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A mesma Globo que contribuiu para devolver o Brasil ao mapa da miséria, agora faz campanha de arrecadação de alimentos contra a fome

Dia desses, na GloboNews, Gabeira, que se declara um liberal que, segundo ele, não compra todas as ideias liberais sobre o papel do Estado na vida nacional, como a maioria dos comentaristas da emissora, elogiou as iniciativas de brasileiros que buscam de alguma forma aliviar a fome de quem não tem nada para comer.

Logicamente, Gabeira que, quando ainda deputado, com seu papel raivoso na primeira tentativa de golpe contra Lula que tirou o Brasil do mapa da fome, teve um faniquito e soltou seus cachorros em cima de Severino Cavalcante, então presidente da Câmara, por engavetar os pedidos de impeachment de Lula, movimento que ele encabeçava.

Não só isso, o mesmo Gabeira várias vezes, na GloboNews, verbalizou que Bolsonaro não era aquele diabo que todos pintavam. Escreveu depois um artigo pedindo que as pessoas abandonassem um suposto sectarismo e tentassem não só entender as lógicas de Bolsonaro, mas ajudá-lo na sua forma de governar.

O que há de diferente nessa manifestação de Gabeira dentro da Globo? Nada. A essência neoliberal de Paulo Guedes com uma coisinha aqui, outra ali que pode-se discordar, os comentaristas sempre se mostraram entusiastas de mais uma mentira neoliberal vendida como salvadora da pátria desde a época da ditadura militar pelos governos de direita.

O que para nós é difícil saber é o que de fato pensam esses comentaristas, até porque muitos, depois que saem da Globo, na maioria das vezes, têm posições diametralmente opostas aos que eles próprios pregavam quando estavam a serviço dos interesses do grande capital dentro de uma empresa de comunicação que, além de ter interesses diretos nesse sistema de moer gente para arrancar a última gota de sangue, abarca outros clientes que exigem essa linha editorial.

E mesmo quando tudo fracassa, a Globo dá uma de Bolsonaro, mente, inventa, cria uma realidade paralela, como faz até hoje com o retumbante fracasso do governo FHC, que ela sem qualquer base, diz que ele equilibrou a economia brasileira.

Bom, não se sabe que conceito que a palavra equilíbrio tem dentro do universo dos Marinho. A rejeição que beira à aversão que o povo brasileiro tem até hoje de FHC, mostra que, na vida real, ou seja, na economia de fato, ele foi trágico para a imensa maior parte da população, coisa muito fácil de aferir, porque, enquanto na esquerda todos querem a participação de Lula nas propagandas eleitorais pelo sucesso de seus dois mandatos como presidente, do lado tucano, nenhum candidato quis mostrar FHC em sua propaganda para não ser associado à imagem de fracasso que FHC carrega como sobrenome.

Assim, a Globo, até pelas palavras de Gabeira, tem uma solução para a fome, logicamente sem mexer nas estruturas neoliberais impostas por Temer e seguidas à risca por Guedes para manter intocável o teto de gastos, que é a de ampliar a corrente de fraternidade dentro da sociedade e que ela própria dê solução aos milhões, e cada vez mais milhões de segregados pela política aplaudida de pé que os barões do dinheiro grosso impõem à nação, em nome da absoluta e genuína ganância.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Política

CPI da Covid tem gravações explosivas

Há uma sede por parte da imprensa de derrubar a gente. Eu poderia acabar com a pandemia hoje. É só eu juntar os meus ministros, pegar a Caixa Econômica, o BNDES, Banco do Brasil e voltar a pagar à imprensa como se pagava no passado. (Bolsonaro)

De acordo com matéria de Ricardo Noblat, publicada no Metrópoles, está à disposição da CPI da Covid no Senado uma fita explosiva contendo pouco mais de oito horas de gravações do presidente Jair Bolsonaro recomendando remédios ineficazes contra o vírus e criticando medidas adotadas por governadores e prefeitos que poderiam ter reduzido o número de mortos pela pandemia.

A voz debochada e arrogante de Bolsonaro ecoa numa sucessão de vídeos e áudios que mostram um claro desrespeito e desumanidade com os doentes, além do confronto permanente do chefe do governo com os fatos, a ciência e o bom senso, conforme apurou a jornalista Vanda Célia, colaboradora deste blog.

Assessores da CPI temem invasão dos arquivos da comissão para roubo do material, tamanho o impacto que os áudios poderão vir a ter nas eleições do ano que vem. O material está guardado em um cofre, e a senha só é conhecida pelo presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM) e o relator Renan Calheiros (MDB-AL).

*Com informações do Metrópoles

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Em desespero de quem está com a cabeça a prêmio, Bolsonaro bate o martelo do leilão da Cedae implorando que o mercado o salve

O sorriso de Renata Vasconcellos, do Jornal Nacional, comemorando a entrega de grande parte da Cedae para fundos de investimento que compraram parte da Companhia de Água e Esgoto do Rio de Janeiro, que terão financiamento do BNDES, mostram que o patrimonialismo brasileiro sempre foi e sempre será a marca principal do pensamento das camadas ricas da sociedade no que se refere à ideia do bom burguês, como disse Mário de Andrade e muito bem definida por Sergio Buarque sobre o brasileiro cordial.

Bolsonaro correr para o leilão para bater o martelo de mais um pedaço do desmonte do Estado para servir à ganância do mercado, foi uma festa para a Globo. Mas não deixou de revelar o desespero de quem, segundo um dos seus principais aliados na CPI da Covid, o senador Ciro Nogueira, que disse que, para não ser degolado, Bolsonaro dependia apenas da caneta Bic de Arthur Lira. Imagina isso!

Como é que se deita a cabeça no travesseiro sabendo disso, que você pode dormir presidente e acordar presidiário. Sim, porque todos sabem que o impeachment de Bolsonaro significa bem mais do que a sua cassação, significa que ele perderá o poder de controle das instituições e terá que responder pelas acusações das formas mais variadas que pesam sobre seus ombros e de seus familiares.

Talvez as pessoas possam ter esquecido de que, se o Jair é o homem da casa de vidro, Lira também tem telhado de cristal, e se a justiça der uma ciscada para que o protetor de Bolsonaro entregue logo a rapadura, não há dúvidas, entre a sua cabeça e a de Bolsonaro, ele entregará imediatamente a do presidente da República.

Na verdade, ontem, Bolsonaro deu resposta à matéria de hoje publicada no jornal francês Le Monde que indaga, por que depois das atrocidades cometidas por Bolsonaro durante a pandemia que já matou mais de 400 mil brasileiros, ele ainda está na presidência e conta com um suposto apoio de 25% a 30% da população?

A resposta é simples e foi dada pelo próprio Bolsonaro, indo pessoalmente ao leilão da Cedae dar satisfação ao mercado e a própria confissão de Ciro Nogueira no encontro que teve com banqueiros e empresários e, de joelhos, pedindo apoio para o governo, para que o impeachment não dê em nada por pior que sejam as acusações e provas que desabarão sobre a cabeça do moribundo.

Os atos desesperados de bolsonaristas teleguiados pelo gabinete do ódio, que acontecem hoje, 1º de maio, pedindo intervenção militar, sublinham em vermelho que Bolsonaro está sentindo um cheiro forte e cada vez mais ardido de sua queda.

Para piorar, a fumaça que ganha cada vez mais tamanho e intensidade de que Mourão não só está pronto para entrar em campo, como já está esfregando as mãos, já virou realidade, como fogo que ajuda a elevar a temperatura da panela de pressão contra Bolsonaro capaz de lhe cozinhar em tempo recorde para ser devorado num banquete neoliberal com figuras mais palatáveis à sociedade, mas tão submissas ao mercado quanto o governo que aí está.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Bolsonaro critica ‘terrorismo no campo’ e diz que não vai regulamentar desapropriação por trabalho escravo

Apesar da crítica, presidente votou a favor, em primeiro turno, de proposta de emenda à Constituição que incluía a previsão de confisco.

Segundo matéria da Folha, Em um discurso a empresário do agronegócio, o presidente Jair Bolsonaro criticou o que chamou de “terrorismo no campo” e afirmou que não irá regulamentar emenda constitucional que prevê a expropriação de propriedades nas quais for identificada a exploração de trabalho escravo.

Neste sábado (01), na abertura da 86ª edição da Expozebu, o presidente disse que, no momento oportuno, pretende rever a emenda constitucional 81, aprovada em 2014, segundo a qual as propriedades rurais e urbanas confiscadas serão destinadas à reforma agrária e programas de habitação popular.

“Quando o momento se fizer oportuno, nós devemos, sim, rever a emenda constitucional 81, de 2014, que tornou vulnerável a questão da propriedade privada. É uma emenda que ainda não foi regulamentada e, com toda a certeza, não será regulamentada em nosso governo”, afirmou.

A emenda constitucional também prevê a expropriação de terras nas quais for constatada a plantação de plantas psicotrópicas. Ela ressalta que todo valor econômico apreendido “em decorrência do tráfico ilícito de entorpecentes e da exploração de trabalho escravo” será confiscado.

A retirada da previsão do texto constitucional é uma das promessas feitas pelo presidente na campanha eleitoral de 2018, mas que, até o momento, não se realizou. Apesar de ter se tornado crítico da emenda, Bolsonaro votou, em primeiro turno, a favor da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que incluía o trecho.

No ano passado, o presidente já havia defendido que a prática do trabalho escravo deveria ser mais bem tipificada, punindo apenas o autor do crime, e criticado o confisco da propriedade do produtor rural que cometer ilegalidade.

Em discurso transmitido na cerimônia, Bolsonaro criticou movimentos sociais e disse que eles ainda têm levado “terror ao campo”. Ele afirmou que, na atual gestão, o MST (Movimento dos Sem Terra) perdeu força, mas que se preocupa com a atuação da LCP (Liga dos Camponeses Pobres).

“Nós temos um foco mais grave do que os malefícios causados pelo MST. Em Rondônia, a LCP tem levado terror no campo naquele estado”, disse o presidente, segundo o qual relatou discutir com o governador Marcos Rocha uma estratégia para “conter esse terrorismo no estado”.

Bolsonaro disse ainda que, na atual gestão, houve uma diminuição na ocupação de propriedades por grupos indígenas e defendeu o fim do que chamou de entraves burocráticos para viabilizar uma maior participação deles na produção rural.

Ao lado de Bolsonaro, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, parabenizou agricultores e pecuaristas pelo Dia do Trabalho e disse que, mesmo em um cenário de pandemia do coronavírus, eles garantiram a segurança alimentar do país.

Também em uma referência ao Dia do Trabalho, Bolsonaro disse ainda que, em gestões anteriores, a data era comemorada com “camisas e bandeiras vermelhas”, o que, na opinião dele, passava a impressão de que o Brasil era um “país socialista”.

“Isso mudou. Agora temos a satisfação de ver bandeiras verde e amarelo por todo o país”, afirmou.

*Gustavo Uribe/Folha

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Fundos financeiros deitam na farra da entrega fatiada da Cedae

Como tenho comentado aqui com alguma insistência, os fundos financeiros (capital sem rosto) avançam sobre as empresas da economia real para ter o seu controle e propriedade que chamam de ativos.

Em especial os fundos avançam para ter o controle das empresas que estavam sob controle estatal e estão sendo entregues, desde 2016, na bacia das almas, a preço de xepa.

Agora foi a vez da Cedae esquartejada em blocos, por exigência do desgoverno federal, dentro do tal plano de recuperação do ERJ. Com todos os problemas, a Cedae dava lucros. Assim, mais uma estatal é entregue com forte apoio da mídia que ganha seu quinhão nessa farra patrocinada pelo fundos financeiros que merecem ser conhecidos.

Na mídia o nome dos fundos e corporações aparecem encobertos com pela definição “consórcio” e um nome de fantasia.

Engraçado é que mais de 80% do capital que estes grupos entram no leilão é financiado pelo BNDES que não se dispõe a emprestar para a própria Cedae expandir sua atuação como seria desejável. Para este leilão, a Cedae foi fatiada para os leões do mercado financeiro.

No certame encerrado há pouco, o leilão teve como vencedor do Bloco 1, que envolve a Zona Sul do Rio e alguns municípios o Consórcio Aegea que também levou o Bloco 4, área do Centro e Zona Norte da capital e outros municípios. Esse “consórcio” é controlado pela empresa financeira Equatorial Energia, a mesma que tem participação na Light e controla diversas outras empresas, também concessionárias de serviços púbicos, só que de energia elétrica, no Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão etc.

Já, o Bloco 2 da Cedae que envolve Barra da Tijuca e outros municípios fluminenses, ficou com a Iguá Saneamento que é controlada pelo fundo FIP Iguá (Fundo de Investimento em Participações Multiestratégica) e também pelo fundo de pensão canadense, Pension Plan Investment Board (CPPIB) que, em março agora, de olho na concessão da Cedae aportou R$ 1,178 milhões no Iguá.

Ou seja, uma ironia, os trabalhadores canadenses são donos agora de uma parte da Cedae esquartejada e privatizada.

Assim, o setor de infraestrutura no Brasil (rodovias, concessionárias de energia elétrica e saneamento, aeroportos, petróleo, gás, etc.) é cada vez mais controlado pelos fundos financeiros e quase sempre com empréstimos generosos do BNDES.

Ah, um detalhe, nenhum consórcio ou fundo quis a fatia do Bloco 3, a região mais pobre do Rio, a zona oeste. Por que será?

*Roberto Moraes/247

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Opinião

Bolsonaro se elegeu fazendo, junto com Guedes, discurso de horror a pobre

É do conhecimento de todos que Guedes e Bolsonaro tinham um projeto antipobre para colocar em prática, e colocaram.

Guedes ultrapassa o limite de um tecnocrata clássico, é uma múmia pinochetista que ainda vive, em pleno 2021, a ideia de um sonho dourado dos Chicago boys que era, em última análise, o início da pandemia neoliberal que varreu o planeta com a produção de um caos econômico e, consequentemente social que só via razão numa política econômica em que o mercado fosse um deus supremo e que qualquer busca por equilíbrio social era uma irresponsabilidade com as contas públicas.

Portanto, o objetivo de Guedes, mas também da mídia que o apoiou e segue apoiando seus desatinos, é manter uma política econômica subordinada apenas ao mercado. Ou seja, o Estado deve servir ao mercado, Estado este mantido pela população.

Essa chupeta, como a que se faz em carros, que suga gostosamente o sangue da sociedade é a principal lógica que coloca no mesmo saco qualquer um que tenha mais apego pelo dinheiro do que pela vida das pessoas, pode ser um banqueiro ou um assaltante, os objetivos e métodos são praticamente idênticos. O que diferencia um do outro é que assaltante, geralmente pobre, não tem grana para fazer lobby na mídia nem no Congresso para transformar o seu roubo em algo legal, como é o caso de todo o complexo do sistema financeiro do qual Guedes é um súdito fundamentalista.

Guedes jamais, antes ou depois da eleição de 2018, fez qualquer promessa de melhoria de vida para os brasileiros pobres, ao contrário, disse logo no começo de sua gestão que não tinha o menor compromisso com questões sociais, mas com a garantia dos rentistas e banqueiros e colocaria seu ministério a serviço disso.

Não é sem motivo que, além de produzir mais de 400 mil mortes por covid, essa política, que provocou a segunda maior quantidade de vítimas fatais no mundo, revela uma segregação pandêmica que faz com que morram três vezes mais pobres do que pessoas das classes média e alta.

Talvez por isso Guedes tenha deixado escapar a frase saída da própria alma, que o problema da saúde pública no Brasil, que é um sistema que atende basicamente aos pobres, é que todos querem viver mais de 100 anos, e conclui, foi isso que quebrou o Estado, e que os pobres acabam sendo um problema para as contas públicas.

Guedes não criticou o aumento da expectativa de vida dos ricos, o “todo mundo” que ele disse, referia-se aos pobres, porque dos ricos, ele comemora porque eles têm condições de alimentar a milionária indústria da saúde privada.

Guedes é exatamente aquela figura que o grande Milton Santos chamou de “fundamentalista do consumo”, que é o grande problema do neoliberalismo que inverte os valores quando o ser humano deixa de ser o centro das preocupações humanas e que o centro dessas preocupações passa a ser o mercado.

Também por isso, ele fez piada com o fato da empregada doméstica poder viajar para a Disney no período de Lula e Dilma, fazendo lembrar os piores escravocratas do século XIX. Agora, ele reproduz o mesmo discurso quando, em outras palavras, diz que o filho de um porteiro, através de Fies, pode cursar uma universidade.

Para Guedes, pobreza é uma condição inapelavelmente definitiva, nasceu pobre, que morra pobre. O que tem que valer é o Brasil dos sobrenomes e quem não os tem que não fique por aí perambulando em busca de melhoria de vida, que cumpra seu papel servil às classes dominantes e não encha o saco.

Parou de produzir para os ricos, então, que morra. E que produza com cada vez menos direitos, menos ganhos e com o menor poder de compra possível.

Temos novamente que lembrar, não há qualquer surpresa nisso, como também não há qualquer surpresa no processo de segregação que esse governo vem produzindo contra indígenas e quilombolas.

Quando Bolsonaro fez seu discurso racista em pleno Clube da Hebraica no Rio dizendo que não demarcaria um centímetro de terra dos indígenas e que os negros quilombolas tinham que ser pesados como animais, por arroba, foi efusivamente aplaudido, mais que isso, conseguiu mais apoio da grande mídia na sua campanha.

O que não se pode esquecer é que Bolsonaro e Guedes são um produto conjugado que inclui a classe dominante, uma mídia servil a ela, que mais uma vez mergulha o Brasil numa crise econômica que remonta governos neoliberais fracassados como os dos militares, Sarney, Collor, Fernando Henrique Cardoso e Temer, todos enxovalhados pelo povo com índices de reprovação que mostram o tamanho da ojeriza que a população brasileira tem deles, a mesma população que deu a Lula 87% de aprovação.

Por tudo isso, o governo Bolsonaro produziu em um ano mais de 7 milhões de desempregados e mais 15 milhões de miseráveis, como mostra o IBGE, com a metade da população vivendo em insegurança alimentar, sem saber se vai comer no dia seguinte.

Por outro lado, mesmo com a economia enterrada até o pescoço numa areia movediça, o Brasil deu à lista da Forbes 11 novos bilionários, o que revela que a pobreza foi a grande alavanca que impulsionou a fortuna dessa gente, através de uma política econômica malandra que faz com que, quanto mais o país decresce e o pobre fica ainda mais pobre, o 1% da população fica mais rico.

As declarações de Guedes são parte de um método para incendiar o eleitorado fiel de Bolsonaro que quer, acima de tudo, como sempre quis, antes mesmo de ser bolsonarista, que os pobres se explodam, porque a grande maioria é formada por cidadãos médios, banqueiros e empresários que sempre tiveram horror a pobre e, por isso o ódio doentio a Lula.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Política

Dois caciques do bolsonarismo carioca caíram, o último está nas mãos de Arthur Lira

Nas voltas que o mundo dá, o que ainda ontem era glória, hoje é só treva. Sim, a rotação da terra produz a noite, e a noite produz a treva, o sobrenatural.

Toda essa gente de natureza dupla está se diluindo em névoa, evaporando. O primeiro filho das sombras do mundo bolsonarista a cair, foi Crivella, anunciando pela boca da aurora que o segundo grande espetáculo a cair em desgraça seria Witzel que, em pleno processo de CPI da covid, recolhe-se e desaparece da vida brasileira.

Mas falta um para que a fauna inteira dos pesadelos nacionais vá para o esgoto, para tanto, basta que Lira afrouxe um pouco a mão para que Bolsonaro caia e sua canoa vire, pelo menos, em última análise, foi isso que Ciro Nogueira deixou claro no encontro que teve com banqueiros e empresários, que o horizonte de Bolsonaro estava tão escuro na CPI quanto os processos que derrubaram Crivella e Witzel.

Depende de um assovio de Lira para que Bolsonaro tenha o mesmo destino dos outros dois trevosos que aparecem com ele na foto em destaque e que pegaram carona na calda do cometa bolsonarista.

Podemos citar também outro que já foi para o vinagre que, assim como os que foram desembarcados da política, foi eleito no embalo da histeria bolsonarista no Rio, o deputado Daniel Silveira, que segue o mesmo caminho do matadouro que já engoliu Crivella e, agora, Witzel, mas que falta pouco para que este que protagonizou a barbárie com a placa de Marielle tenha o mesmo destino, porque preso e, agora réu, não terá a menor chance de seguir com a sua curta carreira de deputado federal, o que enfraquece e amedronta ainda mais Bolsonaro, fortalecendo e aumentando o apetite de Lira no balcão das negociatas políticas.

A pergunta é, Bolsonaro tem cacife para bancar sua própria cabeça diante de um Lira com prato e garfo na mão para devorar o governo de seu protegido?

Como disse o senador Ciro Nogueira, a CPI não vai dar em nada, mesmo que provem que o governo Bolsonaro cometeu as maiores barbaridades que resultaram em mais de 400 mil mortes por covid, Lira não permitirá que o impeachment entre em votação, só não disse quanto isso vai custar a Bolsonaro.

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Política

Vídeo: Bolsonaro foi escrachado com protestos em SP no leilão da Cedae: “recua, genocida”

O presidente, junto com deputados governistas, esteve no local para participar do leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) e foi alvo de protestos do MTST.

O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de uma comitiva com deputados governistas, como Hélio Negão (PSL-RJ) e Carla Zambelli (PSL-SP), foi alvo de um escracho promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), na tarde desta sexta-feira (30), em São Paulo (SP).

O presidente esteve no prédio da Bolsa de Valores para participar do leilão da Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae). Ao sair do carro para entrar no prédio da Bolsa, Bolsonaro foi recebido com gritos de “recua, genocida”.

Os manifestantes carregavam faixas e cartazes com frases como “não aguento mais” e “fora, Bolsonaro”, e chegaram a atirar um ovo contra a comitiva presidencial. A ‘ovada’, por pouco, não atingiu o grupo bolsonarista.

“Se por um lado, Bolsonaro segue ignorando a letalidade da doença, incentivando o não uso de medidas de proteção como a máscara e tentando atrapalhar como pode a CPI da Covid-19, por outro, está lado a lado com os magnatas do mercado a fim de passar toda a boiada de privatizações, destruição completa das leis trabalhistas e da previdência social. Em paralelo a isso o povo brasileiro enfrenta a falta de vacinas, as novas cepas do vírus, o desemprego e a fome. Não há outra palavra para descrever Bolsonaro que não seja genocida”, diz nota do MTST sobre o protesto.

Confira:

*Com informações da Forum

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Política

A reconstrução dos EUA com Joe Biden é um nó na cabeça dos “liberais à brasileira

Os Estados Unidos sempre viram no Estado o papel de indutor do desenvolvimento de longo prazo. Não se trata da visão nacional-desenvolvimentista da América Latina. Tem contextos, texturas, estruturas e história próprios.

Muito se tem falado e escrito no Brasil, com lentes brasileiras, sobre o Governo Biden e seus planos. Contudo, e isso não é novidade, tais lentes distorcem e deturpam ao fazerem ver um país que não existe e jamais existiu. Conta-se, por exemplo, uma história no Brasil de que o desenvolvimento dos Estados Unidos se deu pelo papel preponderante da iniciativa privada. Não há ideia mais errada do que essa para quem conhece a história deste país em que vivo há mais tempo do que no Brasil e no qual finquei as bases da minha carreira como economista, a qual passa hoje por uma espécie de transição. Os EUA sempre viram no Estado o papel de indutor do desenvolvimento de longo prazo. Não se trata da visão nacional-desenvolvimentista da América Latina, tampouco pode ser compreendida com lentes sulistas. O desenvolvimento norte-americano e a atuação do Estado têm contextos, texturas, estruturas e história próprios.

Pode ser uma história pouco contada no Brasil aquela segundo a qual os EUA se industrializaram por meio de políticas de substituição de importações e muitas práticas protecionistas inspiradas na obra de 1791 do primeiro secretário do Tesouro norte-americano, Alexander Hamilton. Em seu Report on the subject of manufactures, Hamilton delineou os conceitos de indústria nascente e apoio estatal, que, mais tarde, influenciariam não apenas a industrialização de seu país, mas a da Alemanha, a do Japão, a da França, chegando à América Latina nos anos 1930, quarenta e cinquenta.

A obra de Raúl Prebisch e o que ficou conhecido como pensamento Cepalino cita Hamilton recorrentemente, e não é por acaso. O Estado indutor norte-americano seria revisto e reinventado ao longo de toda a história, passando pela corrida espacial da Guerra Fria, o surgimento da Internet, o desenvolvimento do setor de tecnologia, sobretudo o de bioteconologia, que tanta relevância tem tido na atual pandemia. Para que as vacinas gênicas, as mais sofisticadas contra covid-19, saíssem dos laboratórios para os nossos braços, o Governo de Donald Trump fez a enorme Operação Warp Speed. Logo, no mundo real se deu o contrário do que sustenta o ministro da Economia brasileiro, e não haveria Moderna ou Pfizer sem a atuação vultosa do Estado.

Então entra em cena o atual presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Muitos no Brasil têm interpretado os planos de Biden como uma ruptura em relação ao passado, seja o passado recente, seja o longínquo. Também entendo que há ruptura; mas penso não ser a que imaginam. A ruptura que se deu nas eleições de 2020 foi a passagem de um país liderado por uma pessoa despreparada para o cargo e com instintos nitidamente autoritários para outra com largo, orgulhosamente reclamado histórico político e um democrata, não somente pelo nome do partido ao qual pertence. Quanto ao resto, não há rompimento: os planos de Biden, vulgarmente apelidados de “Bidenomics”, são profundamente marcados pela tradição norte-americana do Estado indutor. Há, sim, diferenças marcantes, que reanimam essa tradição.

Os planos de Biden, literalmente trilionários, compreendem o American Rescue Plan, o American Jobs Plan e o American Families Plan. Todos eles aparecem em destaque no site da Casa Branca, em que são apresentados de forma clara e resumida, com acesso à integra do documento e convite a compartilhar como a política econômica lhe pode ajudar. Para entender melhor essa política, tomemos o American Families Plan, o seu segundo. Trata-se, como disse a Casa Branca, de um plano de “infraestrutura humana”, isto é, de uma agenda que parte do foco nas pessoas, em particular, das famílias, para dar forma a um Estado de Bem-Estar Social. Lembro aqui que, entre as economias maduras, os EUA são o único país que não têm as redes de proteção social robustas, como seus pares europeus. O nome do plano toma as famílias como elo de articulação das políticas de redistribuição de renda. A escolha reflete a percepção compartilhada de que a família é a unidade de cuidado por definição na sociedade norte-americana, como também é, por sinal, no Brasil.

O que salta a olhos de “liberais à brasileira” como excessivo é o entendimento de que, quando as desigualdades são demasiadas, políticas incrementais de proteção social não resolvem os problemas econômicos, sociais, e políticos. Primeiro, para equacioná-los pode ser importante ter um horizonte de igualdade, a qual é inalcançável, mas nem por isso precisa deixar de ser buscada. Sua busca pode criar condições que tornam a liberdade possível.

Segundo, políticas incrementais dificilmente têm o condão de reconstituir um senso de união nacional, de identidade comum, em sociedades extremamente fragmentadas e polarizadas. Quando Biden falava em unificação durante a campanha, a necessidade da ousadia estava explícita. Não viu quem não quis, ou quem não soube interpretar por desconhecimento. É realmente muito difícil entender os Estados Unidos e suas contradições quando não se vive no país: a máxima de Tom Jobim sobre os principiantes e seus olhares não vale apenas para o Brasil.

Tenho visto gente no Brasil dizer com grande confiança que a agenda de Biden está fadada ao fracasso no Congresso. A afirmação se baseia no fato de que os democratas têm uma maioria muito estreita no Congresso, sobretudo no Senado. Mas, novamente, essa é uma visão equivocada sobre as transformações que acometeram os partidos políticos daqui, especialmente o partido Republicano. Sob Trump, o partido Republicano deixou de ser aquele que defendia a “responsabilidade fiscal” na representação de déficits e dívida baixos. As reduções tributárias de Trump e os aumentos de despesas em 2017 levaram os EUA ao maior déficit em décadas, e esse cenário se produziu com o aval dos Republicanos no geral e, em particular, dos Republicanos mais tradicionais, como os Senadores Mitch McConnell e Lindsey Graham. Tivesse Trump sido um político mais dedicado, teria conseguido emplacar seu próprio plano de infraestrutura, no valor de 1,5 trilhão de dólares, alardeado por Steve Bannon durante a campanha de 2016 e tantas vezes mencionado nos anos trumpistas. É curioso que algumas pessoas tenham escolhido apagar isso de suas memórias.

O partido Republicano, hoje, tem dificuldades de enfrentar agendas que preveem grandes despesas, sobretudo se essas despesas forem facilmente sentidas e compreendidas pelas pessoas, pelas famílias. A aprovação de Trump subiu no início da pandemia quando seu pacote de assistência passou no Congresso, assim como a de Biden aumentou desde o início de seu Governo, mesmo o país estando muito dividido.

Aqui nos Estados Unidos há eleições a cada dois anos: no ano que vem haverá eleições legislativas. O custo para os Republicanos poderá ser alto caso eles rejeitem por completo a agenda de Biden ―e o partido sabe disso. É claro que os Republicanos haverão de se opor aos aumentos de tributação sobre corporações, os mais ricos, os ganhos de capitais, que devem financiar parcialmente os ambiciosos planos. Porém, apostar no fracasso da agenda Biden é nada entender do que aconteceu com os Republicanos e com os Democratas nos últimos quatro anos. Enquanto Republicanos buscam novos caminhos e narrativas políticas, Democratas se reinventaram a partir de algumas noções básicas de justiça social. Sim, básicas, pois os democratas mais à esquerda estão muito longe daquilo que brasileiros consideram ser “de esquerda”.

Com Biden, os Estados Unidos estão fazendo aquilo que sempre fizeram de melhor: se reimaginando e reiventando. Por certo, há lições aí para o Brasil. Mas elas estão longe de ser o que tantos regurgitam nos jornais ou na TV.

*Monica de Bolle/El País

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À espera de Mourão: Generais críticos a Bolsonaro articulam uma “terceira via” para as eleições de 2022 e não descartam impeachment

Segundo reportagem da Agência Pública, em 27 meses no cargo, o general Hamilton Mourão construiu uma trajetória bem diferente da dos vices nos últimos 60 anos. Ele tem atribuições de governo e comanda efetivamente nichos importantes da política ambiental e de relações exteriores. É, por exemplo, mediador de conflitos com a China, processo iniciado com um encontro com o presidente do país, Xi Jinping, em 2019, restabelecendo a diplomacia depois de duros ataques feitos por Jair Bolsonaro ainda na campanha.

Mourão esforça-se para não parecer que conspira, mas é visto por militares e especialistas ouvidos pela Agência Pública como um oficial de prontidão diante de uma CPI que pode levar às cordas o presidente Jair Bolsonaro pelos erros na condução da pandemia.

“Como Bolsonaro virou um estorvo, os generais agora querem colocar o Mourão no governo”, diz o coronel da reserva Marcelo Pimentel Jorge de Souza, um dos poucos oficiais das Forças Armadas a criticar abertamente o grupo de generais governistas que, na sua visão, “dá as ordens” e sustenta o governo de Bolsonaro.

Ex-assessor especial do general Carlos Alberto Santos Cruz na missão de pacificação no Haiti, Jorge de Souza está entre os militares que enxergam o movimento dos generais como uma aposta num eventual impeachment e ascensão de Mourão – que, por sua vez, tem fechado os ouvidos para o canto das sereias.

“Mourão jamais vai ajudar a derrubar Bolsonaro para ocupar a vaga. O que ele pode é não estender a mão para levantá-lo se um fato grave surgir. Honra e fidelidade são coisas muito sérias para Mourão”, diz um general da reserva que conviveu com o vice-presidente, mas pediu para não ter o nome citado.

A opção Mourão é tratada com discrição entre os generais que ocupam cargos no governo. Três deles, Braga Netto (Defesa), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional, o GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Casa Civil), formam o núcleo duro fechado com o presidente. Os demais, caso a crise política se agrave, são uma incógnita. Mas são vistos como mais acessíveis à influência dos generais da reserva que romperam com Bolsonaro e articulam a formação de uma terceira via pela centro-direita.

“O que fazer se a opção em 2022 for Lula ou Bolsonaro? É sentar na calçada e chorar”, afirma à Pública o general Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do GSI no governo Michel Temer (MDB).

Embora se recuse a fazer críticas ao presidente, Etchegoyen acha que os sucessivos conflitos entre Executivo e Judiciário criaram no país um quadro grave de “instabilidade e incertezas”, que exigirá o surgimento de lideranças mais adequadas à democracia.

O Brasil não precisa de um leão de chácara. Precisa de alguém que conheça a política e saiba pacificar o país”, diz o general.

O ex-ministro sustenta que 36 anos depois do fim do regime militar, com a democracia madura, a reafirmação do compromisso das Forças Armadas contra qualquer aventura autoritária a cada surto da política tornou-se desnecessária e repetitiva. E cutuca a imprensa: “Alguém ensinou um modelo de análise à imprensa em que a possibilidade de golpe está sempre colocada”, diz, referindo-se à crise provocada por Bolsonaro na demissão de Fernando Azevedo e Silva, ministro da Defesa, e dos comandantes militares. Para ele, a substituição é parte da rotina de governo e das crises decorrentes da política. “Ministros são como fusíveis que podem queimar na alta tensão da política. Quem não tiver vocação para fusível que não vá para o governo”, afirma.

Generais articulam terceira via para eleição

As articulações por uma terceira via são comandadas por generais da reserva, que já ocuparam cargos em governos e, até o agravamento da pandemia do coronavírus, se encontravam com frequência em cavalgadas no 1º Regimento de Cavalaria de Guardas (RCG), sede dos Dragões da Independência, grupamento do Exército sediado no Setor Militar Norte de Brasília, encarregado de guarnecer o Palácio do Planalto.

Os ex-ministros Etchegoyen e Santos Cruz e o general Paulo Chagas, ex-candidato ao governo do Distrito Federal, embora em diferentes linhas, fazem parte do grupo. Têm em comum o gosto pela equitação e bom trânsito com o vice, que também gosta do esporte e frequentava o 1º RCG ao lado de outros generais, o ex-comandante do Exército Edson Pujol e civis como Aldo Rebelo, ex-ministro da Defesa, ex-PCdoB, hoje pré-candidato à presidência em 2022 pelo Solidariedade.

Mourão defende Exército e “vai ficar na cara do gol”

Nas ocasiões em que foi sondado para substituir Bolsonaro diante da probabilidade de impeachment ou para se colocar como terceira via, Mourão rejeitou as duas hipóteses. Segundo fontes ouvidas pela Pública, ele “não se furtaria” a assumir, mas só o faria dentro de limites constitucionais, ou seja, em caso de vacância no cargo.

“O Mourão se impôs um limite ético para lidar com a política. Não disputará contra Bolsonaro e nem imporá desgaste a ele. É um homem de visão de mundo diferenciada, entende muito do que fala, compreende o país e tem trânsito confortável na política externa. Seu perfil não é do interesse do presidente e nem oposição”, avalia a fonte próxima ao vice.

Em entrevista à TV Aberta, de São Paulo, na quinta-feira, 22 de abril, Mourão disse que, por lealdade, não disputará com Bolsonaro em 2022 e apontou como seu horizonte a candidatura ao Senado ou simplesmente a aposentadoria. Em janeiro, quando veio à tona notícia sobre um assessor parlamentar da vice-presidência que falava com chefes de gabinete de vários deputados sobre a necessidade de se preparar para um eventual impeachment, Mourão o demitiu, marcando sua postura pública sobre a questão.

Crítico corrosivo de Bolsonaro e um dos mais empenhados na construção da terceira via, o general Paulo Chagas vê Mourão como um reserva preparado tanto para um eventual impeachment quanto como nome viável pela terceira via. “Benza Deus que ele aceite! Mourão tem toda capacidade para colocar ordem na casa democraticamente, mas isso agora não interessa ao presidente nem à oposição, que quer ver Bolsonaro sangrar até o fim do governo”, diz.

O coronel Jorge de Souza pensa diferente. “Mourão não vai em bola dividida. Ficará na cara do gol”, afirma, referindo-se ao provável desgaste que Bolsonaro enfrentará com o avanço da CPI da Covid, o que, na sua opinião, poderá desengavetar um dos mais de cem pedidos de impeachment parados na Câmara.

Nesta segunda, 26 de abril, em entrevista ao jornal Valor Econômico, o vice defendeu a caserna e antagonizou mais uma vez com Bolsonaro. Afirmou que o Exército não pode ser responsabilizado pela atuação do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. E disse que chegou a aconselhar o ex-ministro a deixar o serviço da ativa quando ele assumiu o combate à pandemia. À tarde, logo depois de ter recebido a segunda dose da vacina Coronavac, se recusou a falar sobre a CPI. “Isso aí não tem nada a ver comigo. Sem comentários”, desvia-se.

A CPI deve pegar Bolsonaro em pontos frágeis: o insistente apelo à população pelo uso de medicação sem eficácia, o boicote ao distanciamento social, a falta de remédios para intubação e de oxigênio para UTIs, a recusa em comprar vacina a tempo de evitar o espantoso aumento de mortes e a demora em prover a saúde de insumos necessários ao combate à pandemia.

Reforça as acusações – 23 delas listadas pelo próprio governo em um documento encaminhado a todos os ministérios – um pedido de impeachment da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no qual um parecer do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ayres Britto sustenta existirem indícios fortes de crime de responsabilidade cometido pelo presidente. O parecer afirma que Bolsonaro sabotou as medidas que poderiam aliviar a tragédia, o que acabou transformando o vírus numa espécie de arma biológica contra a população. A OAB entretanto ainda não protocolou o pedido, e pode fazê-lo em pleno vigor da CPI.

“Mourão é mais preparado e mais perigoso que Bolsonaro”, diz um coronel da reserva.

Um dos principais aliados de Bolsonaro na ala militar, o general Chagas afirma que o momento não é de presidente “estufar o peito e sair dando porrada”
Mourão concentra políticas para a Amazônia nas Forças Armadas

Vice-presidente centraliza diretrizes, recursos públicos e informações para atrair apoio de investidores insatisfeitos colocando-se como alternativa a Salles e Bolsonaro.

Mourão defende Exército e “vai ficar na cara do gol”

Nas ocasiões em que foi sondado para substituir Bolsonaro diante da probabilidade de impeachment ou para se colocar como terceira via, Mourão rejeitou as duas hipóteses. Segundo fontes ouvidas pela Pública, ele “não se furtaria” a assumir, mas só o faria dentro de limites constitucionais, ou seja, em caso de vacância no cargo.

“O Mourão se impôs um limite ético para lidar com a política. Não disputará contra Bolsonaro e nem imporá desgaste a ele. É um homem de visão de mundo diferenciada, entende muito do que fala, compreende o país e tem trânsito confortável na política externa. Seu perfil não é do interesse do presidente e nem oposição”, avalia a fonte próxima ao vice.

Em entrevista à TV Aberta, de São Paulo, na quinta-feira, 22 de abril, Mourão disse que, por lealdade, não disputará com Bolsonaro em 2022 e apontou como seu horizonte a candidatura ao Senado ou simplesmente a aposentadoria. Em janeiro, quando veio à tona notícia sobre um assessor parlamentar da vice-presidência que falava com chefes de gabinete de vários deputados sobre a necessidade de se preparar para um eventual impeachment, Mourão o demitiu, marcando sua postura pública sobre a questão.

Bolsonaro não conseguiu barrar a CPI e ainda terá de enfrentá-la em desvantagem, já que o controle da investigação, pelo acordo fechado, será exercido pela oposição.

“A CPI vai render manchetes diárias, mostrará nomes, extratos, vai revolver a política”, alerta o general Etchegoyen, com a experiência de quem teve sob seu controle a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e enfrentou as muitas crises do governo Temer.

Na visão de Paulo Chagas, Bolsonaro fracassou na condução do governo e agora está com a “cabeça na guilhotina” da CPI. Segundo o coronel Jorge de Souza, os generais têm até um plano para a hipótese de uma reviravolta que ponha Mourão no Palácio do Planalto: um pacto para enfrentamento da pandemia e dos efeitos desta na economia, seguido da demissão de ministros tidos como exóticos ou alinhados ao extremismo alimentado pelo presidente. Ele acha, no entanto, que o perfil real do vice é diferente do que é vendido pelo marketing. “Num hipotético cenário de delegacia, em que o preso é torturado para falar, Mourão faz o papel do bom policial. As pessoas gostam dele porque é informal, brinca no ‘gauchal’ e tenta passar para a imprensa a imagem de maleável. Mas que ninguém se engane. Se forçar uma pergunta que não goste, ele explode. Mourão é autoritário”, diz.

O coronel conta que assistiu, no QG do Exército, em 2016, o hoje vice-presidente, num inflamado discurso à tropa, chamar o coronel Carlos Brilhante Ustra, um dos nomes ligados à tortura nos anos de chumbo, de herói e combatente anticomunista. “Mourão é mais preparado e mais perigoso que Bolsonaro. Ele comanda o Bolsonaro, e não o contrário”, afirma o oficial.

Para Souza, os generais terão a paciência necessária para aguardar que o agravamento da crise “consolide a ideia de Mourão é o cara”.

*Da Agência Pública

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