O marido da deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP), o médico Daniel França, afirmou neste domingo (25/7), que “ronca muito” e por isso não ouviu nada durante o episódio que resultou nas lesões da parlamentar. Ele negou que tenha agredido a esposa: “Jamais”.
“Eu nunca agredi ninguém, em nenhum momento da minha vida. Eu jamais faria isso. É por essa razão que, tudo que eu puder fazer para comprovar o contrário, estou fazendo. Me coloquei à disposição de todos, justamente por isso”, disse em entrevista à imprensa no apartamento funcional de Joice.
Daniel afirmou que dorme em um quarto separado, justamente porque ronca, e não gosta de atrapalhar o sono de Joice. Ele citou duas hipóteses que acredita ter acontecido: “Ela pode ter sido agredida ou, eventualmente, teve uma queda, batendo contra algum obstáculo”.
Ele afirmou ainda que não sabe se vai processar alguém por causa das acusações nas redes sociais, mas Joice garantiu que vai “processar de um por um”:
“Eu vou processar todos que estão acusando meu marido e fazendo ilações. Mulheres extremistas que têm incitado o crime de feminicídio. Eu vou processar a Fontenelle. Eu vou denunciar essa gente que comete crime de violência. Eu vou levar cada um até a última instância”, finalizou.
Na última quinta-feira (25/7), a parlamentar relatou que se recupera de cinco fraturas no rosto e uma na costela, além de alguns cortes pelo corpo, depois de ter supostamente sofrido um ataque em casa. Ela afirma ter sido vítima de violência enquanto estava em sua própria casa.
Joice suspeita que uma terceira pessoa tenha entrado no apartamento, onde ela estava com o marido, e cometido as agressões contra ela.
Sem lembranças
A deputada disse que estava assistindo a uma série em sua cama, no apartamento funcional que usa em Brasília, na noite do último sábado (17/7), quando “apagou” e só acordou 7 horas depois, sobre uma poça de sangue, sem se lembrar do que tinha acontecido.
Ao Metrópoles, Joice reafirmou que acredita ter sofrido violência por razões políticas e que possui dois suspeitos da ação.
Escalado pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) responde a cinco investigações derivadas da Lava Jato. Duas delas são sigilosas e ainda não tinham vindo à tona, conforme revela neste domingo (25) o jornal O Globo.
Em um dos casos até então desconhecidos, o senador é investigado pela suspeita de ter recebido pagamentos da OAS em troca de apoio a uma medida provisória no Senado. No outro, os investigadores apuram se Ciro exerceu influência na liberação de um financiamento para a Engevix na Caixa Econômica Federal.
De acordo com a reportagem de Aguirre Talento e Mariana Muniz, Ciro Nogueira já foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República duas vezes: em um caso é acusado de receber propina de R$ 7,3 milhões da Odebrecht em troca de apoio no Congresso; em outro, é suspeito de obstruir investigações ao atuar para mudar depoimento de um ex-assessor do PP que colaborava com a Justiça.
As duas denúncias ainda não foram analisadas pelos ministros do Supremo. Ainda há um quinto inquérito contra o senador piauiense, no qual ele é investigado pelo recebimento de propina do grupo J&F para comprar apoio do PP à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff.
Presidente do PP e um dos principais líderes do Centrão, Ciro assumirá a Casa Civil com a responsabilidade de manter o apoio da base governista no Congresso, formada por partidos de direita e centro-direita.
O advogado Antonio Carlos de Castro, o Kakay, que defende Ciro, afirma que as investigações são fruto de um processo de “criminalização da política” patrocinada pela Operação Lava Jato. “Esta operação se notabilizou pela criminalização da política, numa tentativa- felizmente hoje desmascarada- do Ministério Público capturar a pauta do Legislativo. Hoje está evidenciado que o juiz/político da Lava Jato e os seus comandados do Ministério Público corromperam o sistema de justiça em prol de um projeto político”, afirmou o advogado por meio de nota à imprensa.
O jornal O Globo teve acesso a detalhes dos dois inquéritos até agora inéditos, que estão sob sigilo da Polícia Federal. Um deles, aberto em outubro e relatado pelo ministro Edson Fachin, apura se o então presidente da OAS Léo Pinheiro acertou com Ciro Nogueira o pagamento de R$ 1 milhão em 2014 por meio de doações oficiais em contrapartida ao apoio dado pelo parlamentar em uma medida provisória de 2013 que alterou a legislação tributária em relação a cobranças sobre empresas.
Em delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal, Léo Pinheiro confirmou que a cúpula da OAS mantinha uma relação próxima com Ciro Nogueira. A PF tomou um novo depoimento do colaborador em abril para saber mais detalhes do caso. Segundo o empreiteiro, quem intermediou as tratativas foi Eduardo Cunha, que estava à frente da negociação da medida provisória no Congresso.
“Houve o café da manhã na casa de Ciro Nogueira, no qual foi acertado o pagamento de R$ 1.000.000,00, que foram em duas parcelas de R$ 500.00,00 ao partido”, afirmou Pinheiro, em seu depoimento, para depois completar. “O depoente esclarece que a ordem era doar para o partido, porque ele havia proibido o caixa dois na empresa, pois já estava em curso a Lava Jato”, acrescentou.
O outro inquérito sigiloso envolvendo Ciro Nogueira foi aberto em abril de 2019 com base no acordo de delação premiada do dono da Engevix, José Antunes Sobrinho. De acordo com o relato de José Antunes, a Engevix tinha um financiamento de R$ 270 milhões para receber da Caixa, referente a obras no aeroporto de Brasília. Mas, mesmo após a inauguração do empreendimento, a empresa ainda não havia conseguido receber os valores do banco estatal.
A reportagem ressalta que, naquela época, a Caixa era comandada por Gilberto Occhi, aliado de Ciro Nogueira. Em seu relato, José Antunes conta que foi procurado por dois lobistas que se ofereceram para ajudar na liberação dos recursos em troca do pagamento de propina. Para destravar a operação, a empresa pagou R$ 500 mil para um escritório.
O empresário afirma que os lobistas “deixavam a entender que essa cobrança era do conhecimento do senador Ciro Nogueira e que este teria uma influência política sobre Gilberto Occhi”. “Os elementos colhidos revelam possível prática de crime por parte do senador Ciro Nogueira, que teria agido por intermédio de operadores conhecidos para receber vantagem indevida em troca de liberação de empréstimo junto à Caixa Econômica Federal”, afirma a PF ao pedir a prorrogação das investigações.
Em depoimento prestado à Polícia Federal, Occhi afirmou que manteve apenas contato “institucional” com Ciro Nogueira e disse não se recordar de sua atuação no financiamento da obra no aeroporto de Brasília.
Spyware israelense é vendido a regimes autoritários e usado para atingir ativistas, políticos e jornalistas, sugerem dados vazados.
Segundo reportagem do The Guardian, ativistas de direitos humanos, jornalistas e advogados em todo o mundo têm sido alvos de governos autoritários, usando software de hackeamento vendido pela empresa de vigilância israelense NSO Group, de acordo com uma investigação sobre um vazamento de dados de grandes proporções.
A investigação do Guardian, em conjunto com 16 outras organizações de mídia, sugere abuso generalizado e contínuo do spyware Pegasus, que a empresa NSO insiste ser destinado apenas para uso contra criminosos e terroristas.
Pegasus é um malware (vírus) que infecta iPhones e dispositivos Android para permitir que os operadores da ferramenta extraiam mensagens, fotos e e-mails, gravem chamadas e ativem microfones secretamente.
A lista vazada contém mais de 50.000 números de telefone que, acredita-se, foram identificados como de pessoas de interesse dos clientes da NSO desde 2016.
Forbidden Stories, uma organização de mídia sem fins lucrativos com sede em Paris, e a Anistia Internacional inicialmente tiveram acesso à lista vazada e compartilharam o acesso com parceiros de mídia como parte do consórcio de reportagem denominado Projeto Pegasus.
A presença de um número de telefone nos dados não revela se um dispositivo foi infectado com Pegasus ou apenas sujeito a uma tentativa de hackeamento. No entanto, o consórcio acredita que os dados são indicativos dos alvos potenciais dos governos clientes da NSO, identificados antes de possíveis tentativas de vigilância.
A análise forense de um pequeno número de telefones, que constam da relação, também mostrou que mais da metade tinha rastros do programa espião (spyware) Pegasus.
O Guardian e seus parceiros de mídia irão revelar a identidade das pessoas cujo número apareceu na lista nos próximos dias. Entre elas estão centenas de executivos de empresas, religiosos, acadêmicos, funcionários de ONGs, dirigentes sindicais e funcionários do governo, incluindo ministros, presidentes e primeiros-ministros.
A lista também contém o número de parentes próximos do governante de um país, sugerindo que o governante pode ter instruído suas agências de inteligência a explorar a possibilidade de monitorar seus próprios parentes.
As divulgações começam no domingo (18), com a revelação de que os números de mais de 180 jornalistas constam dos dados, entre repórteres, editores e executivos do Financial Times, CNN, New York Times, France 24, The Economist, Associated Press e Reuters.
O número de telefone de um repórter freelance mexicano, Cecilio Pineda Birto, foi encontrado na lista, aparentemente por interesse de um cliente mexicano nas semanas que antecederam seu assassinato, quando seus algozes conseguiram localizá-lo em um lava-jato. Seu telefone nunca foi encontrado, então nenhuma análise forense foi possível com vistas a estabelecer se ele estava infectado.
A NSO disse que mesmo que o telefone de Pineda tenha sido visado por algum cliente do Pegasus, isso não significa que os dados coletados de seu telefone contribuíram de alguma forma para sua morte, enfatizando que os assassinos poderiam ter descoberto sua localização por outros meios. Ele estava entre pelo menos 25 jornalistas mexicanos aparentemente selecionados, ao longo de um período de dois anos, como candidatos para serem vigiados.
Sem o exame forense dos dispositivos móveis, é impossível dizer se os telefones foram submetidos a uma tentativa ou efetivamente hackeados com sucesso usando Pegasus.
A NSO sempre sustentou que “não opera os sistemas que vende para clientes governamentais verificados e não tem acesso aos dados dos alvos de seus clientes”.
Em declarações emitidas por seus advogados, a NSO negou “falsas alegações” feitas sobre as atividades de seus clientes, mas disse que “continuaria a investigar todas as alegações confiáveis de uso indevido e tomaria as medidas cabíveis”. A empresa disse que a lista poderia não ser uma lista de números “visados por governos que usam Pegasus” e descreveu 50.000 como um número “exagerado”.
A empresa vende apenas para militares, policiais e agências de inteligência em 40 países, que não identificou, e diz que examina rigorosamente os registros de direitos humanos de seus clientes antes de permitir que usem suas ferramentas de espionagem.
O ministro da defesa israelense regula de perto a NSO, concedendo licenças de exportação individuais antes que sua tecnologia de vigilância possa ser vendida a um novo país.
No mês passado, a NSO divulgou um relatório de transparência no qual afirmava que sua abordagem em relação aos direitos humanos era líder no setor e publicou trechos de contratos com clientes estipulando que eles deveriam usar seus produtos apenas para investigações criminais e de segurança nacional.
Não há nada que sugira que os clientes da NSO também não tenham usado o Pegasus em investigações de terrorismo e crimes, e o consórcio também encontrou números nos dados pertencentes a suspeitos de crimes.
No entanto, a ampla gama de números na lista pertencente a pessoas que aparentemente não têm conexão com a criminalidade sugere que alguns clientes da NSO estão violando seus contratos com a empresa, espionando ativistas pró-democracia e jornalistas que investigam corrupção, bem como oponentes políticos e críticos do governo.
Essa tese é apoiada por análises forenses nos telefones de uma pequena amostra de jornalistas, ativistas de direitos humanos e advogados cujos números constavam da lista vazada. A pesquisa, conduzida pelo Laboratório de Segurança da Anistia, um parceiro técnico do Projeto Pegasus, encontrou rastros da atividade do Pegasus em 37 dos 67 telefones examinados.
A análise também revelou algumas correlações sequenciais entre a hora e a data em que um número foi inserido na lista e o início da atividade de Pegasus no dispositivo, o que em alguns casos ocorreu apenas alguns segundos depois.
A Anistia compartilhou seu trabalho forense em quatro iPhones com o Citizen Lab, um grupo de pesquisa da Universidade de Toronto especializado em estudar o Pegasus, que confirmou que eles apresentavam sinais de infecção por Pegasus. O Citizen Lab também conduziu uma revisão dos métodos forenses da Anistia e concluiu que eles eram sólidos.
A análise do consórcio dos dados vazados identificou pelo menos 10 governos considerados clientes da NSO que estavam inserindo números no sistema: Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, México, Marrocos, Ruanda, Arábia Saudita, Hungria, Índia e Emirados Árabes Unidos.
A análise dos dados sugere que o país cliente da NSO que selecionou a maioria dos números – mais de 15.000 – foi o México, onde se sabe que várias agências governamentais diferentes compraram o Pegasus. Tanto o Marrocos quanto os Emirados Árabes Unidos selecionaram mais de 10.000 números, de acordo com a análise sugerida.
Os números de telefone selecionados, possivelmente antes de um ataque de vigilância, abrangiam mais de 45 países em quatro continentes. Havia mais de 1.000 números em países europeus que, segundo a análise, foram selecionados por clientes da NSO.
A presença de um número nos dados não significa que houve uma tentativa de infectar o telefone. A NSO diz que havia outros propósitos possíveis para os números serem registrados na lista.
Ruanda, Marrocos, Índia e Hungria negaram ter usado o Pegasus para hackear os telefones dos indivíduos citados na lista. Os governos do Azerbaijão, Bahrein, Cazaquistão, Arábia Saudita, México, Emirados Árabes Unidos e Dubai não responderam aos convites para comentar.
O Projeto Pegasus provavelmente gerará debates sobre a vigilância do governo em vários países suspeitos de usar a tecnologia. A investigação sugere que o governo húngaro de Viktor Orbán parece ter implantado a tecnologia da NSO como parte de sua chamada guerra à mídia, visando jornalistas investigativos no país, bem como o círculo próximo de um dos poucos executivos de mídia independentes da Hungria.
Os dados vazados e as análises forenses também sugerem que a ferramenta de espionagem da NSO foi usada pela Arábia Saudita e seu aliado próximo, os Emirados Árabes Unidos, para alcançar os telefones de associados próximos do jornalista assassinado do Washington Post, Jamal Khashoggi, nos meses após sua morte. A lista vazada também inclui o número de telefone do promotor turco que está investigando a morte do jornalista.
Claudio Guarnieri, que dirige o Laboratório de Segurança da Anistia Internacional, disse que uma vez que um telefone for infectado com Pegasus, um cliente da NSO pode efetivamente assumir seu controle, permitindo-lhe extrair mensagens, ligações, fotos e e-mails de uma pessoa, ativar secretamente câmeras ou microfones e ler o conteúdo de aplicativos de mensagens criptografadas, como WhatsApp, Telegram e Signal.
Ao acessar o GPS e sensores de hardware no telefone, ele acrescentou, os clientes da NSO também podem garantir um registro dos movimentos anteriores de uma pessoa e rastrear sua localização em tempo real com grande precisão, por exemplo, estabelecendo a direção e a velocidade em que um carro estava viajando.
Os avanços mais recentes na tecnologia da NSO permitem que ela penetre em telefones com ataques de “clique zero”, o que significa que o usuário nem mesmo precisa clicar em um link malicioso para que seu telefone seja infectado.
Guarnieri identificou evidências que a NSO tem explorado vulnerabilidades associadas ao iMessage, que vem instalado em todos os iPhones, e foi capaz de penetrar até mesmo em iPhones mais atualizados com a versão mais recente do iOS. A análise forense de sua equipe descobriu infecções bem-sucedidas e tentadas pelo Pegasus em telefones ainda neste mês de julho.
A Apple disse: “Os pesquisadores de segurança concordam que o iPhone é o dispositivo móvel mais protegido e seguro do mercado para o consumidor.”
A NSO recusou-se a fornecer detalhes específicos sobre seus clientes e sobre as pessoas que são seus alvos.
No entanto, uma fonte familiarizada com o assunto disse que o número médio de alvos anuais por cliente é de 112. A fonte disse que a empresa tinha 45 clientes para seu spyware Pegasus.
*Com informações da Carta Maior
*Créditos da foto: A investigação do Guardian e de 16 outras organizações de mídia sugere o abuso generalizado e contínuo de spyware da empresa israelense NSO. Ilustração: Guardian Design
O grupo Artistas e Sociedade Pelo Impeachment lançaram na 5ª feira (15.jul.2021) uma música crítica ao presidente Jair Bolsonaro. Pedem a sua queda.
Desgoverno – Música de Zeca Baleiro e Joãozinho Gomes.
A canção faz parte da entrega de um abaixo-assinado pelo impeachment, com mais de 30.000 signatários, aos líderes de bancadas da oposição no Congresso.
Manifestantes que irão participar do ato contra o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) estão concentrados hoje à tarde em frente ao MASP, na avenida Paulista, em São Paulo. A via está bloqueada nos dois sentidos.
Em meio aos cartazes, há até uma reprodução dos “e-mails da Pfizer” endereçados ao presidente, em referência ao vídeo do humorista Rafael Chalub, que ironizou as supostas ofertas de vacina ignoradas por Bolsonaro na pandemia.
“É uma tentativa de tornar lúdico algo que a gente vê no cenário político. Isso serve lembrar as pessoas que a gente já estaria vacinado se Bolsonaro tivesse feito o trabalho dele”, disse Patrick Aguiar, 20 anos, estudante de Gestão Pública da USP.
A concentração ainda conta com um carro de som, faixas pedindo o impeachment, bandeiras de partidos de esquerda, de integrantes do movimento negro e de apoiadores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Com um cartaz onde se lê a mensagem “Ele não”, o pastor evangélico Márcio Pereira, 61, ostentava uma camisa com mensagem de apoio ao SUS e pedindo pela saída de Bolsonaro.
“O evangélico prega amor, justiça social e respeito à diversidade. Bolsonaro é o contrário disso. E representa um governo irresponsável, que não investiu na prevenção”, lamentou.
PP, Republicanos, PSL e PL impõem resistências a planos de filiação de Bolsonaro.
Presidente enfrenta dificuldades para encontrar uma sigla que aceite abrigá-lo na disputa pela reeleição. Após tentativas frustradas, a legenda do senador Ciro Nogueira (PP-PI), escolhido para a Casa Civil, passou a ser opção, mas alianças regionais são entraves.
O presidente Jair Bolsonaro completou, no início do mês, a marca de 600 dias sem estar filiado a um partido e segue enfrentando obstáculos no caminho para encontrar uma sigla que aceite abrigá-lo na disputa pela reeleição, em 2022. No caso do PP, destino que ganhou força após a escolha do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para o comando da Casa Civil, alianças regionais aparecem como entraves. Outros partidos avaliados pelo chefe do Executivo e seu entorno também apresentam barreiras, casos de Republicanos, PL e PSL.
O roteiro atípico de um ocupante do Planalto que não consegue um partido para se filiar existe desde 12 de novembro de 2019 (623 dias atrás), quando Bolsonaro deixou o PSL para, em tese, criar seu próprio projeto partidário. Como a iniciativa do Aliança pelo Brasil não foi adiante, restaram as tentativas — frustradas — de ingresso no Patriota. O partido enfrentou um racha interno, seguido de uma disputa jurídica, após mudanças no estatuto para receber o presidente.
Na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) disse que a presença de Nogueira no Palácio do Planalto facilitaria o ingresso do pai no PP. Parlamentares do partido ouvidos pelo GLOBO, no entanto, avaliam que não será simples construir um consenso para que Bolsonaro dispute a reeleição pela sigla. Parte das lideranças do PP já se prepara para apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem. Há resistências ao nome de Bolsonaro em estados do Nordeste, como Bahia, Maranhão, Pernambuco e Paraíba. Integrantes do PP dizem ainda que é muito improvável que o presidente consiga controlar estruturas regionais, como desejava fazer com o Patriota.
São Paulo é entrave
Bolsonaro sempre manifesta o desejo de que um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), controle o diretório de São Paulo do partido que receberá a família — no caso do PP paulista, que apoia a gestão do governador João Doria (PSDB), a hipótese está fora de cogitação.
Nas últimas semanas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentou convencer o presidente do PSL, Luciano Bivar, a retomar o diálogo com Bolsonaro e filiá-lo novamente ao partido que o levou a vitória contra Fernando Haddad (PT-SP) em 2018. Como a conversa não evoluiu — o deputado Julian Lemos, por exemplo, reiterou que não abrirá mão do comando da legenda na Paraíba —, Lira e Ciro Nogueira tentarão convencer Bolsonaro a insistir nas conversas com outras siglas menores. Na última quinta-feira, o presidente revelou, durante uma transmissão ao vivo, que esteve com José Maria Eymael, do Democracia Cristã (DC).
Senador do PP por Santa Catarina, Esperidião Amin diz que é amigo de Bolsonaro, mas reconhece que a filiação ao partido, neste momento, não seria um bom negócio:
— Vai provocar ciúme. A inveja é o crime que ninguém confessa. Como eu gosto dele, tenho uma convivência de 30 anos (com Bolsonaro), quero bem, digo que não seria a melhor hora de entrar no partido.
Deputado por São Paulo, Fausto Pinato (PP) é um crítico contumaz do governo Bolsonaro. Já disse que o presidente é portador de “grave doença mental” e constantemente entra em rota de colisão com os filhos do presidente. Sua maior preocupação, segundo diz, é o “extremismo ideológico”. Presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, insurgiu-se nos últimos anos contra a política externa do governo, comandada por mais de dois anos por Ernesto Araújo, que não mantinha bom relacionamento com o país asiático.
— O partido tem uma linha independente. Eu sou um crítico da conduta do governo e do extremismo. Não sou contra as pessoas. De repente, a ida do Ciro (Nogueira) pode ser uma sinalização de que, a partir de agora, pode haver moderação. O nosso partido é pragmático — diz Pinato.
Outro nome de destaque entre os que não são alinhados a Bolsonaro é Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), próximo ao ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ). No início do ano, decidiu não apoiar o candidato do Planalto à presidência da Câmara, o colega de partido Arthur Lira. Ex-ministro das Cidades de Dilma Rousseff, Ribeiro é contra a entrada de Bolsonaro no partido.
O deputado federal André Fufuca (PP-MA) ressalta que os contornos regionais têm um peso significativo na história da legenda:
— O PP tem essa característica de respeitar o diálogo nos estados. Em 2018, quando a ex-senadora Ana Amélia foi vice de Alckmin, a realidade era outra em outros estados. Em Pernambuco, estávamos fechados com o PSB. Piauí, Bahia e Ceará, com o PT. Não sei se esse quadro mudaria em 2022.
Os outros dois principais partidos da base de apoio a Bolsonaro no Congresso seguem sem se movimentar para recebê-lo. A interlocutores, o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, afirma que a sigla não deseja filiar Bolsonaro e contenta-se em apoiá-lo e ter espaço no governo com o Ministério da Cidadania, que tem João Roma à frente. Ligado à Igreja Universal do Reino de Deus, o Republicanos chegou a filiar dois filhos de Bolsonaro (Flávio e Carlos), mas a relação desandou — o senador, inclusive, já deixou a sigla. O partido considerou que foi pouco ajudado nas eleições de 2020 em Rio e São Paulo, quando Marcelo Crivella e Celso Russomanno, respectivamente, foram derrotados. Já a igreja acha que o Planalto foi omisso na crise que a instituição enfrenta em Angola.
“acordo caro”
Já o PL de Valdemar Costa Neto anda insatisfeito com o baixo respaldo dado para a ministra Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Em outro foco de resistência, Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara, é opositor de Bolsonaro e tem sinalizado a favor do impeachment do presidente.
Professora de Ciência Política da Universidade Federal do Estado do Rio (UniRio), Luciana Veiga explica que a dificuldade de Bolsonaro em escolher uma sigla ocorre porque fica cada vez mais “caro” apoiá-lo, à medida que o presidente registra desgaste em sua popularidade. A última pesquisa do Datafolha, divulgada no início de julho, mostrou que a reprovação ao governo subiu a 51%, o maior patamar desde o início do mandato.
— Quando a aprovação é baixa, o acordo fica mais caro. Quando a aceitação está mais alta, fica mais barato. No caso do Nordeste, encarece ainda mais porque é uma região que está mais propensa a votar em Lula — analisa Luciana.
*Bruno Góes, Natália Portinari, Marlen Couto e Camila Zarur/O Globo
Uma bela de uma mamata. Com um salário desse, qualquer um fica valente pra ameaçar golpe.
Sim, é exatamente isso. O general Walter Braga Netto, ministro da Defesa, recebeu R$ 100,7 mil de salário líquido no mês passado. O general, que ameaça com novo golpe, é beneficiário de uma verdadeira mamata.
Além dos habituais R$ 30,9 mil de salário, o general obteve R$ 91 mil de “outras remunerações eventuais”.
“Golpismo e mamata explicam arroubo de general. Quero ver explicar isto na Câmara”, escreve no Twitter o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), que convocará Braga Netto para dar explicações.
Golpismo e mamata explicam arroubo de General . Quero ver explicar isto na Câmara. Dia 03, na CTASP, vamos votar meu requerimento convocando o Ministro golpista.
Confira lista de locais que serão palco de mais uma manifestação popular contra o governo Bolsonaro.
As Frentes Brasil Popular e Povo sem Medo divulgaram, nesta sexta-feira (23), a lista atualizada das cidades e países que serão palco de mais um protesto contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ao todo, são 426 atos confirmados em 405 cidades e 15 países integram o rol de atos populares.
Do Acre ao Rio Grande do Sul, o Brasil mais uma vez terá manifestações em todas as regiões. Já pelo mundo as ações irão percorrer México, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Áustria, Bélgica, Portugal, Itália, Irlanda, Holanda, Espanha, França, Inglaterra, República Tcheca e Suíça.
Os organizadores orientam que os participantes utilizem máscara, levem álcool em gel e mantenham o distanciamento social durante os atos por conta da covid-19.
Leia aqui: Vai protestar contra Bolsonaro? Saiba como ir às ruas seguindo protocolos sanitários
Os adeptos dos protestos cobram também auxílio emergencial de R$ 600 e políticas contra o desemprego, que atinge mais de 14 milhões de brasileiros. Confira a seguir a lista completa dos locais e horários de cada manifestação.
No Brasil
Norte
AC – Rio Branco – Gameleira | 15h
AM – Itacoatiara – Mirante (ao lado da Pizzaria Panorama) | 16h30
O centrão já deixou claro que não veio para ocupar cargos, mas o governo todo e, de cara, foi direto na jugular de Paulo Guedes tirando dele o planejamento, ou seja, o orçamento de fato ficará nas mãos do centrão, sob o comando do PP.
Só um governo totalmente apodrecido usa o centrão como estaca, mas este cobrará caro. Na verdade, cobrará tudo.
Talvez seja por isso que Dilma tenha dito que “não sobrará pedra sobre pedra” do governo Bolsonaro.
Está claro que os generais de Bolsonaro serão meros recrutas zero a partir de então, Augusto Heleno, Braga Netto, general Ramos, serão no máximo lembranças das vacas de presépio de Bolsonaro com o centrão comandando a birosca, nem microfone esses pijamudos terão mais.
E podem apostar, o centrão vai censurar todas as falas patéticas de Bolsonaro, até deixar o rei completamente nu, oco, afônico.