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Trump anuncia tarifa de 10% sobre produtos do Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a tarifa de 10% sobre a importação de produtos brasileiros. O número foi exibido em uma tabela com países que devem sofrer com a chamada “reciprocidade de tarifas” em evento na Casa Branca nesta quarta (2).

O documento exibido por Trump mostra 25 países que serão incluídos no “tarifaço”, com diferentes alíquotas. A taxa para a China, por exemplo, será de 34%, enquanto para produtos da União Europeia será de 20%. Veja a tabela:

A taxa aplicada ao Brasil é o mínimo estabelecido pelo presidente americano, de 10%. Trump já tinha anunciado no mês passado uma tarifa de 25% sobre todo aço e o alumínio que entra nos Estados Unidos, e isso tende a ter reflexo nas exportações brasileiras.

O patamar cobrado do Brasil no “tarifaço” será o mesmo aplicado a países como Chile, Austrália e Colômbia. Com DCM.

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Conselheiro demitido: Elon Musk deve se afastar em breve do governo Trump

Elon Musk deve se afastar em breve de seu cargo à frente do Departamento de Eficiência Governamental, onde atuava como conselheiro da gestão Trump.

O presidente Donald Trump informou a seu círculo mais próximo que Elon Musk deve se afastar em breve de seu cargo à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), onde atuava como parceiro e conselheiro da gestão Trump.

Elon Musk já teria cumprido seu papel no governo Trump: o DOGE limitou significativamente o orçamento público, restringindo ou até negando recursos a áreas estratégicas, como o USAID (Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional), responsável por promover ajuda humanitária dentro e fora do país. A agência foi praticamente extinta e se tornou alvo de disputas judiciais entre o governo e juízes federais, que tentam impedir seu fim definitivo.

Outra possível motivação para Musk ter assumido o posto no governo Trump foi o anúncio de tarifas comerciais, medida que pode impactar diversos países, incluindo o Brasil. O bilionário pode se beneficiar diretamente, já que sua fabricante de carros elétricos, Tesla, realiza toda a produção, inclusive de autopeças, nos EUA. Isso reduziria os custos de produção da empresa em comparação com outras montadoras, que dependem da importação de peças e matérias-primas de outros países.

Um alto funcionário do governo disse que Musk provavelmente continuará atuando informalmente como conselheiro. A transição, conforme as fontes, deve coincidir com o fim do período em que Musk exerce o status de “funcionário especial do governo”, uma condição temporária que o isenta de algumas regras de ética e conflito de interesses. Esse período de 130 dias deve expirar no final de maio ou início de junho.

Leia também: Musk tem que aceitar a lei, se vale para um, vale para todos, defende Lula

A saída de Musk tem apoio tanto entre aliados quanto entre críticos. Enquanto alguns acreditam ser este o momento ideal para ele deixar o governo, após os sucessivos cortes orçamentários e a reorganização da administração, outros afirmam que Musk é uma força imprevisível e difícil de gerenciar, enfrentando problemas para comunicar seus planos aos secretários do gabinete. Declarações inesperadas — incluindo planos não revisados para desmantelar agências federais — frequentemente causam turbulências na administração.

Trump diz a membros de seu gabinete que Musk sairá do governo em breve, diz  site

O risco político representado por Musk ficou evidente na terça-feira (1º), quando os democratas criticaram o investimento de aproximadamente US$ 20 milhões feito por ele na disputa eleitoral para a Suprema Corte em Wisconsin. Nesse caso, o candidato apoiado por Musk e Trump, Brad Schimel, perdeu para a juíza liberal Susan Crawford, candidata dos Democratas.

Trump, no entanto, já vinha preparando a saída de Musk. Em uma reunião de gabinete realizada em 24 de março, o presidente informou aos presentes sobre a decisão, segundo um alto funcionário do governo.

Logo após o anúncio, Trump convidou jornalistas para uma coletiva, onde elogiou Musk, que participou usando um boné vermelho com o slogan “MAGA” (“Make America Great Again”, ou “Faça a América Grande de Novo”, em português): “Elon, quero te agradecer — sei que você passou por muita coisa”, disse Trump, mencionando ameaças de morte e atos de vandalismo contra carros da Tesla, antes de chamá-lo de “patriota” e “meu amigo”.

Em entrevista à Fox News, Musk foi questionado se estaria pronto para deixar o governo. Ele respondeu dizendo que sua missão foi cumprida: “Acho que teremos cumprido a maior parte do trabalho necessário para reduzir o déficit em 1 trilhão de dólares dentro desse prazo.”

Na noite de segunda-feira (31), Trump disse a jornalistas que “em algum momento, Elon vai querer voltar para sua empresa”, acrescentando: “Ele quer. Eu o manteria o máximo de tempo que pudesse.”

“Como o presidente disse, esta Casa Branca adoraria manter Elon por aqui o máximo possível”, afirmou na terça-feira o porta-voz da Casa Branca, Harrison Fields, enquanto os resultados das eleições em Wisconsin chegavam. “Elon tem sido fundamental na execução da agenda do presidente e continuará esse bom trabalho até que o presidente diga o contrário.”

No entanto, muitos próximos a Trump estão cada vez mais aliviados com a saída iminente de Musk de seu papel central ao lado do presidente e com o fim das inúmeras surpresas do DOGE — que variaram desde um e-mail surpresa no fim de semana exigindo que funcionários federais listassem sua produtividade até cortes acidentais em programas essenciais.

Sem mencionar as preocupações sobre Musk como um passivo político, que acabou se tornando um ponto de unificação para os democratas divididos, segundo a TVTNews.

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Política

Governo Lula lançará campanha “o Brasil é dos brasileiros” um dia após tarifaço de Trump

A frase foi usada em fevereiro em bonés azuis por parlamentares que apoiam o governo.

O governo Lula decidiu adotar o slogan “O Brasil é dos brasileiros” em peças publicitárias para veiculação em meios de comunicação e redes sociais, informa Mônica Bergamo em sua coluna no jornal Folha de S. Paulo. E marcou o lançamento da campanha para a quinta (3) — um dia depois do anúncio do tarifaço de Donald Trump, que pode atingir o Brasil.

A frase, usada em fevereiro em bonés azuis por parlamentares que apoiam o governo, virou um contraponto ao boné vermelho usado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), para celebrar a posse de Trump na Presidência dos EUA. Nele estava escrito “Make America Great Again” [Torne a América Grande de Novo], o slogan do estadunidense em disputas eleitorais.

O evento foi agendado para apresentar a campanha e gráficos e materiais com realizações de Lula. Mas vai servir também, de acordo com lideranças que apoiam o petista, para que o governo possa surfar na reação que as medidas de Trump devem gerar, aqui e no mundo.

A equipe de comunicação de Lula, liderada pelo ministro Sidônio Palmeira, acredita que Tarcísio de Freitas abraçou Trump precocemente, sem considerar que o estadunidense poderia sofrer desgastes, e calcula que isso pode custar pontos de popularidade a ele. Trump, hoje, é desaprovado por 54% dos brasileiros, contra 36% que o aprovam, segundo a pesquisa Pulso/Ipespe.

Tarcísio é hoje tido por integrantes do governo como o principal adversário de Lula, já que é visto como potencial candidato à presidência em 2026 apoiado por Jair Bolsonaro (PL), que está inelegível.

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Política

Um dia antes do tarifaço de Trump, Senado brasileiro aprova critérios de reciprocidade econômica

PL autoriza órgão da Presidência a impor medida de retaliação diante de ações unilaterais de outro país.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (1º), o Projeto de Lei (PL) 2088/2023 que estabelece medidas de reciprocidade econômica diante de ações unilaterais de outro país. Por se tratar de uma matéria terminativa, não há necessidade de apreciação pelo plenário. Dessa forma, o projeto vai à Câmara dos Deputados.

A aprovação ocorre na véspera do anúncio de novas medidas tarifárias pelo governo dos Estados Unidos. O texto amplia os poderes do Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculado à Presidência da República, responsável pela coordenação do comércio exterior brasileiro. A partir da aprovação do PL, a Camex poderá estabelecer medidas de proteção à economia nacional frente a ameaças comerciais externas.

Além disso, a nova lei vai permitir a suspensão de concessões de patentes, remessas de royalties para empresas ou indivíduos estrangeiros, assim como concessões ou obrigações do Brasil em acordos comerciais vigentes com o país alvo das medidas.

Para a economista Diana Chaib, ainda é cedo para prever impactos das medidas previstas no PL sobre a disputa tarifária imposta por Trump, no entanto, não há saídas além da reciprocidade. “Eu não vejo alternativas à reciprocidade. Ao mesmo tempo, eu acho preciso aguardar para ver se vai ter os efeitos desejados e procurar estabelecer parcerias com outros países, no sentido de suprir esse déficit comercial que pode haver na relação com os Estados Unidos”, avalia.

Debate com luvas de pelica

A todo momento, os senadores trataram de tirar o foco do anúncio de Donald Trump, previsto para esta quarta-feira (2). No começo da discussão, o presidente da CAE, senador Renan Calheiros (MDB-AL) pediu que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque o projeto em caráter de urgência. Mas rejeitou que se tratasse de uma resposta antecipada ao pacote de medidas de Donald Trump.

“Esse projeto não tem absolutamente nada a ver com as barreiras do trumpismo. Mas busca aperfeiçoar toda a política de comércio exterior do Brasil”, disse Calheiros. No entanto, logo adiante, o senador afirmou que a aprovação do projeto “é uma resposta legítima às barreiras impostas pelo governo norte-americano”.

Coube a uma bolsonarista relatar a matéria no Senado. A senadora Tereza Cristina (Progressistas-MS), ex-ministra da Agricultura e Pecuária (Mapa) de Jair Bolsonaro (PL). “Esse é um projeto de proteção aos produtos brasileiros, e não uma contramedida”, disse a parlamentar durante a leitura do relatório.

“Hoje o governo passa a ter a possibilidade de fazer essas contramedidas na mesma base do que vem de outros países ou blocos econômicos”, afirmou a parlamentar.

Desviando o foco do prenunciado novo pacote de medidas tarifárias pelo governo dos Estados Unidos, a senadora mencionou as exigências feitas pela União Europeia no que se refere ao cumprimento de parâmetros ambientais na produção agropecuária brasileira. “Nós temos hoje um problema com a União Europeia com uma lei antidesmatamento, que afeta diretamente os produtos brasileiros, principalmente a agropecuária brasileira. São medidas que extrapolam a razoabilidade porque ignoram o Código Florestal brasileiro”, disse a senadora.

Inicialmente, o PL de autoria do senador Zequinha Marinho (PL-PA) dizia respeito à reciprocidade apenas para os padrões ambientais dos produtos brasileiros. No entanto, depois do início da guerra comercial, iniciada pelo governo dos Estados Unidos, os senadores apresentaram um substitutivo ampliando as regras de reciprocidade para todos os parâmetros do comércio exterior brasileiro.

Haddad diz confiar nas negociações

Em entrevista coletiva na manhã desta terça, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que “estranharia” qualquer medida de retaliação tarifária por parte do governo dos Estados Unidos em relação ao Brasil.

“Os Estados Unidos têm uma posição muito confortável em relação ao Brasil, até porque é superavitário, tanto em relação a bens como em relação a serviços”, disse Haddad. “Nos causaria até uma certa estranheza se o Brasil sofresse algum tipo de retaliação injustificada, uma vez que nós estamos numa mesa de negociação com aquele país”, afirmou o ministro que, reproduzindo fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), criticou as medidas protecionais do governo estadunidense.

“A partir de amanhã nós vamos ter um quadro mais claro do que os Estados Unidos pretendem, mas o presidente Lula já adiantou que quando a nação mais rica do mundo recorre a medidas protecionistas, parece não concorrer para a prosperidade geral”, afirmou o titular da economia.

*BdF

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Trump diz que não está brincando sobre terceiro mandato presidencial

“Não, não estou brincando. Não estou brincando”, disse Trump, mas “é muito cedo para pensar nisso”, diz Trump.

Reuters – O presidente norte-americano, Donald Trump, disse neste domingo que não estava brincando sobre considerar buscar um terceiro mandato presidencial, o que é proibido pela Constituição dos Estados Unidos, mas que ainda era cedo para pensar nisso.

Trump, que assumiu o cargo em 20 de janeiro para seu segundo mandato não consecutivo na Casa Branca, tem feito alusões vagas à busca por um terceiro mandato, mas abordou diretamente o assunto em uma entrevista à NBC News por telefone neste domingo.

“Não, não estou brincando. Não estou brincando”, disse Trump, mas “é muito cedo para pensar nisso”.

“Existem métodos pelos quais você poderia fazer isso, como você sabe”, afirmou. O republicano se recusou a elaborar sobre qualquer método específico.

Os presidentes dos EUA são limitados a dois mandatos de quatro anos, consecutivos ou não, conforme a 22ª Emenda da Constituição dos EUA.

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Trump muda regra eleitoral nos EUA e cita Brasil como bom exemplo

O presidente americano, Donald Trump, assinou um decreto nesta terça-feira, 25, que muda as regras eleitorais nos Estados Unidos. O texto assinado pelo republicano cita Brasil e Índia como bons exemplos na identificação de eleitores por biometria, “enquanto os Estados Unidos confiam basicamente na autodeclaração de cidadania”.

O decreto exige prova documental de cidadania para que os eleitores possam se registrar para votar em eleições federais e determina também quem todas as cédulas com os votos sejam recebidas até o dia do pleito. A ordem pede colaboração dos estados para compartilhar listas de eleitores e processar crimes eleitorais. O texto condiciona o repasse de valores dos fundos federais relacionados às eleições, segundo Veja.

“O Procurador-Geral e o Secretário de Segurança Interna devem impedir que não cidadãos se envolvam na administração das eleições”, diz a ordem executiva. “O Procurador-Geral priorizará a aplicação das leis que proíbem estrangeiros de contribuir ou doar nas eleições dos EUA”, afirma outro trecho.

“O presidente Trump reconhece que eleições livres, justas e honestas — sem fraudes, erros ou suspeitas — são essenciais para nossa República Constitucional”, diz o decreto. “Os Estados Unidos estão defasados em relação a outras nações na aplicação de proteções eleitorais básicas e necessárias. A Índia e o Brasil vinculam a identificação do eleitor a um banco de dados biométrico, enquanto os Estados Unidos dependem amplamente da autodeclaração de cidadania.”

O texto também cita Alemanha e o Canadá, que usam cédulas de papel, enquanto os Estados Unidos “têm uma colcha de retalhos de métodos” para tabular votos, e Dinamarca e a Suécia, que limitam os votos por correio apenas a pessoas que não podem participar pessoalmente das eleições e rejeitam os votos que chegam após o prazo, “enquanto as eleições americanas agora têm votação em massa pelo correio, mesmo após o dia da eleição”.

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Trump dá acesso a Musk a informações privilegiadas contra a China

Bilionário, que comanda empresas rivais da indústria chinesa, recebeu informações privilegiadas sobre planos militares dos EUA para conter avanço de Pequim.

O Pentágono agendou uma reunião secreta para brifar (apresentar um relatório a) Elon Musk, CEO da SpaceX e da Tesla, sobre os planos de guerra dos Estados Unidos em um eventual conflito com a China. A informação, revelada pelo The New York Times, gerou polêmica devido aos amplos interesses comerciais de Musk no país asiático e seu papel como conselheiro do presidente Donald Trump. Enquanto o Pentágono negou que o encontro trataria de questões estratégicas militares, o fato de Musk, CEO da SpaceX e Tesla, ter acesso a informações tão sensíveis levanta preocupações sobre possíveis conflitos de interesse e os riscos de vazamento de dados vitais, normalmente de acesso apenas à alta diplomacia.

Musk, um dos maiores fornecedores para o Pentágono e com fortes interesses financeiros na China, teria sido convidado para avaliar como os planos de guerra dos EUA poderiam impactar a produção e os recursos militares do país. A análise dos planos de guerra, altamente confidenciais, tem o objetivo de ajustar orçamentos e determinar quais sistemas militares seriam utilizados em um cenário de confronto. No entanto, com sua empresa SpaceX fornecendo lançamentos de satélites para a defesa dos EUA, além de suas relações comerciais com a China, sua participação em tais discussões poderia gerar vazamentos de informações cruciais que favorecessem não apenas os interesses de Musk, mas também os da China.

Faca de dois gumes

Se por um lado, Musk pode se aproveitar das informações para benefício próprio junto ao governo chinês, por outro, essa informação privilegiada também é uma enorme vantagem para um empresário que compete com empresas chinesas, especialmente na área dos automóveis elétricos inteligentes, satélites e telecomunicações. A perda competitiva de suas empresas em relação às similares chinesas, e portanto o risco de se aproveitar como concorrente do que virá a seguir é algo que deve preocupar o governo da China, e um ponto que não foi levantado pelos jornalistas norte-americanos.

Musk, cuja SpaceX compete diretamente com o programa espacial chinês e fornece serviços críticos ao Pentágono, teria acesso a detalhes de operações militares classificadas como “O-plans” — planos estratégicos para conflitos de grande escala. Em contrapartida, o governo chinês vê o SpaceX como uma extensão da máquina de guerra dos EUA, o que poderia tornar o acesso de Musk a planos de guerra uma ameaça direta à segurança nacional da China.

A decisão levanta questões éticas: como um empresário com negócios bilionários na China pode ter acesso a informações sensíveis sobre estratégias para conter seu desenvolvimento? Outra pergunta não feita é o risco que suas empresas passam a ser, com o papel de elite econômica que exercem na China. Pequim já reagiu contra corporações norte-americanas que considera como risco a sua segurança nacional (como Google, Intel ou Nvidia), limitando sua atuação no país.

Falso dilema

A Tesla, por exemplo, depende de uma fábrica em Xangai para mais da metade de suas entregas globais, e Musk já fez elogios públicos ao Partido Comunista Chinês. É inegável, no entanto, sua filiação ao ideário de ultradireita e sua identidade atual com o governo de Donald Trump e sua política irredutível de ataque aos interesses chineses.

Apesar dessa ambiguidade e evidente conflito de interesses, Musk teria mais a perder na disputa por espaço comercial para seus carros elétricos ou satélites na concorrência chinesa, do que traindo seu país vendendo informação estratégica para o governo de outro país, como quer sugerir o NYT. Em última instância, seu papel no governo é passageiro e sua vocação e fonte de poder é como industrial e homem de negócios.

Por que Musk precisa dessas informações?

Após a divulgação da notícia, Trump afirmou em redes sociais que “a China não será mencionada” no encontro. Já o secretário de Defesa, Pete Hegseth, classificou o briefing como uma discussão informal sobre “inovação e eficiência”. Contudo, fontes oficiais confirmaram que o tema central seria a guerra com a China, incluindo opções de alvos e cronogramas de ataque.

Analistas apontam que Musk, nomeado para cortar gastos no governo, pode querer entender quais sistemas de armas são essenciais para os planos militares antes de propor reduções orçamentárias. Por exemplo, a possível eliminação de porta-aviões — que custam bilhões — poderia comprometer estratégias já definidas.

Riscos para a segurança nacional

Especialistas em ética alertam que o acesso de Musk a detalhes sobre defesa espacial e cibernética — áreas em que a China investe pesadamente — pode beneficiar a SpaceX. A empresa já recebe US$ 1,6 bilhão anuais do Pentágono para lançar satélites e opera o Starlink, sistema de comunicação considerado vital para operações militares.

A China, por sua vez, vê a SpaceX como uma extensão do aparato militar dos EUA. Em 2023, um estudo da Universidade de Defesa Nacional da China destacou a “militarização do Starlink” como uma ameaça à estabilidade global.

Musk está sob investigação do Pentágono por possíveis violações de seu nível de segurança. Em 2023, funcionários da SpaceX denunciaram que ele não reportou contatos com líderes estrangeiros. Além disso, o governo Biden negou a Musk uma autorização de acesso a programas ultrassecretos, citando “riscos de segurança”, de acordo com o Vermelho.

Um jogo de riscos e recompensas

A aproximação entre Musk e o governo Trump expõe uma linha tênue entre inovação privada e segurança nacional. Enquanto o Pentágono busca modernizar suas estratégias, a relação controversa de Musk com a China e seus negócios governamentais colocam em xeque a integridade de informações que podem definir o futuro das relações EUA-China ou da própria relação entre os conglomerados empresarias de Musk e da própria China.

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Celso Amorim sobre a irrelevância política de Bolsonaro: “Ficou pequeno”

Ex-chanceler minimiza importância de Bolsonaro para Donald Trump e alerta para desafios da soberania brasileira diante das big techs.

O assessor especial da Presidência da República e um dos mais respeitados diplomatas brasileiros, o ex-chanceler Celso Amorim, afirmou que Jair Bolsonaro perdeu relevância no cenário internacional, especialmente para o governo de Donald Trump.

A declaração foi .

dada em entrevista à jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, publicada neste sábado (22), em um momento crítico para o ex-presidente brasileiro, que pode se tornar réu no Supremo Tribunal Federal (STF) na próxima terça-feira.

Amorim avaliou que, há alguns anos, ter um governo de extrema direita no Brasil era relevante dentro da geopolítica internacional, mas que o contexto atual é outro.

“O Bolsonaro ficou pequeno diante das grandes questões do mundo hoje”, comentou o ex-chanceler.

Ele explicou que Trump respeita o poder e aqueles que demonstram força e influência, citando sua relação com líderes como Vladimir Putin e Xi Jinping.

“Trump respeita o poder. Pessoas que são capazes de agir. Ele acaba de dizer que gosta do Putin. E pode até não gostar, mas ele respeita o Putin. Respeita o Xi Jinping”, afirmou Amorim.

No entanto, ao analisar a relação de Trump com Bolsonaro, Amorim sugere que o brasileiro não tem o mesmo peso e não é levado a sério por Trump.

“Agora, se ficar lá querendo adular, como fizeram o [Volodimir] Zelenski e alguns europeus, ele não respeita”, completou.

Big Techs e a soberania nacional
Outro tema abordado por Amorim foi a disputa entre big techs e o Estado brasileiro. O ministro do STF Alexandre de Moraes tem alertado para os riscos que essas empresas representam ao desrespeitarem a jurisdição de países fora dos Estados Unidos, adotando uma postura de “tudo ou nada” diante das regulamentações nacionais.

Para Amorim, esse embate reflete o avanço da extraterritorialidade das leis estadunidenses e o poder que as gigantes da tecnologia exercem na economia e na política dos EUA.

“Os americanos sempre tiveram essa visão da extraterritorialidade da lei americana. Mas agora eles têm a possibilidade técnica para efetivar isso”, afirmou.

Ele citou a posse de Trump, que contou com a presença de figuras como Elon Musk, para exemplificar a proximidade entre o governo norte-americano e as grandes empresas de tecnologia.

“São egos muito grandes ali. Eu acho que vai acabar havendo uma diferença entre as big techs, que têm um interesse puramente econômico, e a política”, ponderou o diplomata.

Amorim também observou que as big techs estão começando a compreender que o Brasil não abrirá mão de sua soberania e que, se quiserem atuar no país, deverão seguir as regras estabelecidas pelo governo brasileiro. Com Forum.

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Esperto é esperto no mundo todo, só muda o endereço

Elon Musk pode estar cortando gastos do governo, mas não em seus próprios projetos — bilhões de dólares em dinheiro federal provavelmente estão indo para a SpaceX, graças a mudanças de política que tornarão o homem mais rico do mundo ainda mais rico

Musk procede como qualquer vigarista que por meios políticos contraria a lógica para se beneficiar seus negócios.

Não temos tantos desses aqui no Brasil?

Isso é uma forma de suborno por meio direto, na fonte.

Não é sem motivos que nos EUA Elon Musk é acusado de estar de olho grande no talão de cheques da Casa Brasnca.

A SpaceX está posicionada para garantir bilhões em novos contratos federais sob Trump.

Sob o presidente Trump, o papel de Elon Musk permite que ele influencie a política, potencialmente beneficiando suas empresas. Os apoiadores dizem que ele tem a melhor tecnologia.

Ou seja, como no Brasil, os EUA tem espertos e trouxas.

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Trump ameaça fechar ‘permanentemente’ setor automobilístico do Canadá

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta terça-feira (11/03) fechar “permanentemente” o setor automobilístico do Canadá, caso o país vizinho não exclua as tarifas de 25% impostas contra os produtos norte-americanos, uma medida adotada pelo governo canadense em retaliação às taxações do republicano.

“Se o Canadá não eliminar todas as tarifas contra nós, aumentarei, em 2 de abril, as taxas sobre veículos [canadenses] que chegam aos EUA, o que fará fechar permanentemente o setor de produção automobilística do Canadá”, alertou Trump na plataforma Truth Social.

A ameaça do magnata também aconteceu um dia depois que a província de Ontário, a mais populosa do Canadá, anunciou a imposição de uma sobretaxa de 25% sobre as exportações de eletricidade para três estados dos EUA – Nova York, Minnesota e Michigan-, o que irritou o presidente norte-americano.

“Em resposta às taxas de 25% sobre a ‘eletricidade’ imposta por Ontário, ordenei ao meu Secretário de Comércio a acrescentar uma tarifa adicional de 25%, chegando a 50%, sobre todo o aço e alumínio que entra nos EUA vindo do Canadá”, afirmou Trump. “Isso entrará em vigor hoje, 12 de março.

Em comunicado na segunda-feira (10/03), antes de anunciar a sobretaxa da eletricidade aos três estados norte-americanos, o primeiro-ministro de Ontário, Doug Ford, afirmou que as tarifas que foram primeiramente impostas por Trump ao seu país configuram, na realidade, “um desastre” para a própria economia norte-americana.

“Até que a ameaça de tarifas desapareça para sempre, Ontário não recuará. Permaneceremos fortes, usaremos todas as nossas ferramentas e faremos o que for preciso para proteger Ontário”, defendeu.

Segundo Ford, o governo local já orientou o Operador Independente do Sistema Elétrico da província que qualquer gerador que vendesse eletricidade para os EUA passaria a ser obrigado a adicionar uma sobretaxa de 25%.

*Ansa/Opera Mundi