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Doença misteriosa mata mais de 50 pessoas em poucas horas na República Democrática do Congo

A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que mais de 50 pessoas morreram no noroeste do Congo devido a uma doença desconhecida de rápida disseminação. Serge Ngalebato, diretor médico do Hospital Bikoro, um centro regional de monitoramento, afirmou que o curto período entre os sintomas e a morte é “muito preocupante”. A OMS alerta que o surto pode ser causado por outro vírus que passou de animais para humanos.

A OMS relata que o surto começou no país em 21 de janeiro, com 419 casos registrados até meados de fevereiro. Até agora, 53 pessoas morreram, dando à doença uma taxa de mortalidade de 12,49%, que é muito maior do que os 3,14% da COVID-19, em comparação.

Apesar dos avanços na pesquisa médica e científica, algumas doenças e infecções agressivas ainda podem ser mortais no período de um dia se não forem tratadas. Navegue por algumas delas nesta galeria.

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Dilma Rousseff passou mal e foi internada às pressas em hospital de Xangai, na China

Ex-presidente teve pressão alta, tontura e vômito na sexta-feira (21).

A ex-presidente Dilma Rousseff foi internada em Xangai, na China, depois de passar mal na sexta-feira (21). Ela tem 77 anos e apresentou sintomas de pressão alta, vômito e tonturas.

O Shangai East International Medical Center confirmou que Dilma está internada no hospital.

Ela comanda o Novo Banco de Desenvolvimento, também conhecido como Banco do Brics, com sede na China, desde 2023. A instituição é responsável por apoiar projetos de desenvolvimento sustentável e infraestrutura dos integrantes do bloco.

Dilma participaria de reunião com membros do conselho do banco dos BRICS nos próximos dias em Cape Town, na África do Sul. Ela cancelou sua ida. A reunião teria ministros da fazenda e presidentes de bancos centrais.

Dilma preside o Banco dos BRICS
O Brasil assumiu a presidência do Brics em 1º de janeiro.

Dilma (2011-2016) assumiu a presidência do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics, em abril de 2023. O mandato do Brasil na presidência do banco, que funciona em esquema de rotação de países, terminaria em julho de 2025.

O governo brasileiro negociou uma exceção para as regras do banco para que ela continue à frente da instituição por mais cinco anos.

O acordo foi negociado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, no fim do ano passado. A partir de julho, Dilma se reportará a Putin.

O BRICS é um grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além dos novos membros – Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã. Com ICL.

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Boia furada: Trump já tem 51% de desaprovação e Bolsonaro não larga o saco do sujeito

Dá ao menos um “oi” para o papai, exclamou o sabujo Eduardo Bolsonaro a Trump.

Pesquisa aponta que a desaprovação de Trump foi impulsionada por temores sobre inflação e tarifas.

Segundo o NYT, funcionários de Trump rejeitam o ultimato de Musk aos trabalhadores

Elon Musk ordenou que funcionários do governo federal resumissem, em um e-mail, suas realizações da semana ou seriam removidos de seus cargos.

Não para aí.

O mesmo NYT sapeca em garrafais: “A América tem um presidente desonesto”

E a coisa segue nessa pegada no jornalão americano:

“Os preços do café estão no nível mais alto dos últimos 50 anos. Os produtores não estão comemorando.”

“Para os nova-iorquinos experientes, tudo se resume a ovos baratos e onde encontrá-los”

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Ultradireita se torna segunda maior força política na Alemanha

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve um avanço expressivo nas eleições federais antecipadas deste domingo (23/02), consolidando-se como a segunda maior força política do país. Com 19,9% dos votos, a legenda quase dobrou sua votação em relação a 2021, superando os social-democratas do SPD e os Verdes. A sigla de ultradireita ficou atrás […]

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) obteve um avanço expressivo nas eleições federais antecipadas deste domingo (23/02), consolidando-se como a segunda maior força política do país. Com 19,9% dos votos, a legenda quase dobrou sua votação em relação a 2021, superando os social-democratas do SPD e os Verdes.

A sigla de ultradireita ficou atrás apenas da União Democrata-Cristã (CDU), de Friedrich Merz, que deverá liderar a formação do próximo governo. Com a derrota do SPD, a legenda do chanceler Olaf Scholz caiu para terceiro lugar no Parlamento.

A AfD indicou como candidata a chanceler a deputada Alice Weidel, uma das colíderes do partido. Após a divulgação dos primeiros resultados, Weidel celebrou o desempenho da legenda:

“Somos o único partido a dobrar em relação à última eleição – o dobro!”

Crescimento sem acesso ao poder
Apesar do crescimento expressivo, a AfD continua isolada politicamente. Nenhum dos partidos tradicionais pretende formar uma coalizão com a legenda, o que inviabiliza sua participação direta no governo.

A CDU precisará buscar parceiros para garantir maioria no Bundestag. No entanto, Merz já descartou qualquer possibilidade de aliança com a AfD, reforçando o “cordão sanitário” imposto pela política alemã contra a ultradireita.

Esse isolamento tem sido um padrão nas eleições estaduais. Mesmo quando terminou em primeiro lugar, como no pleito de 2024 na Turíngia, a AfD não conseguiu integrar governos locais, pois partidos adversários se uniram para evitar sua ascensão ao poder.

Trajetória da AfD e apoio externo
Fundada em 2013, a AfD começou como um partido eurocético de tendência liberal, mas rapidamente migrou para a ultradireita, principalmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Hoje, a legenda defende políticas radicalmente anti-imigração e tem membros monitorados pelos serviços de inteligência por ligações com o extremismo de direita.

A AfD é especialmente forte no Leste da Alemanha, onde liderou as eleições estaduais na Turíngia e ficou em segundo lugar na Saxônia e Brandemburgo. Entre os eleitores de 16 a 24 anos, o partido conquistou a maior fatia de votos nessas regiões.

Durante a campanha, a legenda recebeu apoio internacional, incluindo um endosso do bilionário Elon Musk e do vice-presidente dos EUA, J.D. Vance. Musk chegou a participar, por vídeo, de um comício da AfD e declarou:

“Só a AfD pode salvar a Alemanha.”

A declaração gerou acusações de interferência externa na eleição. O governo alemão também acusou a Rússia de espalhar desinformação para influenciar o pleito e minar a confiança na democracia.

Além disso, membros da AfD enfrentaram escândalos envolvendo financiamento estrangeiro. Em 2024, um deputado do partido foi acusado de receber dinheiro da Rússia, e um assessor foi preso sob suspeita de espionagem para a China.

Apesar da resistência política e dos escândalos, a AfD segue ampliando sua base eleitoral e consolidando-se como uma das principais forças da política alemã.

*Jean-Philip Struck | 23/02/2025 | DW

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Alguém acredita que as lambanças de Trump darão em alguma coisa?

O governo Trump até aqui, é uma mula sem cabeça dando coice pra todo lado.

Não tem direção nem proposito. Não disse a que veio.

Só tem um Trump sem modos que segue a cartilha de um Musk diversionista.

Pura figuração.

Os gastos que ele fala em cortar, não mudam rigorosamente nada.

Só espumeira barata que dará em nada nos cofres dos EUA.

Na verdade, mostra um EUA atônito sem saber o que fazer diante da gritante decadência econômica e política.

Nenhum governo se segura na base do espetáculo.

Trump só levantou poeira e folhas secas.
Isso não é solução para nada.

Brincadeira pura.

O objeto de suas ações não apareceu.

Ninguém sabe no que vai dar e se vai dar em alguma coisa. Trump inventa mil coisas inúteis, mas nada que liberte o governo do suplício de sentir a China no cangote dos americanos.

O governo Trump cheira e enxofre.

Isso não dá samba. A coisa é bem mais séria e profunda do que essas caricaturas que o presidente americano balança como conquista.

Se isso que ele aprontou até agora tinha algum objetivo, ele sumiu.

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Escândalo do criptogolpe: na TV argentina Milei mandou um “apertei mas não fumei” “Eu não promovi, apenas espalhei”

Quanto mais Milei se explica mais se complica.

O presidente argentino está enrolado. Se exime de culpa dizendo ter tomado um tapa na cara, mas diz que, quem comprou a moeda furada sabia dos riscos.

Na verdade, ele está adicionando uma série interminável de contradições no seu palavrório. Outra tirada de resgova de Milei foi impagável: “Quando você vai ao cassino e perde, qual é a reclamação?”

Para quem se vendia como o rei da economia, dizer que entrou de gaiato no submundo da cripto-picaretagem para ajudar um argentino, ele acaba mordendo o próprio rabo.

“levei um tapa por querer ajudar um argentino” e anunciou que fará mudanças para evitar que seja tão fácil entrar em contato com ele.

Milei tentou se distanciar do escândalo do criptogolpe que estourou no fim de semana depois que seu tuíte fez o preço da memecoin $LIBRA disparar, criado poucos minutos antes da postagem do presidente.

‘Vou embora, tenho que correr’”, disse ele sobre os motivos pelos quais apagou a postagem.

Milei se acha inocente por, segundo o descabelado, só cinco argentinos compraram o golpe. O resto é otário americano e chinês

Ou seja, Milei culpou as vítimas do golpe que protagonizou.

Santiago Siri, especialista em criptomoedas, que viu o escândalo chegando foi curto e grosso: “Um projeto com uma moeda meme é uma farsa”

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Acabou, a Ucrânia será fatiada

Após dois anos, sem presidente e com partidos de esquerda cassados, Kiev vai ter que aceitar ficar sem 20% do seu território pra Rússia e pagar meio trilhão de dólares pros EUA.

“Quero nosso dinheiro de volta. Disse-lhe que queria o equivalente a, digamos, 500 bilhões de dólares em terras-raras, e eles concordaram. Caso contrário, somos estúpidos. Eu disse-lhe: temos de conseguir alguma coisa. Não podemos continuar a gastar este dinheiro”, afirmou Trump.

“Pode ser lítio. Pode ser titânio, urânio, muitos outros. É um grande negócio”.

A Ucrânia perdeu 40% de sua riqueza em “terras raras” ao perder o território pra Rússia. Agora perde boa parte do resto pra pagar os trilhões que recebeu de armas.

Além de perder cerca de 1 milhão de vidas, 1/5 do território e quase todas as reservas naturais, será vetada a entrada da Ucrânia na OTAN e ainda terá que pagar por todo armamento que recebeu.

Uma das derrotas mais humilhantes registradas, e a Rússia alcança todos os objetivos.

E se a Ucrânia não se render, sem armas nem soldados para lutar, Trump já avisou: A Ucrânia poderá se tornar toda Rússia.

Isso se EUA e Rússia não dividirem entre si as terras restantes.

*Por Paulo Follador

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Escândalo de criptomoedas: Milei será alvo de pedido de impeachment e denúncia criminal

Agência Anticorrupção determinará se houve conduta imprópria de alguém do governo, incluindo o próprio Presidente.

O bloco União pela Pátria na Câmara dos Deputados da Argentina anunciou neste sábado sua decisão de avançar com um pedido de impeachment contra o presidente Javier Milei , após o escândalo que surgiu depois que o chefe de Estado promoveu um token digital em suas redes sociais.

“O envolvimento de Milei em um crime de fraude de criptomoedas é extremamente grave. É um escândalo sem precedentes . Nosso bloco de Deputados Nacionais decidiu seguir adiante com a apresentação de um pedido de impeachment contra o Presidente da Nação”, disseram os deputados da oposição.

O advogado e líder social Juan Grabois busca promover uma ação judicial coletiva contra o chefe de Estado, por incentivar a compra de $LIBRA em sua conta X em suas redes sociais . Grabois disse que o presidente “foi um participante necessário em um grande golpe contra dezenas de milhares de argentinos”.

Em uma publicação na rede social X, que Milei posteriormente apagou, o presidente pediu que seus seguidores investissem em uma criptomoeda chamada $LIBRA, que subiu exponencialmente e depois despencou, fazendo com que milhares de pessoas perdessem seu dinheiro.

Grabois publicou um post no qual anunciou uma ação coletiva contra o “golpe de Milei”. No qual ele explicou que ” Javier “Cositorto” Milei foi um participante necessário em um grande golpe contra dezenas de milhares de argentinos”.

Junto com o economista Itai Hagman , Grabois entrará com uma queixa criminal contra ” os vigaristas e o participante necessário que também foi visto violando o Artigo 249 do Código Penal em flagrante delito por milhões de pessoas “. Além disso, ele compartilhou um formulário que aqueles que foram enganados podem preencher para aderir ao patrocínio de forma conjunta ou individual.

Milei será investigado por Agência Anticorrupção do governo
O escândalo sobre a criptomoeda $LIBRA que o presidente da Argentina, Javier Milei, promoveu em suas redes sociais, causando uma alta meteórica em seu preço e posterior colapso, já escalou para níveis governamentais. O Executivo argentino emitiu um comunicado no qual confirmou que todos os envolvidos serão investigados pela Agência Anticorrupção.

Da conta X da Presidência da República, foi feita uma publicação oficial onde foi comunicado que “o Presidente Javier Milei decidiu intervir imediatamente junto à Agência Anticorrupção (OA) para determinar se houve conduta imprópria por parte de algum membro do Governo Nacional, incluindo o próprio Presidente “.

O Governo detalhou que criará ” uma Unidade de Tarefa de Pesquisa (UTI) na órbita da Presidência da Nação , composta por representantes dos órgãos e organizações com poderes vinculados aos criptoativos, atividades financeiras, lavagem de dinheiro e outras áreas relacionadas, que integrarão suas informações para iniciar uma investigação urgente sobre o lançamento da criptomoeda $LIBRA e todas as empresas ou pessoas envolvidas na referida operação”.

“Todas as informações coletadas na investigação serão entregues à Justiça para apurar se alguma das empresas ou pessoas vinculadas ao projeto KIP Protocol cometeu um crime”, disseram eles no comunicado.

Assim, a Casa Rosada destacou que “o Presidente Milei, que demonstrou com suas ações sua vocação pela verdade, está comprometido com o devido esclarecimento deste fato até as últimas consequências” , após ter reconhecido que houve uma reunião prévia com os representantes do Protocolo KIP em 19 de outubro de 2024.

No comunicado da Presidência, o Governo tenta se desvincular de uma relação próxima com o CEO da Kelsier Ventures, Hayden Mark Davis , líder da empresa que deu início ao projeto, ao lançamento do token e à criação do mercado $LIBRA, a criptomoeda promovida pelo presidente Javier Milei e que gerou um escândalo político: “O Sr. Davis não tinha e não tem nenhuma ligação com o governo argentino e foi apresentado por representantes do KIP Protocol como um de seus parceiros no projeto “, esclareceu.

Embora Davis tenha se apresentado como “assessor de Javier Milei” após a queda abrupta da criptomoeda, a partir da conta oficial X, eles comunicaram que “em 30 de janeiro de 2025, o Presidente manteve uma reunião na Casa Rosada com Hayden Mark Davis, que, segundo o que foi expresso pelos representantes do KIP Protocol, forneceria a infraestrutura tecnológica para seu projeto “.

*ICL

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A grande ameaça

A democracia dos EUA provavelmente entrará em colapso durante o segundo governo Trump, no sentido de que deixará de atender aos padrões para a democracia liberal: sufrágio adulto completo, eleições livres e justas e ampla proteção das liberdades civis.

O colapso da democracia nos Estados Unidos não dará origem a uma ditadura clássica em que as eleições são uma farsa e a oposição é presa, exilada ou morta. Mesmo no pior cenário, Trump não será capaz de reescrever a Constituição ou anular a ordem constitucional. Ele será limitado por juízes independentes, federalismo, militares profissionalizados do país e fortes barreiras à reforma constitucional. Haverá eleições em 2028, e os republicanos podem perdê-las.

Mas o autoritarismo não requer a destruição da ordem constitucional. O que está por vir não é uma ditadura fascista ou de partido único, mas um “autoritarismo competitivo” — um sistema em que os partidos competem nas eleições, mas o abuso de poder do titular inclina o campo de jogo contra a oposição.

A maioria das autocracias que surgiram desde o fim da Guerra Fria se enquadra nessa categoria, incluindo o Peru de Alberto Fujimori, e os contemporâneos El Salvador, Hungria, Tunísia e Turquia. Sob o ‘autoritarismo competitivo’, a arquitetura formal da democracia, incluindo eleições multipartidárias, permanece intacta. As forças de oposição são legais e abertas, e disputam seriamente o poder. As eleições são frequentemente batalhas ferozmente disputadas, nas quais os incumbentes têm que suar muito. E de vez em quando, os incumbentes perdem, como aconteceu na Malásia em 2018 e na Polônia em 2023. Mas o sistema não é democrático, porque os incumbentes manipulam o jogo ao aparelhar a máquina do governo para atacar oponentes e cooptar críticos. A competição é real, mas injusta.

O autoritarismo competitivo transformará a vida política nos Estados Unidos. Como a onda inicial de ordens executivas duvidosamente constitucionais de Trump deixou claro, o custo da oposição pública aumentará consideravelmente: os doadores do Partido Democrata podem ser alvos do IRS; empresas que financiam grupos de direitos civis podem enfrentar maior escrutínio tributário e legal ou encontrar seus empreendimentos bloqueados por reguladores. Veículos de comunicação críticos provavelmente enfrentarão processos de difamação custosos ou outras ações legais, bem como políticas de retaliação contra suas empresas controladoras. Os americanos ainda poderão se opor ao governo, mas a oposição será mais difícil e arriscada, levando muitas elites e cidadãos a decidirem que a luta não vale a pena. Uma falha em resistir, no entanto, pode abrir caminho para o entrincheiramento autoritário — com consequências graves e duradouras para a democracia global.

O ESTADO APARELHADO

O segundo governo Trump poderá violar as liberdades civis básicas de maneira a subverter inequivocamente a democracia. O presidente, por exemplo, pode ordenar que o exército atire em manifestantes, como ele supostamente queria fazer durante seu primeiro mandato. Ele também poderá cumprir sua promessa de campanha de lançar a “maior operação de deportação da história americana“, atacando milhões de pessoas, em um processo repleto de abusos, que inevitavelmente levará à detenção equivocada de milhares de cidadãos dos EUA.

Mas muito do autoritarismo vindouro assumirá uma forma menos visível: a politização e aparelhamento da burocracia governamental.

Os estados modernos são entidades poderosas.

O governo federal dos EUA emprega mais de dois milhões de pessoas e tem um orçamento anual de quase US$ 7 trilhões. Autoridades governamentais servem como árbitros importantes da vida política, econômica e social. Eles ajudam a determinar quem é processado por crimes, quem terá seus impostos auditados, quando e como regras e regulamentos são aplicados, quais organizações recebem status de isenção de impostos, quais agências privadas obtêm contratos para credenciar universidades e quais empresas obtêm licenças, concessões, contratos, subsídios, isenções tarifárias e resgates críticos.

Mesmo em países como os Estados Unidos, que têm governos relativamente pequenos e laissez-faire, essa autoridade cria uma infinidade de oportunidades para os líderes recompensarem aliados e punirem oponentes. Nenhuma democracia está totalmente livre dessa politização. Mas quando os governos aparelham o Estado usando seu poder para sistematicamente prejudicar e enfraquecer a oposição, eles minam a democracia liberal. A política se torna como uma partida de futebol em que os árbitros e seus auxiliares trabalham para um time sabotar seu rival’‘.

Este é um trecho de recente artigo publicado na Foreign Affairs, por Steven Levitsky e Lucan A. Way, intitulado The Path to American Authoritarianism. Steven publicou, junto com Daniel Ziblatt, o famoso livro “How Democracies Die”.

Esclareço que tanto Levitsky quando a Foreign Affairs são de tendência conservadora, o que mostra que a preocupação com Trump estende-se ao establishment tradicional dos EUA.

Segundo os autores, a democracia sobreviveu ao primeiro mandato de Trump porque ele não tinha experiência, plano ou equipe. Ele não controlava o Partido Republicano quando assumiu o cargo em 2017, e a maioria dos líderes republicanos ainda estava comprometida com as regras democráticas do jogo. Trump governou com republicanos e tecnocratas do establishment, e eles o restringiram amplamente. Nenhuma dessas coisas é mais verdade. Desta vez, Trump deixou claro que pretende governar com quadros leais a ele e ao MAGA.

Deve-se destacar que o aparelhamento do Estado norte-americano estava já previsto no Projeto 2025, da Heritage Foundation, think tank de extrema direita.

Não há dúvida de que esse aparelhamento político está seguindo a pleno vapor, nos EUA.

Portanto, a ameaça citada por Levitsky e Lucan A. Way é real.

Mas não é apenas uma ameaça à democracia estadunidense; é também uma ameaça às democracias do mundo, pois Trump pretende articular a extrema direita, em nível internacional.

Para tanto, conta não apenas com o apoio do novo aparelho de Estado dos EUA, mas também com o decisivo suporte das Big Techs norte-americanas.

Hoje mesmo, o vice-presidente JD. Vance deu “bronca” nos europeus por combaterem os partidos de extrema direita daquela região, alguns francamente nazistas.

Essa ameaça à democracia mundial virá de duas formas:

1- Pelo enfraquecimento da multipolaridade e pelas agressões e paralisações das instituições multilaterais (OMS, OMC etc.), o que comprometerá ainda mais uma governança mundial inclusiva e eficaz, que leve em consideração os interesses do Sul Global. Multilateralismo nada mais é que democracia em nível global.

2- Pelas tentativas de inviabilização de democracias progressistas, principalmente aquelas que não se dobrem aos imperativos geopolíticos e geoeconômicos do novo Império.

Nesse sentido, acredito que a guerra híbrida contra o governo Lula já foi deslanchada, com o objetivo de desequilibrar o BRICS e recolocar a América Latina sob a hegemonia exclusiva dos EUA.

A resposta a essas ameaças globais não pode ser isolada. Será necessário concertação internacional para defender as regras civilizatórias que permitem, ainda que com muitos limites, a construção de uma ordem internacional pacífica, previsível, simétrica e democrática.

O Brasil, na presidência do BRICS, pode contribuir com essa resistência à ordem mundial hobbesiana que Trump intenta implantar.

Como já observei anteriormente, muitos trágicos ditadores começam como risíveis bravateiros.

*Marcelo Zero é sociólogo e especialista em Relações Internacionais/Viomundo

*Este texto não representa obrigatoriamente a opinião do Antropofagista”.

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Hamas liberta três prisioneiros, mas Israel diz que planeja novos “ataques” em Gaza

Liberação ocorreu via Cruz Vermelha após mediação do Egito e Catar; segunda fase das negociações permanece incerta.

AFP
O Hamas libertou neste sábado (15) mais três prisioneiros israelenses como parte do acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza. A Cruz Vermelha fez o transporte dos libertados até Khan Younis, onde foram entregues ao governo de Israel.

Há uma semana, o estado judeu ameaçava retomar ataques contra a população de Gaza, frente à paralisação nas liberações. O principal motivo foi o descumprimento dos termos do acordo por Israel, que bloqueava o acesso de palestinos ao território, assim como de mantimentos e materiais para reconstrução da região desolada pelo massacre.

Mediadores egípcios e cataris foram os responsáveis por articular as conversas entre o Hamas e o governo de Israel para manter o acordo de cessar-fogo. Após a libertação dos três prisioneiros, o Hamas aguarda a soltura de 369 palestinos e palestinas mantidos por Israel.

Mesmo com o gesto palestino, o chefe do Estado-maior de Israel, tenente-general Herzi Halevi afirmou que as forças do país estão preparando “planos de ataque”, sem dar detalhes sobre as possíveis ações militares.

A primeira fase do acordo se encerra em março. Ainda há incertezas se será possível alcançar a segunda fase, que colocaria fim ao genocídio israelense em Gaza. Em mais de um ano de ataques, mais de 47 mil pessoas morreram, grande parte delas mulheres e crianças.

Na segunda-feira (10) passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou provocar um “inferno” em Gaza se os prisioneiros israelenses não fossem libertados até este sábado, como estabelece o acordo de trégua que está em vigor desde 19 de janeiro.

O Hamas reagiu afirmando que as ameaças não tinham valor. “Trump deve lembrar que há um acordo [de trégua] que ambas as partes devem respeitar, e que essa é a única forma de fazer com que os prisioneiros retornem”, declarou Sami Abu Zuhri, um dos líderes do movimento.

*BdF