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Racismo é um dos grandes obstáculos no enfrentamento à doença no Brasil

Dados indicam que população negra tem menos acesso a diagnóstico precoce e tratamento e está mais sujeita a óbitos.

O Instituto Nacional do Câncer (Inca) estima que o Brasil registra mais de 700 mil casos de câncer por ano desde 2023 e, neste ano, a estatística deve se manter. Embora não existam dados específicos sobre a prevalência da doença por grupo étnico, a população negra é a que mais sofre com casos graves e situações que evoluem para óbito.

No Dia Mundial de Combate ao Câncer – 4 de fevereiro – o país reafirma a desigualdade racial como um dos principais fatores para esse cenário. O racismo se impõe como um obstáculo considerável para a diminuição dos casos graves da doença e se manifesta de maneira cruel no cenário oncológico brasileiro.

Diversos estudos corroboram essa conclusão e demonstram o impacto direto do preconceito racial no diagnóstico, tratamento e sobrevida de pacientes. Em conversa com o Brasil de Fato, o oncologista e pesquisador Jesse Lopes da Silva afirma que a falta de acesso e informação e as condições econômicas estão na lista de fatores que mais exercem influência nessa realidade.

“Essas desigualdades se manifestam na disponibilidade limitada de serviço de saúde, na qualidade dos serviços oferecidos e nas barreiras financeiras que dificultam o acesso a tratamentos eficazes. Fatores econômicos e socioeconômicos, como baixo nível de escolaridade, desemprego, condições de vidas mais precárias e falta de acesso à informação exacerbam essa vulnerabilidade e levam diagnósticos mais tardios e piores desfechos de saúde”, alerta.

Pesquisador do Inca, o especialista também atua no Grupo Oncoclínicas e é fundador do Comitê de Diversidade da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC). Ele está entre os autores e autoras de alguns dos estudos que corroboram a percepção de que a população negra é a que mais sofre com as consequências do câncer no Brasil.

Uma dessas pesquisas mostra que, em comparação com as mulheres brancas, as mulheres negras apresentaram 44% mais chances de incidência do câncer de colo do útero. O risco de morte é 27% maior. O dado relativo às mulheres indígenas é ainda mais preocupante e chega a 82%.

“Esses dados impressionam e mostram como fatores sociodemográficos e esses medidores impactam negativamente nos desfechos clínicos dessas pacientes, principalmente de mortalidade”, ressalta o especialista.

O câncer de mama também apresenta uma face mais perversa quando acomete mulheres negras. Uma pesquisa internacional indica que elas têm mais chance de morte, independentemente do subtipo da doença. O chamado triplo-negativo, conhecido por sua maior agressividade, é mais frequente nessa população. Jesse Lopes da Silva salienta que fatores biológicos podem até aparecer, mas novamente, o principal problema está nas barreiras de acesso.

“Em um estudo que publicamos no ano passado sobre padrões de disparidade étnica no Brasil, avaliamos o registro de bancos de dados populacionais e vimos que mulheres negras eram mais propensas a viver em áreas subdesenvolvidas, tinham níveis educacionais mais baixos e maior consumo de álcool quando comparadas a mulheres brancas. São fatores que podem explicar a velocidade mais significativa da taxa de mortalidade nessa população específica”.

Estudos também mostram incidência maior de câncer de próstata entre homens negros. Nesse caso o risco de morte também é mais exacerbado. Adicionalmente, a população negra também é mais afetada por câncer de estômago e fígado, doenças frequentemente associadas a condições como hepatites e infecção por H. pylori, mais comuns em populações vulneráveis.

Em todos os casos, há estudos que indicam o peso de predisposições biológicas nos dados. No entanto, isso também demonstra que essas populações precisam contar com mais assistência, diagnóstico precoce e acesso à informação e prevenção. Novamente, o cenário sofre impacto de fatores sociais.

A solução para esses problemas, segundo Jesse Lopes, passa por uma série de ações, que vão desde a geração de dados por meio de pesquisas até campanhas específicas para a população negra, focadas na detecção precoce e no acesso ao tratamento oncológico. O pesquisador também aponta a urgência de proporcionar formação antirracista a profissionais de saúde e o estabelecimento de alianças com organizações para o direcionamento de recursos.

“Eu costumo dizer que a nossa principal arma é gerar dados. Dessa forma, nós temos como desvendar e tornar público esses desfechos tão díspares, quando se comparam populações vulneráveis com populações mais privilegiadas do ponto de vista racial. Capacitação de profissionais de saúde, promover e proporcionar treinamento sobre diversidade, inclusão para profissionais de saúde, elevando o nível de letramento desses profissionais e ajudando a reconhecer e abordar questões relacionadas ao acesso ao tratamento em diferentes grupos vulneráveis.”

Baixa escolaridade

A baixa escolaridade emerge como um fator de risco adicional, impactando negativamente o enfrentamento do câncer no Brasil. Dados do Observatório da Saúde Pública (OSP) da Umane revelam que, em 2022, 56,3% das pessoas que morreram de câncer de traqueia, brônquios e pulmão tinham até 7 anos de estudo.

Elas também enfrentam mais dificuldades em acessar informações sobre prevenção e tratamento e chegar ao sistema de saúde. Em contrapartida, apenas 9,2% das vítimas desse tipo de câncer possuíam 12 anos ou mais de estudo.

A prevalência do tabagismo, um fator de risco para diversos tipos de câncer, também é maior entre pessoas com menor escolaridade. Em 2023, 12,1% dos fumantes nas capitais brasileiras tinham até 8 anos de estudo, enquanto a média nacional era de 9,3%.

Historicamente mais afetada pela falta de acesso à educação, a população negra é, consequentemente, mais vulnerável aos efeitos nocivos do tabagismo e outros fatores de risco relacionados ao câncer. O racismo estrutural perpetua um ciclo de desigualdade em que a falta de oportunidades educacionais contribui para piores indicadores de saúde.

*BdF

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Segundo maior frigorífico do país lucra na Bolsa com lavagem de gado e desmatamento ilegal

Minerva usa recursos do Fiagro e de Certificados de Recebíveis para bancar fornecedores que compram de desmatadores.

Margeado pelas últimas castanheiras que sobreviveram ao desmatamento, o trecho da estrada de terra da RO-370 foi recentemente terraplanado para a chegada do asfalto. A Transboiadeira recebeu máquinas frenéticas antes da temporada de chuvas amazônicas, em outubro de 2024, quando passamos por ela para acessar as fazendas que são o último destino de parte do dinheiro arrecadado pelo Fiagro, o Fundo de Investimento das Cadeias Produtivas Agroindustriais.

Outros dois apelidos do caminho, “estrada do boi” e “estrada do progresso”, reforçam a principal atividade econômica do Cone Sul rondoniense, ao lado da soja. Várias propriedades nesta região criam, recriam e engordam gado para os frigoríficos da Minerva Foods, segunda maior processadora de carnes do Brasil.

Segundo investigação inédita do Joio, a empresa recebeu crédito de ao menos R$ 10,8 bilhões por meio de títulos de dívida do mercado de capitais desde dezembro de 2019, os chamados Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que foram incorporados a vários Fiagro. .

A investigação aponta que ao menos 11 fundos de investimento do agro incluíram, entre seus ativos, três CRA da Minerva, oferecidos a investidores na Bolsa de Valores do Brasil (B3):.

AAZQ11 e AZQA11, da AZ Quest Investimentos;
BBGO11, do BB Asset Management, gestora de ativos do Banco do Brasil;
CPTR11, da Capitania Investimentos;
CRAA11, da Sparta Fundos de Investimento; I
AAG11, do Inter Asset;
JGPX11; da JPG Asset Management;
KNCA11, da Kinea Investimentos, do grupo Itaú;
VCRA11, da Vectis Gestão;
XPAG11 e XPCA11, da XP Investimentos.
O dinheiro de um dos CRA, o CORP Minerva VI, foi usado para reembolsar a empresa pelos gastos com o pagamento de fornecedores de gado num período de dois anos antes do encerramento da oferta. Parte destes fornecedores possuem histórico de desmatamento e participam de redes de lavagem de gado ilegal, conforme revela levantamento do Centro para Análise de Crimes Climáticos (CCCA, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos projetada para apoiar e ampliar a ação climática em todo o mundo, feito a pedido do Joio.

 Foto: Fernando Martinho/O Joio e O Trigo

Entre os fornecedores da Minerva vinculados aos CRA figuram pecuaristas que possuem embargos do Ibama por desmatamento não autorizado e que são partes interessadas em impedir a demarcação de terra indígena Tanaru, conhecida por ter sido o refúgio do “Índio do Buraco”. Em vez da demarcação definitiva da área, os fazendeiros sugerem a criação de um “memorial” em uma parte restrita dos mais de oito mil hectares, de forma que o restante seja entregue para eles.

O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) também fornece gado à empresa. Além de “limpar a ficha” de fornecedores que praticam desmatamento, Bagattoli é autor do Projeto de Lei (PL) 3334/2023, que propõe reduzir de 80% para 50% as áreas de Reserva Legal em propriedades privadas no bioma amazônico, o que beneficiaria a todos os pecuaristas desta região – inclusive ele.

Ainda, herdeiros do fundador da Minerva Foods recebem diretamente pagamentos com recursos da Bolsa. Suas fazendas nesta região de Rondônia são um núcleo concentrador de gado de outras propriedades que não estão livres de irregularidades socioambientais.

Os recursos para comprar gado com origem do desmatamento são possíveis por meio do sistema de securitização de dívidas baseado na avenida Faria Lima, no centro financeiro do Brasil, em São Paulo. Escritórios de securitização são responsáveis por estruturar títulos de dívida para empresas, cooperativas ou produtores rurais que queiram financiar suas atividades comerciais sem passar pelo escrutínio de bancos tradicionais.

A Virgo, antiga Isec e responsável por todas as emissões de títulos da Minerva, também emitiu CRA para a gaúcha Vinícola Salton, flagrada com trabalho análogo à escravidão em 2023. No ano seguinte, a securitizadora adiantou R$ 100 milhões para a empresa com a emissão do título de dívida.

Investir nesses títulos e fundos é bastante simples. Até pouco tempo, apenas investidores de alto poder aquisitivo tinham condições de arcar com altas taxas administrativas para fazer negócios na B3, no balcão, por telefone ou em pregões.

Com o avanço das plataformas digitais, a difusão de informações sobre investimentos nas redes sociais e a facilidade de cadastro em aplicativos de corretoras de valores, usando apenas o CPF, qualquer cidadão pode investir no agro e, por vezes, no desmatamento.

As emissões de títulos da Minerva têm prazos de vencimento para os próximos dez anos, até 2034. Isso significa que a empresa tem até uma década para pagar a remuneração acordada com investidores e devolver o valor principal emprestado, seja parcelado ou à vista na data de vencimento.

Para distribuir esses títulos entre investidores, os coordenadores líderes das emissões definem estratégias de alcance dos clientes. Quanto maior o banco de investimento, mais chances têm os fundos e os títulos de decolar no mercado.

Metade dos oito CRA emitidos para a Minerva foram distribuídos pelo BTG Pactual. Ao mesmo tempo em que emplaca, no mercado de capitais, produtos que financiam o desmatamento, o banco também sugere a Amazônia como destino de “paraíso natural” para seus clientes nas redes sociais.

Além do Banco BTG Pactual, a XP Investimentos e o BB Banco de Investimentos, do Banco do Brasil, também figuram como coordenadores líderes de emissões da Minerva.

Os fornecedores da Minerva Foods estão listados nos Termos de Securitização de CRA, documento obrigatório para a emissão dos títulos. O Joio cruzou estas informações com dados públicos de desmatamento. Em nota, a empresa informou que “considerando o fornecimento direto, não foram identificados passivos ambientais ou comercialização irregular” a partir das fazendas identificadas pela reportagem. A empresa também declarou não rastrear seus fornecedores indiretos, meta que deve atingir somente em 2030.

Irmãos na Bolsa

O “CRA Minerva IV” – a 179ª emissão de CRAs pela Virgo – foi lançado ao mercado em setembro de 2023 para arrecadar R$ 2 bilhões. Investidores receberam a oferta para comprar debêntures no valor de R$ 1 mil cada uma. Com a venda de duas milhões de debêntures, a Minerva teve sucesso no lançamento do título.

Uma vez flutuando no mercado, o CRA foi incorporado como ativo de sete Fiagros. O Fiagro é uma espécie de “pacote” em que vários ativos do agronegócio – como imóveis, direitos creditórios e outros títulos – são reunidos e oferecidos em cotas a milhares de investidores –, sendo cada cota um “pedaço” do pacote. Ao adquirir cotas de Fiagro, o investidor aplica em todos os ativos escolhidos pelo gestor do fundo. No caso destes fundos, a aplicação ocorreu em vários CRA, entre eles o da Minerva.

No mercado financeiro, os títulos de dívida da Minerva são considerados por gestoras de fundos como um ativo “high-grade”, ou seja, de alto grau de confiança.

“Enxergamos como sólidos tanto o business da empresa quanto sua posição de caixa, e é uma empresa que pretendemos seguir investindo”, afirma a gestora AZ Quest no relatório gerencial do Fiagro AZ Quest Sole (AAZQ11), de maio de 2024.

Por meio de títulos de dívida e fundos de investimento do agro, herdeiros da Minerva lucram duas vezes.

A primeira, pela injeção de capital na empresa para alavancar a compra de matéria-prima que servirá ao processamento e à exportação de carne e, consequentemente, na valorização da empresa na Bolsa, isto é, elevando o preço de suas ações.

A segunda, pelos pagamentos que, individualmente, parte dos acionistas, que também são pecuaristas, recebem por fornecer gado diretamente à empresa da família.

Esse é o caso dos quatro irmãos Vilela de Queiroz: Ismael, Ibar, Izonel e Edivar. Juntos, eles receberam, entre fevereiro de 2022 e setembro de 2023, R$ 30,9 milhões pelo fornecimento de gado para as unidades frigoríficas da Minerva.

Os irmãos são sócios da VDQ Holdings S.A., empresa da família que detém 22,3% das ações da Minerva Foods. Outros membros da família, como Isabel Cristina de Alcantara Queiroz, Alexandre Vicentini de Queiroz, Rafael Vicentini de Queiroz e Frederico Alcântara de Queiroz, receberam juntos a quantia de R$ 8,7 milhões no mesmo período.

Os valores somados entre irmãos e outros sócios correspondem a 2% da destinação de recursos do CRA da Minerva.

*ICL

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Brasil vai ‘beber da fonte’ da DeepSeek para desenvolver Inteligência Artificial própria

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos”, disse a ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, em entrevista à CNN.

A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, disse que a chinesa DeepSeek mostrou que é possível aos países emergentes desenvolver uma tecnologia de inteligência artificial (IA) de baixo custo. Portanto, o país vai “beber da fonte” da empresa, mas com a finalidade de construir modelos próprios.

“A gente quer desenvolver nossos próprios modelos. Mas é óbvio que a gente bebe na fonte daquilo que é mais avançado, até para ter agilidade no desenvolvimento”, disse a ministra em entrevista à CNN.

“O aspecto que considero mais importante é: há um debate de que o volume de investimentos necessário para competir em IA seria inalcançável para emergentes. A DeepSeek conseguiu, com menos recurso, ter a mesma resposta que ChatGPT e outras. Isso reforça a viabilidade do que planejamos”, completou.

No ano passado, a pasta apresentou um plano com R$ 23 bilhões em investimentos em IA para o período entre 2024 e 2028. Cerca de R$ 14 bilhões serão destinados a projetos de inovação empresarial, enquanto mais de R$ 5 bilhões serão investidos em infraestrutura e desenvolvimento de IA.

Há um otimismo dentro do governo de que é possível competir, em pé de igualdade, dentro dessa seara.

Sobre isso, Luciana elencou como vantagens competitivas do Brasil a abundância em energia limpa e água, recursos vitais para IA.

Efeito DeepSeek pode acelerar investimento em IA no Brasil
Os R$ 23 bilhões previstos para investimento em inteligência artificial aproxima o Brasil do padrão de países europeus, embora ainda esteja muito atrás de Estados Unidos e China. “Quando concebemos o plano, reforçamos que não havia razão para estar atrás nesta corrida tecnológica”, disse a ministra.

Em uma entrevista à CNN, o secretário de Inovação do MDIC (Ministério da Indústria e Comércio), Uallace Moreira, disse que o Brasil está entre os países emergentes com capacidades internas preparadas para, com os incentivos adequados, aproveitar janelas de oportunidade em tecnologias disruptivas, como a IA.

Na semana passada, a startup de tecnologia sediada em Hangzhou lançou um assistente digital gratuito que, segundo ela, usa menos dados e custa uma fração do custo dos modelos de empresas já estabelecidas, possivelmente marcando um ponto de virada no nível de investimento necessário para a IA.

O jornalista do ICL André Graziano testou o aplicativo do DeepSeek e descobriu que ele tem outras características marcantes além das inovações técnicas. Segundo informou o próprio DeepSeek no teste, as informações entregues pela sua IA têm restrições impostas em assuntos considerados sensíveis pelo governo da China.

O teste de Graziano partiu da seguinte pergunta: será que o DeepSeek é livre em todos os sentidos? Para saber o que aconteceu, clique aqui.

A chinesa DeepSeek chacoalhou os mercados financeiros globais nesta semana. Na segunda-feira (27), a empresa ultrapassou o rival norte-americano ChatGPT em downloads na App Store, pois oferece alternativa mais barata de IA.

O movimento colocou em xeque a sustentabilidade do nível de gastos e investimentos em IA por empresas ocidentais, incluindo Apple e Microsoft, segundo o Infomoney.

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Brasil já é a sétima maior economia do mundo em paridade do poder de compra

A PPC é um método de comparação entre as economias que leva em conta o custo de bens e serviços em diferentes países.

Dados divulgados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) mostram que o Brasil ocupa a 7ª posição no ranking de países com maior paridade do poder de compra (PPC). Segundo o levantamento, o país aparece à frente de nações como Indonésia, França e Reino Unido. A lista é liderada pela China.

A PPC é um método de comparação entre as economias que leva em conta o custo de bens e serviços em diferentes países. Em vez de usar apenas taxas de câmbio de mercado, que podem distorcer o valor real da economia por variações cambiais ou especulação, a PPC ajusta os valores para refletir quanto é possível comprar em cada país com a mesma quantidade de dinheiro.

Biggest Economics in the World 🌎 (PPP)

1. 🇨🇳 China – $37.07T
2. 🇺🇸 United States – $29.17T
3. 🇮🇳 India – $16.02T
4. 🇷🇺 Russian Federation – $6.91T
5. 🇯🇵 Japan – $6.57T
6. 🇩🇪 Germany – $6.02T
7. 🇧🇷 Brazil – $4.7T
8. 🇮🇩 Indonesia – $4.66T
9. 🇫🇷 France – $4.36T
10. 🇬🇧 United Kingdom – $4.28T

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Lula e Putin conversam por telefone sobre agenda do BRICS e Oriente Médio

Impossibilitado de comparecer pessoalmente à Cúpula dos BRICS, o presidente brasileiro conversou com Putin por cerca de 20 minutos nesta terça-feira.

O presidente Lula, após sofrer uma queda no Palácio da Alvorada no último sábado (19), teve que cancelar sua viagem à Rússia para a 16ª Cúpula do BRICS. A decisão foi tomada seguindo recomendações médicas, após o presidente precisar levar cinco pontos na região da nuca devido ao incidente no banheiro da residência oficial da Presidência. Diante da impossibilidade de comparecer pessoalmente ao evento, Lula telefonou para o presidente russo, Vladimir Putin, nesta terça-feira (22). A conversa durou cerca de 20 minutos.

Segundo o g1, Lula e Putin conversaram sobre questões relevantes à agenda dos BRICS e sobre os conflitos no Oriente Médio, envolvendo Israel, Hamas e Hezbollah. O Oriente Médio, assim como a criação de uma nova categoria de “países parceiros” dentro do BRICS, é um dos principais temas da cúpula.

“O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva recebeu na manhã dessa terça-feira (22), às 10 horas, horário do Brasil, um telefonema do presidente russo Vladimir Putin. O telefonema durou cerca de 20 minutos. O presidente Putin quis saber do estado de saúde do presidente, e lamentou que ele não pode vir à Cúpula dos Brics, e o presidente Lula também, devido ao acidente sofrido no sábado. E que serão feitos os arranjos para a participação dele na reunião por videoconferência”, comunicou o Palácio do Planalto.

A delegação brasileira em Kazan está sendo liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O BRICS, tradicionalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, está em processo de ampliação, com a recente inclusão de Arábia Saudita, Egito, Irã, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. No entanto, a Arábia Saudita ainda não oficializou sua aceitação formal ao convite.

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Ucrânia pede ao Brasil que prenda Putin se ele comparecer à cúpula do G20

Porta-voz do Kremlin disse que ainda não foi tomada uma decisão sobre a participação de Vladimir Putin na reunião que será realizada no Brasil.

Reuters – O procurador-geral da Ucrânia disse ter recebido informações de inteligência que indicam que o presidente russo, Vladimir Putin, pode participar da cúpula do G20 no Brasil no próximo mês, e pediu às autoridades brasileiras que cumpram um mandado internacional de prisão caso ele compareça.

O Tribunal Penal Internacional (TPI) em Haia emitiu um mandado de prisão contra Putin em março de 2023, cerca de um ano após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia, acusando-o do crime de guerra de deportação de crianças.

A Rússia nega as alegações de crimes de guerra e o Kremlin rejeitou o mandado do TPI como “nulo e sem efeito”.

Quando perguntado se havia sido tomada uma decisão sobre a participação de Putin na reunião das 20 principais economias do mundo no Brasil, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse a repórteres nesta segunda-feira: “Não. Quando uma decisão for tomada, nós informaremos”.

O procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, disse à Reuters em uma entrevista que “é importante que a comunidade internacional permaneça unida e responsabilize Putin”.

Devido à “informação de que Putin pode participar da cúpula do G20 no Brasil, gostaria de reiterar que é uma obrigação das autoridades brasileiras, como Estado-parte do Estatuto de Roma, prendê-lo se ele ousar visitá-lo”, disse Kostin, referindo-se ao tratado que estabeleceu o TPI.

“Espero sinceramente que o Brasil o prenda, reafirmando sua condição de democracia e de Estado de Direito”, afirmou.

Se isso não for feito, corre-se o risco de se criar um precedente no qual os líderes acusados de crimes podem viajar impunemente, acrescentou.

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Cerca de 500 bets serão banidas e apostador deve retirar dinheiro já, diz Haddad

Ministro afirmou que a publicidade das bets está ‘fora do controle’.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), anunciou, na manhã desta segunda-feira (30), que cerca de 500 bets que não entraram com pedido de regulação do governo terão sites derrubados na próxima semana pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Haddad disse, ainda, em entrevista à rádio CBN, que os apostadores que possuem dinheiro nessas empresas devem pedir restituição o quanto antes.

“Do mesmo jeito que o X saiu do ar, essas empresas devem sair também, por falta de adequação à legislação aprovada pelo Congresso Nacional… Se você tem dinheiro em casa de aposta, peça a restituição já”, afirmou.

Bloqueio do cartão do Bolsa Família
O ministro da Fazenda também comentou que o governo federal prepara o bloqueio a formas de pagamento como cartão de crédito e cartão do Bolsa Família nos sites de aposta, tema que vem sendo discutido nas últimas semanas.

Haddad afirmou, ainda, que o governo deve fazer um acompanhamento da evolução dos prêmios por CPF de cada apostador. “Quem aposta muito e ganha pouco está com dependência psicológica, quem aposta pouco e ganha muito está geralmente lavando dinheiro”.

O uso do cartão de crédito para bets será proibido a partir de janeiro de 2025, e empresas do setor devem bloquear esse meio de pagamento já a partir de 1º de outubro. A antecipação da medida já é discutida por operadoras de cartões.

Haddad: publicidade das bets está ‘fora do controle’
Na entrevista, Haddad afirmou que a publicidade das bets está “fora do controle”. O ministro da Fazenda disse que deve se reunir na terça-feira (1) com entidades do setor para tratar do assunto, diz o ICL.

Segundo o ministro, além do apostador, a família também deveria ter acesso aos dados de quanto dinheiro já foi perdido. “Mesmo no caso de um adulto com posses, será que é só ele que precisa saber o quanto perdeu?”, disse.

“Do mesmo jeito que eu poderia colocar meu telefone para receber esse dado, poderia cadastrar o telefone do cônjuge também. Tem gente que perde milhares de reais. Como você deixa a família sem o alerta devido?”, completou.

A postura mais dura do governo diante das empresas de apostas foi adotada após o Banco Central afirmar que beneficiários do Bolsa Família que fazem apostas online gastaram R$ 3 bilhões em bets via Pix no mês de agosto. O montante destinado às empresas de apostas corresponde a 20% do valor total repassado pelo programa no mês.

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Britânico vem ao Rio e fica absolutamente chocado com o SUS

Em meio às maravilhas do Rio de Janeiro, o britânico Nick Whincup precisou de atendimento médico e se surpreendeu com o que encontrou no SUS.

Turistas de todos os cantos do Brasil e do mundo costumam falar maravilhas do Rio de Janeiro, da beleza das praias, do Cristo Redentor, o bondinho do Pão de Açúcar, a mureta da Urca, Copacabana, a garota e o garoto de Ipanema, a Floresta da Tijuca, o Jardim Botânico, o povo carioca, o Maracanã, o samba, a feijoada, a caipirinha, todas essas belezas que o Rio tem para oferecer.

Mas Nick Whincup, um britânico no Rio, ficou simplesmente maravilhado com algo que não é beleza natural, simpatia do povo nem uma característica especial do Rio, mas de todo o povo brasileiro: o SUS, nosso Sistema Único de Saúde, que no último dia 19 completou 34 anos.

Nick precisou tomar uma vacina e saiu maravilhado com o atendimento do SUS. E olha que os britânicos também têm um sistema de saúde gratuito, mas que, sem bairrismo algum — quem diz isso é o Nick — nem se compara ao nosso SUS, que poderia ser também Sistema Universal de Saúde, pois atende gente de fora do Brasil como se brasileiro fosse, com a mesma atenção e gratuidade.

Ouçam o Nick e leiam depois alguns comentários na postagem dele.

https://www.instagram.com/reel/DAOaw2jvkee/?utm_source=ig_web_copy_link

Sou médica em um hospital público há quase 30 anos. Não, não é perfeito. Não, não é heterogêneo em todas as regiões do país. Não, não é fácil de administrar. Sim, é inegável a importância do Sistema Único de Saúde para um país com as dimensões do Brasil. O SUS mudou o destino do país (para melhor!) em várias situações de pandemias, incluindo a de HIV, com a distribuição gratuita de medicamentos para tratamento e, pasmem, prevenção (por favor, procurem saber e divulgar sobre PEP e PREP!). Tirem o SUS da equação e teremos um cenário de catástrofe na saúde. Lembrem-se de quantas pessoas morreram de COVID na moderna NY, por terem receio de ir aos hospitais e não terem como pagar pela conta que viria, caso sobrevivessem. Faço coro ao gringo: Viva o SUS!
Eu moro no Canadá e sinto falta do SUS do Brasil.
Defendam o SUS. Nunca foi sorte, foi muita luta, nessas eleições vote em quem defende o SUS não quem invade UBS e ataca servidores já precarizados para gerar vídeo nas redes.
O SUS fez 34 anos dias atrás.
Temos, sim, que nos orgulhar.
Muita coisa para melhorar, é duro de trabalhar, tem muito problema, mas temos muito a elogiar também! Os programas de transplantes, tuberculose, vacinas, HIV, entre outros, são modelo internacional.
Como trabalhadora do SUS, fico muito feliz por suas palavras!
Eu preciso dizer que eu dou mais valor ao SUS depois que vim morar na Finlândia…Pasmem! Mas a saúde do Brasil é melhor e totalmente de graça!

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Apelos de Lula, Petro e Guterres na ONU lembram que oligarquias são a raiz do desastre global

“Aqueles que têm o poder de destruir a vida não nos escutam […] ainda que representemos a grande maioria”, declarou Gustavo Petro durante discurso na ONU.

O mundo está à beira do desastre, mas ninguém assume a responsabilidade por isso, pareceu ser a conclusão do primeiro dia do chamado “debate geral” da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.

Talvez por isso, o secretário-geral, António Guterres, condenou o que chamou de “impunidade” global, ao abrir, nesta terça-feira (24), a sessão inicial do debate geral, junto com “a desigualdade” e “a incerteza”, um trio que está levando a civilização à beira de desastres, e essa rota é insustentável. “Estamos nos aproximando do inimaginável, um barril de pólvora que está envolvendo o mundo inteiro”, advertiu Guterres, e assinalou que as guerras, a mudança climática e a desigualdade estão piores do que nunca. Ao mesmo tempo, convidou aos participantes: “os desafios que enfrentamos podem ser resolvidos”.

Ele ressaltou a impunidade, onde “as violações e abusos ameaçam o próprio alicerce do direito internacional e da Carta da ONU”. Acrescentou que “o nível de impunidade no mundo é politicamente indefensável e moralmente intolerável”, onde governos acreditam que podem violar as convenções internacionais e a Carta da ONU, “invadir outro país ou destruir sociedades inteiras” sem consequências. Assinalou os casos da Ucrânia e de Gaza, aos quais chamou “um pesadelo sem fim que ameaça levar toda uma região”; condenou os atos do Hamas, mas afirmou que “nada pode justificar o castigo coletivo do povo palestino”, que incluiu também a morte de mais de 200 funcionários da ONU. Guterres detalhou as injustiças da desigualdade econômica e também da mudança climática, insistindo que a única solução é multilateral e urgente. E que não há muito tempo.

Lula na ONU
O desfile anual de mandatários e altos representantes dos 193 países membros começou, por tradição, com o presidente do Brasil. Luiz Inácio Lula da Silva, uma das vozes mais poderosas do Sul Global, elevou o alerta sobre o rumo atual do planeta.

Lula falou sobre os esforços do Brasil para impulsionar um acordo para frear as guerras em Gaza e na Ucrânia, e advertiu que esses conflitos demonstram o fracasso da comunidade internacional.

Da mesma forma, deplorou um sistema econômico internacional que se “converteu em um Plano Marshall ao contrário, onde os mais pobres financiam os mais ricos”. Os mais ricos, afirmou, duplicaram suas fortunas e pagam menos impostos que os pobres, proporcionalmente 60% da humanidade é agora mais pobre — ante o qual o Brasil está promovendo uma proposta para estabelecer normas mínimas de impostos globais.

Outras vozes do Sul Global
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou, com um discurso lírico, que nesse fórum da ONU “aqueles que têm o poder de destruir a vida não nos escutam”, [não escutam] os que não têm armas de destruição em massa ou grande quantidade de dinheiro, “ainda que representemos a grande maioria”.

Ele advertiu ainda que “a floresta amazônica está queimando” e isso implica o fim do mundo. Acusou que, “quando Gaza morrer, toda a humanidade morrerá”, pois as crianças palestinas “são o povo escolhido de Deus”. O que ele chamou de “oligarquia mundial” da mudança climática, das guerras, das punições econômicas contra países desobedientes como Cuba, e concluiu que a pergunta agora para o mundo é: a vida ou a ganância? Indicou que chegou a hora de pôr fim à oligarquia mundial e substituí-la por uma democracia dos povos. Que já não se precisa ouvir os Biden, Xi, Putin e os europeus, mas sim os povos.

*Diálogos do Sul

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Os Gigantes: municípios administrados por latifundiários retornam a lista de desmatadores

In Amazônia, De Olho na Política, De Olho no Agronegócio, De Olho no Ambiente, Desmatamento, Em destaque, Principal, Últimas.

Marcelândia e Querência (MT) deixaram lista prioritária do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, mas regressaram em gestão de prefeitos fazendeiros; dossiê explora conflitos de interesses nos cem maiores municípios do país.

Estabelecida a partir do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal (PPCDAm), a lista de municípios prioritários teve sua primeira versão publicada em 2008. Desde então, tornou-se um dos principais instrumentos de política pública por trás da redução drástica do desmatamento no bioma. Em 2012, durante o governo Dilma Rousseff (PT), o corte de vegetação atingiu sua mínima histórica, com 4,6 mil km² de perda florestal anual.

Durante o governo de Jair Bolsonaro, o programa foi paralisado. Uma das poucas atualizações realizadas no período foi a revisão da lista prioritária, publicada em 2021, com 52 municípios. Entre eles, 29 deles pertencem à lista dos cem maiores municípios do país.

Os dados integram o dossiê “Os Gigantes”, publicado no dia 5 pelo De Olho nos Ruralistas. Realizado ao longo de quatro meses, o estudo detalha as políticas ambientais e climáticas dessas cem prefeituras, espalhadas por onze estados e que, juntas, administram uma área equivalente a 37% do território brasileiro.

Oito novos municípios foram incluídos pela primeira vez na lista do PPCDAm, enquanto outros cinco foram devolvidos à condição de prioritários. Entre eles, dois são destaque por integrarem os Gigantes e serem administrados por prefeitos latifundiários: Querência e Marcelândia, ambos no Mato Grosso.

Os dois possuem secretarias de Meio Ambiente unificadas com Agricultura, conforme mostramos em reportagem anterior da série, que detalha os achados do dossiê: “Os Gigantes: 30 municípios têm secretarias de ambiente fundidas com agronegócio, mineração e turismo“.

PREFEITO DE MARCELÂNDIA É SÓCIO DE COLONIZADORA RÉ POR DESMATAMENTO
O município de Marcelândia é o 97º na lista dos cem maiores do país. Ele deixou a lista do PPCDAm em 2013. A conquista foi fruto de uma bem-sucedida política de controle estabelecida por Adalberto Diamante (PR), prefeito entre 2005 e 2012.

Na administração seguinte, de Arnóbio Vieira de Andrade (PSD), as ações regrediram, levando Marcelândia de volta à relação dos maiores desmatadores da Amazônia, formalizada em portaria de 2018. Sob Arnóbio, a perda florestal anual saltou de 12 km², quando assumiu, para 112 km² em 2020 — posicionando o município entre os vinte maiores desmatadores da Amazônia naquele ano.

Ele foi sucedido por outro pecuarista, Celso Padovani (DEM), que concorreu sozinho ao cargo nas eleições de 2020. Na ocasião, ele declarava um patrimônio de R$ 10,5 milhões, que incluía fazendas, veículos e 1.694 cabeças de gado. Em 2024, ele novamente concorre sozinho. Seu patrimônio aumentou para R$ 16,1 milhões.

O político é sócio da Celso Padovani & Cia Ltda, razão social da Pronorte Colonização, uma das principais imobiliárias agrícolas do Mato Grosso. A empresa é ré em uma ação civil pública movida em 2021 pela Força-Tarefa em Defesa da Amazônia (Amazônia Protege). A ação visa a recuperação de 6.117 hectares, desmatados sem autorização no imóvel Projeto Santa Rita, em Marcelândia. A autuação ocorreu em 2007, por fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Segundo o processo, a empresa reincidiu na prática outras duas vezes, entre 2016 e 2018.

A Força-Tarefa solicita a recuperação imediata da área e pede o pagamento de uma multa de R$ 42,3 milhões. A Pronorte, por sua vez, diz que o corte de vegetação foi realizado por arrendatários e compradores dos imóveis do Projeto Santa Rita, e que não é responsável pelo dano ambiental. O processo corre na 1ª Vara Federal Cível e Criminal de Sinop (MT).

*De Olho nos Ruralistas