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Justiça

PF encontrou com Mauro Cid documentos sobre colar de nióbio e diamantes com registro do nome de Jair Bolsonaro

 

Mais dois documentos que estavam de posse do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, coronel Mauro Cid, indicam jóias presenteadas ao ex-presidente.

A Polícia Federal encontrou mais documentos comprometedores durante uma operação de busca e apreensão na casa do tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).

Em um dos documentos localizados está descrita a existência de um colar de nióbio (niobium necklace), além de “diversos certificados de diamantes” com o nome do empresário saudita Saddik Omar Attar.

Os documentos estavam escritos em japonês e ainda serão traduzidos e investigados pelos policiais da PF. Além disso, em um desses certificados – provavelmente relacionado ao colar de nióbio – tem escrito o nome de Jair Bolsonaro.

“Todo material apreendido será analisado e, conforme o conteúdo, daremos sequência na investigação”, disse um investigador da corporação em entrevista à Veja, que publicou a mensagem.

Mauro Cid é o pivô de diversos esquemas envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro. O ex-ajudante de ordens seria o principal responsável pela apropriação de presentes recebidos pelo ex-chefe de estado e pela sua revenda no exterior, em um sistema investigado pela Polícia Federal.

Cid e seu pai, o general Lorenna Cid, são investigados pelo crime, além de outros membros da ajudância de ordens e do escalão mais próximo de Bolsonaro dentro e fora do governo, como Frederick Wassef.

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Cid tinha acesso às contas de Bolsonaro e fez “varredura” à procura de dinheiro

Personagem central do esquema montado no entorno de Jair Bolsonaro para transformar em dinheiro presentes de luxo recebidos pelo governo, o tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Cid tinha carta branca para acessar as contas pessoais do então presidente da República, diz Rodrigo Rangel, Metr[opoles.

Uma das primeiras missões que Cid recebeu assim que foi autorizado a cuidar das finanças de Bolsonaro foi fazer um mapeamento de todas as contas bancárias abertas em nome dele. E havia várias, conforme o próprio tenente-coronel relatou a um interlocutor em conversa recente.

“O presidente sempre foi muito desorganizado com dinheiro. Nunca foi gastador, só que nunca controlou o dinheiro dele. Quando cheguei, comecei a procurar as contas que ele tinha, e encontrei várias contas inativas”, disse Cid, que durante o governo, como mostrou a coluna em janeiro, operava uma espécie de caixa paralelo no Palácio do Planalto.

Em algumas das contas “esquecidas” por Jair Bolsonaro, ainda de acordo com o tenente-coronel, havia dinheiro. “A gente fechou todas as contas e centralizou em uma só, no Banco do Brasil”, disse. “Era tudo poupança. Não tinha investimento. Ele odiava esse troço.”
“Checou se botaram dinheiro na minha conta?”

Se, mais recentemente, Bolsonaro não se fez de rogado ao aceitar doações em profusão que lhe renderam impressionantes R$ 17 milhões em depósitos feitos por apoiadores em sua conta pessoal, via Pix, quando estava no governo, segundo Cid, ele temia esse tipo de transação — e deixava por conta do ajudante de ordens averiguar eventuais créditos de origem desconhecida.

Na mesma conversa, Mauro Cid contou que, a certa altura, foi incumbido de trocar a conta bancária de Bolsonaro justamente porque apoiadores dele vinham fazendo depósitos de valores picados.

“Trocamos a conta dele no meio do caminho porque estavam fazendo depósito de um real, de centavos… Ele tinha medo de alguém fazer um depósito na conta dele e sempre perguntava: ‘Checou se botaram dinheiro na minha conta?’. Toda semana eu olhava lá e checava. Ele morria de medo disso. Temia uma armação, um depósito”, disse Mauro Cid.

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Economia

Haddad contesta Campos Neto e nega fim do parcelado sem juros no cartão: “não pode mexer nisso aí”

Haddad contesta Campos Neto e nega fim do parcelado sem juros no cartão: “não pode mexer nisso aí”.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a continuidade do sistema de vendas parceladas com prestações fixas no cartão de crédito, que já representam mais de 50% das vendas no varejo, ao contrário do que foi proposto na semana passada pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Nesta segunda-feira, em entrevista ao advogado Walfrido Warde e ao jornalista Reinaldo Azevedo, no podcast Reconversa, Haddad esclareceu que não repreendeu Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), por suas declarações recentes no Senado sobre o fim do rotativo do cartão de crédito e das compras parceladas no cartão de crédito, diz o 247.

Ao mesmo tempo, ele argumentou que é essencial considerar o impacto no varejo antes de tomar decisões sobre o parcelamento sem juros. “Não pode mexer nisso aí”, destacou o ministro, referindo-se à sugestão de Campos Neto de limitar o parcelamento sem juros, numa posição alinhada com os bancos. Haddad alertou sobre a importância de proteger os consumidores que recorrem ao rotativo, mas sem comprometer o atual sistema de vendas. “Até alimento está sendo comprado assim”, observou. Haddad recordou a medida anterior do BC de tabelar os juros do cheque especial e mencionou um emergente “movimento no Congresso de insurgência” contra os juros do rotativo, que podem alcançar até 470% ao ano.

Sobre a autonomia do Banco Central, Haddad descreveu a situação atual como uma “experiência inédita no Brasil”. Ele expressou preocupação sobre a aprovação da autonomia do BC durante o mandato do ex-presidente Jair Bolsonaro, o qual classificou de forma contundente como “lunático” e “psicopata”. Haddad afirmou que jamais apoiaria a autonomia do BC sob a presidência de Bolsonaro e revelou ter sugerido um mandato mais curto para o presidente do BC sob a nova regra de autonomia. Na entrevista, Haddad também esclareceu que sua sugestão de mandato reduzido não era uma crítica pessoal a Roberto Campos Neto.

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Política

Vídeo: Ministro de Lula insinua que militar passou joia valiosa a Bolsonaro em aperto de mão secreto

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, insinuou que Jair Bolsonaro recebeu um objeto de valor ao apertar a mão de uma militar, durante cerimônia das Forças Armadas. Segundo o colunista Paulo Cappelli, do Metrópoles, Teixeira escreveu em sua rede social, ao postar o vídeo do cumprimento:

“Imagem repugnante! Vejam esse vídeo que mostra o momento em que uma pessoa passa um objeto dourado escondido nas mãos do ex-presidente, que guarda no bolso. Alguém suspeita o que poderia ser esse objeto?”, questionou Paulo Teixeira em uma rede social (veja vídeo ao final da matéria).

A postagem do ministro de Lula ocorre três dias após operação da Polícia Federal que mira suposto esquema de venda de joias que Bolsonaro teria recebido quando presidente.

Militares que participaram da cerimônia, que ocorreu no governo Bolsonaro, confirmam a autenticidade do vídeo. Contudo ponderam não haver qualquer irregularidade no cumprimento.

Afirmam que a cena retrata a entrega de uma medalha simbólica, sem valor financeiro, por meio do aperto de mão. E que essa é uma tradição antiga entre militares, um sinal de respeito.

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Política

Câmara pode votar esta semana PL que privilegia com verbas Globo e grupos tradicionais já superados pela internet

Na contramão da tendência mundial de reconhecimento do predominio avassalador da audiência das notícias via internet, em detrimento de jornais impressos e emissoras de TV abertas, a Câmara dos Deputados pode votar esta semana um projeto de Lei, conduzido pelo presidente da Casa, Arthur Lira que manobra para que as verbas publicitárias sejam concentradas na esmagadora maior com os veículos tradicionais de comunicação, sobretudo a Globo.

O critério afronta uma promessa de campanha de Lula, que prometeu democratizar a distribuição dos recursos para veículação de anúncios, embora em mais de seis meses de governo ainda não tenha feito nada neste sentido. Pelo contrário, concedeu a maior parte da verba publicitária para TV e para as seis empresas familiares que dominam a mídia brasileira.

A Câmara dos Deputados se prepara para votar nesta semana um projeto de lei desenhado para fortalecer economicamente a Globo e outros grupos de comunicação, que perderam relevância e influência diante da ascensão da internet. Neste último sábado, dia 12 de agosto, o deputado federal Elmar Nascimento, representante da União Brasil-BA, apresentou um relatório decisivo para o projeto de lei que visa estabelecer o pagamento de direitos autorais e remuneração a veículos de imprensa e artistas pela reprodução de conteúdos em ambiente digital, incluindo nas redes sociais. Também conhecido pelo PL da Globo, o projeto foi desenhado pela Abert (Associação Brasileira das Empresas de Radiodifusão), e visa capturar recursos da publicidade digital para os grandes grupos de comunicação, em especial a Globo, o que vai contra a promessa do governo Lula de democratização da mídia.

Além disso, para facilitar sua aprovação, o texto propõe a inclusão de “sermões” e pregações religiosas no escopo das obras protegidas por direitos autorais, e busca regular a transparência dos anúncios veiculados em plataformas digitais durante os períodos eleitorais.

O projeto atual, que transfere recursos da publicidade digital para as empresas de jornalismo, vai contra a lógica do modelo atual, em que as empresas de comunicação são remuneradas pela publicidade digital, a partir da audiência que alcançam, e não a partir de acordos construídos com base em seu poder de influência e barganha na sociedade.

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Política

Cúpulas fardadas são responsáveis pela bandalheira sistêmica de Bolsonaro

Jeferson Miola*

Julgar, condenar e prender Bolsonaro e seus comparsas operacionais não é só um ato de justiça, mas também uma demanda da democracia.

A condenação do bando criminoso flagrado no roubo, interceptação ilegal e venda de jóias, relógios e objetos de ouro pertencentes ao Estado brasileiro é uma providência essencial.

Mas esta será apenas uma medida parcial e incompleta enquanto o foco não for posicionado nos reais responsáveis por esta bandalheira sistêmica, que são as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas.

Afinal, como justificou o Comando do Exército ao mandar o tenente-coronel apresentar-se fardado na CPMI dos atos golpistas, os delinquentes fardados “cumpriam missão militar”.

Numa notável síntese, o jornalista Otávio Guedes disse: “hoje a gente vai ver uma notícia interessante: uma joia trazida por um almirante, transportada por um avião da FAB e negociada por um general. Ou seja, almirante, general e FAB. Provavelmente a maior operação militar desde a guerra cisplatina”.

A essas alturas, com tudo o que vem sendo revelado sobre o envolvimento central de altos oficiais em crimes de distintas naturezas – de corrupção, genocídio a tentativas de golpe de Estado –, é inaceitável se restringir a responsabilidade criminal a Bolsonaro e seu entorno.

O omisso ministro da Defesa José Múcio Monteiro, representante das cúpulas partidarizadas perante o poder civil, mais uma vez confirma a máxima do Barão do Itararé – de onde menos se espera, é daí que não sai nada mesmo.

Até hoje Múcio não cobrou dos comandantes sequer a abertura de investigação dos oficiais flagrados nos ataques às instituições no 8 de janeiro. Pior: por lobby dele, o governo contemplou as Forças Armadas com 52,8 bilhões no PAC.

Contando com a camaradagem de Múcio, o comando do Exército mais uma vez prevarica para proteger os seus. Em nota, diz que “vem acompanhando as diligências”. Acompanhando …

E cinicamente afirma que “A Força não se manifesta sobre processos apuratórios conduzidos por outros órgãos”. Considerando-se como um Poder de Estado autônomo, justifica que “esse é o procedimento que tem pautado a relação de respeito do Exército Brasileiro com as demais instituições da República”.

O comando afirma ainda que “não compactua com eventuais desvios de conduta de quaisquer de seus integrantes”, mas na vida real nada faz em relação ao tenente-coronel, ao coronel, ao almirante e ao general implicados no esquema de roubo e venda de joias da União.

A solidariedade no crime não se restringe aos comandos militares da ativa. É também consignada aos bandidos fardados tanto pela família militar como por dirigentes do partido dos generais já na reserva. O general conspirador Sérgio Etchegoyen, por exemplo, saiu em defesa de Lorena Cid, pai do multi-delinquente Mauro Cid.

A despeito da imagem do colega de farda refletida na fotografia de uma escultura roubada, Etchegoyen declarou: “acredito e confio no general Cid. Conheço-o há muitos anos”.

Nunca antes como atualmente estas Forças Armadas que mais uma vez jogaram o país no precipício estiveram tão desmoralizadas e desacreditadas. E nunca antes a sociedade civil, as instituições da República e o poder político [Executivo e Legislativo] tiveram uma oportunidade tão favorável para enfrentar decididamente a questão militar no Brasil.

O desaproveitamento desta oportunidade histórica poderá cobrar um preço altíssimo, e não só do governo do presidente Lula, mas da democracia, pois as cúpulas partidarizadas das Forças Armadas continuam acalentando seu projeto próprio de poder militar.

* O Cafezinho

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Justiça

PF apura se urso de pelúcia foi usado para ocultar joias recebidas por Bolsonaro

Suspeita foi levantada com interceptação de e-mail de militar que era ajudante de ordens de Bolsonaro e continua trabalhando com o ex-presidente.

O suposto esquema para enviar para os Estados Unidos joias recebidas por Jair Bolsonaro (PL) quando era presidente da República teria envolvido um urso de pelúcia para esconder peças preciosas. É o que aponta um e-mail enviado pelo tenente do Exército Osmar Crivelatti ao departamento de marketing da empresa catarinense Black Entertainment, em 25 de abril do ano passado. O militar, que foi um dos alvos de mandados de busca e apreensão em operação deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (11) contra suposto desvio de patrimônio da União, continua trabalhando com o ex-presidente, na cota de assessores prevista em lei.

Na mensagem interceptada pela PF, Crivelatti se apresentou como ajudante de ordens de Bolsonaro e disse que esteve com o então presidente na ExpoLondrina, onde ele recebeu um urso de pelúcia da empresa. “Eu tenho que seguir um protocolo e registrar os presentes recebidos pelo Presidente. Para isso, preciso de alguns dados de quem presenteou”, escreveu o militar do Exército.

“Já tentei contato pelo Messenger, mas não tive uma recepção muito amigável. Inclusive, creio que fui bloqueado. No fim das contas, se não receber resposta dos senhores (as), tratarei o presente como se fosse de algum popular e não restará registro de sua pessoa/empresa”, acrescentou Crivelatti. O assessor de Bolsonaro recebeu uma resposta da empresa horas depois. “O presente (urso de pelúcia) foi entregue ao presidente por uma de nossas diretoras”, dizia o funcionário da Black Entertainment.

A informação sobre o urso de pelúcia foi publicada neste sábado (12) pelo portal Metrópoles. A PF suspeita que Crivelatti cometeu os crimes de peculato e lavagem de dinheiro ao participar do esquema para recuperar joias vendidas ilegalmente nos EUA. Os acessórios foram presentes que Bolsonaro ganhou de governos estrangeiros durante o exercício da Presidência. Crivelatti também teria atuado para ocultar e vender presentes de alto valor no exterior. O tenente era considerado o braço-direito de Mauro Cid na ajudância de ordens da Presidência.

*Com O Tempo

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Política

Joias revelam o que significava diplomacia para Bolsonaro

Jamil Chade*

As recentes descobertas da Polícia Federal sobre as manobras dos assessores de Jair Bolsonaro (PL) para permitir que joias entregues ao país fossem supostamente desviadas para enriquecer o grupo no poder são confirmações de que a diplomacia e a politica externa tinham outros significados para o ex-presidente.

Em quatro anos, ele e seus ministros destruíram a reputação do Brasil no exterior, retiraram o país da mesa das grandes negociações e transformaram-se em párias.

Se de um lado o bolsonarismo usou a estrutura profissional do Itamaraty para atender ao movimento de extrema direita no mundo e promover uma guinada na política externa, sem qualquer base no interesse nacional, as revelações sobre o destino dado por presentes oficiais de outros governos mostram que a percepção do clã Bolsonaro era que o interesse privado prevalecia sobre o país.

Presentes dados por potências estrangeiras jamais têm como destino a pessoa que ocupa o cargo de presidente. Salvo, claro, se o objetivo não for nada republicano.

Ao se apropriar de joias que iriam para os cofres públicos, Bolsonaro confundiu seu papel como chefe de Estado. Ele não estava recebendo por ser Jair. Mas por ser Brasil.

Ao montar um esquema para desviar as joias, mostrou como simplesmente sequestrou a diplomacia. Depois, voltou a comprovar esse sequestro ao criar um sistema para revender e lucrar, inclusive no exterior.

Ao longo da história, emissários eram enviados para levar presentes de um reinado a outro, como um símbolo da amizade entre aqueles países.

Alguns ficaram famosos. A Estátua da Liberdade, enviada pelos franceses para os americanos, foi uma delas. Em 2011, a China construiu um estádio e deu de presente para a Costa Rica.

Em 1943, Winston Churchill entregou a espada para Stalin, como sinal do reconhecimento do esforço soviético pela batalha de Stalingrado.

*Uol

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Justiça

Avião e dinheiro trazem principais digitais de Bolsonaro em investigação sobre joias

Ex-presidente surge na ‘cena do crime’, para PF, e provas são vistas como as mais contundentes até agora.

A investigação sobre as joias e presentes dados por autoridades de outros países a Jair Bolsonaro (PL) aponta as digitais do ex-presidente na suspeita de desvio de bens públicos para enriquecimento pessoal.

A ação deflagrada pela Polícia Federal na sexta-feira (11), batizada de Lucas 12:2, dá início à reta final das apurações que podem resultar na acusação de Bolsonaro como líder de uma organização criminosa.

Embora não tenha sido alvo das diligências, como foi o general Mauro Lourena Cid, pai do ajudante de ordens Mauro Cid, Bolsonaro teve pedido de quebra de seus sigilos e deve ser ouvido em breve pela PF.

Para os investigadores envolvidos desde o início dos inquéritos relatados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, dois pontos colocam o ex-presidente pela primeira vez na cena do crime de desvio de dinheiro público e enriquecimento ilícito no caso das milícias digitais.

O primeiro é o uso da aeronave da Força Aérea Brasileira para levar as joias e presentes aos Estados Unidos. O segundo, as mensagens indicando o retorno do dinheiro oriundo de vendas, em espécie, para o bolso do ex-presidente.

O segundo ponto ainda deve ser aprofundado, mas investigadores dizem não restar dúvida de como Bolsonaro participou de todo o estratagema.

A apuração partiu do inquérito das milícias digitais, que tem origem na investigação dos atos antidemocráticos de 2020. Após Augusto Aras —o procurador-geral indicado por Bolsonaro— pedir em 2021 o arquivamento do caso, Moraes ordenou a abertura de outra investigação, com o material angariado na apuração anterior.

Nesse cenário, a então delegada titular do caso, Denisse Ribeiro, passou a organizar na investigação sobre milícias digitais toda a apuração sobre o entorno de Bolsonaro e seus aliados, iniciada anteriormente no inquérito das fake news.

No entendimento da delegada, a organização criminosa alvo da apuração era responsável por todos os eventos da escalada golpista, que tinham começado em 2020, passado pela campanha de desinformação durante a pandemia, e chegado a ataques ao sistema eleitoral.

Denisse saiu da apuração no início de 2022 por causa de uma licença e deixou em seu lugar o delegado Fabio Shor.

O delegado deu prosseguimento à linha de investigação traçada por ela e, com as provas colhidas pela PF no caso das joias, em especial o uso da aeronave presidencial e o suposto recebimento dos valores provenientes da venda dos presentes, indica confirmar a tese da colega, de que Bolsonaro é líder de uma organização criminosa, segundo a Folha.

Ao pedir as buscas contra o pai de Mauro Cid e outros alvos, o delegado lembrou da estrutura do inquérito das milícias digitais e das frentes reunidas ao longo do tempo.

São cinco linhas de apuração: ataques virtuais a opositores, ataques às instituições e às urnas eletrônicas, tentativa de golpe de Estado, ataques às vacinas e medidas na pandemia e, por último, o uso de estruturas do Estado para obtenção de vantagens.

A PF já havia encontrado provas que levavam Bolsonaro ao centro de 3 das 5 linhas de investigação. Sobre a tentativa de golpe, falta à PF encerrar o inquérito sobre o 8 de janeiro, para apontar a sua participação no episódio.

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Política

Aliados de Bolsonaro identificam em decisão de Moraes risco de prisão de ex-presidente

Jair Bolsonaro não foi alvo da operação desta sexta-feira (11), mas o teor da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes que autorizou as buscas deixou em alerta aliados e auxiliares do ex-presidente, segundo Malu Gaspar, O Globo.

A decisão de Moraes, tornada pública ontem, é recheada de menções que indicam a gravidade da situação de Bolsonaro – sugerindo, por exemplo, que o ex-presidente determinou ou autorizou as transações com as joias sauditas sob investigação.

Depois de passar o dia estudando o despacho, em que Bolsonaro é citado nominalmente 93 vezes ao longo de 105 páginas, esses auxiliares se preocuparam não apenas com o que Moraes disse – mas principalmente com o que ele não disse.

“A decisão menciona Bolsonaro do começo ao fim. É o prenúncio de uma decisão mais drástica no futuro”, disse reservadamente à equipe da coluna um interlocutor do ex-presidente.

O maior temor é de uma ordem de prisão. O fato de a PF ter pedido a Moraes a quebra de sigilo fiscal e bancário de Bolsonaro também piorou os cenários projetados por seus estrategistas.

A PF também quer que o ex-presidente seja ouvido na investigação, que apura um esquema de desvio de joias e outros itens de luxo do acervo da Presidência da República para o patrimônio privado do ex-presidente.

Ao longo da decisão, Moraes lembrou que, segundo as informações já reunidas, há indícios de que o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica do Gabinete Pessoal da Presidência da República – órgão responsável pela análise e definição do destino (acervo público ou privado) de presentes oferecidos por uma autoridade estrangeira ao Presidente da República – foi “utilizado para desviar, para o acervo privado do ex-presidente da República, presentes de alto valor, mediante determinação de Jair Bolsonaro”.

“Os elementos de prova colhidos demonstraram que na gestão do ex-presidente foi criada uma estrutura para desviar os bens de alto valor presenteados por autoridades estrangeiras ao ex-Presidente da República, para serem posteriormente evadidos do Brasil, por meio de aeronaves da Força Aérea brasileira e vendidos nos Estados Unidos”, aponta o relatório da PF.

Líderes do PL avaliam que, mesmo inelegível, Bolsonaro deve ser um cabo eleitoral de peso em 2024, podendo subir em palanques e alavancar candidatos em disputas pelas prefeituras – especialmente nas regiões Sul e Sudeste, onde derrotou Lula em 2022.

Os mais pessimistas já não discutem mais se Bolsonaro será ou não preso, mas quando a medida será decretada.

A avaliação no partido do ex-presidente é a de que, virada a página da questão eleitoral – Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) –, o foco do Judiciário passou a ser uma condenação criminal.

Nessa seara, diversas investigações sob a relatoria de Alexandre de Moraes atormentam o ex-presidente e seus aliados e podem trazer implicações ainda mais graves para sua carreira política.

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