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Vídeo: Walter Salles afirma que retorno da democracia e de Lula ao poder permitiram a existência de “Ainda Estou Aqui”

O diretor também mencionou que o Brasil esteve “na iminência de sofrer um golpe de Estado no final de 2022”.

O cineasta Walter Salles afirmou, em entrevista à CNN dos Estados Unidos, que seu mais recente filme, Ainda estou aqui, só pôde ser realizado devido ao que chamou de “retorno da democracia ao Brasil”. A declaração foi dada ao lado da protagonista do longa, Fernanda Torres. Segundo o diretor, que levou o Oscar de melhor filme estrangeiro com o longa, o contexto político do país durante a gestão de Jair Bolsonaro impossibilitou a produção da obra.

Ao comentar os anos de preparação do filme, Salles destacou os desafios enfrentados. “Também demorou sete anos porque, durante quatro anos, o país se virou para a extrema direita, e nunca teríamos tido a possibilidade de filmar durante esse período. Portanto, o filme é produto do retorno da democracia ao Brasil”, afirmou. O cineasta ainda foi categórico ao dizer que “o retorno do presidente Lula à Presidência e o retorno da democracia que permitiram que o filme existisse”.

O diretor também mencionou que o Brasil esteve “na iminência de sofrer um golpe de Estado no final de 2022” e que esse período de instabilidade política teve impacto direto na produção cinematográfica do país. Segundo ele, o governo Bolsonaro representou um retrocesso para a cultura e a arte nacional, afetando a captação de recursos e inviabilizando projetos.

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Bolsonaristas criticam Eduardo Bolsonaro

Após postar nas redes um vídeo em que defende Trump e critica Zelensky, Eduardo Bolsonaro provocou azia coletiva na terra plana.

Nesse último figurino, Eduardo pintou o ucraniano como um folgazão, que viveu até aqui das benesses que recebida dos EUA.

A mensagem desceu quadrada no sentimento coletivo do bolsonarismo.

Isso provocou uma enxurrada de críticas em número bem maior do que o de apoios.

O fato novelesco entre Trump e Zelensky parece mais complicado do que previa o clã.

A reação dos bolsonaristas não foi nada amistosa, a maioria dizendo que o clã Bolsonaro estava sendo incoerente com o que dizia antes do furdunço entre os titãs da extrema direita.

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Lula analisa indicação de Boulos para Secretaria-Geral da Presidência

A pasta é responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia indicar o deputado federal Guilherme Boulos (Psol-SP) para a Secretaria-Geral da Presidência, informa a Folha de S. Paulo. O debate em torno de quem assumirá a pasta no Palácio do Planalto reacendeu após a nomeação de Gleisi Hoffmann (PT) para a Secretaria de Relações Institucionais. Gleisi era uma das cotadas para assumir a Secretaria-Geral, hoje ocupada por Márcio Macêdo (PT).

A pasta, conhecida como um dos ministérios “palacianos”, é responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais. Lula já teria mencionado a ideia de convidar Boulos, que já foi presidente do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), para assumir a Secretaria-Geral.

Além de Boulos, outro nome cotado para assumir o ministério é Marco Aurélio Carvalho, coordenador do grupo de advogados Prerrogativas, alinhado ao governo Lula. Pesa a favor de Carvalho o fato de não ser candidato nas eleições de 2026, podendo permanecer no cargo até o final do mandato. Outros nomes também cogitados são os deputados petistas José Guimarães (PT-PE) e Paulo Pimenta (PT-RS). A ideia é de que Lula indique nomes de sua confiança para os ministérios palacianos, preterindo indicações do Centrão. Com 247.

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A ameaça de Eduardo a Moraes: “Iremos punir você, custe o que custar”

A declaração ocorre em um momento de crescente pressão sobre aliados de Bolsonaro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, desta vez com ameaças diretas. Em uma postagem feita nas redes sociais, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o magistrado “será punido” e que “pagaria por toda a maldade que cometeu, custe o que custar”.

A postagem de Eduardo Bolsonaro foi feita em um tom de retaliação, sugerindo que haveria uma “ditadura real” no Brasil, que, segundo ele, “prende mães de família, idosos e trabalhadores inocentes”. Usou o filme “Ainda Estou Aqui”, que denuncia a ditadura militar assassina que ele defende, para defender os terroristas do 8 de janeiro. Fez negacionismo do regime militar, chamando aquela corja de “ditadura inexistente”.

A declaração ocorre em um momento de crescente pressão sobre aliados do ex-presidente Bolsonaro, alvos de investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. O inelegível foi formalmente denunciado pelo PRG Paulo Gonet.

O discurso de Eduardo reflete a estratégia de setores da extrema-direita, que tentam deslegitimar o Judiciário e mobilizar sua base com narrativas de perseguição política. É também um apito de cachorro contra Moraes.

A investigação da Polícia Federal sobre a conspiração golpista que levou ao indiciamento de 37 pessoas aponta que Alexandre de Moraes era o primeiro alvo do plano chamado Punhal Verde e Amarelo, que também previa o assassinato do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin.

Segundo a PF, o ministro poderia ter sido vítima de sequestro e prisão arbitrária, além de execução. O plano ainda incluía um levantamento detalhado dos deslocamentos de Alexandre de Moraes; a identificação dos horários e itinerários de suas agendas oficial e pessoal; a formação de quatro equipes, totalizando seis pessoas, para a execução do atentado; o uso de um telefone descartável para cada um dos seis envolvidos.

A declaração de Eduardo Bolsonaro pode ter implicações legais. Especialistas em direito penal e constitucional apontam que o deputado pode ter cometido crimes como ameaça (artigo 147 do Código Penal), incitação ao crime (artigo 286) e atenta contra a segurança nacional, previsto na Lei 7.170/1983.

Alexandre de Moraes pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) que analise e emita parecer sobre a apreensão do passaporte do deputado. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e o deputado Rogério Correia (PT-MG) solicitaram a investigação criminal de Eduardo por promover reações contra o STF junto a políticos norte-americanos.

Também pediram a apreensão do seu passaporte para interromper as “condutas ilícitas em curso”. Os parlamentares afirmaram que Moraes já despachou o caso para a PGR. Com DCM.

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Apavorado, Eduardo Bolsonaro não deve mais retornar ao Brasil

Deputado, que está nos EUA, é alvo de representação na PGR que pede a apreensão de seu passaporte e pode até mesmo ser alvo de prisão preventiva.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) está em pânico com a possibilidade de ter seu passaporte apreendido e de ser alvo de uma prisão preventiva.

“Morando” nos Estados Unidos, o filho de Jair Bolsonaro se tornou alvo de representações na Procuradoria-Geral da República (PGR) por conspirar junto a parlamentares de extrema direita estadunidenses sanções ao Brasil e ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como uma forma de coagir o judiciário brasileiro contra a iminente condenação de seu pai, que deve ser preso por tentativa de golpe de Estado.

A atuação do parlamentar contra o seu próprio país vem sendo vista por deputados governistas brasileiros como um crime de lesa-pátria e até mesmo uma tentativa de interferir no inquérito dos atos golpistas e nas decisões judiciais relacionadas à tentativa de golpe – o que justificaria a apreensão de seu passaporte e, em última instância, medidas cautelares mais duras, como é o caso da prisão preventiva.

Nos últimos dias, Eduardo Bolsonaro tem feito publicações em série nas redes sociais sobre o risco que corre de ter seu documento de viagem retido e vem se vitimizando com a narrativa de que seria alvo de “perseguição” e de que haveria uma “ditadura” no Brasil. Em meio a este clima de apreensão, parece ser cada vez mais certo que o deputado extremista de direita passe a viver definitivamente nos EUA e não retorne ao seu país, para escapar da Justiça, segundo a Forum.

Após o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, que está foragido nos EUA, sugerir que Eduardo permaneça no país, foi a vez de Paulo Figueiredo, neto do ditador João Figueiredo, que também vive no país da América do Norte e que foi indiciado pela Polícia Federal (PF) no âmbito do inquérito da trama golpista, publicar uma enquete em suas redes sociais perguntando se seus seguidores acham que Eduardo deve “voltar ao Brasil ou deveria se exilar nos EUA e usar sua influência para lutar daqui de fora contra o regime brasileiro”.

Mais de 70% dos seguidores do neto do ditador responderam que o filho de Bolsonaro deveria permanecer nos EUA e a enquete foi compartilhada pelo próprio Eduardo Bolsonaro, em uma clara sinalização de que ele deve abandonar seu mandato parlamentar no Brasil e ficar, covardemente, em território norte-americano para fugir de eventuais decisões judiciais contra ele.

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Afinal, Trump ou Zelensky, qual deles Carluxo mandou os bolsonaristas acharem certo?

Nenhum indício melhor se pode ter a respeito da “opinião” dos bolsonaristas sobre determinado assunto do que as mensagens cifradas contidas nas redes de Carluxo.

Tudo bem que parece que o troço é complicado de decifrar, mas a central de tudo em termos de achismo tem que ter o carimbo do general dos generais.

Assim, ainda não se sabe a opinião de Carluxo sobre o furdunço entre Trump e Zelensky e, consequentemente, sem saber a opinião dos bolsonaristas sobre esse duelo de duas bestas.

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O troco em dobro que o Oscar deu em Bolsonaro por sua exaltação ao torturador Brilhante Ustra no voto pelo golpe em Dilma.

Com um ataque decoradinho contra Dilma, junto com o Eduardo, Bolsonaro tirou do bolso um dos mandamentos dos ditadores que não tiraram da cabeça o sonho de ver Dilma pelas costas.

O motivo, todos sabem

A comissão da Verdade que Dilma, corajosamente, bancou e revelou os horrores dos porões da ditadura.

Bolsonaro, que havia cuspido do busto de Rubens Paiva, era o cara certo para ir à forra dos militares que odiaram a ideia de Dilma levantar o passado da ditadura.

Rubens Paiva foi torturado até a morte pelo aparelho de repressão, montado pelo regime militar, comandado pelo Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra.

O mesmo Ustra, a quem Bolsonaro exaltou na hora de seu voto, dizendo que o assassino era o terror de Dilma por torturá-la ainda adolescente.

Os militares e Bolsonaro queriam deixar claro para Dilma como e por que orquestraram o golpe contra ela.

Agora vem o Oscar para o filme Ainda Estou Aqui, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, que utilizou informações contidas na Comissão da Verdade, mostrando a esses fascistas quem riu por último diante da consagração mundial e, sobretudo, da torcida do Brasil inteiro pelo prêmio, mas principalmente pela ditadura ser impiedosamente desmascara.

Pior, o filme tira a carapaça de Bolsonaro, o fascista que, borrando-se de medo da justiça, diz-se perseguido pela “ditadura da toga”

Isso é o que lava a alma de qualquer brasileiro decente.

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Dilma fica emocionada com Oscar. Filme foi possível graças à Comissão Nacional da Verdade, instituída em seu governo

A ex-presidenta Dilma Rousseff celebrou a conquista histórica do filme Ainda Estou Aqui no Oscar de Melhor Filme Internacional e destacou a importância da obra como um tributo à memória e à democracia. Em uma série de publicações nas redes sociais, Dilma parabenizou a equipe do longa e relembrou que o filme só foi possível graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, criada durante seu governo para investigar os crimes cometidos pela ditadura militar.

“O Oscar de Melhor Filme Internacional para Ainda Estou Aqui é um reconhecimento da força da cultura brasileira. Uma homenagem merecida ao nosso cinema, ao diretor Walter Salles, às atrizes Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, ao ator Selton Mello e a toda a equipe do filme”, escreveu Dilma.

Em outra publicação, ela ressaltou o impacto histórico da premiação. “Nossa emoção é ainda maior porque a premiação celebra uma obra que presta tributo à civilização, à humanidade e aos brasileiros que sofreram com a extinção das liberdades democráticas, lutando contra a ditadura militar”, afirmou.

O papel da Comissão Nacional da Verdade
Dilma Rousseff destacou que a história de Rubens Paiva e da luta de Eunice Paiva pela justiça puderam ser contadas com profundidade graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Criada em 2011, a CNV teve a missão de investigar as graves violações de direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro entre 1946 e 1988, com ênfase nos crimes praticados durante a ditadura militar.

“É motivo de orgulho saber que a história de Rubens Paiva e de sua família — especialmente a busca incansável de Eunice Paiva pela verdade e pela justiça — pôde ser contada graças ao trabalho da Comissão Nacional da Verdade, que criei durante meu governo para investigar os crimes da ditadura”, escreveu a ex-presidenta.

O relatório final da CNV, publicado em 2014, apontou a responsabilidade do Estado brasileiro em centenas de casos de assassinatos e desaparecimentos forçados, incluindo a execução de Rubens Paiva. O documento trouxe à tona documentos, testemunhos e provas que desmentiram as versões oficiais divulgadas pelo regime militar e serviram como base para narrativas como a de Ainda Estou Aqui.

A conquista histórica do cinema brasileiro
A premiação de Ainda Estou Aqui marca a primeira vitória do Brasil na categoria de Melhor Filme Internacional. O longa, dirigido por Walter Salles e baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, retrata a luta de Eunice Paiva, advogada e defensora dos direitos humanos, após o desaparecimento e assassinato de seu marido, Rubens Paiva, um dos casos mais emblemáticos da repressão militar, diz o 247.

Ao receber a estatueta, Walter Salles dedicou o prêmio à protagonista da história. “Uma honra tão grande. Isso vai para uma mulher que teve uma perda tão grande. Esse prêmio vai para ela, Eunice Paiva, e para as mulheres extraordinárias que deram vida a ela, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”, declarou.

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Vídeo: Policiais civis realizam abordagem fantasiados de Power Rangers

Um homem supeito de roubar celulares foi preso ontem; secretário de Segurança e governador comemoram.

A Polícia Civil de São Paulo está circulando pelos blocos de rua durante o Carnaval fantasiada de Power Rangers. Na tarde do sábado (1º), um homem suspeito de roubar sete celulares em um bloco de Carnaval na Zona Sul de São Paulo foi preso por policiais civis com a fantasia do seriado de TV.

Seis agentes vestiam as roupas coloridas da série norte-americana para circular sem serem percebidos pelos foliões. Este é o segundo ano que a Polícia Civil usa agentes disfarçados nos blocos em São Paulo.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública (SSP), o suspeito estava acompanhado de outro homem. Os agentes perceberam a atitude da dupla e realizaram a abordagem. Um dos criminosos conseguiu fugir, enquanto o outro foi detido pelos policiais. Com ICL.

Power Rangers disfarçados
O próprio secretário de segurança de São Paulo publicou vídeo sobre o assunto. No post, Guilherme Derrite escreveu: “Esse não contava com os Power Rangers da nossa Polícia Civil e nossos policiais militares no apoio, num belo trabalho em equipe. O grito de Carnaval virou o grito de alívio da população que não aguenta mais a impunidade. Mais um entregue para a Justiça e 7 celulares recuperados.”

Veja o vídeo:

https://twitter.com/i/status/1895970208273297873

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Poucos sabem de um fato de Eunice Paiva sobre o sumiço de seu marido

Ela lutou muito tempo praticamente sozinha para saber o que havia acontecido com o deputado Rubens Paiva, seu marido, morto pela ditadura militar em 1971.

O dia 20 de janeiro de 1971 foi marcado pelo maior desespero de toda a vida de Eunice Paiva. Ela, que se tornaria uma ativista respeita e símbolo da luta por direitos humanos no Brasil, viu seu marido, o deputado cassado Rubens Paiva, ser levado de casa, no Rio de Janeiro, por agentes da Ditadura Militar (1964-1985). Era para ser, segundo esses militares à paisana, apenas um interrogatório, mas ele nunca mais voltou e seu corpo jamais foi encontrando, tornando-se símbolo da crueldade de um regime sanguinário que vilipendiou o país por 21 anos.

A luta de Eunice passou a ser amplamente divulgada por décadas, mas foi no último ano que a história foi “recuperada” e ganhou visibilidade mundial, por conta do filme Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres, baseado no livro com o mesmo nome de autoria do filho do casal, o escritor Marcelo Rubens Paiva. Diante de tanto reconhecimento, o longa disputa este ano três categorias do Oscar, o mais importante prêmio do cinema mundial.

O que pouca gente sabe é que, dois meses após o rapto e desaparecimento de Rubens Paiva, ainda em meio à confusão que havia tomado conta da família, Eunice escreveu uma carta diretamente endereçada ao ditador “presidente” da República, Emílio Garrastazu Médici, o mais sanguinário, reacionário e cruel dos generais a comandar o Brasil naquele período. Com Forum.

Médici, como era de se esperar, jamais respondeu a Eunice, e pouco se importou com sofrimento dela e dos cinco filhos que ela tinha com Rubens. Era óbvio que o ditador sabia o que tinha acontecido e estava de acordo com a maldade devastadora produzida por seus subordinados do regime, até porque o caso teve uma ampla repercussão no Brasil e até no exterior.

Leia abaixo a íntegra da carta que Eunice Paiva mandou para o ditador Emílio Médici:

Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Marechal Emílio Garrastazu Médici

Há mais de um mês enviei ao Ministro da Justiça do seu governo, que é igualmente presidente do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, a carta denúncia cuja cópia junto aqui para o conhecimento direto de Vossa Excelência.

É a carta de uma mulher aflita, que viu desabar sobre sua família uma torrente de arbitrariedades e de desatinos inomináveis, e de que ainda é ainda vítima seu marido, engenheiro Rubens Beyrodt Paiva, preso por agentes da Segurança da Aeronáutica no dia 20 de Janeiro, mantido até agora incomunicável, sem que se conheça o motivo da prisão, quem efetivamente a determinou, e o local onde se encontra.

Secundamos hoje, minha sogra e eu, a mãe e a esposa, os sentimentos de minha filha Eliana, menina de 15 anos, que se dirigiu a Vossa Excelência, depois de libertada, quando eu própria me encontrava detida incomunicável no quartel da Polícia do Exército, à Rua Barão de Mesquita, nesta cidade, pelo simples fato de ser a esposa de Rubens.

Pedimos ao Chefe da Nação, a justiça que deve resultar da obediência das Leis. Ao meu marido, que é um brasileiro honrado, não pode ser recusado, num País como o nosso, cristão e civilizado, o direito fundamental da defesa. Estamos certas de que Vossa Excelência não permitirá lhe seja negado, sob pena então do desmoronamento de toda a ordem pública, o direito elementar de ser preso segundo as leis vigentes no País.

Rubens foi preso na minha presença e na dos nossos cinco filhos; foi visto por Testemunhas ao longo do dia 20 de janeiro no Quartel da 3ª Zona Aérea de onde foi transportado no fim da tarde para o Quartel da Polícia do Exército na Barão de Mesquita; sua fotografia no livro de registro do prisioneiros no referido quartel da PE eu mesma vi, ao lado da minha própria e da minha filha Eliana; sua presença nesse Quartel me foi afirmada por Oficiais das Forças Armadas que me interrogaram ao longo dos 12 dias em que estive presa, isto é até o dia 2 de fevereiro último; seu carro próprio, no qual foi conduzido prisioneiro, vi-o no pátio do mencionado Quartel e me foi devolvido como comprova o recibo anexo.

Não é possível que, mais de 60 dias decorridos, conserve-se assim desaparecida uma pessoa humana!

Recusamo-nos a acreditar no pior.

Confiamos na ação de Vossa Excelência e em meio a inquietação e angústia enormes que estamos vivendo, acreditamos que Vossa Excelência fará prevalecer a autoridade das leis do seu Governo e o respeito à justiça que enobrece as nações.

Respeitosamente,

Maria Eunice Paiva
Rio de Janeiro, 22 de março de 1971