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A primeira semana de Lula, uma lição de democracia

Ângela Carrato – Há seis anos o Brasil não via um presidente trabalhar tanto quanto Luiz Inácio Lula da Silva na primeira semana de seu terceiro mandato.

Minutos depois de empossado, ele já assinava 11 medidas, a maioria delas revogando atos de Bolsonaro.

O revogaço continuou ao longo da semana com a exoneração de mais de oito mil ocupantes de cargos comissionados – entre civis e militares – em ministérios e demais setores da administração direta.

Ao mesmo tempo, a maioria dos novos ministros tomou posse em cerimônias super concorridas.

A recordista de público foi Marina Silva, que assumiu a pasta do Meio Ambiente, mas os novos titulares dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, da Cultura, Margareth Menezes, do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, igualmente entusiasmaram os presentes com suas falas.

Brasília voltou a respirar esperança, mesmo que as condições para o início do novo governo tenham sido das piores.

Os acampamentos golpistas em frente aos quartéis em diversas cidades brasileiras continuam lá. O acampamento em frente ao “Forte Apache”, na capital federal, é o maior e o mais truculento deles.

Na véspera da posse, o número de seus integrantes chegou a aumentar. Na sexta-feira, a Asa Norte, única região de Brasília onde Lula venceu as eleições, foi palco de uma motociata, para indignação dos moradores locais.

Os bolsonaristas deram um aviso de que não se sentem derrotados e que permanecem defendendo a intervenção militar, outro nome para ditadura.

Na realidade paralela em que vivem, Lula não tomou posse e quem está governando o Brasil é o general Heleno, com Bolsonaro devendo voltar em breve.

Loucura à parte, essas pessoas usam como elementos para justificar tal visão, Bolsonaro não ter passado a faixa presidencial para Lula e Lula não ter despachado do Palácio do Planalto nesses primeiros dias.

Como se sabe, Bolsonaro deixou o país dois dias antes da posse de Lula. Sua ida para os Estados Unidos, ao que tudo indica, teve como motivo o medo de ser preso preventivamente tão logo deixasse o cargo.

Ele está em Miami, na casa de um ex-lutador de MMA e não há prazo para sua volta, se é que retornará ao Brasil.

Não faltam rumores de que esta casa também pertence a Bolsonaro, com o ex-lutador sendo apenas um laranja. Seus planos no momento se direcionam mais para a Itália, onde gostaria de fixar residência.

A não transmissão da faixa por Bolsonaro foi considerada excelente pela equipe de Lula. Sua presença na cerimônia sem dúvida tiraria o brilho e a beleza que alcançou.

A entrega da faixa presidencial a Lula por uma mulher negra e catadora de materiais recicláveis foi um dos pontos altos da cerimônia.

O outro foi a subida da rampa, com Lula sendo acompanhado por representantes do povo brasileiro e também pela cachorrinha Resistência, mascote na vigília de 580 dias, quando o então ex-presidente esteve preso em Curitiba.

Como todo ser minúsculo, Bolsonaro procurou criar tumulto até o último momento no poder. Tanto que deixou os palácios do Planalto e da Alvorada, respectivamente, locais de trabalho e residência do presidente da República, detonados.

Além de todas as portas trancadas e sem as chaves, goteiras tomaram conta de muitos destes espaços, o mesmo podendo ser dito da má conservação e sujeira de móveis, paredes e pisos.

Até obras de arte, como a famosa pintura dos Orixás, de Djanira, foram encontrados com furos e jogados no porão.

Não cuidar da conservação de bens tombados e públicos é mais um crime pelo qual o pior presidente da história do Brasil terá também que responder.

Por isso, só na quinta-feira Lula pode começar a despachar do Palácio do Planalto. Já sua mudança e a de Janja para o Alvorada ainda não tem data definida.

Esta é também a razão pela qual a primeira reunião com todo o ministério acabou acontecendo só na sexta-feira.

Se não bastassem os bolsonaristas armando confusão neste início de governo, o tal do “mercado” e a mídia corporativa também deram sua parcela para tumultuarem a vida do novo governo.

O tal do “mercado” – leia-se os super ricos – apavorou diante da determinação do novo governo em estabelecer um preço brasileiro para os combustíveis, acabando com a submissão imposta pelos golpistas à Petrobras.

O mercado reagiu mal a este anúncio, da mesma forma que reage mal a tudo que signifique melhoria para o povo brasileiro.

A midia corporativa, controlada que é por tais interesses, ecoou esse tipo de crítica, a ponto de poder ser dito que menos de 48 horas após a posse, Lula já enfrentava uma nova guerra da mídia contra ele.

Alguns podem dizer que não é bem assim, que o Grupo Globo anda até simpático ao novo governo. Record, SBT e Band, idem.

Gato escaldado que é, Lula sabe como estas simpatias são volúveis. Mais ainda: elas podem esconder apenas um álibi do tipo “apoiamos o que é bom e criticamos o ruim”.

Exatamente por isso, Lula tem tentado cortar o mal pela raiz.

Foi o que fez na primeira reunião ministerial, ao deixar

claro o que espera dos seus auxiliares diretos, do apoio que dará a cada um, mas também como agirá no caso de erros e ações inadequadas. Detalhe: a mídia já começava a explorar contradições nos discursos de posse de alguns ministros.

Esses primeiros ataques da mídia e do “mercado” devem ter servido para que Lula tivesse mais clareza ainda sobre o papel e a importância da comunicação neste terceiro governo.

Cuidadoso como sempre, ele está tomando as primeiras medidas como alguém que manobra um transatlântico encalhado. Primeiro é preciso colocá-lo em movimento e depois alterar o rumo com suavidade até que volte ao curso normal.

Tanto que vai aguardar 28 de janeiro para realizar a primeira reunião com todos os governadores. Até lá, os ministros terão tempo suficiente para estabelecerem prioridades de suas pastas e poderem conversar com os governadores sobre as prioridades de cada estado.

Nos quatro anos em que esteve na presidência, Bolsonaro nunca fez nada semelhante. Ao contrário. Sempre tratou governadores e prefeitos da pior forma possível.

O mesmo pode ser dito em relação ao Congresso Nacional, onde substituiu o diálogo e a articulação política pela compra de votos via Orçamento Secreto.

Certamente por isso, Lula, no discurso que fez na abertura da primeira reunião ministerial, foi enfático ao frisar o caráter político do seu ministério, ao mesmo tempo em que colocou como uma espécie de determinação para todos os seus integrantes, o diálogo com a Câmara dos Deputados e o Senado.

Se em termos de política interna, Lula já mudou o rumo das coisas, suas determinações em termos de política externa também se fazem sentir.

O Brasil voltou a ter importância no mundo.

No dia da posse, ao lado da bandeira nacional, em frente ao Palácio do Planalto, também tremulava a bandeira do Mercosur (assim mesmo, escrito em espanhol).

O Mercosul é um tratado fundamental para o Brasil e foi o primeiro a ser hostilizado por Bolsonaro.

O Itamaraty já deu início aos trabalhos de reabertura de representações diplomáticas do Brasil na África e retomou relações plenas com a Venezuela, outra briga estúpida comprada por Bolsonaro.

Em 24 de janeiro, Lula participará de reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), em Buenos Aires. Será a primeira viagem internacional dele.

Na sequência, nos próximos meses, deverá ir aos Estados Unidos e à China, deixando claro que está de volta a política externa ativa e soberana.

A propósito, na quinta-feira, o ex-chanceler Celso Amorim foi nomeado chefe da assessoria especial do presidente, com gabinete no Palácio do Planalto.

Outra pessoa que terá gabinete no Planalto é a primeira-dama, Janja, que, para desespero dos machistas, golpistas e fofoqueiros de plantão, promete ter um importante papel ao lado de Lula.

Assim, este terceiro governo começa bem. O que não significa que a herança maldita dos golpistas esteja superada.

Daí ser fundamental para a governabilidade, que os setores progressistas continuem mobilizados.

Foi graças a esta mobilização que o golpe foi derrotado, Lula venceu as eleições, tomou posse e está governando.

Essa é a lição maior destes seis anos de lutas da população brasileira em defesa da democracia.

Uma lição que jamais poderá ser esquecida.

P. S. Quem sabe dizer o nome de três dos novos secretários de Zema? Ao contrário da posse de Lula, a dos novos governadores parece nem ter acontecido.

Zema, que dá início a um novo mandato à frente do governo de Minas, deve estar com as barbas de molho. Seu desafeto, Alexandre da Silveira, é o único ministro de Minas Gerais no primeiro escalão de Lula.

Silveira ocupa uma pasta fundamental, a de Minas e Energia. Para um Zema que pretendia privatizar tudo – Cemig, Copasa, Codemig – o vento mudou totalmente de direção.

*Ângela Carrato é jornalista e professora do Departamento de Comunicação Social da UFMG.

*Viomundo

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O trono do porco

O poder imbatível de Bolsonaro de produzir sujeira que assustou o país. Sujeira revelada por Janja e mostrada pela jornalista da GloboNews, Natuza Neri.

Claro, isso ainda vai render muito. A falta de cuidado exposta pela matéria é de quem levantou a tampa de um vazo entupido e o odor intenso que de lá emanou.

Foi uma forma diferente, porém prática de mostrar a residência oficial, o Palácio da Alvorada, antes da mudança casal, Lula e Janja.

É como dizer, saibam como encontramos esse Palácio.

Como se vê nessa cadeira abaixo, que Bolsonaro utilizava, nem ele, nem Michelle, tiveram o cuidado de remover as manchas da cadeira emporcalhada por Bolsonaro.

Na cadeira, vê-se um tecido imundo causado pela falta de asseio de um presidente da República.

A primeira pergunta a ser feita é, como esse porco algum dia se preocuparia com o meio ambiente do país? Como um sujeito desse cuidaria da Amazônia se o seu próprio assento, Bolsonaro borrava sem a menor preocupação ou cuidado com sua higiene?

Pelo jeito, seu manuseio com as peças que pertencem ao Palácio da Alvorada era pior que o asseio dos animais, destruindo até as características físicas dos móveis, tal o nível de imundície que o casal produziu.

Isso dá a exata noção do tipo de gente porca que comandou o país nos últimos quatro anos, e que se achava o dono do Brasil.

Confira:

https://twitter.com/choquei/status/1611482599469502464?s=20&t=FWtU57yD7EaVNn_nexVNnA

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Destruição do Palácio do Alvorada é o retrato do ódio fascista à vida, cultura, arte e civilização

Janja Lula da Silva, esposa do presidente Lula, revelou o estado desolador em que a escória fascista-miliciana deixou o Palácio do Alvorada, a residência oficial da Presidência do Brasil.

Um dos mais importantes monumentos projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer, o Alvorada faz parte do patrimônio histórico e artístico nacional e integra o conjunto de obras que alçaram Brasília à condição de patrimônio da humanidade pela UNESCO.

Em entrevista concedida a Natuza Nery, da Globo News, se é possível ver o retrato fiel do significado da destruição fascista – [link do vídeo da entrevista-reportagem].

O inventário final ainda está por ser elaborado pelo governo, mas o que foi encontrado é estarrecedor.

Existem partes do piso de jacarandá apodrecidas, infiltrações de água de chuva no teto, vidros de janelas rachados, móveis antigos com lascas na madeira, poltronas rasgadas, tapetes esburacados e sem reparo.

A obra “Músicos”, de Di Cavalcanti, concebida especialmente para integrar a arte com a arquitetura da “capital modernista” do país, foi danificada, está com partes desbotadas. Isso ocorreu devido à remoção da Biblioteca do Palácio, seu local original, para ser instalada em sala inadequada, onde padeceu da incidência direta de sol.

Imagem sacra do século XIX foi encontrada abandonada no chão. Móveis, utensílios, objetos e obras de arte foram tratados com desprezo e descuido, e precisarão ser recuperados e restaurados.

Ambientes cerimoniais e de estar do Alvorada, amplos e espaçosos, foram encontrados vazios, ou com poucos móveis; ou, ainda, com móveis inadequados.

Parte significativa do mobiliário original do Palácio, que pertence ao patrimônio da União e foi projetado especificamente para o local, está desaparecido, e não foram encontrados registros do destino das peças sumidas.

Árvores nativas do Brasil, plantadas por Lula e e Dona Marisa, foram simplesmente derrubadas.

Não se trata apenas de descuido, desatenção, desleixo, abandono, ignorância ou relaxamento em relação a este importante edifício histórico-artístico-cultural do povo brasileiro. A dilapidação constatada mostra que o Alvorada foi mais uma vítima do ódio e da destruição fascista.

O estado desolador em que o Palácio do Alvorada foi deixado é o retrato fiel do ódio à arte, do ódio à história, do ódio à beleza, à Ilustração, à laicidade; do ódio à cultura, à espiritualidade, à religiosidade, à criatividade; do ódio à República.

A destruição do Alvorada é, enfim, um monumento do ódio fascista à vida, à democracia, à civilização.

O estado em que o Alvorada foi encontrado é um inventário da barbárie intelectual e da miséria humana que conforma a cosmovisão da escória fascista. É um inventário da ameaça aterrorizante do risco de avanço fascista que Lula nos livrou.

*Do blog do Jeferson Miola

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Monark, o último idiota do pacote

O colunismo bolsonarista está em liquidação. A queima de estoque de burrice para imbecis está animada. Todos os vagabas da era do vagabundo mor, estão em estado avançado de decomposição a caminho de algum lixão.

Alguns não entenderam o momento, mas entenderão. Monark é um deles, que não percebeu que a era dos likes e das audiências forjadas pelo sistema patrocinado por Bolsonaro ou empresários bolsonaristas, acabou.

Figuras como Augusto Nunes, Fiuza e outros excrementos, já agonizam na erraticidade digital. Foram substituídos por uma nova agenda em que a capa da nova ordem é saúde e não política genocida de promover a contaminação pela covid, menos ainda a política armamentista. É moradia popular e erradicação da fome e não segregação dos pobres, como foi durante os quatro anos de Bolsonaro.

Os tais institutos conservadores, que prometiam escandalizar com uma mudança de paradigma, reduziu seus voos e enfrenta o cipó aroeira da nova realidade .

Os moleques da Jovem Pan, ou vão em cana ou serão evaporados. Ou seja, o bolsonarismo está na beira do barranco, faltando somente um sopro para não sobrar nada dessas celebridades fascistas, como Monark, que chegaram de improviso nas redes pelo assovio da besta fera do Planalto e, assim, conseguir uma legião de diabos que davam audiência a Monark e uma falsa ideia de popularidade de Bolsonaro.

Muita gente, além da Jovem Pan, chupou o pescoço da Secom para armar uma nova cena de debate político que, hoje, além de não ter o menor fundamento, tem produzido vítimas de suas próprias armações, como é o caso de Allan dos Santos,  do programa Terça Livre, que passou esse tempo todo bancando uma pedra limosa, mas que agora terá que encarar a Interpol e, consequentemente, a cadeia, após o pedido feito aos EUA pelo ministro da Justiça Flávio Dino.

É bestial achar que Monark continuará se divertindo com frases idiotas para um público de imbecis. A carapuça, que coube em todos os que se serviram de grande volume de verbas federais, já chegou em sua cabeça e, por consequência, a seu bolso e a sua audiência, que será cada dia menor, como qualquer falsa celebridade falida.

A conferir.

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Pérolas a porcos

A imundície do Palácio da Alvorada, revelada na GloboNews por Natuza Neri, expôs muito mais do que a sujeira do último morador, o casal Bolsonaro. A indicação de que um cilindro de oxigênio encontrado no quarto do casal, usado como prevenção, no caso de covid, quando milhares de brasileiros morreram por asfixia, fora o capítulo macabro quando faltaram cilindros de oxigênio em Manaus, que desembocou numa chacina premeditada, choca ainda mais.

Aqui, não falamos de uma coleção de detalhes minúsculos, o catálogo com indicação de que ali no Alvorada, que é um patrimônio arquitetônico do país, criado por Niemeyer, onde morava um casal de porcos, é a própria transcrição do conteúdo do governo Bolsonaro, o que remete a todos a busca por toda a sujeira jogada para debaixo do tapete como uma infinita lista de ações, certamente criminosas, em que Bolsonaro impôs 100 anos de sigilo.

Bolsonaro e Michelle transformaram o Palácio da Alvorada numa fábrica de lixo, um chiqueirão. A convidada, Natuza Neri, fez uma espécie de inventário visual e apresentou nos programas da GloboNews com a descrição analítica e com informações disponíveis, para surpresa de todos.

Queira ou não, a casa do casal presidencial é o apêndice do governo. E os restos mortais de uma rotina imunda foram vistos por milhões de brasileiros. Portanto, estão cientes do tipo de gente que marcou a administração brasileira nos últimos quatro anos na base da sujeira.

Nós só vimos a capa, a relação de trabalho sobre os conteúdos daquilo que Bolsonaro impôs sigilo, indica que o Alvorada foi somente a capa da podridão desse governo que se foi.

O que é mais emblemático é que o porco fez sua última refeição no Alvorada comendo porco, um pernil de 14kg, provavelmente para mostrar a intensidade dramática que esse país viveu nos últimos quatro anos, no quanto os brasileiros sofreram nas mãos de um facínora, que tem todas as características de um psicopata, deixando o país à deriva, assim como o próprio estado da casa que ocupou, ensebada, podre, putrefata.

Isso deixa evidente que esse país simplesmente viveu um processo literalmente de desgoverno, de dilapidação e, sobretudo, de desmonte das instituições.

Bolsonaro fez dos palácios, do Planalto e Alvorada, acampamento de parasitas. Um fazendo contracanto com o outro, dialogando com os instrumentos mais perversos e baixos que fundamentaram essa gestão que, enfim, acabou.

Na verdade, Janja não deixa lacunas, e certamente servirá de exemplo para um conjunto de ações idênticas que escancararão a maneira imunda com que Bolsonaro utilizou a cadeira da presidência da República em diferentes ministérios e em diferentes espaços institucionais, resultante de um pensamento antinacional que desembocou numa inacreditável forma de destruição do país.

O que se espera, daqui por diante, é uma ilimitada busca por todo tipo de sujeira, ainda desconhecida, do governo Bolsonaro, e que venha à luz com a mesma clareza com que Janja revelou a imundície do Palácio da Alvorada para a jornalista Natuza Neri, da GloboNews.

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Declaração de Tebet sobre mulheres negras desceu mal

Nem todas são chefes de família impossibilitadas de assumir posições fora das cidades de origem.

Flávia Oliveira, O Globo – No domingo em que a vitória da democracia se consumou, corações e mentes, Brasil afora, se emocionaram com o par de cenas de reconhecimento da existência de indivíduos e grupos sociais habitualmente desapercebidos — no sentido de desassistidos mesmo. Como o antecessor voou para os EUA, Luiz Inácio Lula da Silva subiu a rampa do Palácio do Planalto acompanhado de oito representantes do povo, entre os quais o cacique Raoni, Francisco, o menino negro campeão de natação, e Aline Sousa. A essa mulher negra, mãe de sete filhos, terceira geração de catadoras de material reciclável, coube pôr a faixa presidencial em quem saiu vencedor das urnas em outubro. Foi a imagem marcante da transição de poder.

Pela via da oralidade, coube ao professor, jurista e filósofo Silvio Almeida enfileirar o cordão de brasileiros excluídos da compaixão e das políticas públicas do governo que chegou ao fim no último dia de 2022. Trabalhadoras e trabalhadores, mulheres, pretas e pretos, povos indígenas, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, intersexo e não binárias, pessoas em situação de rua, com deficiência e idosas, anistiados, vítimas da violência e da fome, da falta de moradia e acesso à saúde, empregadas domésticas, todos e todas que têm direitos violados foram citados, um a um, pelo recém-empossado ministro dos Direitos Humanos e Cidadania:

A foto do presidente e as palavras do ministro espalharam-se feito rastilho de pólvora em veículos de imprensa, redes sociais e discursos dos novos inquilinos da Esplanada dos Ministérios. Foram muitos a apontar a beleza na diversidade escancarada com Lula no Planalto. Outros tantos, olhos marejados, perceberam a força das palavras de Silvio Almeida. Imagens fortes e falas potentes impregnam momentos históricos de significados. Mas são os atos que transformam.

Não é razoável exaltar cenas e discursos num dia e, no momento seguinte, deixar a roda da desigualdade girar pela velha inércia. O presidente da República, ainda que não tenha se comprometido com paridade de gênero e raça na distribuição de cargos do governo, foi sensível a cobranças da sociedade e apresentou ao país o mais diverso gabinete já visto. Das 37 pastas, 11 são comandadas por mulheres; dez ministros se autodeclaram pretos ou pardos; dois, indígenas (Sonia Guajajara, dos Povos Originários, e Wellington Dias, do Desenvolvimento Social).

Mais de uma vez, Lula recomendou que o time formasse equipes diversas em gênero, raça e posicionamento político-ideológico. Nem sempre foi atendido. Há críticas ao perfil masculino e branco predominante na equipe de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e de Aloizio Mercadante, que assumirá a presidência do BNDES. Anteontem, foi a vez de Simone Tebet mencionar publicamente a (suposta) dificuldade de encontrar mulheres negras para compor a equipe do Planejamento.

— Quero não só ter mulheres, mas mulheres pretas. E a gente sabe, lamentavelmente, que mulheres pretas normalmente são arrimo de família. Trazer de fora de Brasília é muito difícil — desabafou a jornalistas.

Terceira mais votada na corrida presidencial de 2022, com propostas relacionadas à igualdade salarial e a políticas de inclusão socioeconômica de mulheres, a declaração de Simone Tebet desceu mal. Primeiro, porque confina profissionais negras ao estereótipo de mulheres vulneráveis e reféns das atribuições domésticas e familiares. Nem todas as mulheres negras são chefes de família impossibilitadas de assumir posições fora das cidades de origem; há, inclusive, as que vivem em Brasília.

A remuneração insuficiente tampouco é problema sem solução. Inúmeros profissionais do setor privado que assumem posições na capital federal têm rendimento complementado por posições em conselhos de administração. São funções que, além de multiplicar salários, ampliam a rede de relacionamento e, assim, os habilitam a postos ainda mais altos.

Em atenção a Simone Tebet, o grupo Elas no Orçamento, que reúne quase três centenas de mulheres aptas a posições de alto nível no setor público, preparou uma lista de servidoras negras que podem integrar a equipe do Planejamento. Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, levou à colega, além do documento, sugestões para incluir pessoas negras tanto nos cargos quanto nos programas de investimentos públicos. Uma ideia é elaborar um banco de profissionais diversos em gênero e raça acessível a ministros e secretários.

Quem se compromete verdadeiramente com políticas de diversidade deve saber que, para se tornarem realidade, elas exigem engenharia e boa vontade. O primeiro passo é o compromisso do líder. Na sequência, o arcabouço de medidas para identificar, atrair, integrar, valorizar e manter os profissionais admitidos. Não é inclusivo o gestor que, à primeira dificuldade, abre mão da empreitada e responsabiliza pelo fracasso quem deveria ser brindado com a oportunidade. Pior que isso só os que ignoram a modernidade que deveriam representar.

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Quando falta inspiração na mídia nacional

Lula chegou chegando, voando baixo e, em três dias de governo real, presencial e funcional, produziu para o país infinitamente mais do que o presidente vagabundo durante quatro anos e que recentemente fugiu para os EUA.

Sem inspiração e embocadura para lidar com essa nova realidade, O Globo parece fazer uma observação importante que não tem qualquer importância para a sociedade brasileira, dizendo que os ministros de Bolsonaro eram mais populares nas redes do que os do governo Lula.

Sim, a observação do escriba dos Marinho é patética, mas é inacreditavelmente verdade. A falta de inspiração é o principal ativo da mediocridade jornalística. Então, a grande mídia faz uso geral daquilo que se pode chamar de semi-informação ou informação sem conteúdo, para ser mais explícito.

O que há em observações patéticas como essa, é uma imprudência com determinados filtros para que pautas bobocas não virem notícia, o que parece ser o caso aqui.

É a chamada queima de carvão inútil, tornando-se apenas fumaça e poluindo o já poluído ambiente editorial do jornalão.

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O cacareco que sobrou do bolsonarismo

Sim, esse traste é a última bugiganga que sobrou do suposto bolsonarismo.

Esse bagulho chamado Augusto Heleno, foi o último caco que apareceu nessa futricada conspiratória que os bolsonaristas criaram. Nela, Heleno aparece como o real presidente da República.

Isso mesmo, esse troço se transformou num amuleto que serve de última cangalha dos debiloides verde e amarelo.

A cena que eles criaram com objetivos de gente maluca, é que essa joça tinha se apossado do Palácio do Planalto, ao estilo fantasma da ópera.

Não que Heleno não pertença ao mundo das almas penadas, mas convenhamos, não tinha outra porcaria qualquer que servisse de escapulário para essa gente que se diz conservadora, patriota e um monte de melequeira piegas para ter como guia? Na verdade, esse tareco foi o assessor de Bolsonaro que mais disse besteiras em quatro anos.

Dizem por aí que o pulha, que comandava o GSI, era um irrequieto criador de farsas e fake news voltados às tias do zap.

Seja como for, se a direita no Brasil nunca foi sinônimo de ideologia, pensamento, doutrina ou coisa que o valha, funcionando sempre na base de interesses momentâneos das classes dominantes, o bolsonarismo, que é um balaio de gato, é que não tem estrutura para dar um passo a mais depois que o covardão caiu no mundo, fugido da justiça brasileira.

Por isso jamais comparem o que aconteceu na última eleição com a realidade política brasileira, repetindo que o Brasil está rachado. Os votos de Bolsonaro foram quase todos comprados, seja com o Auxílio Brasil, mas sobretudo, de forma muito mais acintosa, covarde e corrupta, que foi com o orçamento secreto.

O resto do bolsonarismo é a bagunça, o chiqueiro que esse bando produziu emporcalhando a Granja do Torto, o Palácio da Alvorada e o Palácio do Planalto.

Trocando em miúdos, a duração do bolsonarismo no Brasil foi até a fuga do vigarista maior. O que sobrou foi esse lixo em avançada decomposição.

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Julian Rodrigues: É hora de arregaçar as mangas com Lula e trabalhar muito para o terceiro governo ser mais à esquerda

Já começou o melhor da governo da história

O terceiro mandato de Lula tem tudo para ser o mais progressista, inovador e popular desde sempre no Brasil

Por Julian Rodrigues*

Não, o título acima não é fruto de ingenuidade ou excesso de otimismo.

As pouquíssimas pessoinhas que acompanham meus artiguetes sabem que – nem de longe – sou petista bobalhão ou lulista acrítico.

Ocorre que em muitas situações o saudável pessimismo da razão – ferramenta imprescindível para qualquer militante de esquerda – acaba por obnubilar em demasia nossa leitura.

E subestimamos o tamanho da vitória que foi eleger Lula ou até mesmo a beleza dessa alameda aberta diante de nós agora.

Não foi trivial a vitória que o povo brasileiro impôs ao neofascismo. Em que outro país houve uma reviravolta tão rápida?

Os hermanos argentinos se livraram de Macri, é verdade. Pero, o ex-presidente do Boca Juniors não era propriamente um neofaxo – talvez poderia ser melhor classificado como neoliberal quase de extrema-direita. Mas não prosperou.

Argentina é outra história. O PT é o maior partido do Brasil. Desde as primeiras eleições diretas pós-ditadura (em 1989) venceu ou ficou em segundo lugar em todas disputas presidenciais. E o senhor Luiz Inácio é simplesmente o maior líder popular (reformista, sim) de nossa história.

A “vida e obra” do Lulão serão referência por décadas – objeto de pesquisas, estudos, admiração e controvérsias.

O PT continuará forte e enraizado mesmo no pós-lula (talvez um pouco menos transformador).

O lulismo será uma força política reivindicada e disputada desde segmentos da direita à esquerda de todos matizes.

Uma espécie de peronismo à brasileira. Quem viver verá. O terceiro governo do ex-operário é resultado de uma vitória extraordinária. Bem improvável. Superamos o golpe de 2016 mais a prisão arbitrária de Lula.

Parece roteiro de ficção, – inclusive na perfeição do desenho do arco narrativo do herói. O sujeito vem de baixo, vence, vire presidente. Depois cai em desgraça, e é preso. Sai da cadeia inesperadamente.

Redimido, derrota o vilão fascista e se torna presidente de novo. Redenção gloriosa, tipo epopeia clássica. Não será fácil.

Em 2003 Lula assumiu em um cenário difícil, pós avalanche neoliberal, com um Estado mais fraco.

Olhando em retrospecto dá para brincar, sim: saudades de FHC. Não havia ameaças à democracia.

Suceder um governo liberal democrático, aprendemos agora, é totalmente diferente de assumir um país devastado pelo neofascismo ultraliberaloide.

Basta comparar um elegante intelectual banqueiro como Pedro Malan a um trombadinha fanfarrão especulador como Paulo Guedes.

Antes que algum apressadinho venha me rotular como petista-amigo-de-tucano,reitero: o PSDB abriu as portas para o bolsonarismo e fez em São Paulo e no Brasil, governos elitistas e antipopulares.

Todavia, é preciso colocar as coisas em perspectiva histórica.

O advento do bolsonarismo reconfigurou os parâmetros da política brasileira. Em comparação com o neofascismo, nosso velho malufismo vira um quase simpático direitismo demagógico.

O centrão se torna mera representação moderada, até razoável e bem pragmática das velhas oligarquias (sustentam o sistema político).

Os neoliberais, um bando de yuppies liberais-democratas a fim de ganhar muito dinheiro, diminuir o Estado, brilhar na mídia e na academia.

Lula sabe disso tudo.

Construiu uma candidatura popular – ao mesmo tempo radicalmente antineoliberal e antineofascista – mas com amplitude que lhe permitiu obter apoio de amplos setores liberais insatisfeitos com o bolsonarismo.

Reparem: Lula não girou o programa à direita. Mas, com Alckmin vice sinalizou para segmentos que queriam derrotar o bolsonarismo mas historicamente são adversários da esquerda.

Coisa de gênio, vamos combinar (falo isso na condição de quem criticou a indicação de Geraldo como vice).

Nossa tarefa é lutar e ajudar esse governo a ser mais “esquerdista” possível.

Repito: é um privilégio ter Lulão para nos salvar do neofascismo. Mas o Brasil precisa de muito mais que o “reformismo moderado”.

Temos que defender muito e empurrar para esquerda esse nosso terceiro governo.

Haddad no lugar de Guedes.

Aniele Franco, Silvio Almeida, Sonia Guajajara e Cida Gonçalves substituindo Damares.

Que tal Margareth Menezes ao invés de Mário Frias ou Regina Duarte? É tudo antagônico.

Não é exagero falar em um governo do bem e das luzes que vem suceder um regime do mal, das trevas.

Lembrei-me de um episódio clássico do seriado He-Man (a turma que foi criança ou adolescente nos anos 1980 vai gostar).

Foi quando o planeta Etérnia, transformou-se num lugar sombrio, amaldiçoado. Foi quando o pequeno Gorpo – feiticeirinho atrapalhado – e sua namorada Driele cantam juntos a letra de uma antiga canção:

“ o bem vence o mal/ espanta o temporal/o azul, o amarelo/tudo é muito belo /o bem vence o mal/ o fraco fica forte/e vence até a morte/ isso é o que ele faz”.

Quem esperava e exigia um Lulinha light está bem nervosinho até agora.

Aquele ente antropomórfico que se angustia, sofre, chora, fica alegre ou se enerva, o tal “mercado” anda meio estressado.

(Meu sonho era um dia descobrir quem é mesmo o big boss, oráculo, porta-voz, representante, assessor de imprensa, chefe, intérprete, verdadeiro deus encarnado, o tal mercado – a criança mais mimadinha do mundo)

O paradoxo: Lula herda terra arrasada em uma conjuntura internacional de crise, todavia é um líder gigante e um gestor muito mais experiente.

Resumindo: foi uma baita vitória; a desfascistização é um processo demorado e complexo; a crise econômica está aí; recebemos um país destroçado, com 20% de extremistas de direita; a oposição será implacável.

Mas, nós temos a força dos movimentos sociais, da juventude, das mulheres, dos lutadores e lutadoras do povo, das universidades, das pobres, dos pretos, dos LGBT, de toda gente de boa vontade.

Saímos do inferno. Agora é trabalhar. Vamos arregaçar as mangas com Lulão porque quem fica parado é poste.

*Julian Rodrigues, professor e jornalista, doutorando em América Latina. É ativista LGBTI e de Direitos Humanos/Viomundo

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Opinião

É preciso apurar melhor a pressão de Moro sobre o porteiro do Vivendas da Barra

Um dos casos mais escabrosos do governo Bolsonaro deu-se com o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde Bolsonaro e Carlos têm casas.

Quando o porteiro Alberto Jorge Ferreira Mateus havia dito ao Ministério Público do RJ, que o ex-PM, Élcio de Queiroz, preso sob suspeita de participar do assassinato de Marielle Franco, foi ao condomínio no dia do crime e informou à portaria que iria até a casa do então deputado, Jair Bolsonaro.

Mateus, em seu depoimento à Polícia Civil, disse que quem deu a autorização para entrada do criminoso, foi Seu Jair, da casa 58.

Depois da pressão de Sergio Moro, considerada interferência na Polícia Judiciária por Miguel Realle Junior, ex-ministro da Justiça, pressionando o porteiro via Justiça Federal para constrangê-lo e causar-lhe temor, esse caso sumiu dos noticiários sem que ninguém entendesse ou tivesse acesso a todo o interrogatório que fez com que o porteiro do Vivendas recuasse e mudasse sua versão.

Ou seja, mais federalizado o caso, impossível.

Aliás, o atual ministro da Justiça, Flavio Dino, que prometeu elucidar o caso Marielle, tem também, entre outros, esse caminho para uma investigação minuciosa e colocar a sociedade a par do que de fato aconteceu com a ingerência de Moro, a mando de Bolsonaro, no depoimento do porteiro, atropelando a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro.

Detalhe, Moro nunca mais tocou nesse assunto, Bolsonaro, idem. E nunca mais se ouvir falar no porteiro.

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