Em meio a queimadas e seca extrema, Amazônia se torna o maior emissor de gases de efeito estufa do planeta

Efeitos desse fenômeno, se continuarem por um longo período, terão impacto por todo planeta Terra.

Em meio ao cenário de seca extrema e queimadas no Norte do país, dados do Copernicus, o programa de observação da Terra da União Europeia, indicam que o Sudoeste da Amazônia foi a região que mais emitiu gases de efeito estufa no planeta nos últimos cinco dias, segundo Lucas Ferrante, doutor em biologia e pesquisador da USP e da Universidade Federal do Amazonas. A conclusão é baseada no volume de aerossóis e de monóxido de carbono captado nessa área de emissão. Esses gases são associados aos que causam o efeito estufa na atmosfera, como o dióxido de carbono, que também é liberado nos incêndios.

A região se tornou a maior emissora de gases de efeito estufa devido ao avanço do desmatamento e às queimadas — alerta Ferrante, que pesquisa os efeitos da ação humana sobre a Amazônia há mais de uma década.

Os efeitos dessa emissão, se continuarem por um longo período, terão impacto por todo o planeta, segundo a pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) Camila Silva e o professor de Economia na PUC-RS Gustavo Inácio Moraes, que estudou efeitos climáticos em sua tese de doutorado. Moraes ressalva que o cenário por enquanto é o resultado de uma temporada sazonal de queimadas, e apenas um período de muitos meses “poderia criar uma tendência mais alarmante”.

Os gases liberados contribuem para o aquecimento global, que aumenta os níveis do mar, altera o clima. Além disso, espécies de fauna e flora desaparecem — alerta Silva.

A fumaça da floresta — Foto: Arte O Globo

Fogo na beira da estrada
Com mais de 82 mil focos de incêndio de 1º de janeiro a 9 setembro deste ano, a Amazônia já alcançou o dobro de queimadas em relação ao mesmo período de 2023, e o número só não é maior do que os 85 mil pontos de fogo registrados em 2007, recorde da série histórica. O GLOBO percorreu cerca de 1,6 mil quilômetros na BR-163, que liga Santarém (PA) a Cuiabá, na BR-230 (a Transamazônica) e na Transgarimpeira (na Bacia do Tapajós) e presenciou o avanço do fogo sobre a floresta, os pastos e as casas que margeiam as rodovias.

Na altura da cidade de Trairão (PA), às margens da BR-163, uma família precisou sair de casa às pressas para tentar conter as chamas do terreno ao lado. Enquanto uma mulher retirava os objetos de casa, um homem tentava jogar terra sobre o fogo com um trator. Alguns vizinhos se aproximaram com baldes e uma mangueira para barrar o fogo. A cena virou rotina na região desde agosto, quando se intensificou a seca.

Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o município com mais focos de calor é São Félix do Xingu (PA), com 4.988 pontos. O prefeito João Cleber de Souza Torres (MDB) atribui a queimada à estiagem severa e ao costume da população de usar o fogo para preparar a roça.

— Tem muito fogo acidental e alguns podem ser criminosos. O pessoal põe fogo em pequenas roças e no quintal. A seca neste ano foi a mais severa, como não víamos desde a década de 1980. A última vez que choveu foi em maio — disse.

O município abriga a Terra Indígena Apyterewa, onde o governo federal faz um trabalho de retirada de grileiros e garimpeiros. Agentes e brigadistas do Ibama estão combatendo as queimadas na reserva e, segundo a equipe, alguns invasores iniciaram uma queimada na área para impedir que os fiscais retirassem o gado. A denúncia foi levada à Polícia Federal, que já abriu neste ano outros 19 inquéritos para apurar incêndios criminosos na Amazônia e no Pantanal.

Na área do Parque Nacional do Jamanxim (PA), a situação também é dramática. Durante a noite, o fogo avançava com rapidez nas margens da BR-163. A fumaça provoca ardência nos olhos e dificulta a respiração. A reportagem testemunhou uma casa de madeira devorada pelas chamas, enquanto os motoristas desaceleravam na pista com medo de as labaredas atingirem os veículos.

No distrito do Jardim do Ouro, em Itaituba (PA), alguns bois foram para o meio da rodovia Transgarimpeira para escapar das chamas no pasto. O sol virou uma mancha avermelhada às 13h, com a fumaça espessa que cobria o céu. Na paisagem, subsistiam os troncos das castanheiras, que podem chegar a até 50 metros de altura, em meio ao mato rasteiro em cinzas. Araras-azuis e papagaios fugiam do calor em revoada, enquanto os buritis ardiam.

Mais à frente, em Moraes Almeida (PA), a fumaça atrapalhava a visibilidade na pista de pouso de aviões pequenos que vinham dos garimpos da região.

— Sempre tem fumaça nessa época, mas não tanto quanto agora — comentou Emilia Silva, que mora à beira da BR-163.

Além do pequeno aeroporto do garimpo, o distrito tem serrarias, madeireiras e fazendas de gado erguidas no coração da Amazônia.

Cidade do “dia do fogo”
A fumaça se intensifica no município de Novo Progresso (PA), que ficou conhecido nacionalmente pelo “Dia do Fogo” em 2019, quando fazendeiros da região organizaram uma vaquinha para pagar o combustível e abrir o pasto no “Dia D” da queimada. O prefeito da cidade, Gelson Dill (MDB), afirmou que a situação atual está pior do que a dos últimos anos.

— Moro aqui há 25 anos e não me lembro de ter vivido uma seca tão grande. A brigada de bombeiros mais próxima fica a 400 quilômetros. Estamos tentando usar os nossos caminhões pipas, mas eles não conseguem acesso às áreas — contou.

Minuta indica detalhes de tentativa de acordo que envolveria Lira e sua ex-esposa

Mensagens indicam que acordo não efetivado teria sido mediado por amiga do ex-casal e ex-assessor do parlamentar.

A minuta de um acordo que teria sido negociado entre intermediários do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL) e sua ex-esposa, Jullyene Lins, previa um “acordo de gentilezas”, pelo qual se comprometeriam mutuamente a “em hipótese nenhuma, falar em público, dar entrevistas usando o nome dos acordantes” e tratarem-se com “urbanidade”.

A tentativa de acordo por meio de intermediário de ambos teria ocorrido quando Lira concorria à presidência da Casa Legislativa em janeiro de 2021.

A Agência Pública teve acesso ao rascunho da minuta do acordo que teria sido mediado pelo ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante, e uma amiga do ex-casal, a advogada Kenya Farias, conforme troca de mensagens no WhatsApp entre ela e Jullyene, registradas em cartório em 22 de julho de 2024.

A reportagem procurou Kenya, que afirmou que não poderia falar sobre o assunto porque “o contrato tem cláusula de confidencialidade”. A reportagem tentou falar com Luciano por meio de e-mail e WhatsApp do União Brasil Alagoas, presidido por ele, mas não houve retorno até a publicação.

Procurado, Lira enviou uma nota por meio de sua advogada Maria Claudia Bucchianeri. No entanto, antes da publicação, sua assessoria de comunicação solicitou que a nota não fosse publicada.

O texto do acordo previa o pagamento de R$ 400 mil para Jullyene, “para cobrir despesas amealhadas pelo casal”; R$ 600 mil em pensão alimentícia; a transferência de um carro, o direito de usufruto de um imóvel e a destinação de outro. O montante seria parte do patrimônio reivindicado por Jullyene na Justiça desde o divórcio com o político, em 2006. O pagamento estava condicionado ao fim de “qualquer reclamação futura sobre indenizações”.

Ex-esposa Arthur Lira

“Proibido falar mal de Lira”
Conforme as mensagens obtidas pela reportagem, o suposto intermediário de Lira teria pedido que fosse incluída uma cláusula que impedisse a ex-esposa de falar mal dele.

“O Luciano falou aqui agora que ele [Arthur Lira] pediu para colocar alguma cláusula que dê segurança a ele, que depois que ele fechar isso ela não vai falar mal dele. Aí você acha que eu devo colocar o que aqui, qual a sua sugestão?”, disse Kenya por mensagem de áudio enviada para o atual companheiro de Jullyene, Kleber Bezerra, em 9 de janeiro de 2021, às 11h26.

Na sequência, Kleber respondeu em texto: “Que ficam terminantemente proibidos de falarem um do outro em qualquer canal de comunicação ou mesmo nas redes sociais sob pena de retratação pública e multa a estipular e que o livre exercício do mandato não lhe dá o direito de quebrar essa cláusula! Nem como ex esposo nem tampouco como parlamentar! Arbitrar a multa…”.

As mensagens trocadas entre a advogada, Kleber Bezerra e Jullyene Lins, referentes às tratativas do acordo, no período de 26 de novembro de 2020 e 10 de janeiro de 2021, foram registradas em ata notarial no dia 22 de julho de 2024 com objetivo de atestar a veracidade do conteúdo das conversas. Nos diálogos, há informações de encontros que Kenya teria tido com Luciano Cavalcante para tratar do assunto. “Bom dia, Kleber, o Luciano está vindo aqui em casa”, escreveu Kenya, às 9h41 do dia 8 de janeiro de 2021.

Ex-assessor de Lira, Luciano Cavalcante foi alvo da Operação Hefesto, da Polícia Federal, desencadeada em junho do ano passado para investigar supostas irregularidades na compra de kits de robótica. Em setembro do mesmo ano, a investigação foi arquivada por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. No entanto, no mês passado o ministro Flávio Dino enviou o caso para ser analisado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, conforme revelou a Revista Piauí.

“Acordo de gentilezas”
Segundo as mensagens, às 16h48 do dia 8 de janeiro de 2021 Luciano e Kenya teriam se encontrado, quando houve o envio de um documento em Word, com o rascunho de um acordo, para o celular de Kleber Bezerra. A Pública confirmou nos metadados do documento que o arquivo foi criado por Kenya Farias naquela mesma data, às 16h41. Nele, há uma cláusula de “acordo de gentilezas”.

“Os requerentes acordam de livre e espontânea vontade, desde a assinatura desse acordo, que em hipótese nenhuma, falar em público, dar entrevistas usando o nome dos acordantes. Declaram também, que a partir dessa data, se trataram reciprocamente, com urbanidade. Em face do caráter público e político da personalidade do requerente, da notoriedade e importância das suas funções para a democracia política”, diz o trecho do documento.

A ex-esposa de Arthur Lira justificou que aceitou firmar o acordo com o deputado porque estava “sem condições financeiras” e para “voltar a ter contato com os filhos”, que naquela época já moravam com pai – o documento trata também da guarda deles e que seria exclusiva do genitor, sendo que a mãe teria a possibilidade de visitas. “Eu queria o que era meu de direito no divórcio, eu queria me ver livre desse problema e ter contato de novo com os meus filhos, eu tinha essa esperança”, afirmou Jullyene.

Um dos motivos que teriam travado a efetivação do acordo, segundo o entendimento de Jullyene Lins, foi porque Lira queria que ela publicasse uma nota elogiando o ex-marido e negando informações sobre o deputado divulgadas à época pela imprensa, antes de efetivar o pagamento pactuado.

O texto que define Lira como um “pai presente e exemplar” teria sido escrito pela assessoria de imprensa do deputado, conforme mensagem enviada por Kenya para Jullyene Lins em 8 de janeiro de 2021, às 13h36: “Foi a assessoria dele [Arthur Lira] que passou. Podemos modificar alguma coisa”, escreveu a advogada após encaminhar o arquivo em word com o texto. “Eu acho que ele não entendeu mto bem, qq nota é necessário que intervenha o cumprimento total do acordo”, respondeu Jullyene.

O arquivo encaminhado por Kenya para Jullyene foi criado em 8 de janeiro de 2021, às 12h51, pela NovaSB Comunicação Ltda. — uma agência de publicidade que atende a diversos órgãos públicos –, de acordo com os metadados do documento. A nota se referia a uma reportagem publicada na revista Veja sobre um processo de violência contra mulher do qual Lira foi absolvido em 2006 pelo STF.

“Desde que Arthur foi apresentado como candidato, tenho sido procurada por emissários de adversários de maneira insistente. No caso desta jornalista, não fui consultada em tempo hábil nem tive a chance de apresentar uma declaração ao jornal que trouxe uma matéria antiga, requentada, já objeto de outros veículos de comunicação, sobre uma ação de 15 anos atrás e arquivada há 6 anos”, dizia o texto.

Seis dias após Jullyene ter recebido a nota que teria sido escrita pela assessoria do parlamentar, a Folha de S. Paulo publicou uma entrevista com ela com denúncias de lesão corporal contra Arthur Lira.

O que dizem as mensagens
Jullyene Lins contou à Pública que a advogada Kenya Farias era amiga do ex-casal e que ela teria se colocado à disposição para, em 2020, mediar um acordo financeiro entre ela e Arthur Lira, com objetivo de encerrar o imbróglio iniciado desde o divórcio, há 18 anos.

A primeira mensagem de WhatsApp que aparece no arquivo registrado em cartório por Jullyene foi enviada por Kenya em 26 de novembro de 2020, às 15h18. “Oi, amiga, Luciano vem falar comigo amanhã.” “Que Luciano?”, perguntou Jullyene. “Assessor dele [de Arthur Lira]”, respondeu Kenya.

Depois, elas teriam voltado a se falar por mensagem em 6 de dezembro de 2020, às 20h58. “Amiga, boa noite. O Luciano ligou mais cedo para desmarcar, para amanhã de manhã, disse que o Arthur tinha uma reunião com o Silas, não sei se é o Silas Malafaia, e que vinha um jato buscar ele aqui, em Maceió, logo cedo, não ia dar tempo, e que provavelmente ligaria para mim hoje à noite, para ver se poderia ser. Aí eu fiquei esperando até agora, não falei nada pra você não ficar apreensiva antes, até agora ninguém ligou, viu? Mas ele disse que pode ser que ligue amanhã de manhã, que eu ficasse alerta, aí eu vou ficar aqui esperando, ver se ele liga e diz alguma coisa”, disse a advogada em áudio.

No dia seguinte pela manhã, Jullyene pediu que Kenya lhe enviasse uma foto de um papel que ela teria esquecido no apartamento da advogada. Jullyene disse à reportagem que nele foi rascunhada a proposta que teria sido apresentada a Arthur Lira, com o valores dos bens que deveriam ser repassados a ela, apesar de não terem sido incluídos na minuta do acordo.

No dia 10 de dezembro, às 12h55, Kenya encaminhou um áudio para a Jullyene afirmando que teria marcado um encontro com Luciano e Arthur Lira. “Amiga, boa tarde. Já ficou marcado amanhã, às duas horas, tá? Com ele mesmo, aqui em Maceió. O Luciano já chegou, mas disse que ele vai me atender amanhã, às duas horas.”

Mensagens de Kenya enviadas para Jullyene no dia seguinte sugerem que o encontro teria ocorrido, mas sem a participação do deputado.

Em 17 de dezembro, Kenya escreve para Jullyene falando de novo encontro que teria agendado, na manhã seguinte. “Amiga, Luciano ligou agora. Marcou amanhã 11 horas”, escreveu Kenya. Jullyene respondeu: “Com quem? [….]”. “Com o Artur. Disse que vem de jato kkkkk.”

De acordo com as conversas, Kenya teria voltado a se encontrar com Luciano Cavalcante no dia 8 de janeiro de 2021: “amanhã estarei com ele pela manhã, deixe o celular ligado. Tô terminando os termos”, escreveu aos 00:52. Durante os dois dias seguintes, a advogada, Jullyene e seu companheiro, Kleber Bezerra, debateram questões envolvendo os imóveis, a forma de pagamento do dinheiro, além da cláusula de sigilo entre as partes.

As conversas sugerem, no entanto, que a outra parte já não demonstrava tanto interesse em fechar o contrato. “Ele [Luciano Cavalcante] ficou de entrar em contato às 20 horas. Até agora nada. Amanhã ele volta pra Brasília. O que tudo indica que enrolou mesmo. Ele veio aqui com algum intuito. Não foi atoa”, escreveu Kenya em mensagem encaminhada para Kleber às 21h54, no dia 10 de janeiro de 2021.

Em 2 de fevereiro daquele ano, Lira venceu as eleições para a presidência da Câmara, com 302 votos.

Em 21 de janeiro de 2021, Kenya conta para Jullyene que Luciano tinha voltado a procurá-la, questionando sobre algo que Jullyene teria dito sobre os filhos. A advogada disse que teria respondido a ele: “A, não sei, minha atuação se encerrou ali, quando não quis fazer o acordo. Aí não sei de mais nada”.

*Por Alice Maciel — Agência Pública

Tânia Mandarino: Para punir o homem não basta a palavra da mulher. Para protegê-la, sim!

Por Tânia Mandarino

Companheiros, aqui é Tânia Mandarino, advogada.

Advogada de mulheres em situação de violência doméstica e também advogada de mulheres e homens em situação de falsas denúncias.

De antemão, quero deixar claro: eu não estou aqui defendendo nem Silvio Almeida nem Anielle Franco, porque as investigações dirão o que de fato aconteceu. Eu não boto minha mão no fogo por nenhum dos dois.

Eu estou gravando este áudio, porque tenho ouvido tanta besteira nos grupos, tanta besteira, que quis vir aqui contribuir, mesmo sob o risco de ser cancelada pelo identitarismo vigente que está causando esse estrago no país.

Bem, vamos lá, quero ser rápida para não cansar.

A palavra da mulher tem prevalência absoluta, mas nunca, jamais, para o efeito de condenação do suposto assediador, ou importunador, como é o caso da ministra Anielle.

Pela Lei Maria da Penha, quando a mulher fala, a palavra dela deve ser levada em consideração. É para efeitos de medida protetiva.

O que é uma medida protetiva? É uma medida para acautelar o direito, tirar a mulher da situação de risco que ela está relatando.

Aí, vai ser conforme o caso: afastamento do suposto agressor do lar, proibição de aproximação dela, da sua família, das suas testemunhas, por um raio de 200 a 500 metros e outras proibições. Para isso, basta a palavra da mulher.

— Ah, Tânia, aí, quer dizer que o homem já foi condenado?

Claro que não. Se a protetiva é só uma medida cautelar, para o homem ser condenado vai ter que ser aberto um inquérito e vai ter, sim, que apresentar provas.

Não é porque eu, Tânia, recebo uma medida proteção do meu agressor ou suposto agressor, que ele foi condenado como agressor, sem provas. Isso não existe no Direito brasileiro.

Então, a bem da verdade, para reestabelecimento da ordem jurídica inclusive no país, para que as pessoas não fiquem ensinando Direito errado nos grupos a pretexto só de solidariedade com as mulheres.

Primeiro, a palavra da mulher em situação de violência doméstica tem especial prevalência, assim como a palavra da criança, sim, quando ela diz que está sendo abusada. E imediatamente elas devem ser protegidas.

No caso da ministra Anielle, ela não está em situação de violência doméstica, ao que me parece, a não ser que eles tenham tido um caso. Daí, sim, configura violência doméstica. E nem tampouco ela é uma criança.

Ainda também não está em situação de assédio sexual, porque o ministro Silvio Almeida não é superior hierarquicamente a ela.

Portanto, pensem bem antes de dizer que basta a palavra da mulher para o homem ser punido, como eu acabei de ouvir agora. Eu não encontro isso em nenhuma regra do ordenamento jurídico brasileiro.

Por isso, estou vindo aqui me manifestar, coisa que demorei para fazer, mas realmente está muito difícil.

No caso em questão, por mais que você queira ser solidária com esta ou com aquela figura, é preciso de provas. Não basta a palavra da mulher; não, senhor e não, senhora.

Só as provas dirão se a pessoa acusada realmente cometeu aquilo e deve ser responsabilizada criminalmente, no caso por importunação, não por assédio, repito.

Ou se houve uma falsa denúncia que também deve ser responsabilizada criminalmente pelo artigo 339 do Código Penal.

Qualquer dúvida, fico à disposição. Com toda a minha solidariedade ao Brasil, ao governo federal, que está enfrentando esta questão abjeta pela forma como vazou.

E nós penando aqui, em ano eleitoral, sabe, sofrendo por causa de uma questão tão idiota, que foi colocada de uma forma ridícula para uma ONG, é isso.

Querem me cancelar, fiquem à vontade. Abraços.

*Viomundo

‘Chips made in Brazil’: setor de semicondutores investirá R$ 25 bi de olho no mercado internacional

De olho na exportação de chips “made in Brazil”, fabricantes nacionais de semicondutores anunciaram nesta quarta-feira (11) investimentos de R$ 24,8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, aumento da capacidade produtiva e expansão de fábricas.

O anúncio foi feito pela Associação Brasileira da Indústria de Semicondutores (Abisemi), em um evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e integrantes do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, no Palácio do Planalto, em Brasília. Na ocasião foi detalhado um conjunto de ações e investimentos da Missão 4 da Nova Indústria Brasil (NIB).

Segundo Lula, a soma desses investimentos e dos recursos alocados pelo setor público injetará R$ 186,6 bilhões no setor até 2035.

“Hoje, na cerimônia da Nova Indústria Brasil, anunciamos investimentos públicos e privados de R$ 186,6 bilhões em setores da indústria digital, até 2035. O PIB da economia digital brasileira gira em torno de 10%, e podemos fazer mais. Esse é um passo importante para o país”, escreveu Lula nas redes sociais.

Desse total, R$ 42,2 bilhões já foram alocados pelo setor público, e outros R$ 58,7 bilhões serão direcionados a partir de agora. Da parte do setor produtivo, os investimentos a serem anunciados somam R$ 85,7 bilhões.

Durante a cerimônia, o presidente Lula sancionou a lei que cria o programa Brasil Semicon e atualiza o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS). A Lei prevê incentivos de R$ 7 bilhões ao ano, incluindo, além de chips, estímulo à produção de painéis solares e eletroeletrônicos.

‘Rachadinha’: MP denuncia chefe de gabinete de Carlos Bolsonaro e mais seis pessoas ligadas ao vereador

Já as acusações contra o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro foram arquivadas.

O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) denunciou sete pessoas ligadas ao gabinete do vereador Carlos Bolsonaro (PL) pela prática criminosa conhecida como “rachadinha”. Entre os denunciados está o chefe de gabinete do parlamentar. Por falta de indícios em relação ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, as acusações contra ele foram arquivadas. As informações foram divulgadas em primeira mão pela GloboNews.

No período da investigação, Carlos Bolsonaro chegou a ter quebrados os sigilos bancário, fiscal e telemático, mas nada de suspeito foi encontrado.

“visto que não se demonstrou qualquer circulação de valores para suas contas ou pagamentos”, diz um trecho da denúncia do MP.

A investigação apurou que o esquema funcionou dentro do gabinete de Carlos Bolsonaro entre os anos de 2005 e 2021. O chefe de gabinete de Bolsonaro, Jorge Luiz Fernandes, foi apontado na denúncia como o chefe do esquema.

Além dele, outras seis pessoas que tinham cargos comissionados no gabinete de Carlos Bolsonaro foram denunciadas pelo crime de peculato, já que as investigações apontaram que eles devolviam parte de seus salários, o que configura a prática criminosa conhecida como “rachadinha”.

Uma das funcionárias, ainda segundo a denúncia do MP, chegou a movimentar mais de R$ 600 mil para a conta do chefe de gabinete, Jorge Luiz no período em que o esquema funcionou.

As sete pessoas denunciadas foram:

Jorge Luiz Fernandes

Juciara da Conceição Raimundo da Cunha

Alexander Florindo Baptista Júnior

Thiago Medeiros da Silva

José Francisco dos Santos

Andrea Cristina da Cruz Martins Regina Célia Sobral Fernandes (esposa de Jorge Luiz)

Embaixada de Cuba responde a editorial da Folha com críticas ao país

Embaixada contesta argumentação publicada em editorial do jornal paulista.

A Embaixada de Cuba encaminhou ao portal ICL Notícias um texto em resposta a editorial publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, há uma semana.

A seguir, a íntegra:

Resposta da Embaixada de Cuba ao editorial da Folha de São Paulo de 4 de setembro de 2024.

No dia 4 de setembro de 2024, o jornal Folha de São Paulo publicou um editorial repleto de falsidades sobre Cuba e o sistema político, econômico e social que a maioria dos cubanos soberanamente escolheu.

Não surpreende que aqueles que defenderam ditaduras patrocinadas pelos Estados Unidos ou exibam sua admiração por Milton Friedman, difamem a Revolução Cubana.

A Revolução Cubana eliminou o analfabetismo; para todos e para o bem de todos, assegurou o direito universal à educação, à saúde, à cultura, ao desporto, bem como à moradia e à terra. Os seus cientistas desenvolveram cinco vacinas contra a COVID-19, que imunizaram a população da ilha.

Cuba fez da prática coerente da solidariedade uma conduta. Mais de 3.000 cubanos deram a vida nos esforços de libertação em África. O fim do apartheid, a independência da Namíbia, a luta pela independência de Angola, viram cubanos e africanos lutarem juntos. Milhões de pessoas em todo o mundo aprenderam a ler e a escrever ou recuperaram a visão graças aos programas de colaboração cubanos. Os seus médicos enfrentaram o Ébola e a Covid-19 em 42 países. Cuba formou 30.000 médicos de 105 países. Partilhamos o que temos, não o que nos sobra.

Por uma questão de decoro e de respeito pela verdade, um pouco de história:

– Em fevereiro de 1962, o Presidente J. Kennedy instituiu o bloqueio econômico, financeiro e comercial a Cuba que dura até hoje.

– Em janeiro de 2021, 9 dias antes de deixar o cargo, Donald Trump incluiu Cuba na Lista de Países Patrocinadores do Terrorismo. No total, adotou 243 novas medidas de bloqueio contra Cuba.

– Em 6 de abril de 1960, Lester D. Mallory, Secretário de Estado Adjunto para os Assuntos Interamericanos, definiu, num memorando secreto, a filosofia do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto a Cuba:

“A maioria dos cubanos apoia Castro… a única forma previsível de diminuir o seu apoio interno é através do desencanto e da insatisfação decorrentes do mal-estar econômico e das dificuldades materiais… todos os meios possíveis devem ser rapidamente utilizados para enfraquecer a vida econômica de Cuba… uma linha de ação que, sendo tão hábil e discreta quanto possível, conseguirá os maiores avanços na privação de dinheiro e de fornecimentos a Cuba, para reduzir os seus recursos financeiros e salários reais, para provocar a fome, o desespero e a derrubada do Governo.”

Em novembro de 2023, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou por 187 votos a favor e 2 contra (EUA e Israel) a exigência de que o governo dos EUA levantasse o bloqueio a Cuba. Esta resolução tem sido adotada desde 1992 por uma maioria esmagadora. Não se trata da “esquerda continental”.

O bloqueio não é um pretexto, é uma realidade e o principal obstáculo ao desenvolvimento e ao bem-estar do povo cubano. O bloqueio nega o direito inalienável à autodeterminação. É uma política genocida destinada a provocar fome, privações de todo tipo, mal estar e desespero entre a população, com altíssimos custos humanos e materiais nos mais de 60 anos de sua impiedosa aplicação. Estados Unidos persegue toda atividade que possa gerar investimentos a Cuba. A Folha sabia que 350.000 cidadãos europeus foram formalmente notificados de que não poderão entrar nos Estados Unidos em função do Programa de Isenção de Vistos ESTA (Electronic System for Travel Authorization)? Seu crime: viajaram a Cuba como turistas, diz o ICL.

Não é o governo cubano que é arcaico, é o bloqueio americano. A resistência do povo digno de Cuba com o apoio da solidariedade internacional prevalecerá.

Brasil, 9 de setembro de 2024

Em ataque canalha a Boulos, Folha dá aula de fascismo

Uma das piores formas de instrumentalizar a sociedade é aquela que executa sumariamente quem a mídia trata como inimigo pessoal. Assim, impõe sua influência especificamente as classes médias.

Ou seja, escrevem textos quase à capela através de um pensamento rigorosamente tirado do estatuto do fascismo.

Num primeiro momento, tratam todos como iguais para dar uma falsa ideia de isonomia, mas tudo não passa de técnica de persuasão orquestrada, já que, lentamente, vão se modificando, censurando, atacando com pequenas elevações de tom todos os dias.

O que a Folha fez com Boulos hoje foi mais do que partidarizar a história, tratando-o como um bandido repleto de crimes quando, na verdade, o objetivo é a criminalização do MTST, através de Boulos, sem apresentar qualquer comparação entre as duas realidades que gritam em São Paulo, a primeira, todos costumam dizer que é a locomotiva do capitalismo brasileiro e, por isso, a cidade mais rica e potente da América Latina.

No entanto, numa brutal contradição, faz de conta que não sabe que é também a cidade com a maior quantidade de moradores de rua e miseráveis, dividindo espaço, muitas vezes através das formas mais vis, no sentido desumano, na mesma metrópole que se encontra a fina flor da reacionária elite brasileira, a chamada Faria Lima.

Mas canalha e fascista como é, mostrando que quer Boulos longe da prefeitura de São Paulo, por ter liderado o movimento e suas ações, a Folha faz seu jogo baixo, o que já pratica há décadas a fio, que é o fomento ao ódio contra os mais pobres, tratando uma liderança séria como Boulos, como se fosse um bandido, só por ter lutado junto com os degradados, os segregados e os desvalidos.

Lula anuncia criação de autoridade climática em meio a seca e queimadas

Promessa foi feita em uma reunião com prefeitos em Manaus.

Em meio a um cenário de queimadas e secas nos rios da Amazônia, presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a prometer a criação de uma autoridade climática no país. A promessa foi feita nesta terça-feira (10), em uma reunião com prefeitos em Manaus.

“Nosso foco precisa ser a adaptação e preparação para o enfrentamento desses fenômenos [climáticos extremos]. Para isso, vamos estabelecer uma autoridade climática e um comitê técnico-científico que dê suporte e articule a implementação das ações do governo federal”, afirmou Lula em discurso.

O presidente não indicou metas ou prazos para a criação do órgão, que foi uma de suas promessas de campanha nas eleições de 2022 e determinante no apoio de Marina Silva à sua candidatura.

A criação de novas entidades pelo Executivo precisa ser aprovada pelo Legislativo. Desta forma, a autoridade climática não avançou diante do cenário adverso no Congresso Nacional.

O plano era que o órgão fosse anunciado em janeiro em 2023, A entidade não apareceu, no entanto, na reestruturação da Esplanada dos Ministérios feita no início daquele ano, e a promessa se estendeu para março de 2023.

Desde então, o governo acumulou problemas em sua articulação com o Congresso e sofreu derrotas na sua política ambiental, como resultado de pressões de ruralistas e do centrão, que esvaziaram atribuições dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, além de avançar projetos como o do marco temporal.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é vista como entrave para implementação de políticas de interesse do agronegócio, e a FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária), com cerca de 300 deputados, é uma das maiores forças da Casa.

A nova indicação de criação da autoridade climática acontece em momento em que a Amazônia enfrenta um cenário de crise climática, secas em seus principais rios e queimadas em áreas de floresta.

Pesquisa Atlas: Marçal salta, ultrapassa Nunes e empata com Boulos

Pesquisa Atlas divulgada nesta quarta-feira (11/9) mostra empate técnico entre Boulos (28%) e Marçal (24,4%). Nunes aparece em 3º, com 20,1%

São Paulo — Pesquisa do Instituto Atlas Intel à Prefeitura da capital paulista, divulgada nesta quarta-feira (11/9), mostra empate técnico entre Guilherme Boulos (PSol) e Pablo Marçal (PRTB), que ultrapassou o prefeito e candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).

Marçal saltou oito pontos em relação ao levantamento anterior, feito há três semanas, e tem 24,4%. Ele foi o único a crescer na pesquisa, cuja margem de erro é de 2 pontos para mais ou para menos. Já Boulos, com 28%, oscilou um ponto para baixo.

Nunes oscilou dois pontos para baixo e, com 20,1%, foi ultrapassado por Marçal. Tabata Amaral (PSB), com 10,7%, teve oscilação negativa de 1,3 pontos e José Luiz Datena (PSDB), com 7,2%, teve uma queda de 2,8 pontos.

Confira a pesquisa completa Atlas Intel:

  • Guilherme Boulos (PSol): 28%
  • Pablo Marçal (PRTB): 24,4%
  • Ricardo Nunes (MDB): 20,1%
  • Tabata Amaral (PSB): 10,7%
  • José Luiz Datena (PSDB): 7,2%
  • Marina Helena (Novo): 4,7%
  • Ricardo Senese (UP): 0,7%
  • João Pimenta (PCO): 0%
  • Não sei: 1,7%
  • Voto branco/nulo: 2,5%

De acordo com o levantamento, Marçal apresenta melhor desempenho entre os eleitores homens (31,5%) e entre aqueles que possuem formação até o ensino fundamental (41,3%).

Boulos pontua melhor entre as mulheres (33,7%) e entre o eleitorado que possui ensino superior (37,8%). Já Nunes lidera entre os eleitores com mais de 60 anos (29,5%) e entre aqueles que possuem renda familiar acima de R$ 10 mil (29,9%).

Histórico: Palestina conquista lugar na Assembleia Geral da ONU

Nesta terça-feira (10), a Palestina fez história ao assumir um assento oficial na Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Este é o primeiro assento palestino na Assembleia em mais de 70 anos de história da organização.

Imediatamente após a posse, as autoridades palestinas anunciaram a intenção de apresentar uma resolução que solicita a retirada de Israel dos territórios ocupados em um prazo de seis meses, informa Jamil Chade, no UOL.

O momento foi celebrado como histórico pela diplomacia árabe, com a delegação egípcia anunciando a chegada dos palestinos e recebendo aplausos da Assembleia. O embaixador palestino, Riyad Mansour, foi saudado por diversas delegações. A presença palestina foi destacada como um marco importante, já que 140 países reconhecem a Palestina como um estado soberano.

Israel criticou a medida e disse que Palestina não deveria ter assento

Em resposta, o governo de Israel criticou a medida, alegando que a Palestina não deveria ter um assento na Assembleia e acusando a decisão de favoritismo político. Israel argumenta que apenas estados soberanos podem ocupar tal posição e questionou se houve uma mudança na Carta da ONU para justificar a inclusão da Palestina.

Apesar da aprovação de uma resolução em maio, patrocinada pelo Brasil e que pede o reconhecimento da Palestina como um estado e sua entrada na ONU, a adesão plena ainda não foi garantida. A resolução precisa ser aprovada pelo Conselho de Segurança, onde os EUA já vetaram a proposta.

Status de observador

Atualmente, na sua função de observador, a Palestina não pode votar ou apresentar candidaturas para órgãos da ONU, mas agora tem um lugar simbólico entre os estados membros. A partir deste ponto, a delegação palestina poderá se sentar na ordem alfabética, inscrever-se para falar em assuntos não relacionados especificamente ao Oriente Médio, e propor itens para a pauta das sessões da Assembleia Geral. Além disso, poderá participar de conferências e reuniões internacionais convocadas sob os auspícios da Assembleia.

Em maio, a resolução que reconheceu a Palestina recebeu 143 votos favoráveis, com apenas 9 países se opondo e 25 se abstendo. Esse resultado evidenciou o isolamento dos EUA na questão e aumentou a pressão sobre o respeito à soberania palestina.