O silêncio covarde do ministro da justiça, Sergio Moro, sobre cerca de 80 brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos depois de serem mantidos em uma prisão denunciada pelas más condições no estado do Novo México, é vergonhoso.
Os relatos recebidos denunciam o tratamento desumano na prisão de Otero, como fornecimento de água amarela e uso de técnicas de “tortura mental”, como confinamento, que seriam utilizadas para convencer os detidos a não tentarem voltar aos Estados Unidos depois de deportados, não mereceu sequer um comentário no Twitter de Moro.
Enquanto faz marketing 24 horas por dia, no seu twitter, de olho na eleição presidencial de 2022, Moro faz de conta que um ministro da justiça não deve se meter em casos em que brasileiros são humilhados e algemados numa deportação covarde nos EUA.
Bolsonaro, para defender Trump, achou achou por bem comparar os brasileiros deportados e algemados a terroristas e Moro, se acovardar e fingir que nada disso aconteceu.
Na verdade, os dois, Moro e Bolsonaro, cada qual a seu modo, aplaudiram a primeira vez que houve uma deportação em massa de brasileiros nos EUA com a aprovação do governo brasileiro.
Bolsonaro afirma que jamais pediria a Trump para mudar o tratamento dado a deportados brasileiros.
Já o ministro da justiça, achou por bem se omitir enquanto estadunidenses podem entrar no Brasil a hora que quiserem e sem visto, e brasileiros são deportados dos EUA com algemas nos pés e nas mãos.
Reciprocidade é uma regra internacional, mas não para os sabujos Bolsonaro e Moro, para eles o que vale é ficar de joelhos para Trump.
Em mais uma de suas declarações toscas, Bolsonaro resolveu logo o problema para livrar a cara de Trump e mostrar que o governo brasileiro não abre mão de ser submisso aos Estados Unidos.
Ao invés de praticar solidariedade aos brasileiros deportados de forma humilhante, sendo obrigados a viajar algemados, Bolsonaro achou por bem compará-los a terroristas, dizendo que lá terroristas não têm vez e que os EUA não os tratam como o Brasil tratou Cesare Battisti.
Num festival de patacoadas que marca o presidente mais idiota da história do Brasil, Bolsonaro já havia feito um comentário vergonhoso sobre o túmulo de Gandhi, dizendo que o mesmo era pacifista e ele, Bolsonaro, um militar, para dizer que tinham pensamentos opostos e que ele é um belicista orgulhoso.
Bolsonaro deveria ter lembrado também que ele foi um militar medíocre, um tenente raso que conseguiu a patente de capitão reformado depois de ser expulso das Forças Armadas por ser o que é, picareta, mesquinho, ganancioso, mentiroso e desonrado.
O fato é que Bolsonaro representa bem uma parcela da sociedade brasileira forjada pelo viés americanófilo dependente das estúpidas filosofias americanas e importadora de lixos culturais e de costumes do que existe de pior naquele país.
Na verdade, esse maldito vício é marca registrada nos generais que andam de mãos dadas com Bolsonaro pelo mundo em sucessivas declarações de subserviência aos Estados Unidos. Ou seja, estão tão atolados na condição de pelegos do circo de Trump quanto Bolsonaro.
É bom também registrar que esse comportamento de Bolsonaro contra os brasileiros, um puxa-saquismo a Trump, é um conceito de patriotismo que ele arrotou durante as eleições que agradam ao mesmo tipo de patriota da classe média brasileira que também ronca patriotismo, mas tem ojeriza do Brasil.
Dá nisso, Bolsonaro faz uma declaração estúpida contra os brasileiros e tem idiota verde e amarelo que aplaude.
Luis Fernando Veríssimo foi entrevistado na edição especial do Brasil de Fato Humor, realizado em parceria com a Grafar.
Por que o maior cronista brasileiro vivo aceitou esta entrevista? Não oferecemos grana nem glória – que glória, aliás, poderíamos oferecer a quem acaba de ter o romance O Clube dos Anjos traduzido para o mandarim? Aceitou pelo combate, o melhor deles, o combate à estupidez. Aí, deu no que deu: Luis Fernando Verissimo concedeu sua maior entrevista, tanto em número de perguntas como de respostas – para quem fala pouco, o homem fala pra chuchu. De quebra driblou, com brilho, não apenas o Bolsonaro como a malícia dos entrevistadores. Enfim, todos saímos ganhando, exceto o governo. Governo? Pobre palavra, como tantas outras, nas mãos dos brilhantes ustras da incomunicação.
Ayrton Centeno – Lembro que, lá na virada do milênio, no auge do neoliberalismo, você disse que estávamos entrando em um novo século só não se sabia qual. E agora, já descobriu?
Luis Fernando Verissimo – A gente só conhece o futuro quando ele chega, e aí não é mais futuro, é presente, e irreversível. Quem diria que o século em que estávamos entrando, no Brasil, era o 19?
Ernani Ssó – Quando Bolsonaro disse I love you ao Trump não deveria estar vestido de rosa, conforme orientação da ministra Damares?
Verissimo – Dizem que o mais constrangedor foi o Bolsonaro pedir uma mecha do cabelo do Trump e oferecer, em troca, a Petrobras.
Centeno – Além do amor trumpiano, não lhe parece contraditório que o presidente, um homofóbico explícito, insista em tiradas como aquela quando disse querer “continuar transando” com o Alexandre Frota ou declare que “casou errado” com o vice Mourão e deveria ter “casado” com o príncipe?
Verissimo – O presidente estava obviamente usando linguagem figurada, como quando afirmou que mataria um filho que aparecesse namorando um bigodudo, ou o mandaria para um exílio na nossa embaixada em Washington. Só não ficou claro o que o presidente tem contra bigodudos.
Ernani – A propósito, é verdade que o Carlucho se tratou com o Analista de Bagé? O senhor teve acesso ao diagnóstico?
Verissimo – O Analista aceitou analisar o Carlucho e o recebeu com um joelhaço, causando inveja em grande parte da população.
Fraga – Pra fazer arminha, Bozo usa um marco evolutivo, o polegar opositor, e o indicador, o dedo mais acusatório de todos. Como o Analista de Bagé interpretaria esse gesto?
Verissimo – O dr. Freud diria que tem alguma coisa a ver com a tal inveja do pênis.
Santiago – No embalo em que vamos, achas que chegaremos a um estado teocrático evangélico com obrigatoriedade de saias maria-mijona para mulheres e proibição de Darwin nas escolas?
Verissimo – Deus criou o mundo em seis dias e aproveitou a folga do sétimo para calcular quanto as igrejas lucrariam não tendo que pagar impostos, não lhe sobrando tempo para fazer a Terra redonda em vez de plana, como era no projeto original. Se você não acredita nisso prepare-se porque a Inquisição vem aí.
Fraga – Bozonaro morre (eba!) e, por engano qualquer na passagem da alma pro além, ele vai pro céu. Imagine o seguinte: como Ele receberia ele? O que Bozonaro ouviria de Deus?
Verissimo – Deus cobraria do presidente: “Que ministério é esse, seu Bolsonaro? Assim, nem Eu posso ajudar, o que dirá o dr. Olavo”.
Celso Schröder – Se o aquecimento global é marxista podemos deduzir que o período glacial tenha sido um momento weberiano da história?
Verissimo – Todo o mundo sabe que a Era Glacial teve inspiração comunista e os vulcões são controlados pelo Greenpeace. E que o óleo que deu nas praias grã-finas era um claro episódio da luta de classes.
Ernani – Que medidas podemos tomar para que o reino miliciano-evangélico saia do Velho Testamento e chegue, pelo menos, ao Novo?
Verissimo – Não sei qual seria a vantagem. O Velho Testamento tem pelo menos personagens mais interessantes e variados. O Novo é só Jesus, Jesus, Jesus… Enjoa.
Fraga – Vamos supor o clássico clichê com o Bozonaro: que um dia ele fosse, de espontânea vontade, pruma ilha deserta. Que livros, discos e filmes tu achas que o deprimente da república levaria?
Verissimo – Gibis do Capitão América.
Ernani – Por falar em clichê, digamos que você, num desses acasos tão comuns nas anedotas, está em um elevador com o Bolsonaro, o Moro e o Guedes e a joça tranca entre dois andares. Você daria uma bolacha em cada um e depois alegaria escusável medo, surpresa ou violenta emoção?
Verissimo – O difícil seria decidir em quem bater primeiro. O Guedes não porque só ele sabe como fazer o elevador funcionar, ou diz que sabe mas não conta? O Moro porque nem registraria o golpe, continuaria com a mesma cara de “o que é que eu estou fazendo aqui?” e saudade de Curitiba? Ou o Bolsonaro por qualquer razão?
Centeno – Como um amante da natureza, você também segue aquela incrível receita presidencial – um dia sim, outro não – para preservar o meio-ambiente?
Verissimo – Dias intercalados para fazer amor, é essa a receita para preservar a natureza? Se der para acumular os dias de abstinência da semana para dar seis seguidas no sábado, sou a favor. E ainda dizem que este governo não tem ideias!
Schröder – No teu entendimento, qual o ministro realiza melhor o projeto de gestão intelectual e técnica anunciada pelo Bolsonaro?
Verissimo – A competição entre ministros e secretários de governo é grande e fica difícil escolher o pior. No momento a liderança está entre o novo chefe da Funarte, segundo o qual o rock leva ao satanismo, e a conselheira cultural que disse que dois minuto de sexo bastam para impregnar uma mulher e mais do que isso causa dependência e socialismo.
Centeno – Paulo Guedes declarou que os pobres não sabem poupar. Como mais da metade da população vive com até R$ 413 mensais, parece que o ministro da economia fez faculdade sempre colando na prova de matemática. Ou não?
Verissimo – Guedes tem razão. Se todos os pobres do Brasil poupassem seu dinheiro nossos problemas estariam resolvidos, sem necessidade de um ministro da Economia. Mas os pobres insistem em gastar seu dinheiro em supérfluos, como comida. Assim não dá.
Ernani – Li que só nos primeiros 271 dias de governo, Bolsonaro, enquanto repetia o versículo bíblico de que devemos saber a verdade porque a verdade nos libertará, deu 360 declarações falsas ou inconsistentes. Se Bolsonaro fosse o Pinóquio, quantos metros de nariz teria?
Verissimo – O nariz do nosso Pinóquio estaria dando a volta na quadra.
Centeno – Agora, falando mais sério: você algum dia na sua vida imaginou que o Brasil se transformaria nisso daí?
Verissimo – Sou otimista. Ainda acredito que acordaremos e descobriremos que foi tudo um sonho ruim, e estamos na Dinamarca.
Santiago – Tu achas, como eu, historicamente imperdoável as lideranças democráticas do centro até a esquerda não terem se unido e criado um frentão-alternativa para evitar a evidente eleição do monstro? Quer dizer, não aprenderam nada com a história da Alemanha de 1930 nem com a tentativa do Le Pen ser presidente na França…
Verissimo – A história da esquerda no Brasil é uma história de oportunidades perdidas. A desunião permitiu que a direita vendesse a ficção da esquerda como culpada de um atraso que ela mesma criou, em sucessivas derrotas de qualquer alternativa progressista a uma elite inconsciente, desde o Descobrimento. Em resumo.
Centeno – Tem gente que acha que Bolsonaro e sua trupe nos prestaram um serviço: destamparam a face mais estúpida, sórdida e violenta do país que nunca havia aflorado até então. Você acha que devemos dizer “Obrigado” para ele?
Verissimo – A estupidez não é novidade no Brasil, temos uma história de ódio e violência que vai longe. A novidade é a estupidez com acesso às redes sociais.
Fraga – Faz de conta que dá pra fazer um amigo secreto com o povo todo e tu, por imenso azar, é sorteado com o nome do Bozonaro. Considerando o clima natalino, que presente tu escolherias pra ele? E por que justamente esse?
Verissimo – Um presente de amigo secreto para o Bolsonaro? Se o preço não for empecilho, uma passagem de ida. Para onde? Se a passagem for só de ida, quem se interessa?
Centeno – A sociedade brasileira está, como nunca, polarizada. Amigos rompem relações, famílias se dividem. Pior é que pessoas que você pensava que conhecia, de repente, aparecem falando em terra plana e votando em Bolsonaro. Você viveu esta experiência?
Verissimo – Sei que já tem gente usando faixas na testa com os dizeres “Estou com o Bolsonaro”, “Sou contra o Bolsonaro” e “Não quero falar de política”, sem as quais nenhum tipo de vida social será possível.
Centeno – Voltando àquela outra questão: lembra daquele clássico B de ficção científica, Invasores de corpos, do Don Siegel? Aquele onde as pessoas, ao dormirem, são substituídas por vagens vindas do espaço e se transformam em cópias sem empatia alguma. Não lembra algo familiar?
Verissimo – Estamos nos transformando em vagens. Hmmm… De certa maneira é um futuro menos assustador do que a reeleição do Bolsonaro com o Alexandre Frota como vice.
Ernani – Se o governo Bolsonaro tem razão e a Terra é mesmo plana, o que será dos antípodas?
Verissimo – Pois é. E não explicam como os ursos brancos do Norte e os pinguins do Sul ainda não se encontraram no vortex da Terra plana, para confraternizar.
Schröder – Para ti, o centro da bandeira brasileira está composto por uma esfera azul representando o universo ou um disco azul como a terra plana representando o Olavo de Carvalho?
Verissimo – Não devemos fazer pouco do dr. Olavo, que pode nos desintegrar com uma descarga do seu bastão energizado por emanações de Júpiter. Com certas coisas não se deve brincar, gente.
Centeno – Durante muito tempo, nossas elites sentiram-se afrontadas por Marx, homem do século 19. Hoje, parece que se sentem afrontadas por Copérnico, homem do século 16, que comprovou que nosso planeta gira em torno do Sol. Qual será a próxima conclusão secular da ciência que iremos afrontar?
Verissimo – Dizem que Copérnico, Galileu, Darwin e todos os opositores do criacionismo serão banidos dos livros escolares brasileiros e substituídos pela nova teoria do evolucionismo militar, segundo a qual toda a raça humana começou como soldados rasos e foi subindo de grau.
Santiago – Alguns humoristas da Alemanha avaliaram, no pós-Segunda Guerra Mundial, que as críticas mais folclorizaram o führer do que diminuíram sua imagem junto ao povão. Corremos também esse risco?
Verissimo – Há esse perigo. Não dou duas gerações para que “bolsonaro” vire adjetivo, como elogio ou danação, dependendo de quem o usar e da memória de cada um.
Ernani – Todo governo mente, claro, mas o caso do reinado Bolsonaro é especial: os mentirosos não apenas mentem como parecem, eles próprios, acreditar nas mentiras que dizem…
Verissimo – No caso do Bolsonaro o rei não só está nu como desfila com uma radiografia computadorizada do seu interior, e mesmo assim poucos, curiosamente, gritam “Ele está nu!”
Fraga – Bozonaro tem uma fraquejada e pede aos cidadãos cartas com sugestões pra melhorar seu modo de governar o Brasil. Tu também fraquejas e atende ao pedido. Quais enviarias?
Verissimo – “Renuncia!”
Katia Marko – Não tem um momento em que a gente olha ao redor e pensa que virou personagem de um novo gênero literário, a comédia de horror?
Verissimo – É verdade. E o pior é que ninguém nos perguntou se queríamos estar no elenco.
Ernani – Como se explica que o anticomunismo tenha sobrevivido ao comunismo?
Verissimo – Vê-se tão poucos comunistas hoje em dia porque estão todos embaixo das camas dos anticomunistas, como urinóis esquecidos.
Centeno – “Agora é guerra” você escreveu recentemente sobre a loucura que estamos vivendo. O problema é que, do outro lado, estão as milícias…
Verissimo – O nosso lado está com a razão mas o lado deles está com os AK 154, certo. Mas lembrem-se que o David não precisou de mais do que um estilingue.
Fraga – Dá pra imaginar como são as reuniões do condomínio do Bozo, com ele presente? Qual seria uma pauta típica?
Verissimo – Discutiriam, certamente, a contratação de porteiros mais confiáveis.
Edgar Vasques – Será que a sala de reuniões lá no condomínio do capitão tem detector de metais?
Verissimo – Além de detector de metais e câmeras, a sala de reuniões do condomínio deve estar cheia de gravadores, esperando a hora de serem ouvidos na hipotética comissão que um dia investigará tudo isto, ao menos em sonho.
Santiago – Millôr disse que nós, humoristas, somos muito importantes para sermos presos, porém não tão importantes para que nos soltem. E então?
Verissimo – Humoristas presos e humoristas soltos são uma tradição no Brasil desde o Barão de Itararé. Infelizmente, humoristas, jornalistas e intelectuais presos e mortos também são uma tradição, menor mas não menos lamentável. Entre presos e soltos ninguém deveria estar nessa estatística tétrica num país civilizado.
Fraga – Quando o Bozo chega tarde em casa, por causa de um dia problemático no palácio, que tipo de desculpas ele daria pra Michele? Ou ele contaria tudo que se passa lá?
Verissimo – “O Congresso me sacaneando de novo, a imprensa não largando meu pé, e você pergunta se o meu dia foi bom, Michele? Você anda vendo seriado da TV americana demais, querida”.
Schröder – Entre o Cabo Anselmo, o Tenente Bolsonaro e o General da Banda, quem representa melhor a tradição militar brasileira?
Verissimo – Sem dúvida o General da Banda, que nos impede de desesperar por completo dos nossos militares.
Ernani – Naquela velha comédia One, two, three (no Brasil, como sempre, ganhou um título “criativo”: Cupido não tem bandeira) do Billy Wilder, um jovem acha justo que a humanidade seja varrida da terra. Então, o personagem do James Cagney responde: “Não se saiu tão mal uma espécie que deu o Taj Mahal, Shakespeare e a pasta de dentes com listinhas”. Bom, Bolsonaro não criou a estupidez que se vê do Oiapoque ao Chuí, apenas levou as pessoas a ostentarem ela na rua e baterem no peito com orgulho. A pergunta é: depois disso a espécie tem alguma defesa, apesar da pasta de dente com listinha?
Verissimo – Além de Shakespeare, do Taj Mahal e da pasta de dente com listinha eu teria uma enorme relação de justificativas para a passagem do homem sobre Terra, começando pelo pudim de laranja e terminando pelo Charlie Parker. A espécie não é culpada pelos seus dementes e torturadores.
Edgar Vasques – Como imagina que os historiadores descreverão este período que enfrentamos? Que começou em 2016 e virou demência em 2018. E qual o papel da mídia na abertura das portas do inferno?
Verissimo – A História terá dificuldade em entender o fenômeno Bolsonaro, mas talvez desenvolva uma lógica para explicá-lo. Para a História, o tempo acaba explicando até o ilógico. Quanto ao papel da mídia, não existe uma mídia só. Entre coniventes, subservientes, bem e mal-intencionados, heroicos e bandidos, tivemos de tudo. Acho que com o tempo a História também nos compreenderá.
Centeno – A propósito, o jornalista H. L. Mencken tinha uma definição implacável do jornal médio dos EUA. Diz que tinha “a inteligência de um carola caipira, a coragem de um rato, a imparcialidade de um fundamentalista, a informação de um porteiro de ginásio, o gosto de um criador de flores artificiais e a honra de um advogado de porta de cadeia”. E os nossos?
Verissimo – Mencken era um misantropo genial. O que ele pensava da espécie humana se multiplicava quando comentava a imprensa do seu país. Não sei se a nossa imprensa merece um rancor parecido. Ou talvez não mereça outra coisa.
Ernani – Bolsonaro quer transformar todas as escolas em escolas militares. Mas, considerando o nível intelectual do general Heleno, do general Mourão e do próprio Bolsonaro, não é de se pensar que a inteligência militar é uma contradição em termos, como dizia Gore Vidal?
Verissimo – Escolas militarizadas são a consequência natural do espírito que se instalou no país, com a eleição do Bolsonaro. Vamos ver qual será a primeira a receber o nome Coronel Ustra.
Centeno – Admitindo-se a hipótese criacionista – o que parece ser questão de tempo nas escolas públicas ou não – onde Deus errou ao criar o Brasil?
Verissimo – Deus criou um paradoxo, um país gigantesco e menor ao mesmo tempo.
Edição: Katia Marko, Ayrton Centeno, Fraga e Schröder
Viciado em bajular americanos e milicianos, o jeca da casa 58 do condomínio Vivendas da Milícia, na Barra da Tijuca, mais uma vez lambeu as botas de Trump. A última vez que Bolsonaro lambeu as botas do seu ídolo foi muito rápido, 17 segundos apenas, depois de, como uma tiete deslumbrada, ficar no corredor da ONU pra dizer: Trump, eu te amo!
Como seu governo é uma tragédia em todas as áreas, ele se comporta como se Lula ainda fosse presidente e ele o velho vigarista do baixo clero e ataca Lula como se ainda fosse oposição, mostrando que essa tática é um jogo desesperado de quem não tem nada para mostrar em um ano de governo, além do desmonte do país, seu envolvimento no caso Marielle e a pica do tamanho do cometa que Queiroz já avisou que vai cair na casa 58.
Bolsonaro disse que Lula incentivou o Irã a enriquecer urânio. No entanto, em 2002, o ex-presidente foi responsável pelo acordo entre o Irã e a Turquia, que impunha estrita vigilância sobre o programa nuclear, mas como ele precisa tirar os holofotes de seu governo fracassado e dos crimes que envolvem o seu clã, o negócio é mentir sobre Lula, mostrando como Lula é a principal liderança política desse país.
Após carta vazada sobre a retirada das tropas, EUA negam que vão retirar tropas do Iraque.
Por outro lado a Chevron retirando funcionários norte-americanos do Iraque, mostra que a coisa parece mais séria do que o governo Trump quer transparecer.
“Não sei o que é aquela carta”, declarou Mark Esper, chefe do Pentágono, mas parece que a Chevron sabe.
O porta-voz da companhia disse que a operação no Curdistão iraquiano será tocada por trabalhadores locais e que os trabalhadores estrangeiros serão mandados de volta a seus países como medida de segurança.
Por isso a declaração dada à imprensa na tarde desta segunda-feira (6) pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Mark Esper, negando que o país esteja planejando uma retirada de suas tropas do solo iraquiano após a circulação de uma carta do general William Shelly que os estadunidenses sairiam do Iraque em respeito à decisão do parlamento local, não convenceu.
Após a declaração, autoridades teriam afirmado que o documento vazado seria apenas um “rascunho” sem explicar qual o objetivo do tal “rascunho”.
A mensagem que circulou mais cedo afirmava que a coalizão deixaria o Iraque “em respeito à soberania” do país e iria “reposicionar as forças nos próximos dias e semanas”. Embora não tenha sido confirmada pelo Departamento de Defesa dos EUA, autoridades estadunidenses teriam garantido a veracidade à jornalista Liz Sly, responsável pela cobertura do Washington Post no Oriente Médio, e a agências de notícias como a Reuters.
O jornalista Breno Altman, em sua análise semanal concedida à TV 247, rechaça a postura servil das relações exteriores brasileiras com o governo Trump e classifica o apoio de Bolsonaro a Trump como “arriscada”, pois coloca o Brasil no “centro do conflito” envolvendo a tensão entre Irã e EUA. “Mais uma vez Bolsonaro mostra que é um completo lambe botas dos Estados Unidos”, aponta o jornalista.
Ele diz que, apesar do exército brasileiro não possuir infraestrutura alguma, “Bolsonaro poderá inventar de colocá-lo num cenário de guerra”.
No que diz respeito a capacidade bélica do Irã, Altman destaca que seu poderio aéreo não é forte. “Em um possível cenário de guerra, tal elemento é fundamental”, analisa.
No entanto, ele observa que, “caso a Rússia entre no jogo”, o Irã teria condições de enfrentar a potência estadunidense. “Mas a Rússia entrará de cabeça nessa questão? Acho muito difícil”, pondera o jornalista.
Em meio à escalada das tensões no Oriente Médio, foguetes atingiram a Zona Verde de Bagdá, região onde fica a embaixada dos EUA na capital do Iraque, no fim da tarde deste domingo (5), segundo veículos de imprensa estrangeiros.
Minutos depois da divulgação dos ataques, cuja autoria e alvos ainda são desconhecidos, o presidente americano, Donald Trump, reiterou suas ameaças de uma resposta militar a eventuais investidas do Irã contra alvos ou cidadãos americanos. Segundo Trump, se isso ocorrer, os EUA reagirão “rapidamente e com força total, e talvez de forma desproporcional”.
These Media Posts will serve as notification to the United States Congress that should Iran strike any U.S. person or target, the United States will quickly & fully strike back, & perhaps in a disproportionate manner. Such legal notice is not required, but is given nevertheless!
Na noite de sábado (4), Trump já havia feito ameaças de atacar 52 alvos iranianos caso o país atingisse um alvo americano. O número é uma alusão ao número de pessoas feitas reféns no sequestro da embaixada americana em Teerã em 1979, ano da Revolução Islâmica que transformou o Irã em uma teocracia.
No momento, não se sabe ao certo o número de foguetes disparados em direção à Zona Verde de Bagdá, onde ficam outras embaixadas estrangeiras e o Parlamento iraquiano.
Segundo o canal de notícias americano CNN, foram dois foguetes. De acordo com a agência Reuters, que cita fontes militares iraquianas, seis foguetes atingiram Bagdá, sendo três deles na Zona Verde, e seis pessoas ficaram feridas.
O canal curdo-iraquiano Rudaw relatou ao menos quatro explosões na região, e divulgou um vídeo no qual é possível ouvir o barulho de uma delas.
#Iraq: Multiple explosions heard in Baghdad’s Green Zone as the country’s security comes under increasing strain. pic.twitter.com/CJXq02kYkI
A temperatura da crise internacional está se elevando desde quinta-feira (2), quando um ataque americano em Bagdá matou o general iraniano Qassim Suleimani.
Mais cedo hoje, o Irã anunciou o fim das restrições ao seu programa nuclear, o que inclui o enriquecimento de urânio sem limitações.
Também neste domingo, o Parlamento do Iraque aprovou uma resolução para expulsar as tropas americanas do país. Os EUA têm 5.000 militares no Iraque. O governo local ainda precisa acatar a resolução.
No sábado (5), o comandante em chefe do Exército do Irã declarou que aos EUA falta coragem para desencadear um conflito com o Irã.
“Duvido que eles [norte-americanos] tenham a coragem para iniciar” um conflito no qual os americanos ameaçaram atacar 52 alvos, disse o major-general Abdolrahim Mousavi, citado pelo canal de televisão IRIB.
Após ameaças do presidente Trump de atacar 52 locais iranianos, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, disse que ter como alvo objetos culturais iranianos é “um crime de guerra”.
O ministro de Tecnologia de Informação do Irã, Azari Jahromi, também comentou o tweet de Trump sobre o ataque contra 52 objetivos iranianos, chamando o presidente norte-americano de “terrorista de terno”:
Like ISIS, like Hitler, Like Genghis!
They all hate cultures. Trump is a "terrorist in a suit". He will learn history very soon that NOBODY can defeat "the Great Iranian Nation & Culture".#HardRevenge#QasemSoleimanihttps://t.co/N2iQ5AMX7M
Como o Daesh [organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países], como Hitler, como Gengis Khan!
Eles todos odeiam culturas. Trump é um “terrorista de terno”. Ele vai aprender a história muito em breve que NINGUÉM pode derrotar “a grande nação e cultura iraniana”.
#VingançaDura
#QassemSoleimani
As declarações do general Mousavi e do ministro Zarif surgem algumas horas após o presidente norte-americano ter ameaçado atacar 52 sítios no Irã, que “representam 52 reféns feitos pelo Irã há muitos anos”, caso o país ataque algum americano ou ativos americanos. As ameaças de Trump apareceram após o Irã prometer vingança pela morte do general da Guarda Revolucionária Iraniana Qassem Soleimani.
Cada país tem direito de adotar uma estratégia para sobreviver como nação, a dos americanos é fazer guerra. Por isso, desde que entraram, jamais saíram da guerra. Se não existe a guerra, eles a inventam e participam, direta ou indiretamente, porque guerras e golpes dão lucro aos EUA mais do que a qualquer outro país.
Então, o show não pode parar, nem que seja para alugar um bacamarte, a guerra é o alimento fundamental da economia americana. É difícil distinguir aonde termina a indústria americana e aonde começa a indústria bélica, uma alavanca a outra, seja para o expansionismo comercial, seja para impedir que outros países se desenvolvam industrialmente para que os EUA, o berço do capitalismo moderno, imprima sua lógica comercial na base da bala sobre forças limitadas, multiplicando seu poderio geopolítico e, consequentemente comercial. Isso, sem falar do próprio comércio da guerra com vendas pesadas de armamentos americanos.
O embate com a China é um exemplo disso. Mais do que perder cada fração do território comercial, antes dominado pelos EUA, inclusive dentro de seu próprio campo, os americanos estão diante de um impasse porque não têm resposta para enfrentar quem hoje manda no mundo dos manufaturados e, muito menos, como enfrentar a força bélica da China.
É um royal Straight flush. Por isso assistimos a essa briga de bêbado de Trump com a China, enquanto esta joga um xadrez muito bem calculado com os americanos. Qualquer passo em falso de Trump, os americanos perdem. Daí essa guerra declarada comercialmente dos EUA à China e os acordos comerciais feitos na surdina para marcar posições na política caseira de Trump.
Assim, a China não pode ser exatamente o inimigo perfeito para sustentar a imagem de um impostor como Trump, então, repete-se a velha forma que valia para seus interesses apontando para que, quem não fosse aliado, era inimigo. E se na guerra fria esses inimigos eram os comunistas, com o fim da União Soviética, o “terrorista” passou a ser a oliveira magnífica para todas as preocupações caseiras dos cidadãos norte-americanos.
O terrorista é uma espécie de bombril para os interesses dos EUA. Primeiro, um presidente contrário aos seus interesses é taxado como ditador para, em seguida, ser classificado como produtor de terroristas. Tanto faz ser o líder iraniano, sírio ou venezuelano. Basta assumir uma posição de independência em relação aos EUA, pronto, este cria uma única fórmula para tratar do “inimigo” com preconceito, com um discurso oficial à espera de que a evolução normal das paranoias americanas se espalhem e abalem a opinião pública dentro do país.
Resumindo, o único país no mundo que usou bomba atômica contra humanos, sobretudo civis, no maior ato terrorista da história, foram os EUA contra o Japão e são eles os xerifes que dão ou não alvará de licença para que outros países tenham armamentos nucleares.
Essa é a grande virtude do capitalismo americano, trabalhar com o brilhantismo, interna ou externamente, a ideia de que todo cidadão estrangeiro que não se curvar ao seu apetite é, em última análise, um terrorista. Se for um americano que não aderir ao discurso, é considerado traidor da pátria. Publicidade para isso, não falta.
Antes do ataque ao Iraque, passavam de mil o termo terrorista martelado diariamente nas TVs americanas para se referir ao Iraque, a mesma fórmula está sendo usada agora para justificar o ataque americano ao Irã, numa tentativa desesperada de Trump de tirar o país da beira da recessão, seu mandato de um impeachment ou sua reeleição de uma fragorosa derrota.
O Brasil sob Bolsonaro, segundo a imprensa alemã Em 12 meses, veículos destacaram derretimento da imagem do país após desmonte de políticas ambientais e queimadas. Suspeitas sobre Flávio Bolsonaro e declarações preconceituosas do presidente também foram abordadas.
Süddeutsche Zeitung: “Irmãos de alma” – sobre a aproximação de Bolsonaro com os EUA e fake news, 04/01/2019Brasil
“O populista Donald Trump e o extremista de direita Jair Bolsonaro têm tom e estilo semelhantes. Com métodos parecidos, conseguiram conquistar os cargos políticos mais altos no Brasil e nos Estados Unidos. Outra semelhança: supostamente, tanto Trump quanto Bolsonaro tiveram apoio ilegal durante a campanha eleitoral. O chamado escândalo da Rússia nos EUA encontra seu equivalente brasileiro num escândalo envolvendo o serviço de mensagens WhatsApp”, apontou o jornal de Munique.
Süddeutsche Zeitung: “Flávio Bolsonaro e o matador de aluguel” – os problemas do filho do presidente, 04/02/2019
“O senador brasileiro Flávio Bolsonaro é chamado de Zero Um pelo pai. (…) E Zero um se tornou um filho-problema para o novo presidente, apenas um mês depois da troca de governo. Tornou-se público que Flávio Bolsonaro empregou como assessoras, até novembro de 2018, a mãe e a esposa de Adriano da Nóbrega. Nóbrega é considerado um dos principais matadores de aluguel do Rio. Ele é suspeito de ser um dos líderes do esquadrão da morte Escritório do Crime.”
Handelsblatt: “O imprevisível” – sobre o estilo do presidente Bolsonaro, 28/03/2019.
“Desde 1° de janeiro, Bolsonaro governa o Brasil – ou melhor: ele deveria governar. É que o populista de direita se ocupa bem pouco dos reais negócios do governo, que parecem não interessá-lo. Diante da elite econômica internacional em Davos, ele não discursou nem por seis minutos. Muitos no Brasil pensam: ‘ainda bem’. É que, quando Bolsonaro se pronuncia com parcos conhecimentos sobre a futura reforma, difama o Carnaval com vídeos obscenos ou demite seu ministro da Secretaria-Geral da Presidência por pressão de seus filhos, os mercados financeiros ficam nervosos”, publicou o diário econômico alemão.
Frankfurter Rundschau: “Cem dias de Bolsonaro: propaganda de direita e constrangimentos” – sobre os primeiros meses turbulentos do presidente, 10/04/2019.
“Os primeiros três meses do ex-paraquedista Jair Bolsonaro na Presidência ficarão na lembrança do maior e mais importante país da América Latina como constrangedores. Desde tuítes obscenos sobre xixi no carnaval, passando pelo tratamento brusco dado a seus ministros, até decisões sem qualquer sombra de expertise, nada ficou de fora. Quem sofre é o Brasil e a imagem do país”, escreveu o diário de Frankfurt.
Süddeutsche Zeitung: “Combustível acabando” – a queda de popularidade Bolsonaro, 17/04/2019.
“As esperanças que seus apoiadores depositaram nele foram frustradas por Jair Bolsonaro nos seus três primeiros meses. Isso se reflete numa forte queda na sua popularidade. Desde o retorno do Brasil à democracia, em 1985, é a pior avaliação de um presidente depois de três meses no cargo.”
Frankfurter Allgemeine Zeitung: “A jornada errática de Bolsonaro” – sobre o estilo populista de Bolsonaro, 12/04/2019.
“Em fins de março, Bolsonaro ordenou que fosse celebrado o aniversário do golpe militar, o que causou estranhamento até entre os generais. E um tuíte sobre a decadência moral do carnaval incomodou até mesmo muitos de seus aliados mais próximos – na Bolsa de Nova York, muitos investidores buscaram informações, a sério, sobre o estado de saúde de Bolsonaro”, publicou o jornal de Frankfurt.
Bild.de: “Turistas gays são indesejados sob Bolsonaro” – sobre declaração homofóbica do presidente, 27/04/2019.
“O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, afirmou durante um café da manhã com a imprensa na quinta-feira que não quer que seu país se torne ‘um paraíso para turistas gays’. ‘Nós temos famílias’, completou Bolsonaro. Interessante é a diferenciação que Bolsonaro também volta a ressaltar agora. Porque, claramente, o político de 64 anos parece não ter problema algum com o turismo sexual em si, contanto que ele se limite ao relacionamento heterossexual. ‘Se quiserem vir aqui fazer sexo com uma mulher, fiquem à vontade’, disse Bolsonaro”, publicou o site do principal tabloide alemão.
Deutschlandfunk Kultur: “Destruidor ambiental Bolsonaro e o desmatamento na Amazônia” – sobre desmonte de políticas indigenistas, 29/04/2019.
“Os senhores originais das florestas, os povos indígenas, não podem esperar apoio do novo presidente. Bolsonaro tem repetidamente deixado claro que quer desenvolver e explorar a região amazônica. Ele quer criar estradas, suspender ou acabar com regras de proteção ambiental. Do ponto de vista de Bolsonaro, ainda há espaço suficiente na Amazônia para pastagens e plantações de soja. E ele anunciou que não concederá um palmo a mais de terra sequer para os povos indígenas”, informou a emissora alemã.
Frankurter Allgemeine Zeitung: “Pelos cidadãos de bem” – sobre ampliação de acesso a armas por Bolsonaro, 09/05/2019.
“A simpatia de Bolsonaro pelas armas se manifestou agora num novo decreto: quem tem posse de arma de fogo poderá comprar agora até 5 mil cartuchos (…). Em 2017, houve 63.880 mortes violentas no Brasil. Em nenhum outro lugar do mundo tantas pessoas são mortas por armas de fogo como no Brasil. O país registrou também um aumento acentuado do número de mortos por policiais nos últimos meses. No governo Bolsonaro, não há sinais de uma atenuação da situação – pelo contrário. Na sociedade brasileira circula um chavão: bandido bom é bandido morto.”
Die Welt: “O presidente desafortunado” – sobre o derretimento da imagem do Brasil no exterior (02/07).
“A imagem do presidente brasileiro Jair Bolsonaro no exterior é devastadora. […] A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, juntou-se às fileiras dos críticos do presidente populista de direita. Bolsonaro respondeu com igual clareza e acusou os europeus de ‘psicose ambiental’. Apesar de tudo, Merkel quer fazer negócios com o potencial talhador de florestas”, publicou o jornal conservador de Berlim.
Der Tagesspiegel: “Presidente do Brasil demite guardião da Floresta Amazônica” – sobre conflitos com o Inpe, 05/08/2019.
“Ricardo Galvão é um dos cientistas mais renomados do Brasil. O físico chefiava o Inpe. Agora o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, exonerou Galvão, de 71 anos. A razão é simples: os dados divulgados pelo Inpe não agradam aos extremistas de direita. Eles mostram um aumento dramático no desmatamento ilegal na Amazônia durante seu mandato. O presidente Bolsonaro não quer admitir isso. Ele alega que os dados foram inflados para prejudicar a imagem do Brasil no mundo.”
Frankfurter Allgemeine Zeitung: “Bolsonaro depreza financiamento alemão”, sobre suspensão de verba alemã para projetos ambientais no Brasil, 12/08/2019
“Segundo o presidente Jair Bolsonaro, o Brasil não precisa do dinheiro da Alemanha para proteger a Floresta Amazônica. ‘Pode fazer bom uso dessa grana. O Brasil não precisa disso’, afirmou Bolsonaro. Bolsonaro quer explorar mais economicamente a Região Amazônica, não demarcar mais áreas de proteção e permitir mais desflorestamento. Bolsonaro é cético das mudanças climáticas e aliado da indústria agrícola.”
Stern – “Brincando com fogo”, sobre a visão ambiental de Bolsonaro em meio às queimadas, 29/08/2019.
“Se você quer saber como o homem realmente encara questões ambientais, basta ver seu histórico. Em janeiro de 2012, Bolsonaro foi flagrado pescando ilegalmente em uma reserva marinha na costa do Rio de Janeiro. Um funcionário do Ibama, José Morelli, lhe aplicou uma multa de 10 mil reais. Para Bolsonaro, então deputado federal, essa foi a ocasião para uma vendeta sem precedentes: Após sua eleição como presidente, ele passou a difamar o Ibama como uma mera “indústria de multas”. No final de março, o servidor Morelli – a essa altura atuando como fiscal na Amazônia – foi exonerado do cargo”, escreveu a revista alemã.
Süddeutsche Zeitung: “Bolsonaro só entende a linguagem dura”, sobre a necessidade da comunidade internacional agir para conter queimadas, 01/09/2019.
“Frequentemente o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, é comparado a Donald Trump. Isso é injusto porque, ao lado do brasileiro, o presidente americano parece um cavalheiro. Isso foi vivenciado nesta semana porEmmanuel Macron. Depois de ter criticado o fraco combate aos incêndios na Amazônia, o francês teve que aguentar insultos a sua mulher por parte de Bolsonaro nas redes sociais. Esse é um nível ao qual nem mesmo Trump desceu.
Não. O presidente do Brasil não é um Trump tropical. Ele pertence a uma categoria dos que glorificam a violência, como o presidente filipino, Rodrigo Duterte, ou de intransigentes autocratas, como o venezuelano Nicolás Maduro.”
Die Tageszeitung: “Até os joelhos na lama negra” – sobre a falta de ação do governo na crise ambiental no litoral do Nordeste, 22/10/2019.
“Um vazamento de óleo se espalha na costa nordeste do país. No início de setembro apareceram as primeiras manchas negras. Atualmente mais de 160 praias em nove estados foram afetadas. Para o Brasil, a catástrofe ambiental ocorre no pior momento possível. Após os incêndios florestais na Amazônia e as críticas internacionais à política ambiental, o governo está abalado. Mais uma vez, ele não agiu rápido o suficiente. O presidente Jair Bolsonaro é acusado de falta de ação”, apontou o jornal berlinense.
Der Spiegel: “O mestre-demolidor” – sobre o derretimento da imagem do Brasil no exterior, 26/10/2019.
“Faz um ano que Jair Bolsonaro venceu a eleição presidencial no Brasil. Desde janeiro ele desempenha as funções do cargo, e é raro um chefe de Estado que tenha danificado a imagem de uma nação de forma tão veloz e duradoura quanto ele. O Brasil, que por muito tempo foi um país emergente em ascensão, é hoje um obscuro Estado pária, em que fanáticos conservadores travam uma campanha de guerra contra um inimigo que só existe na própria imaginação”, descreveu a revista semanal alemã.
Tagesspiegel: “Sob suspeita” – sobre reação de Bolsonaro a reportagem que ligou sua família ao caso Marielle, 31/10/2019.
“O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ficou furioso. Ele xingou os meios de comunicação, descrevendo a Globo, a maior empresa de mídia do país, como ‘imprensa porca, nojenta, canalha e imoral’. Deve ter acontecido muita coisa para o presidente do Brasil se levantar pouco antes das 4h da manhã de sábado na Arábia Saudita para gravar um vídeo de 23 minutos. Bolsonaro negociou um acordo com o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman no montante de 15 bilhões de dólares. Por tal, Bolsonaro esperava, aparentemente, elogios da mídia brasileira. Mas a TV Globo jogou uma bomba durante seu principal noticiário”, publicou o jornal de Berlim.