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Valdemar Costa Neto alerta a Bolsonaro sobre o filho Carlos

Presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto fez um alerta ao presidente Jair Bolsonaro sobre a postura do vereador Carlos Bolsonaro na campanha eleitoral deste ano, informa o Metrópoles.

Em uma conversa recente, Valdemar pediu ao presidente da República que interceda para que o filho 02 tenha uma postura menos beligerante, sobretudo em relação a integrantes do Judiciário.

Segundo aliados, Valdemar quer evitar que possíveis ataques de Carlos a ministros de Cortes superiores respinguem não só no vereador, como na própria campanha de Bolsonaro.

Entre lideranças do Centrão, há quem tema que, se continuar atacando ministros do STF, Carlos acabe sendo preso. Principalmente se o pai não se reeleger ao Planalto.

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Cultura

Lei Paulo Gustavo entra na pauta da Câmara e pode garantir R$ 3,8 bilhões para Cultura. Bolsonaro é contra

Texto foi aprovado no Senado para dar apoio ao setor cultural na pandemia; governo é contrário à medida.

O Projeto de Lei Paulo Gustavo (Projeto de Lei Complementar 73/21), que libera R$ 3,862 bilhões para amenizar os efeitos negativos econômicos e sociais da pandemia de covid-19 no setor cultural brasileiro, está na pauta do Plenário da Câmara dos Deputados da próxima terça-feira (15).

A informação foi confirmada neste domingo (13) pelo relator da matéria na Casa, o deputado José Guimarães (PT-CE), e pelo Comitê Lei Paulo Gustavo, formado por artistas e apoiadores para mobilização pela aprovação do texto. A proposta, do senador Paulo Rocha (PT-PA) e subscrita por outros senadores, já foi aprovada pelo Senado Federal.

O nome do PL homenageia o ator e humorista Paulo Gustavo, que faleceu em maio deste ano, vítima da covid-19. A morte do artista teve grande repercussão pública e se tornou um dos símbolos do luto coletivo resultante da pandemia, estimulando também a luta da classe artística por medidas governamentais de amparo ao segmento.

https://twitter.com/LeiPauloGustavo/status/1492872355026190337?s=20&t=6wCt40UBA71TQqHz30b0rg

Para virar lei, a Câmara precisa ratificar a aprovação do projeto e, depois, o presidente Jair Bolsonaro (PL), precisa sancionar a lei. O governo federal, no entanto, é contra a medida. O ex-líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), por exemplo, votou contra o projeto alegando dificuldades fiscais.

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do chefe do Executivo, também fez oposição ao PL e disse que “a classe da cultura não está desamparada” na gestão do pai.

Segundo o projeto, o montante de R$ 3,862 bilhões viria do atual superávit financeiro do Fundo Nacional de Cultura (FNC). A União teria que enviar esse dinheiro a estados, ao Distrito Federal e a municípios para que apliquem em ações emergenciais de combate aos efeitos da pandemia de covid-19 sobre o setor cultural.

Caso o texto realmente vire lei, o dinheiro teria que ser liberado por meio de medida provisória a ser editada pela Presidência da República. Do total de R$ 3,862 bilhões, R$ 2,797 bilhões serão destinados exclusivamente a ações voltadas ao setor audiovisual, no apoio a produções audiovisuais, salas de cinema, cineclubes, mostras, festivais e ações de capacitação.

A proposta que chegou à Câmara também exclui da meta de resultado primário as transferências federais para o enfrentamento da pandemia e suas consequências sanitárias no setor cultural. A intenção é mitigar os efeitos sociais e econômicos no setor cultural decorrentes de calamidades públicas ou pandemias, desde que a transferência exceda os valores iniciais do orçamento aprovado.

*Com informações do Brasil de Fato

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Florestan: “Merece o troféu Framboesa de Ouro”, sobre nova armação bolsonarista no caso Adélio

O jornalista Florestan Fernandes Júnior reagiu à nova armação bolsonarista, que pretende atribuir ao Partido dos Trabalhadores a responsabilidade pela suposta facada em Jair Bolsonaro na campanha presidencial de 2018 – evento repleto de controvérsias e furos na investigação oficial, que foram apontados por Joaquim de Carvalho, em seu documentário. Segundo Florestan, a nova fraude merece receber o “Troféu Framboesa de Ouro”.

*Com informações do 247

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Chance de Lula vencer disputa é de 70%, diz relatório da Eurásia

Possibilidade de ex-presidente sair vencedor da eleição já no primeiro turno é de 15%, segundo dados da Eurasia Group.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem 70% de chance de sair vitorioso da disputa presidencial em 2022, segundo relatório divulgado pela consultoria Eurasia Group.

Os mesmos prognósticos apontam 20% de chances de reeleição de Jair Bolsonaro (PL) e 10% de chance de vitória de um candidato da terceira via.

A análise, elaborada com o uso de modelos matemáticos para traçar cenários políticos e econômicos, aponta 15% de chances de Lula definir a disputa já no primeiro turno.

Os cálculos divulgados consideram uma chance de 65% para um segundo turno entre Lula e Bolsonaro, e 20% contra um candidato da terceira via.

No segundo turno, Lula pode ter 70% de chances de vitória, contra 30% caso seu oponente seja Bolsonaro. Contra um candidato da terceira via, a disputa seria mais apertada: 55% para o ex-presidente e 45% para o adversário

*Com informações da Forum

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Política

André Mendonça, indicado por Bolsonaro decide continuar à frente de processo contra o presidente

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), rejeitou um pedido feito pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) para que deixasse a relatoria de um processo que tem como alvo o presidente Jair Bolsonaro. Assim, ele, que foi nomeado pelo presidente para integrar a Corte, vai continuar à frente do caso. Em dezembro do ano passado, Randolfe solicitou que Bolsonaro fosse investigado pelos crimes de prevaricação e advocacia administrativa em razão de declarações que deu sobre demissões no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), informa O Globo.

Na Corte, é comum que um ministro continue julgando processos que tenham relação com o presidente da República que o nomeou. Também já houve casos em que ocorreu o contrário, com o integrante da Corte se declarando suspeito e, assim, deixando de analisar um processo de quem o indicou para o STF.

Após ser indicado por Bolsonaro e ter seu nome aprovado pelo Senado, Mendonça tomou posse como ministro do STF em dezembro do ano passado. Por meio do sorteio eletrônico do tribunal, foi escolhido relator do processo que tem o presidente como alvo. Randolfe pediu então a suspeição de Mendonça, ou seja, a saída dele da relatoria. Entre outras coisas, o senador afirmou que Mendonça é amigo íntimo de Bolsonaro, além de já ter sido seu advogado-geral da União. “É sabida a estreita relação existente entre o Ministro relator e o Presidente da República, alvo desta ação, razão por que deve se declarar suspeito”, diz trecho do pedido de Randolfe.

Agora, Mendonça deu um curto despacho em que discordou do senador: “Quanto à alegação de suspeição deste Ministro, veiculada por meio da peça de nº 5, não reconheço a presença, no caso concreto, de quaisquer de suas hipóteses legais.”

O ministro do STF destacou ainda que o caminho para pedir sua suspeição seria outro, por meio de uma ação própria, e não por um pedido dentro do próprio processo contra Bolsonaro. Caso Randolfe resolva apresentar essa solicitação à parte, ela deverá ser analisada pelo presidente da Corte, Luiz Fux, e não pelo próprio Mendonça.

O ministro determinou ainda que três pedidos de investigação feitos contra Bolsonaro no caso do Iphan sejam enviados para análise da Procuradoria-Geral da República. Além do que foi apresentado por Randolfe, também há um da deputada Natália Bonavides (PT-RN), e outro feito em conjunto pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e pela deputada Tabata Amaral (PSB-SP). Somente se houver aval da PGR é que a investigação poderá prosseguir no STF.

No pedido de investigação de Bolsonaro feito ano passado, Randolfe pediu a apuração de demissões no Iphan depois de o próprio Bolsonaro ter admitido que determinou essa medida após o órgão federal ter interditado a obra de construção de uma unidade das lojas Havan, do empresário bolsonarista Luciano Hang. O senador também queria que Mendonça voluntariamente se declarasse suspeito para relatar a ação ou, alternativamente, enviasse o caso para o plenário ou o presidente da Corte deliberar a respeito.

O senador citou trechos de uma lei segundo a qual deve “haver suspeição quando o Juiz for amigo íntimo de qualquer das partes – tal qual é o Ministro André Mendonça em relação ao Presidente da República, como se pode perceber das manifestações publicamente conhecidas de ambos – ou quando for interessado no julgamento em favor ou desfavor de qualquer das partes – como, novamente, é o caso, na medida em que o Ministro poderá não ter interesse no devido processamento do feito, já que a temática eventualmente tivera seu aval no passado”.

Randolfe destacou que um dos períodos de Mendonça à frente da AGU foi entre janeiro de 2019 e abril de 2020. Entre outras coisas, cabe à AGU representar a União judicial e extrajudicialmente, inclusive com atividades de consultoria e assessoramento jurídico do Poder Executivo.

“A troca da diretoria do Iphan ocorreu em dezembro de 2019, de modo que se percebe que o Ministro foi Advogado-Geral da União durante o período em que o Presidente da República promoveu a mudança da cúpula do órgão administrativo, tornando-se temerária sua atuação neste processo por sua vinculação direta aos fatos ocorridos”, diz trecho do documento de Randolfe.

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‘Timing muito ruim’, é o que dizem especialistas sobre a viagem de Bolsonaro à Rússia

O presidente Jair Bolsonaro (PL) é esperado na Rússia na próxima terça-feira, uma visita que Washington não conseguiu impedir e que semeia perplexidade, em meio à crise russo-ocidental em torno da Ucrânia.

Para analistas, a viagem do brasileiro – que deve ir à Hungria de seu aliado Viktor Orban na quinta-feira – dificilmente poderia acontecer em pior hora e responde a preocupações políticas domésticas.

“O timing é muito ruim”, comentou à AFP Guilherme Casarões, analista político da FGV (Fundação Getulio Vargas). “Vai ser cada vez mais tenso na fronteira” da Ucrânia, onde o barulho das botas russas afugentam as esperanças de desescalada.

“Os Estados Unidos fizeram muita pressão (sobre Brasília) para que esta visita fosse cancelada”, disse à AFP Felipe Loureiro, professor de relações internacionais da USP (Universidade de São Paulo). Vários ministros também se manifestaram contra esse deslocamento.

Mas um cancelamento “teria enviado o sinal de que o Brasil é uma marionete dos Estados Unidos”, acrescenta, e o presidente russo, Vladimir Putin, ansioso por mostrar que não está isolado, “ficaria furioso”.

O convite enviado por Moscou no final de novembro, quando as tensões já estavam se instalando, será, portanto, honrado, apesar do espectro de uma guerra na Europa: o presidente brasileiro deve ser recebido no Kremlin na quarta-feira pelo colega russo, um “homem forte” que ele admira.

Jair Bolsonaro declarou que vai a Moscou para “melhorar as relações comerciais” com o “parceiro” russo, mesmo estando “consciente dos problemas que alguns países têm com a Rússia”.

A maior potência da América Latina não quer se envolver neste conflito com ares de Guerra Fria e defende o “diálogo”. Ao confirmar sua visita neste sábado, enquanto as tensões em torno da Ucrânia alcançam seu apogeu, o presidente pediu a “Deus que reine a paz no mundo”.

Sem grandes acordos previstos, a motivação de Jair Bolsonaro, para quem as pesquisas preveem uma derrota contundente frente ao ex-presidente Lula nas eleições presidenciais de outubro, é “eleitoreira”, para Casarões, da FGV.

“Última cartada diplomática”

O presidente, muito enfraquecido, “não tem praticamente nada a seu crédito depois de três anos no cargo. Ir para a Rússia é para ele um sinal de grandeza”.

Bolsonaro “virou as costas aos Estados Unidos, à China, à Europa”, continua o analista, que descreve o isolamento diplomático do Brasil como “sem precedentes”.

O presidente brasileiro visa, portanto, “uma última cartada diplomática”, continua. “Ele precisa bajular” seu eleitorado radical indo até líderes autoritários como Putin e Orban, enquanto satisfaz o poderoso lobby do agronegócio.

Bolsonaro também pode encontrar em Putin um aliado precioso em uma campanha que promete ser tensa: ele já avisou que contestará qualquer derrota em outubro.

“O principal objetivo desta visita para Bolsonaro é antidemocrático”, adianta, como outros analistas, Felipe Loureiro.

“Está totalmente ligado ao desejo de atrapalhar a eleição brasileira. E sabemos que a Rússia gosta de ciberataques e desinformação”, acrescenta.

De acordo com uma fonte diplomática brasileira, as discussões se concentrarão nos investimentos russos em hidrocarbonetos e infraestruturas no Brasil e no comércio, que ainda é modesto.

A Rússia fornece principalmente fertilizantes para esse grande produtor agrícola, do qual compra carne bovina, aves, soja, café e amendoim – mas não representa mais de 0,74% das exportações brasileiras.

O Brasil, membro com a Rússia dos BRICS (com Índia, China, África do Sul) tornou-se, por dois anos – de 2022/23 – membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, onde possivelmente poderia ficar do lado de Putin sobre a questão da Ucrânia, após apoiar os Estados Unidos Estados há uma semana.

“Canais bloqueados”

Se a Ucrânia chegar à mesa de discussão, essa visita corre o risco de se tornar um pesadelo diplomático para um Bolsonaro ansioso por não se desviar do bilateral.

“Ele é imprevisível e se disser qualquer coisa que pareça apoiar Putin, trará muitos problemas para o Brasil, principalmente com os Estados Unidos”, acredita Loureiro.

A relação bilateral está fria desde que o republicano Donald Trump deixou a Casa Branca, e seu sucessor, Joe Biden, ainda não falou com Jair Bolsonaro. “Seus canais de comunicação estão bloqueados”, observa Guilherme Casarões.

Graças à sua proximidade com Trump, o Brasil de Bolsonaro se tornou em 2019 “grande aliado não-membro da Otan”. Mas, atualmente, a embaixada dos Estados Unidos em Brasília não tem embaixador desde meados de 2021.

Os Estados Unidos, assim como a Europa, já não esperam muito de Brasília antes da posse de um novo governo em 2023, segundo analistas.

Por falta de coisa melhor, o Departamento de Estado queria que Bolsonaro promovesse em Moscou “os valores comuns (…) da democracia e do Estado de Direito” e pediu “discussões pós-viagem com (seu) parceiro brasileiro”.

*Com informações do Uol

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Política

Isolado e sob pressão de olavistas, Bolsonaro faz viagem de alto risco

Sem destino e sem ser recebido pelos principais líderes do mundo democrático, o presidente Jair Bolsonaro se lança em uma viagem internacional de alto risco. O trajeto e a agenda, porém, foram em parte resultados de uma forte pressão por parte da ala olavista dentro do governo e cumpre uma lógica eleitoral.

Nesta segunda-feira, contra as recomendações do próprio Gabinete de Segurança Institucional e alertado por governos estrangeiros, Bolsonaro embarca para Moscou, onde se reúne com Vladimir Putin.

O presidente é visto como um pária internacional, criticado entre delegações estrangeiras e evitado por líderes democráticos. Mesmo dentro do Itamaraty, uma ala ciente da hesitação internacional que vive o país tenta evitar pedir reuniões bilaterais com chefes-de-estado estrangeiros em reuniões de cúpula, como no G20.

Em três anos de governo Bolsonaro, não foram poucas as ocasiões de falas constrangedoras do presidente em conversas com líderes estrangeiros. Uma delas, com o ex-primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, beirou ao machismo e indiscrição. Quem acompanhou o encontro afirma que o japonês, depois de uns segundos de silêncio, gargalhou. Mas o incidente levantou o alerta no protocolo sobre a necessidade de adotar uma política de contenção de danos.

Já em novembro de 2021, em Roma, a agenda de Bolsonaro sem encontros com os demais líderes do G20 escancarou o isolamento.

Putin, que já elogiou a masculinidade de Bolsonaro, seria uma saída para tentar desfazer a imagem de pária. Tanto em termos de negócios, no campo militar e na aliança de valores ultraconservadores.

O russo, há uma década, também saiu ao resgate do ex-primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, acusado em um escândalo sexual, contratação de prostitutas e até uma menor de idade. Na época, ele afirmou que o italiano não seria acusado se fosse gay, que Berlusconi tinha uma “atitude especial com o sexo bonito” e que os ataques ocorriam por “inveja”.

Mas Bolsonaro desembarca num momento de elevado risco. Fontes em Moscou revelaram à coluna que o foco do Kremlin nesta semana não é Bolsonaro. Um dia antes do encontro entre os dois líderes, Putin receberá a visita de Olaf Scholz, o novo chanceler alemão e que tentará convencer o russo a negociar uma saída pacífica para a crise envolvendo a Ucrânia.

Bolsonaro já foi orientado pelo Itamaraty e seus assessores mais próximos a ser apenas “superficial” ao debater eventualmente a crise ucraniana. O foco da viagem será o de dar sinais claros à sua base, em meio à campanha eleitoral, que o presidente não está isolado no mundo.

Nos últimos meses, longe dos holofotes, russos e brasileiros têm agido com muita sintonia em votações e debates na ONU relacionados com o papel das mulheres, LGBT e questões culturais e de gênero.

O governo também espera fechar um abastecimento de fertilizantes com os russos. De acordo com a FAO, há uma escassez do produto no mercado internacional e que pode acabar afetando a agricultura brasileira. De olho em costurar o apoio do agronegócio para a eleição no segundo semestre, Bolsonaro usará a viagem para deixar Moscou com vantagens concretas para o setor.

Dentro do Itamaraty, o temor de parte da diplomacia é que Bolsonaro amplie seu isolamento internacional com a viagem. O problema não seria visitar Moscou, um parceiro importante em governos anteriores. A dúvida é sobre a mensagem que a viagem mandaria, neste momento.

Militares que defendem uma aproximação maior do país à Otan também manifestaram preocupação, o que levou o governo a proliferar mensagens de apoio às autoridades ucranianas nos últimos dias.

Há também o temor de que Putin, sob pressão do Ocidente, transforme Bolsonaro em um instrumento de sua propaganda. Sem experiência internacional, o brasileiro poderia acabar servindo o Kremlin.

Olavistas pressionam por parada em Budapeste

Depois de Moscou, Bolsonaro chega no dia 17 à capital húngara, Budapeste. Até 2019, nenhum chanceler tinha sequer feito uma visita oficial aos húngaros, um país insignificante nas relações diplomáticas brasileiras. O comércio é também mínimo, enquanto os investimentos sequer fazem parte da agenda bilateral.

Desde a posse de Bolsonaro, porém, Budapeste se transformou em um destino privilegiado da ala radical do governo, incluindo o ex-chanceler Ernesto Araújo, a ministra Damares Alves e o deputado Eduardo Bolsonaro.

Agora, a parada do mais alto escalão do governo em Budapeste é resultado da pressão direta da ala olavista dentro do Executivo. O primeiro-ministro Viktor Orban representa o símbolo de um projeto da extrema-direita que vingou. Em uma década no poder, ele controlou a imprensa, o Judiciário, o Parlamento, as universidades, rescreveu a história do país, limitou as ações das ongs, atacou minorias e minou a democracia.

Fontes no Itamaraty indicam que a parada no aliado de extrema-direita foi um pedido liderado por Filipe Martins, assessor da Presidência e alvo de polêmicas por suas referências ao movimento extremista.

Bolsonaristas fervorosos e discípulos radicais de Olavo de Carvalho no governo também poderão acompanhar o presidente. Vários deles receberam autorização para afastamento de suas funções entre 13 a 23 de fevereiro, já publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo ministro Gilson Machado, do Turismo.

Um grupo ligado ao setor do audiovisual e fomento à cultura também fará parte da viagem.

No mesmo dia em que Bolsonaro estará em Budapeste, entidades locais realizam, um encontro sobre propostas para modificar a educação das crianças, com alguns dos principais nomes internacionais do pensamento reacionária.

Na pauta da conferência estão temas como “Feminismo x Mulheres”, um questionamento sobre o papel das escolas em temas de gênero e orientação sexual e o papel da educação formando a identidade nacional. Outro tema é ainda um ataque contra o multiculturalismo, apontando como o modelo francês de integração levou a uma crise na sociedade.

Não falta nem mesmo um debate sobre os valores que o seriado “Sex and the City” trazem à sociedade.

Entre diplomatas brasileiros, porém, a aproximação de Bolsonaro a Orban também representa riscos ao país. O húngaro enfrenta uma eleição em abril e, pela primeira vez, corre o sério risco de ser derrotado. O endosso de Bolsonaro ao líder húngaro, portanto, é visto na Europa como um “enorme erro de cálculo”.

Jamil Chade/Uol

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A população brasileira deu um show na vacinação, diz Sue Ann Costa Clemens

Professora da Universidade de Oxford destaca que a ciência, o SUS e o apoio da sociedade mostram ao mundo como é possível virar o jogo contra o negacionismo.

A história de como o corpo humano é infectado por micróbios e as doenças aparecem já estava nas brincadeiras de criança da pesquisadora, médica infectologista e pediatra Sue Ann Costa Clemens. Não é de espantar, portanto, que hoje ela esteja entre os grandes cientistas que ajudam o mundo a combater o coronavírus que causa a Covid-19. Entre outras atribuições, Sue é professora da Universidade de Oxford, a centenária instituição inglesa reconhecida como uma das melhores do planeta, e foi a responsável pela coordenação dos estudos clínicos com a vacina Oxford-­AstraZeneca feitos no Brasil. O êxito foi tão grande que a universidade decidiu abrir no país sua primeira unidade fora do Reino Unido, com atuação inicialmente focada na área de vacinas. Acompanhou de perto a transferência de tecnologia da produção do imunizante para a Fundação Oswaldo Cruz, algo que fará o país subir alguns degraus na expertise de fabricação de vacinas. Nesta entrevista a VEJA, a cientista conta como é fazer ciência correndo contra o tempo, contra o negacionismo, e o que vamos aprender com a pandemia.

A senhora coordenou no Brasil o braço da pesquisa clínica da vacina Oxford-AstraZeneca com o maior número de participantes do mundo. Como foi a mobilização para que tudo desse certo? No dia 28 de abril de 2020, o professor Andrew Pollard, chefe do Oxford Vaccine Group, me procurou para falarmos sobre a expansão da pesquisa que ele fazia com uma vacina contra a Covid-19. Eu estava no Brasil e por aqui os casos explodiam. Uma semana depois, tivemos nossa primeira reunião. Andrew estava à frente do estudo mais adiantado de um imunizante contra a doença. Ele havia sido aplicado em 1 000 participantes no Reino Unido, mas era preciso ter um volume maior de participantes. Andrew tinha pensado em registrar 1 000 voluntários brasileiros. Enquanto ele falava, a única coisa que eu pensava era: “Quando você quer que eu comece?”.

E quando começou? Assim que terminamos a reunião. Nunca pensei que testemunharia uma epidemia se tornar uma pandemia e estava vendo a doença devastar as pessoas. Sabia que, se corrêssemos, salvaríamos mais vidas. O Brasil sempre teve ótimos centros de realização de estudos clínicos e isso ajudou. Seis serviços foram escolhidos nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria. No começo, eram 1 000 voluntários. Depois, foi passando para 2 000, 3 000, até que em quatro meses chegamos a quase 11 000 voluntários.

A senhora havia participado de algo parecido? Não. Foi um trabalho colossal. Os profissionais se dedicaram dia e noite. Era preciso ligar para mais de 10 000 voluntários uma vez por semana, seguir os indivíduos sintomáticos e analisar o que poderia ser considerado eficácia em uma doença desconhecida naquele momento. Tínhamos reunião à meia-noite para saber se algum voluntário teve reação. Ao mesmo tempo, eu precisava monitorar toda a qualidade, fazer a limpeza de dados. Agora, temos um imunizante inspecionado por cinco agências regulatórias de peso e quase 3 bilhões de pessoas vacinadas. Foi bastante emocionante ver nosso trabalho aqui no Brasil se concretizando quando a vacina foi aprovada.

A experiência foi decisiva para a Universidade de Oxford abrir no Brasil sua primeira unidade fora da Inglaterra? Sim. É um reconhecimento da instituição ao talento científico do profissional brasileiro. Houve profissionalismo, qualidade científica e garra para entregar resultados.

Como vai funcionar? Os alunos aprenderão todo o processo de desenvolvimento de vacinas, desde a descoberta até o registro do produto. Começaremos com cursos de atualização e outros mais básicos. Mestrado e doutorado serão oferecidos a menos pessoas, voltados a profissionais que são pesquisadores.

Serão acessíveis? Os cursos de atualização terão pagamento simbólico. No mestrado e doutorado, teremos taxa de inscrição, mas vamos procurar instituições que queiram financiar bolsas.

A senhora participa de uma epopeia científica sem precedente. A essa altura, como é deparar com o negacionismo que ainda persiste? Há negacionismo, é verdade. Mas a população brasileira deu um show. Começamos a vacinação de forma lenta, porém hoje somos um país com uma das maiores taxas de população totalmente vacinada. Apresentar 70% da população protegida é algo que temos de aplaudir. É preciso bater palmas para o SUS porque não adianta ter vacina e não a fazer chegar à população. Além disso, os brasileiros participaram de importantes ensaios clínicos cujos dados permitiram a aprovação de vacinas.

O Ministério da Saúde é acusado de adotar medidas para atrasar a vacinação infantil contra a Covid-19 e de se posicionar a favor de terapias sem base científica. A senhora mantém uma boa relação com o ministério? Passei por mais de um ministro. Falei com Nelson Teich, participei de reuniões com Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga. Sempre fui tratada com respeito e minha relação com o ministério é da mais alta qualidade. Minha relação com eles se restringe a conversas estritamente científicas. Nada mais.

O que achou da polêmica envolvendo a imunização das crianças? Sou pediatra e totalmente a favor da vacinação das crianças. Se você me perguntar como pesquisadora, digo que precisamos ter avaliação crítica, como as agências regulatórias internacionais estão fazendo, e bem, com todos os imunizantes criados contra a doença. A vacina de RNA mensageiro (caso da vacina da Pfizer) é nova e é natural que surjam perguntas. Mas o que a população deve ter em mente é que todos os imunizantes liberados para uso são eficientes e seguros. Os riscos de quadros graves de Covid-19 são infinitamente maiores do que os apresentados por qualquer vacina. Por isso, é crucial proteger as crianças também.

Na semana passada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o uso da CoronaVac em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos. O que acha da decisão? Toda vacina é bem-vinda. A CoronaVac é feita com uma plataforma que conhecemos (vírus inativado), sobre a qual temos experiência. Embora ela tenha um escape imunológico grande contra a ômicron, é primordial para a população brasileira, incluindo as crianças.

As crianças precisarão receber doses de reforço? Ainda não foram publicados dados sobre o assunto. Acredito que a Pfizer, pioneira no uso da tecnologia do RNA mensageiro para criação de vacinas, esteja buscando informações. Contudo, se formos fazer uma analogia com o que ocorre nos adultos, será preciso esperar de quatro a seis meses para medirmos as respostas imunológicas das pessoas nessa faixa etária.

A pandemia acaba em 2022? Ela vai passar para uma situação endêmica (o agente infeccioso continua presente, porém não provoca mais emergência sanitária). Agora, se isso acontecerá neste ano, vai depender muito do aumento e da celeridade da vacinação em grandes bolsões que permanecem sem cobertura adequada. No Malawi, 4% da população está totalmente imunizada e há outros países na África infelizmente na mesma situação. A Ásia também é um bloco com problemas semelhantes.

A que se deve essa situação? Não podemos só prover as nações com vacinas, é preciso fazer com que a distribuição tenha capilaridade. Isso seria um trabalho para instituições supranacionais, como a Organização Mundial da Saúde, que deveriam ter uma atuação mais forte nesse sentido. Ao mesmo tempo, vimos até hoje milhões de pessoas que não querem se vacinar em todo o mundo. Nos Estados Unidos, em países do Leste Europeu, como Romênia, Rússia ou Ucrânia, os índices de resistência à vacina são altíssimos.

Quais estratégias devem ser adotadas para aprendermos a conviver com a Covid-19? Vigilância, testagem e sequenciamento. Se a vacina protege menos com o tempo, o maior investimento deve ser em terapêutica, porque não há como fazer uma vacina para cada cepa que surgir. O futuro não é adaptar vacina toda hora, mas investir em prevenção e tratamentos e conseguir remédios em abundância e acessíveis para a população.

O que ficará de legado para o Brasil quando a pandemia terminar? Já podemos comemorar algumas boas heranças. Uma delas é termos criado e capacitado tantos centros de pesquisa. O desafio agora é montarmos sistemas que permitam a manutenção e a evolução desses serviços. Além disso, obtivemos a transferência de tecnologia de uma plataforma nova para a produção de vacina da Oxford para a Fundação Oswaldo Cruz. Isso tem um valor inenarrável para o Brasil. Os pesquisadores podem identificar novos patógenos e começar a testar uma vacina, além de o país se tornar autossustentável em relação aos imunizantes contra a Covid-19. Tudo isso pode resultar em pioneirismo em relação a outras vacinas.

De onde vem seu interesse por micróbios? Desde criança eu era curiosa em relação à ciência e meu brinquedo era um microscópio. E sempre adorei parasitas, bactérias, vírus. Eles me fascinavam. Lembro-me de quando fui para a Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, e não queria entrar na água por causa da esquistossomose (doença parasitária causada por verme presente em água doce contaminada). Tinha uns 8 ou 9 anos. Todo mundo nadando, se divertindo, e eu tentando imaginar o parasita e em como ele iria entrar nas pessoas.

A pandemia é uma boa vitrine para o trabalho da mulher cientista? Sem dúvida. O que fazemos mostrou a capacidade e a garra femininas na ciência. Veja o exemplo do estudo clínico da vacina Oxford-AstraZeneca no Brasil. Dos seis centros de pesquisa que participaram, quatro são chefiados por mulheres. Temos uma dedicação à pesquisa clínica muito maior do que os homens. É como ser mãe. Não termina o interesse. Também não é por acaso que muitos países que estão indo bem contra a pandemia sejam liderados por mulheres, como a Nova Zelândia, que tem Jacinda Ardern como primeira-ministra, ou a Alemanha, que até poucas semanas atrás estava sob o comando de Angela Merkel.

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