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A posse de Trump e a democracia capturada pelos algoritmos

Percorri as ruas de Washington horas antes da posse de Trump e vi pessoas cansadas, indiferentes à democracia.

Washington amanheceu fria nesta segunda-feira (20), com – 4ºC. Todos os blocos próximos à Casa Branca estavam hermeticamente fechados para carros. Perguntei ao funcionário do hotel se toda cerimônia de posse presidencial era sempre assim e ele respondeu que não. Disseram que Trump já havia sofrido dois atentados e que toda essa segurança era devido ao risco de um novo atentado.

Estou em Washington a trabalho e sabia que iria passar o fatídico dia aqui. Saí para fotografar a movimentação por volta das 10 horas da manhã. A posse aconteceria só ao meio-dia, mas me surpreendi. Não havia alegria nas ruas. Para falar a verdade, as ruas estavam vazias. Estou retomando a fotografia e levei uma pequena Leica. Não havia autorização para câmeras grandes sem apresentar credenciais ou dar explicações. Saí com essa pequena Leica e vi pessoas cansadas.

Não havia absolutamente nenhum jovem ou grupo de jovens que poderia ter votado no MAGA (sigla em inglês para Faça América Grande de Novo, o slogan de Trump). Havia pessoas velhas que vieram no dia anterior de ônibus, muitos trabalhadores, crianças dormindo ou no colo dos pais, e algumas maiores brincando com as bandeiras. Mas pouquíssimos negros e latinos. Uma senhora muito idosa passa com andador, ajudada pela filha, vestindo um pijama com a estampa da bandeira americana. Ela segue vagarosamente, numa parábola do que são os Estados Unidos neste dia de posse.

Havia alguns cosplays com muitos adereços. Passou um com chapéu de alce, chamando a atenção de dois jornalistas. Ele celebra a invasão do Capitólio como um ato de “liberdade suprema”. Eu e os repórteres, que são franceses, nos olhamos com extrema consciência do que estamos presenciando. Talvez o fato mais importante deste século. Trocamos algumas palavras em francês e fomos para lados opostos. Sabemos, eu e eles, que a democracia está nas mãos dos “riots” agora.

A democracia que presenciamos é indiferente às mudanças climáticas, ao valor do salário mínimo congelado há vinte anos, à pobreza que as barracas de moradores de rua testemunham. A democracia capturada pelos algoritmos, pelo big oil, pelo capital e pelas corporações. A democracia da oligarquia, que Bernie Sanders denunciou há poucos dias. A democracia de Martin Luther King – que tem hoje o seu dia – presencia a queda dos valores de tolerância e cooperação de forma acelerada.

Na frente do restaurante Hamilton havia um checkpoint calmo. As pessoas chegavam e tinham tempo de comprar bonés e camisetas. Estavam felizes porque a América cindida, a América dividida, retornou com seu showman. Tirei algumas fotos dos apoiadores de Trump pelo reflexo dos letreiros deste restaurante. E pensei: Alexander Hamilton e James Madison foram os responsáveis por não se adotar a democracia total, mas a democracia parcial das elites e dos colégios eleitorais. Madison, com seu medo tremendo de que o povo empoderado dos novos estados fizesse, por exemplo, uma reforma agrária com as terras da maioria dos congressistas constitucionais, grandes latifundiários. O paradoxo da Revolução Americana de 1776 e da Constituição Americana, que garantiu que todos os homens eram livres, enquanto mantinha seus pés sobre as cabeças dos negros e indígenas que construíram esta nação.

O que querem essas pessoas cansadas e empobrecidas que vejo nos checkpoints? Querem o retorno da meritocracia ou o privilégio branco? Querem se livrar da vida baseada em empréstimos infindáveis ou da dupla jornada? Querem se livrar do idioma espanhol ou chinês que ouvem pelas suas ruas? Pensam que os anos de ouro do milagre econômico estadunidense, no início do século passado, são possíveis e retornarão simplesmente anexando territórios como Groenlândia e Canadá?

Essas pessoas não sabem, e nem lhes interessa saber, que as big techs têm muito a ver com os algoritmos que fizeram com que os Estados Unidos estivessem em seu estado de irreconciliabilidade. Em seu modo mais refratário aos ideais de liberdade e igualdade que moldaram pensadores como John Rawls e Henry David Thoreau. Elas não sabem que uma elite muito mais poderosa que a Inglaterra colonial chegou ao poder agora. Que brinda nos salões privados e chiques da capital norte-americana a ascensão do projeto 2025, que vai desmontar o sistema de freios e contrapesos que Madison pensou para evitar oligarquias ou tiranias. O projeto que já deu certo na Polônia e na Hungria de desmontar o estado por dentro, retirando funcionários de carreira e colocando pessoas fieis ao ideal MAGA.

E o Brasil é a próxima parada dessa oligarquia que abocanhou a democracia com seus algoritmos e poder econômico das corporações. A viralização do vídeo de um deputado federal contra o Pix demonstra que toda a máquina de moer democracias já se dirige para as cabeças dos Brics. Os Brics, que hoje são o único contraponto que temos para obstar a subjugação total do capital sobre a democracia real. De uma ágora real contra a ágora inventada pelo rolar da timeline.

Como lidar com a indiferença à democracia é a grande pergunta que faço. A verdadeira liberdade ainda nos importa? O que Rawls ou Thoreau diriam de pessoas como Zuckerberg ou Musk, que cooptaram e se aliaram ao fascismo?

Abandono as ruas vazias de Washington. A democracia vazia tornou-se indiferente ao futuro da humanidade. O mundo totalitário do século 21 não terá tortura, prisões políticas ou extermínio em massa. O mundo totalitário pós-Hannah Arendt, que tão bem descreveu o estado totalitário clássico, terá os algoritmos de persuasão certos. E alguns poucos, com cabeça de alce, para celebrar isso.

*BdF

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Lula diz que 2026 já começou e que não quer entregar país ‘de volta ao neonazismo’

Lula também disse que deverá ter conversas individuais com os ministros de seu governo;

O presidente Lula (PT) disse nesta segunda-feira (20) em reunião ministerial que a campanha eleitoral de 2026 já começou e que não quer entregar o país “de volta ao neonazismo”, em referência à gestão do seu antecessor, Jair Bolsonaro (PL).

“Dois mil e vinte e seis já começou. Se não por nós, porque temos que trabalhar, capinar, temos que tirar todos os carrapichos, mas pelos adversários, a eleição do ano que vem já começou. Só ver o que vocês assistem na internet para ver que já estão em campanha. A antecipação de campanha para nós é trabalhar, trabalhar, trabalhar e entregar o que o povo precisa”, disse.

“Precisamos dizer em alto e bom som, queremos eleger governo para continuar processo democrático do pais, não queremos entregar esse país de volta ao neofascismo, neonazismo, autoritarismo. Queremos entregar com muita educação”, afirmou ainda, sob aplausos dos presentes.

Nas primeiras semanas do ano, o governo sofreu derrota para a oposição em torno de uma norma da Receita Federal que ampliaria a fiscalização sobre transações de pessoas físicas por meio desse tipo de transferência que somassem ao menos R$ 5.000 por mês.

Lula decidiu recuar da medida, após ataques da oposição e uma onda de desinformações, que levaram à queda no volume de transações desse tipo feitas na semana passada.

Nas redes sociais, viralizaram vídeos de parlamentares de direita, notadamente o de Nikolas Ferreira (PL-MG), em que ataca o governo e a medida.

A declaração de Lula sobre a oposição já ter começado a campanha de 2026 foi dada durante abertura da reunião ministerial, na Granja do Torto. Este é o primeiro encontro do ano com o primeiro escalão.

Reunião com Lula começou pela manhã
A reunião começou pela manhã . Além de ministros, há também líderes do governo no Congresso.

A expectativa da reunião é para reforçar a cobrança e a pressa por entregas dos ministérios nesta segunda metade do governo. O encontro também ocorre sob a perspectiva de uma reforma no primeiro escalão do governo.

Em outro momento de sua fala, Lula citou os partidos que integram seu governo e afirmou que é preciso entender se essas legendas apoiarão a continuação da gestão no processo eleitoral de 2026.

Hoje, integram a base do governo do petista partidos que ensaiam lançar uma candidatura própria à Presidência, como União Brasil e PSD — cada um com três ministérios na Esplanada. Além disso, uma ala do MDB pleiteia a vice da chapa de Lula.

“Temos vários partidos políticos, eu quero que esses partidos continuem junto, mas estamos chegando no processo eleitoral e a gente não sabe se os partidos que vocês representam querem continuar trabalhando conosco ou não. E essa é uma tarefa também de vocês no ano de 2025”, afirmou o petista.

Lula também disse que deverá ter conversas individuais com os ministros de seu governo, num momento de expectativa de reforma na Esplanada. Ele agradeceu a relação de confiança com os aliados e afirmou que, daqui para frente, “vai ter muito mais trabalho”.

“Nem tudo que foi anunciado já deu frutos, é preciso que a gente saiba que 2025 é o ano da grande colheita de tudo o que a gente prometeu ao povo brasileiro. E não podemos falhar. Não podemos errar.”

O presidente quer passar a mensagem nesta reunião de que o governo chegou na sua reta final, será preciso acelerar as medidas e, sobretudo, dar visibilidade de forma alinhada com a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência). A mais recente crise do Pix reforçou no Planalto a ideia de que é preciso um discurso mais unificado na Esplanada.

Está prevista entre as falas de abertura do encontro a do novo ministro da Secom, Sidônio Palmeira, primeira vez para todo o primeiro escalão do governo. Ele tomou posse na terça-feira passada e já enfrentou a crise do Pix.

Como a Folha de S.Paulo mostrou, um dos seus primeiros atos à frente da pasta foi encomendar uma campanha com foco em autônomos e empreendedores, após diagnosticar grande desgaste com esse público. Na avaliação de aliados do presidente, o diálogo com o segmento já era difícil e piorou ainda mais com a disseminação de fake news sobre a taxação do Pix.

Um dos principais desafios de Sidônio, segundo integrantes do governo, será justamente de alinhar o discurso da Esplanada. Há no Palácio do Planalto um entendimento de que muitos ministros ao proporem uma medida ou tomarem uma decisão nem sempre estão alinhados com o núcleo de governo, ou seja, com o que o presidente quer.

Além de Lula e Sidônio, todos os ministros vão apresentar, brevemente, um balanço de suas pastas e uma projeção para 2025.

 

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Política

Lula diz que governo deve agir para pôr comida barata na mesa do trabalhador

Ao abrir a primeira reunião ministerial do ano nesta segunda-feira (20), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que um dos pontos centrais do governo, para além do lema da união e reconstrução, é baratear o preço dos alimentos. Lula também defendeu que os brasileiros não podem deixar que o “país volte ao horror que foi o mandato do nosso antecessor” e falou sobre a relação com Donald Trump, que toma posse neste mesmo dia.

A reunião acontece ao longo de todo o dia na Granja do Torto e tem a participação de todos os ministros e de líderes do governo no Congresso; da presidenta da Petrobras, Magda Chambriard; e do assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Celso Amorim.

Leia também: Com reforma tributária, governo espera reduzir desigualdades e aumentar sustentabilidade

“A gente trabalhou pela reconstrução e pela união. Agora, a gente vai ter de trabalhar mais uma coisa importante: reconstrução, união e comida barata na mesa do trabalhador porque os alimentos estão caros”, afirmou.

A inflação fechou 2024 em 4,83%, acima do teto da meta, tendo os alimentos como principal alavanca dessa subida. “É uma tarefa nossa garantir que o alimento chegue à mesa do povo trabalhador, da dona de casa, em condições compatíveis com o salário que ele ganha”, reforçou.

2026 começou

Outro aspecto destacado pelo presidente é que o foco em 2025 é colher os frutos semeados pelo governo ao longo dos primeiros dois anos, tendo em vista que se trata do penúltimo ano de mandato.

“Quero dizer para vocês que 2026 já começou; se não por nós — porque temos de trabalhar, de capinar, tirar todos os carrapichos que tiver nas plantas que plantamos —, pelos adversários, a eleição já começou. É só ver o que está na internet para perceber que eles já estão em campanha”, pontuou.

Lula voltou a salientar a defesa da democracia contra a possibilidade de retorno de governos alinhados à extrema-direita. “Todos nós sabemos que precisamos fazer com que este país volte a ter uma democracia plena. Todos sabemos o que foi o 8 de janeiro e o que poderia ter acontecido neste país se o 8 de janeiro tivesse dado certo”, lembrou.

Ele enfatizou que sua principal motivação é “não permitir, em hipótese alguma, que o país volte ao horror que foi o mandato do nosso antecessor; para que a gente garanta que a democracia vai prevalecer neste país”.

Disse, ainda, que o compromisso do governo deve ser, também, o de “atender as pessoas mais necessitadas, os mais pobres, o pequeno comerciante, os empreendedores, os pequenos e médios empresários, os nossos educadores e atender todas aquelas pessoas que querem trabalhar para o bem do Brasil”.

O presidente enfatizou, ainda, que deseja eleger um governo que continue o processo democrático. “Não queremos entregar este país de volta ao neofascismo, ao neonazismo, ao autoritarismo”, declarou. E acrescentou: “Estamos privilegiando a educação, o humanismo, e não os algoritmos para fazer a cabeça das pessoas”.

Relação com os EUA

Com relação à posse de Donald Trump na presidência dos Estados Unidos, Lula declarou: “Tem gente que fala que a eleição do Trump pode causar problemas na democracia mundial. O Trump foi eleito para governar os EUA e eu, como presidente do Brasil, torço para que ele faça uma gestão profícua, para que o povo americano melhore e para que os americanos continuem a ser um parceiros históricos do Brasil”.

Defendeu, ainda, que “da nossa parte, não queremos briga, nem com a Venezuela, nem com os americanos, nem com China, Índia ou Rússia. Queremos paz, harmonia; queremos ter uma relação em que a diplomacia seja a coisa mais importante e não a desavença, a encrenca”.

Recuperação do país

Referindo-se aos ministros, Lula enfatizou que este será um ano de “definição para a história e a biografia de cada um na passagem pela governança deste país. É muito importante ter clareza sobre isso porque daqui para a frente, a gente não pode mais inventar nada. Daqui para a frente, temos de colher tudo o que semeamos”.

O presidente declarou, ainda, que “somos um grupo de pessoas de formação política diferenciada, de berços diferentes, mas temos uma coisa em comum: a causa de recuperar este país, fazer este país crescer, se desenvolver e, com esse crescimento e esse desenvolvimento, queremos melhorar a vida do povo dentro de casa, melhorar a educação do povo na escola, melhorar a possibilidade de trabalho desse povo”.

Neste sentido, fez um alerta: “É importante que a gente compreenda que o povo com o qual estamos trabalhando hoje não é o mesmo dos anos 1980. Não é o povo que queria apenas ter um emprego numa fábrica com carteira assinada. É um povo que está virando empreendedor e ele gosta de ser empreendedor e nós precisamos aprender a trabalhar com essa nova característica do povo brasileiro”.

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Brasil não tem oposição, mas um amontoado de furúnculos com cheiro de defunto

O motor que move a “oposição” ao governo Lula, é de uma mediocridade sambada, que nem a Inteligência Artificial dá conta.

Começa pela Faria Lima, com as previsões patéticas do mercado que nunca se encontram com a realidade.

Assim os fieis da rua dos ricos, usam esses clichês especulativos pra fazer uma oratória que decalca a tática da patrãozada.

É uma sessão permanente de ataques que se desfaz na próxima nevoa criada por outra futrica,

Isso mostra que a desordem capitalista se esgoela pra tentar se desprender das próprias armadilhas, num sobressaltado cenário de guerra pela guerra, antecipando a disputa presidencial de 2026.

Não estamos subestimando a capacidade destrutiva dessa direita neofascista que atua hoje no Brasil. Seria um suicídio político comprar essa ideia.

Mas os amantes de golpes, não estão diante de um cartão postal equivalente à carga de ódio que carregam.

Ainda hoje fiquei ouvindo o super Carlos Andreaza que se encantava com a indumentária fascista de Moro no auge dos holofotes da Lava Jato, segundo a insuspeita Vera Magalhães

Carlos Andreaza é neto de Mário Andreazza, ministro dos transportes durante a ditadura militar brasileira.

A mesma ditadura que endividou o Brasil com o FMI e produziu a hiperinflação que devorou a economia nacional e só foi de fato estancada nos governos Lula.

Mas Andreaza, sentindo que o factoide de Níkolas com o PIX, babou, murchou, sobretudo depois do vídeo arrasador de Erika Hilton, resolveu falar de economia, arcabouço fiscal, para não chegar em lugar nenhum na sua “análise”.

E se o titular do Estadão anda em círculos e faz uma observações mais rasas que um pires, está instalada a oposição de mentiras, fofocas, futricas e leva e traz.

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Com 204 novos bilionários no ano passado, concentração de renda mundial aumenta

Relatório da organização não governamental (ONG) internacional Oxfam sobre concentração de renda mostra que o ritmo de concentração em 2024 teve novo pico, a exemplo do que ocorreu durante a pandemia de covid-19. Surgiram 204 novos bilionários no planeta, e o ritmo de enriquecimento dos super-ricos aumentou três vezes em relação a 2023.

O relatório antecede o encontro anual do Fórum Econômico de Davos, que concentra diretores das principais instituições empresariais e líderes de governos em reuniões de negócios e lobby na cidade suíça.

Os bilionários, pouco mais de 2.900 pessoas, enriqueceram, em média, US$ 2 milhões por dia. Os dez mais ricos, por sua vez, enriqueceram em média US$ 100 milhões por dia. Alguém que receba um salário mínimo no Brasil demoraria 109 anos para receber R$ 2 milhões e, pela cotação atual, 650 anos para receber U$$ 2 milhões.

“No ano passado, a Oxfam previu um trilionário em uma década. Se as tendências atuais continuarem, haverá agora cinco trilionários em uma década. Enquanto isso, de acordo com o Banco Mundial, o número de pessoas que vivem na pobreza praticamente não mudou desde 1990”, destaca o relatório, que aponta que os 44% mais pobres do mundo vivem com menos de US$ 6,85 por dia.

Para efeito de comparação, o Produto Interno Bruto (PIB) Global, segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), teve aumento de cerca de 3,2%, para uma população que a Organização das Nações Unidas (ONU) estima de 8 bilhões de pessoas.

Segundo o Banco Mundial, o PIB Global era de US$ 33,86 trilhões em 2000, e chegou aos US$ 106,7 trilhões em 2023, ainda que com diminuição dos índices de extrema pobreza (aqueles que recebem menos de U$$ 2,15 por dia), que eram 29,3% da população mundial em 2000 e são ainda 9% da população nos dados de 2023. A Oxfam destacou que os 10% mais ricos, por sua vez, detém 45% de toda a riqueza do mundo.

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Bilionários lucram R$ 34 bilhões por dia enquanto pobreza global segue intocada desde 1990, aponta Oxfam

Relatório diz que conta dos mais ricos cresceu quase R$ 12 trilhões em 2024, três vezes mais rápido que no ano anterior.

A riqueza somada dos bilionários do mundo aumentou US$ 2 trilhões (cerca de R$ 12 trilhões) em 2024. Isso representa crescimento três vezes maior do que o registrado no ano anterior. Ocorreu enquanto o número de pessoas pobres quase não muda desde 1990.

Esses dados fazem parte de um relatório divulgado nesta segunda-feira (20) pela Oxfam. O documento “As custas de quem: A origem da riqueza e a construção da injustiça no colonialismo” foi revelado no mesmo dia em que políticos e grandes empresários se reúnem para mais uma edição do Fórum Econômico de Davos, na Suíça.

Segundo a Oxfam, durante 2024, o número de bilionários no mundo subiu de 2.565 para 2.769. O patrimônio combinado deles passou de 13 trilhões de dólares para 15 trilhões de dólares (R$ 78 trilhões para de R$ 90 trilhões).

Relatório da Oxfam mostra que acumulação de riqueza dos bilionários triplicou em 2024 ante 2023 / Reprodução/Oxfam

Essa ínfima minoria da população ficou 5,7 bilhões de dólares mais rica por dia – R$ 34 bilhões. Cada um dos dez mais ricos do mundo, em média, ganhou 100 milhões de dólares por dia, ou cerca de R$ 600 milhões.

De acordo com a Oxfam, mesmo que essas dez pessoas perdessem 99% de sua riqueza, eles ainda permaneceriam bilionárias.

Trilionários em 2035

A Oxfam dedica-se a monitorar a desigualdade social no mundo há anos. Ela denuncia por meio de estudos o crescimento vertiginoso da concentração de renda.

Por conta dessa concentração, em 2023, a Oxfam previu o surgimento do primeiro trilionário dentro de uma década. Neste ano, porém, por conta do aumento do ritmo de acumulação dos bilionários, ela alertou que em dez anos o mundo deve ter pelo menos cinco trilionários.

“Essa crescente concentração de riqueza é possibilitada por uma concentração monopolista de poder, com os bilionários exercendo cada vez mais influência”, declarou a organização.

“O auge dessa oligarquia é um presidente bilionário [Donaldo Trump], apoiado e comprado pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk, governando a maior economia do planeta [EUA]. Apresentamos este relatório como um alerta severo de que as pessoas comuns em todo o mundo estão sendo esmagadas pela enorme riqueza de um número ínfimo de pessoas”, acrescentou Amitabh Behar, diretor-executivo da Oxfam.

Riqueza não merecida

De acordo com a Oxfam, boa parte da riqueza dos mais ricos não é fruto do trabalho deles. É imerecida. “60% da riqueza dos bilionários de hoje vem de herança, monopólio ou conexões com poderosos”.

Uma pesquisa da revista Forbes citada pela Oxfam aponta que todos os bilionários com menos de 30 anos herdaram sua riqueza. Outro levantamento, este do banco UBS, mil bilionários deixarão 5,2 trilhões de dólares (mais de R$ 30 trilhões) para seus herdeiros.

“Os super-ricos gostam de nos dizer que ficar rico exige habilidade, determinação e trabalho árduo. Mas a verdade é que a maioria da riqueza é tomada, não criada. Muitos dos chamados ‘autodidatas’ na verdade são herdeiros de vastas fortunas, passadas por gerações de privilégio imerecido”, disse Behar.

“Muitos dos super-ricos, particularmente na Europa, devem parte de sua riqueza ao colonialismo histórico e à exploração de países mais pobres”, acrescenta a Oxfam, que denuncia que tal exploração existe ainda hoje.

De acordo com a organização, o 1% mais rico em países do Norte Global, como EUA, Reino Unido e França, extraiu 30 milhões de dólares (cerca de R$ 180 milhões) por hora de países de baixa e média renda em 2023. “O Norte Global controla 69% da riqueza global, 77% da riqueza dos bilionários e abrigam 68% dos bilionários, apesar de representarem apenas 21% da população global.”

“O dinheiro desesperadamente necessário em todos os países para investir em professores, comprar remédios e criar bons empregos está sendo desviado para as contas bancárias dos super-ricos”, disse Behar.

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) citados pela Oxfam indicam que países de baixa e média renda gastam em média quase metade de seus orçamentos para pagar dívidas com credores ricos. Isso supera em muito o investimento combinado em educação e saúde. Entre 1970 e 2023, os governos do Sul Global pagaram 3,3 trilhões de dólares (cerca de R$ 20 trilhões) em juros para credores do Norte.

A Oxfam recomenda que governo taxem os mais ricos, acabem paraísos fiscais e com o fluxo de riqueza do Sul para o Norte. “Isso significa desmontar monopólios, democratizar patentes e regular as corporações para garantir que paguem salários dignos, como limite aos [salários] dos CEOs.”

“Os governos precisam se comprometer a garantir que as rendas dos 10% mais ricos não sejam mais altas do que as dos 40% mais pobres”, pediu a entidade. “Reduzir a desigualdade poderia acabar com a pobreza três vezes mais rápido”.

*BdF

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Eleita por São Paulo, Rosângela Moro prioriza viagens ao Paraná

A escolha de Rosângela de disputar uma vaga na Câmara por São Paulo, apesar de suas fortes conexões com o Paraná, tem sido alvo de críticas recorrentes.

Eleita deputada federal por São Paulo, Rosângela Moro (União) priorizou deslocamentos ao Paraná em 2024, de acordo com dados disponibilizados pelo Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. O levantamento, realizado pelo Metrópoles, revela que 19 das 21 passagens aéreas utilizadas pela parlamentar no ano tiveram Curitiba como ponto de partida ou destino final.

Conforme detalhado no levantamento, as passagens, que são apresentadas em trechos (como Brasília-Congonhas), incluem deslocamentos sem escala de Brasília para Curitiba e também viagens de São Paulo à capital paranaense. Rosângela utilizou os aeroportos de Congonhas e Viracopos em 15 trajetos registrados, somando um total de R$ 17 mil em despesas pagas com a cota parlamentar. No geral, o gabinete da deputada reportou 81 viagens ao longo do ano, acumulando um gasto de R$ 69 mil.

Contexto político
A escolha de Rosângela Moro de disputar uma vaga na Câmara dos Deputados por São Paulo, apesar de suas fortes conexões com o Paraná, tem sido alvo de críticas recorrentes. Em 2024, a deputada mudou novamente seu domicílio eleitoral para Curitiba com o objetivo de concorrer ao cargo de vice-prefeita na chapa de Ney Leprevost (União). No entanto, a dupla foi eliminada no primeiro turno da disputa, vencida por Eduardo Pimentel (PSD).

Os dados levantados trazem à tona questões sobre a utilização de recursos públicos para viagens frequentes ao Paraná, estado que não corresponde à base eleitoral que a elegeu. Além disso, reforçam a discussão sobre a relação entre a atuação parlamentar e interesses políticos regionais.

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Erika Hilton registra pedido de investigação na PF após receber ameaças

;Publicação da parlamentar defende medida, que foi revogada pelo governo esta semana.

A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) protocolou neste domingo (19/1), um pedido de abertura de inquérito na Polícia Federal (PF) para apurar ameaças de morte recebidas por meio da rede social X (antigo Twitter). As mensagens, que se intensificaram ao longo da madrugada, surgiram após a parlamentar publicar um vídeo desmentindo fake news acerca de uma proposta de fiscalização do PIX, medida anunciada, mas posteriormente revogada pelo governo.

As ameaças incluem incitações explícitas ao homicídio, referências à contratação de “pistoleiros” para segui-la e menções a práticas semelhantes às que vitimaram a vereadora Marielle Franco, morta em 2018. Além disso, conteúdos transfóbicos foram dirigidos à deputada, juntamente com ataques contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O vídeo, postado neste sábado (18/1), por Erika Hilton adota o mesmo formato visual e sonoro de uma gravação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que tentava transmitir a ideia de monitoramento das transações no Pix, argumentando que a fiscalização prejudicaria camadas mais vulneráveis da população. O vídeo do deputado ultrapassou 300 milhões de visualizações e ele, mesmo com a divulgação de notícias falsas, conseguiu outra proeza e ultrapassou o número de seguidores do presidente Lula no Instagram, segundo o Correio Braziliense.

Com mais de 100 milhões de visualizações, em pouco mais de 24 horas, a deputada defendeu o governo e disse, em um dos trechos: “O governo Lula nunca defendeu a taxação do PIX. Muito pelo contrário, quem sempre defendeu a taxação do PIX foi o ex-ministro da economia de Bolsonaro, Paulo Guedes. Ele sempre falou sobre taxar o PIX. Hoje já se passa a Receita Federal a informação de movimentações a partir de R$ 2 mil. O governo queria aumentar para R$ 5 mil na tentativa de constranger, coibir criminosos e quadrilhas”.

A parlamentar continuou fazendo críticas ao governo Bolsonaro, citando a desvalorização do salário mínimo, o combate ao desemprego e as rachadinhas. “Eles que luxam enquanto o povo trabalha de verdade, agora se apresentam diante das pessoas com uma mentira, se colocando como defensores do povo. É preciso se informar e é preciso não cair nessa onda de ataque e de mentira”, afirmou a parlamentar.

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Valor de contratos entre empresa da família de Nunes e governo de SP aumentou 497% após prefeito assumir cargo

Especialista em dedetização, Nikkey foi fundada por Ricardo Nunes em 1997 e chegou a R$ 4,6 milhões em contratos em 2024.

Os valores recebidos em contratos com o governo de São Paulo por empresa que tem como sócios o filho e a nora do prefeito da capital paulista Ricardo Nunes (MDB) aumentaram em quase seis vezes nos últimos dois anos.

A Nikkey Controle de Pragas e Serviços Técnicos recebeu R$ 5,73 milhões do governo estadual entre 2023 e 2024. Já de 2021 e 2022, a gestão do estado mais rico do país liberou à empresa de controle de pragas R$959,4 mil. O salto é de 497,78%.

Os dados foram apresentados em reportagem do Uol publicada neste domingo (19), com informações colhidas no portal da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado.

A Nikkey foi fundada por Ricardo Nunes com um sócio em 1997 e hoje, além da matriz em São Paulo, tem filiais em mais 9 cidades brasileiras. A empresa atende clientes como Colgate, Amaggi, Bunge e o aeroporto de Viracopos.

Aumento exponencial a partir de 2021

Até 2021, os serviços prestados pela Nikkey ao estado de São Paulo ficavam restritos à dedetização de unidades prisionais no interior. Entre 2018 e 2021, os pagamentos anuais a empresa não ultrapassaram R$ 35 mil.

Mas quando Nunes assume a prefeitura, após a morte de Bruno Covas (PSDB) em maio de 2021, é iniciada a alta nos contratos com o governo estadual, chegando a R$ 4,6 milhões em 2024. Durante o período, todos os governadores de São Paulo eram aliados políticos de Nunes: João Doria (então PSDB, hoje sem partido); Rodrigo Garcia (então PSDB, hoje sem partido); e Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Em 2022, a Nikkey venceu uma licitação no valor de R$ 2,75 milhões com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos). Em abril de 2023, venceu outra com o Metrô, no valor de R$ 3,5 milhões. Ambas licitações foram renovadas recentemente.

Além disso, antes do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) assumir a gestão, em 2023, a Nikkey venceu duas licitações do Metrô, que foram revogadas. Em uma delas, em 2021, concorrentes chegaram a questionar o vínculo de Nunes com a empresa. A empresa criada pelo prefeito também já recebeu mais de R$ 250 mil do governo federal.

O que diz o prefeito

Uol apurou que não houve indícios de irregularidades nas licitações. O governo estadual informou à reportagem que as contratações seguiram “todas as exigências legais”.

Já o prefeito Ricardo Nunes (MDB) respondeu ao portal, por meio de Nota da Secretaria de Comunicação do governo de São Paulo, que não há qualquer impedimento legal que impeça a empresa de participar de licitações públicas e que os processos foram “conduzidos de forma independente, regular e transparente, sem qualquer ingerência do governador ou do prefeito”.

Afirma também que “é irresponsável, portanto, qualquer ilação sobre irregularidade ou indício de privilégio relacionado aos contratos mencionados”.

 

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Um olho no analógico, outro no digital

O massacre que Dilma sofreu na Globo, foi a coisa mais covarde que já existiu. Do bom dia Brasil as meninas do Jô, Dilma apanhava mais que boneco do judas em sábado de aleluia.

Soma-se a isso, a negativa de Dilma em dar guarida ao pior bandido da história política do Brasil, Eduardo Cunha.

Inacreditavelmente esse super gangster como presidente da Câmara, colocou para rodar o golpe no mesmo dia em  que Dilma tinha lhe negado abrigo, sem a mídia questionar sua legitimidade.

Basta isso para dizer que não foi golpe. Foi muito golpe, foi um golpe descarado e com slogan da Globo dizendo a cada hora que as “instituições estavam funcionando”

A mesma Globo que convocava e transmitia, ao vivo, as manifestações contra Dilma, que só pararam em 2014 quando uma favela na Barra da Tijuca entrou na brincadeira e fez um arrastão nas lojas da av. Sernambetiba.

Além disso, ainda estavam na trama, Villas Boas, Etchegoyen, Aécio, Moro, Temer e outros troços de igual calibre.

Com Lula, foi mais simples, Moro e Bolsonaro fraudaram a eleição prendendo Lula sem qualquer prova de crime, para Bolsonaro ganhar e Sergio Moro ser ministro.

Algum boboca acredita que aquela última notícia no JN quando Bonner lê o twitter de Villas Boas ameaçando o STF para não conceder habeas corpus para Lula, não foi um combinado da Globo com o Villas Boas?

Falo isso, porque o país, enfrenta a velha oligarquia que jamais admitiu que o povo melhore de vida, desde que o Brasil é Brasil.

Isso é bem mais analógico do que a gente fala na era digital.