos meses, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem derrubado leis estaduais e municipais que atendem a demandas conservadoras e ligadas à extrema direita. Entre as medidas derrubadas estão a flexibilização do porte de armas, a proibição do uso de linguagem neutra e o ensino de temas relacionados ao gênero. A Corte ainda irá analisar a legalidade de outras medidas defendidas pela direita, como o funcionamento das escolas cívico-militares, leis que proíbem a participação de crianças em paradas LGBTQIA+ e o uso de banheiros de acordo com a identidade de gênero ou mesmo unissex.

Segundo o jornal O Globo, apesar de esses temas gerarem divisões na sociedade, as decisões do STF têm sido unânimes. Contribui para isso o fato de que não está sendo analisado o mérito das questões — por exemplo, se a linguagem neutra deve ser utilizada ou não — mas sim a competência dos entes federativos em legislar sobre esses temas. Nos casos já julgados, o entendimento foi de que os Legislativos locais extrapolaram suas funções.

A maioria dos processos tem chegado em bloco para serem avaliados pelo STF. Algum órgão ou entidade reúne diversas leis similares e apresenta de uma só vez diferentes ações questionando cada uma delas.

No ano passado, a Advocacia-Geral da União (AGU) contestou dez leis que facilitavam o acesso a armamentos, a maioria editadas nos últimos anos. Em abril, outras duas ações de teor semelhante foram apresentadas. Os ministros já foram favoráveis à AGU em cinco ações, invalidando legislações do Paraná, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul e Muriaé (MG).

Outro ponto discutido nos últimos meses é se estados e municípios podem restringir o uso da linguagem neutra — quando não há diferenciação entre os gêneros masculinos e femininos. Já houve seis decisões contra a restrição, entre definitivas e provisórias.

Os ministros consideraram no ano passado inconstitucional uma lei de Rondônia que proibia a prática em instituições de ensino e editais de concurso, por entenderem que cabe à União definir as diretrizes sobre a Educação. Neste ano, já houve cinco decisões liminares suspendendo legislações semelhantes, e duas já foram confirmadas por todos os integrantes do Supremo. Elas fazem parte de um pacote de 18 ações apresentadas pela Aliança Nacional LGBTI+ contra leis de diversas cidades, incluindo Belo Horizonte e Porto Alegre, e do Amazonas.

Apesar da unanimidade no entendimento da falta de competência, alguns ministros fizeram ressalvas ao uso da linguagem neutra. Em uma dessas ações, Cristiano Zanin afirmou que “o corpo normativo vigente” deveria ser respeitado e ele “não prevê a modalidade dita neutra de linguagem”. Mas Zanin concordou que a questão deve ser tratada em âmbito nacional. Nunes Marques destacou em outro julgamento que uma lei municipal que obrigasse a linguagem neutra seria igualmente irregular.

Um pacote de ações foi apresentado em 2017 pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra leis que proibiam ensinos sobre gênero e sexualidade nas escolas. O Supremo decidiu a favor da PGR em seis ações, e uma ainda será julgada. Outro processo semelhante foi apresentado no ano passado pelo PDT, contra uma lei de Uberlândia (MG), e ainda não foi analisado.

Ainda conforme a reportagem, nas próximas ações sobre leis na área de costumes, a que envolve banheiros pode gerar divisões no STF. No mês passado, a Corte rejeitou um processo pedindo que transexuais pudessem usar banheiros de acordo com o gênero com o qual se identificam. A decisão foi por questões processuais: a maioria considerou que o caso discutido não envolvia temas constitucionais.

Relator do caso, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, ressaltou que o tema irá voltar em outros processos. E no início do ano, a Associação de Travestis e Transexuais (Antra) apresentou ações contra cinco leis estaduais que proíbem banheiros unissex ou o uso de sanitários por pessoas trans de acordo com seu gênero. Outra ação é contra leis do Amazonas e de Betim (MG) que proíbem crianças e adolescentes em Paradas do Orgulho LGBT+.

Assim como no caso da flexibilização das armas, o STF se tornou palco de discussão de outra bandeira do governo Jair Bolsonaro (PL): as escolas cívico-militares. O Ministério da Educação encerrou o programa da gestão anterior, mas elas foram mantidas por alguns estados. Com isso, partidos progressistas e de esquerda questionaram no Supremo os projetos de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.