Aparição de Caiado em festa com foragido vira pauta em Goiás

Ronaldo Caiado esteve no aniversário de Gusttavo Lima na Grécia; grupos de Zap mostram foto em que ele aparece no mesmo cenário que foragido.

Circula em grupos de WhatsApp uma foto do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), no mesmo evento que José André da Rocha Neto. Fundador da casa de apostas Vai de Bet, o empresário está foragido da Justiça brasileira e é investigado no âmbito da Operação Integration, responsável pela prisão da advogada e influenciadora digital Deolane Bezerra. A ação mira um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes em apostas online.

O evento em questão foi o aniversário do cantor Gusttavo Lima, celebrado na Grécia. A assessoria de imprensa de Ronaldo Caiado afirma que o governador tirou férias e viajou à Europa para acompanhar a comemoração do cantor sertanejo, mas que não conhecia todos os convidados do artista, como o foragido. Caiado tem a segurança pública como uma de suas principais pautas.

O próprio Gusttavo Lima também foi citado no âmbito da operação. Um avião registrado como propriedade de uma empresa do cantor foi apreendido em São Paulo. Ele afirma que já vendeu a aeronave. Os advogados da estrela sertaneja, contudo, recusaram-se a apresentar a referida documentação à coluna.

A Vai de Bet opera no Brasil desde 2022 e tem sede em Curaçao, um paraíso fiscal no Caribe. Ela escolheu Gusttavo Lima como garoto propaganda, mas também patrocinou grandes clubes do futebol brasileiro, como o Corinthians. No exterior, André da Rocha não foi localizado pela Operação Integration.

Prisão de Deolane
A influenciadora foi presa nessa quarta-feira (4/9) no Recife, por suposto envolvimento num esquema de lavagem de dinheiro e jogos ilegais. Além de Deolane, outras 18 pessoas receberam mandados de prisão na Operação Integration, que mobiliza 170 agentes em Campina Grande (PB), Barueri (SP), Cascavel (PR), Curitiba (PR) e Goiânia (GO), além do Recife.

Grupos pró-Bolsonaro e Lava Jato mudam de nome e transferem audiência para Marçal

Para impulsionar Marçal à  Prefeitura de SP, páginas e grupos criados para defender outros políticos e causas mudaram nome e identidade.

A fim de impulsionar a candidatura de Pablo Marçal (PRTB) à Prefeitura de São Paulo, páginas e grupos criados originalmente para defender outros políticos e causas mudaram de nome e de identidade para transferir ao ex-coach a audiência que já possuíam.

Alguns dos grupos existiam desde 2016, e temas anteriores incluíam a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), da Operação Lava Jato e de pautas da extrema-direita. Todos trocaram de roupagem e passaram a divulgar Pablo Marçal — inclusive com a disseminação de desinformação e ataques contra adversários dele —, alcançando ao menos 1,2 milhão de usuários.

A reportagem identificou oito grupos — seis no Facebook, um no Telegram e um no WhatsApp — e três perfis no Instagram que trocaram de nome desde maio para divulgar a candidatura de Marçal, segundo levantamento feito em parceria por ICL Notícias, Aos Fatos e Intercept Brasil.

Um desses canais foi compartilhado pelo próprio Pablo Marçal e se tornou um meio de divulgação oficial da campanha dele.

Criada no Telegram em outubro de 2022, a comunidade chamada InfluenciadoresProBolsonaro foi rebatizada como Marçal por São Paulo. Essa mudança aconteceu no dia 8 de agosto, data do primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Inicialmente com cerca de 52 mil membros, o grupo se expandiu rapidamente após ser divulgado pelo candidato e, hoje, reúne 117 mil usuários.

Nas eleições de 2022, essa mesma comunidade foi usada como parte da estratégia digital da campanha à reeleição de Bolsonaro. Em uma live realizada com o então presidente a duas semanas do segundo turno, Marçal passou a usar a comunidade para enviar “instruções” a supostos 320 mil influenciadores que ajudariam na campanha.

Na época, foi distribuído aos usuários um documento com o título “Faça o que precisa ser feito!”. O material, revelado pelo Poder360, instruía apoiadores a criarem grupos no WhatsApp, usarem uma imagem da bandeira do Brasil em seus perfis, gravarem vídeos e disseminarem as mensagens do grupo original.

Trecho de documento com o título ‘Missão 2’. Texto orienta que usuários gravem e postem vídeos nas redes mostrando indignação contra ‘injustiças que estão levantando contra o presidente Bolsonaro’.

Procurada, a campanha de Marçal não retornou.

A investigação faz parte da aliança “Os Ilusionistas”de 15 meios de comunicação coordenada pelo Centro Latino-Americano de Pesquisas Jornalísticas (CLIP) para investigar a manipulação de informação neste super ano eleitoral na América Latina.

Vira-casaca
Pelo menos três grupos no Facebook que passaram a apoiar Marçal nas últimas semanas estão articulados em rede, já que contam com os mesmos administradores – perfis falsos com fotos de mulheres geradas por inteligência artificial.

É o caso do grupo Juntos com Pablo Marçal – SP, com 36,5 mil membros, que já andou em outras companhias. Criada em 21 de março de 2016, ainda no início do processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, a comunidade se chamava “Juntos com o juiz Sergio Moro” até 7 de agosto de 2024. Foi só então que passou a divulgar a candidatura do ex-coach.

Até se engajar na campanha de Marçal, o grupo estava parado havia pelo menos sete meses. Antes disso, tinha sido usado para convocar manifestações na Avenida Paulista ou pedir o impeachment do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, dentre outras bandeiras da extrema-direita.

As últimas movimentações dele haviam sido o compartilhamento de vídeos de políticos como o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o senador Eduardo Girão (Novo-CE).

A estreia de Marçal na timeline no dia 7 ocorreu com duas publicações no espaço de 4 minutos: um retrato com o slogan “mude você que ele muda o Brasil” e uma foto no alto de um trio elétrico, fazendo arminha com a mão ao lado de Bolsonaro. “São Paulo não pode cair nas mãos da esquerda nem do PT!! Bora apoiar Pablo Marçal!! O Brasil precisa de São Paulo!!’, publicou a suposta administradora do grupo.

O mesmo perfil falso é membro do PABLO MARÇAL – PREFEITO DE SÃO PAULO 🇧🇷 ✨✨, coletivo que teve um passado ainda mais volátil desde sua criação, em 23 de janeiro de 2021.

Com 55,6 mil participantes hoje, o grupo foi fundado com uma identificação genérica à direita conservadora. Em 2022, porém, atuou na campanha de Sergio Moro (União-PR) ao Senado. Um dia após o primeiro turno das eleições daquele ano, passou a se chamar “bolsonaristas contra o PT”. No ano seguinte, a comunidade chegou a apoiar por um mês o líder da extrema-direita portuguesa André Ventura, do Chega, antes de reatar com Moro. Também flertou durante por dois meses com o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

Com quase 100 mil inscritos, o grupo privado 🇧🇷 PABLO MARÇAL BR 🇧🇷 ainda guarda em sua URL uma referência às Forças Armadas brasileiras. Criada em 2017 com referência a “patriotas de direita”, a página passou a se chamar AMOR MILITAR – BR em dezembro de 2022, e retirou a referência aos quartéis logo após o 8 de janeiro.

Em 2023, seu nome se dedicou a exaltar o legado de Bolsonaro, exceto por um período de pouco mais de um mês entre maio e junho de 2023, quando começou a apoiar o senador Marcos do Val (Podemos-ES).

Mobilização para greves de caminhoneiros e contra a votação do chamado “PL das Fake News” (PL 2.630/2020) também constam no histórico de outras páginas que hoje fazem campanha para o candidato do PRTB à prefeitura de São Paulo.

Leonardo Nascimento, coordenador do Laboratório de Humanidades Digitais da UFBA, estuda o movimento dos grupos e canais e avalia que é necessário observar como nas redes sociais a militância política não está desvinculada de interesses econômicos e, por essa razão, existem tantas mudanças.

“O posicionamento político, militância, via redes sociais não está desvinculado dos interesses econômicos, da ideia de vender coisas, e de monetizar essa participação política. Essas coisas se confundem e, para fazer isso, você precisa ter muitas pessoas nos grupos e canais”, aponta ele.”Esses grupos não possuem uma filiação ideológica ou estreita em um candidato. Na maior parte das vezes, eles formam um arquipélago de interesses desde antivax (pessoas que são contra vacinas) a pessoas que são religiosas, contrárias ao movimento feminista, contra os direitos de pessoas LGBTQ+”, explica. “Eles são criados com objetivos mercadológicos, de vender coisas, e outros deles são criados como de debate temático, mas que em momentos de eleições ou de crise eles se transformam para atingir um determinado objetivo político, eleger um candidato ou defender uma causa, se posicionar sobre algum acontecimento”.

Perfis “transformados” no Instagram
O mesmo tipo de movimento ocorreu em ao menos três perfis de direita no Instagram, que somam 500 mil seguidores. Os três perfis passaram a reproduzir conteúdos pró-Marçal em maio de 2024, durante a pré-campanha.

A maior delas se chama atualmente Pablo Marçal Oficial SP® e tem 335 mil seguidores. Na descrição, o perfil declara ser “perfil reserva oficial” do candidato à prefeitura de São Paulo pelo PRTB. A atual política de transparência da Meta não permite mais ver os nomes anteriores de um perfil, mas afirma que o nome foi mudado uma vez.

Com base em publicações no feed do perfil, a reportagem apurou que só há referências sobre Pablo Marçal a partir de maio. Antes disso, o conteúdo era típico de um perfil bolsonarista, com divulgação de vídeos e memes de Bolsonaro e seus aliados, ataques ao governo, ao PT e à esquerda, diz o ICL.

O cenário é idêntico ao do perfil “Pablo Marçal Perfeito”, com 99 mil seguidores e já mudou de nome seis vezes. Também passou a postar conteúdos ligados à campanha de Pablo Marçal em maio. Antes disso, era um perfil de direita bolsonarista mantido pela influenciadora Ana Moreno, conhecida como Ana Opressora, candidata a vereadora em Natal pelo PL. O perfil postava, além de vlogs produzidos pela influenciadora, registros de sua rotina, como idas à academia. Atualmente ela usa em sua campanha uma conta muito menor, com apenas 28,6 mil seguidores.

A mesma lógica também é notada no “Pablo Marçal Prefeito”, com mais de 118 mil seguidores. A conta já mudou de nome três vezes desde que foi criada, em novembro de 2023. O perfil também aderiu à campanha de Marçal a prefeito em maio deste ano. A reportagem apurou que a conta faz parte de uma rede de perfis de direita, que também contam com contas em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao ex-ministro Paulo Guedes. Por trás de todas elas está o influenciador goiano Uelton Costa, candidato a vereador em Goiânia pelo PL e ligado ao deputado federal Gustavo Gayer (PL).

Gusttavo Lima tem contrato há dois anos com bet alvo da polícia

Sede da Vai de Bet foi alvo da polícia em operação que apreendeu avião de empresa de Gusttavo Lima e prendeu influenciadora Deolane Bezerra.

O cantor Gusttavo Lima mantém há dois anos um contrato publicitário com a Vai de Bet, empresa de apostas esportivas alvo da Polícia Civil de São Paulo na quarta-feira (4/9). A sede da companhia foi vasculhada pelos policiais na operação que prendeu a influenciadora Deolane Bezerra por um suposto esquema bilionário de jogos ilegais e lavagem de dinheiro.

Nas propagandas, Gusttavo Lima aparece ao lado do anúncio “Vai de Bet, o melhor site de apostas do Brasil” e diz: “Vai de Bet é a casa do embaixador. Você aposta a partir de R$ 1 e o pix cai na hora”.

A operação policial apreendeu um avião que pertence a uma empresa de Gusttavo Lima, a Balada Eventos e Produções. Os policiais cumpriam mandados de busca e apreensão em São Paulo, Pernambuco, Paraíba, Paraná e Goiás. Recentemente, o artista posou para fotos com o dono da Vai de Bet, José André da Rocha, em um mega iate de luxo na Grécia. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, também está na viagem, de férias e licenciado do cargo, diz o Metrópoles.

Procurado, Gusttavo Lima confirmou que é contratado pela Vai de Bet: “O artista mantém contrato de uso de imagem com a Vai de Bet desde 2022. Seguiremos acompanhando os desdobramentos da operação [policial] e esperamos um breve deslinde”, afirmou o comunicado do artista.

Ofensiva de Israel na Cisjordânia é bomba-relógio contra palestinos. Ação internacional é urgente!

Cisjordânia se tornou palco de assassinatos gratuitos contra palestinos, uma extensão flagrante do que Israel faz em Gaza em seu projeto de colonização.

Os relatórios oficiais e não oficiais vindos do norte da Cisjordânia Palestina, incluindo o mais recente comunicado da prefeitura de Jenin, esclarecem que o exército de ocupação israelense arrasou mais de 70% das ruas da cidade de Jenin, além de 20 km de redes de água, esgoto, cabos de telecomunicações e eletricidade, o que levou ao corte de água em todo o campo de refugiados de Jenin e em 80% da cidade. Além disso, o mercado popular de vegetais na cidade foi incendiado.

O exército do invasor não se contentou em cometer crimes de extermínio contra os cidadãos, mas também destruiu ruas, infraestruturas e atacou hospitais em Jenin. O diretor do hospital de Jenin relatou que as forças de ocupação estão cercando o hospital, impedindo o trabalho das ambulâncias e das equipes médicas, e bloqueando o acesso dos cidadãos ao hospital, enquanto a eletricidade e a água foram cortadas, ameaçando a paralisação total do hospital caso os geradores parem de funcionar. A organização Médicos Sem Fronteiras expressou suas preocupações sobre o cerco dos hospitais pelas forças de ocupação e o corte de eletricidade e água ao hospital de Jenin, o que resultou na suspensão das sessões de hemodiálise.

Essa situação não se limitou à cidade de Jenin, mas também afetou o campo de refugiados de Nur Shams, em Tulkarem, o campo de Al-Far’a, em Nablus, e áreas no Vale do Jordão, dando prosseguimento aos crimes de genocídio que ocorrem na Faixa de Gaza, incluindo assassinatos, destruição, deslocamento, fome e sede.

“Evacuação temporária”, alega Israel
O ministro das Relações Exteriores do estado ocupante, Israel Katz, divulgou um comunicado na mesma linguagem utilizada no início da guerra em Gaza, dizendo: “Vamos proceder com uma evacuação temporária dos residentes do norte da Cisjordânia. Esta é uma guerra em todos os sentidos da palavra, e estamos comprometidos em vencer”. Isso foi acompanhado por declarações provocativas de alguns dos líderes do estado ocupante, incluindo Smotrich e Ben Gvir, que muitos consideram um perigo e uma bomba-relógio após Gaza.

O que está acontecendo no norte da Cisjordânia, transformando-o em um palco de assassinatos gratuitos, não é, como alegam os líderes da ocupação, uma resposta aos grupos de resistência no norte, mas sim uma fase perigosa na guerra de deslocamento e anexação dentro do plano de “resolução final” em um projeto integrado.

O estado ocupante recorre a todos os tipos de armas, desde aviões de guerra, tanques e escavadeiras até bombardeios de artilharia, em uma extensão flagrante do que está acontecendo no setor de Gaza, com o objetivo de redesenhar os mapas de distribuição populacional palestina na Cisjordânia, esvaziando-a gradualmente de seus habitantes para expandir as áreas de colonização e separar a Cisjordânia de Gaza, completando a judaização de Jerusalém e apagando o status legal e histórico dos locais sagrados islâmicos e cristãos, especialmente a Mesquita de Al-Aqsa.

*Diálogos do Sul

Deputado que quebrou placa de Marielle tem candidatura a prefeito do RJ impugnada

Justiça entendeu que Rodrigo Amorim está inelegível devido a condenação por violência política de gênero.

O deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil-RJ) teve sua candidatura a prefeito do Rio de Janeiro impugnada pela Justiça Eleitoral. A decisão ocorreu nesta quinta-feira (5).

A impugnação ocorreu em processo movido pela coligação de Tarcísio Mota (PSOL-RJ). A juíza Maria Paula Gouvêa Galhardo, titular da 125ª Zona Eleitoral do Rio de Janeiro, entendeu que Amorim está inelegível por ter sido condenado por violência política de gênero em 2023. Ele fez ataques transfóbicos contra a Benny Briolli (PSOL-RJ), primeira mulher trans eleita vereadora em Niterói, na região metropolitana.

Segundo a decisão obtida pela coluna, a juíza entendeu que a condenação em segunda instância à pena de prisão — de 1 ano, 4 meses e 13 dias, mais multa — torna Amorim inelegível, mesmo com o deputado tendo obtido um efeito suspensivo da pena no TRE-RJ pouco antes da eleição.

Em nota, Amorim afirmou que recorreu da decisão: “Tomei conhecimento há pouco da decisão de primeira instância que, contrariando a decisão do desembargador corregedor do TRE, indeferiu a minha candidatura. No entanto, eu já ingressei com o recurso cabível e em nada muda a minha candidatura”.

Deputado se envolveu em agressão a petista
No último domingo (1), Amorim se envolveu em mais um episódio de violência. O candidato a vereador Leonel de Esquerda (PT) foi espancado ao abordá-lo durante um ato de campanha na Praça Vanhargen, na Tijuca, Zona Norte do Rio. As agressões começaram depois de Leonel questionar Amorim sobre desvios em um programa do governo do estado.

Leonel desmaiou e teve que ser internado devido à gravidade dos golpes recebidos. Ele afirma que o próprio Amorim o agrediu, juntamente com pessoas que acompanhavam o ato do candidato bolsonarista.

Rodrigo Amorim ganhou notoriedade durante a campanha eleitoral de 2018, quando, ao lado do ex-deputado federal Daniel Silveira e do ex-governador Wilson Witzel, quebrou uma placa em homenagem à vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada em março daquele ano. Em sua atuação política, ele se notabilizou por ataques contra parlamentares e militantes de esquerda, se envolvendo em diversas discussões no plenário da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

Datafolha: Nunes encosta em Marçal e mantém empate triplo com Boulos

Pesquisa Datafolha divulgada nesta 5ª feira mostra Boulos, Marçal e Nunes empatados tecnicamente em 1º na disputa pela Prefeitura de SP.

São Paulo – O Datafolha divulgou, nesta quinta-feira (5/9), novo levantamento de intenção de votos mostrando empate técnico entre o deputado Guilherme Boulos (PSol), o influenciador Pablo Marçal (PRTB) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) na liderança à Prefeitura da capital.

  • Confira o levantamento completo do Datafolha:
  • Guilherme Boulos (PSol): 23%
  • Pablo Marçal (PRTB): 22%
  • Ricardo Nunes (MDB): 22%
  • Tabata Amaral (PSB): 9%
  • José Luiz Datena (PSDB): 7%
  • Marina Helena (Novo): 3%
  • Ricardo Senese (UP): 1%
  • Bebeto Haddad (DC): 1%
  • Altino Prazeres Jr. (PSTU): 0%
  • João Pimenta (PCO): 0%
  • Em branco/nulo/nenhum: 8%
  • Não sabem/não responderam: 4%

O Datafolha entrevistou 1.204 eleitores presencialmente entre os dias 3 e 5 de setembro. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o Protocolo SP-03608/2024.

Elon Musk x Moraes: Morte anunciada

Por José Dirceu

O confronto final entre a rede social X (antigo Twitter) e o Supremo Tribunal Federal (STF), mais precisamente entre o bilionário Elon Musk e o ministro Alexandre de Moraes, responsável pela condução do inquérito das fake news que levou à determinação da suspensão de algumas contas de usuários do X, foi a repetição da crônica de uma morte anunciada.

A empresa, no lugar de acatar a ordem judicial a que estão sujeitas todas as empresas com sede no país, decidiu descumpri-la e fechar sua representação no Brasil, uma exigência legal. Em seguida, ignorou determinação de Moraes que lhe deu 24 horas para nomear representante legal no país, para responder pelas multas a que estava submetida pelas desobediências. Novamente, Musk fez ouvidos moucos, além de lançar mais uma série de diatribes contra Moraes e seu suposto autoritarismo e desrespeito à liberdade de expressão. Não restou outra alternativa ao ministro encarregado do inquérito das fake news do que notificar a Anatel, na noite do dia 30, para determinar aos operadores de internet o corte do acesso de seus usuários ao X, o que aconteceu ao longo das 24 horas seguintes.

O que primeiro chama a atenção é a petulância e o desrespeito do dono do X com as decisões da mais alta Corte do Brasil, uma atitude tão acintosa que levou o presidente Lula a se pronunciar no sentido de que qualquer cidadão, dentro do país ou fora dele, está obrigado a acatar as nossas leis. Ninguém está acima delas, não importa o tamanho da sua conta bancária. Mas o mais incrível é o fato de que este mesmo Elon Musk, que já mandou o Brasil “escolher entre Alexandre de Moraes e a democracia” (frase dele) obedeceu sem chiar determinações de cancelamento de perfis no X tanto na Índia (perfis de opositores ao governo do primeiro-ministro Narendra Modi, em seu terceiro mandato) quanto na Turquia (também de opositores ao regime de Recep Tayyip Erdoğan, presidente desde 2014, que governa com um regime dito parlamentarista).

Por que será que Musk decidiu enfrentar o STF, mas aceitou as exigências tanto da Índia quanto da Turquia? Mesmo sem conhecer os pormenores dos processos, é fácil supor as razões de Musk. Ambos os regimes estão longe de ser democracias liberais clássicas. Estão muito mais para regimes fortes com algumas tintas democráticas. Ambos são regimes, não importa se de direita, como o da Índia, ou mais no espectro da centro-esquerda, como o da Turquia, que têm projeto de país. E Musk é empresário. E não é bobo. Se fosse bobo, não teria acumulado a fortuna que tem.

Já nosso Brasil pode até ser um país com economia mais importante que Índia e Turquia, maior mercado, mas padece de uma grande debilidade: não tem projeto de desenvolvimento de país, porque tem um governo representativo, popular, importante, mas que não tem maioria no Congresso Nacional. E não tem controle sobre sua moeda e os juros, desde que os neoliberais, essa elite branca, escravocrata, inconsequente e nefasta que detém a economia nacional privada, assumiu o controle do país com a ascensão de Michel Temer, após dar o golpe jurídico-parlamentar na presidenta Dilma Rousseff.

Elon Musk fala grosso pois sabe qual é a composição do nosso Congresso Nacional, muito especialmente da Câmara dos Deputados que, quando se tinha tudo preparado para votar o PL 2630/20, o chamado PL das Fake News, relatado pelo deputado Orlando Silva (PcdoB/SP) – que já tinha atendido a todas as demandas possíveis – deu sinais ao presidente da Câmara dos Deputados de que o acordo não ia vingar. Retirado de pauta antes da metade do ano de 2023, o projeto dorme em berço esplêndido. Com isso, não temos nenhuma regulação para tratar das fake news, da regulação online e das multas a serem impostas às plataformas digitais e redes sociais em casos de prevaricação. Como aconteceu com o X.

Infelizmente, por uma visão estreita dos nossos deputados, que compraram a versão das big techs de que o PL 2630/20 ia restringir a liberdade de expressão (como o capitalismo gosta dessa expressão) e até a liberdade religiosa (falaram que ia restringir o uso da Bíblia, vejam só!), ele foi engavetado. Os resultados estão aí. Sem regulamentação, o STF não tem um arcabouço sólido para combater o X, que contemple um sistema de multas equilibrado e em curva ascendente em função das infrações, como o europeu.

É bom lembrar que o arcabouço regulatório só funciona pelo seu lado punitivo quando pega naquilo que dói no capitalismo, a multa. Basta dar uma olhada rápida no valor das multas aplicadas pela União Europeia aos líderes de mercado como Google, Facebook, Instagram, WhatsApp, Telegram, Alibaba. O ministro Moraes fez muito bem em bloquear as contas da Starlink, uma das empresas de Musk no Brasil, que oferece serviços via satélite de baixa órbita, para que pague as multas devidas pela X. Conglomerados só cedem pelo bolso.

O ministro Moraes também fez bem em recuar na determinação de multar em R$ 50 mil /dia qualquer pessoa ou empresa que use qualquer subterfúgio (como VPNs) para acessar o X, mesmo o site estando banido do país, e de determinar que Google e Apple excluíssem de suas lojas o aplicativo de acesso à rede, tendo em vista a possibilidade de a empresa entrar rapidamente em negociação.

O embate X versus STF é mais uma peça no tabuleiro do xadrez político atual. Tem relevância porque representa uma forma de atuação da extrema-direita internacional, como ela se comporta nos países do Sul global a depender da correlação de suas forças políticas, e como pretende, em correlações de forças mais desfavoráveis, como a que ocorre neste momento no Brasil, mandar um forte recado para os demais países dependentes, especialmente aqueles que não têm participação efetiva no desenvolvimento das tecnologias que vão dominar as próximas décadas, a começar pela Inteligência Artificial.

Só que estamos convencidos de que podemos furar o bloqueio imposto pelos países do Norte Global, muito especialmente pelo conglomerado dos monopólios estadunidenses de tecnologia, e poder participar dessa nova onda do conhecimento. Para isso, precisamos de um projeto de desenvolvimento (temos um conjunto de programas que compõem um programa de desenvolvimento), um programa articulado e alocação de recursos nas prioridades definidas. Não é simples, mas também não é impossível. É só começar a trabalhar na direção correta.

(*) José Dirceu foi ministro-chefe da Casa Civil no primeiro governo Lula (2003-2005), presidente nacional do Partido dos Trabalhadores e deputado federal por São Paulo.

*Opera Mundi

O mote é o impeachment de Moraes, mas dia 7, para Bolsonaro, é queda de braço mortal com Marçal

Se já era arriscada a suposta contribuição para a sua impunidade, Bolsonaro participar, pior dizendo, organizar um evento que pedirá o impeachment de Moraes, já que está estabelecido que o genocida não tem força para colocar faca na nuca de nenhum ministro do STF, que dirá a de Moraes, que acaba de ganhar uma força extra com seu embate com Elon Musk, saindo vitorioso na degola do twitter no Brasil.

De cara, isso mostra a mancada importante contra Bolsonaro que o gerador de lambanças arrumou para ele.

Mas a coisa não para aí, há uma questão popular que está gerando um grande mal-estar em Bolsonaro, que é a ousadia explícita de Pablo Marçal em destroná-lo no seio da direita brasileira.

Lógico que Bolsonaro tem um capital político forte entre os ricaços, sobretudo do agronegócio, que podem comprar manifestantes às pencas para dar quórum no dia 7 de setembro, na Paulista.

Mas qualquer pessoas minimamente atenta, sabe que uma coisa é uma coisa e, outra coisa, é outra coisa. O máximo que Bolsonaro sabe é posar de fisiculturista de janela, que expõe o avantajado físico sem poder mostrar as pernas finas, sarcopênicas.

Na verdade, quanto mais Marçal cresce, mais as pernas, já debilitadas, de Bolsonaro, afinam sua base, sem falar, claro, que para piorar e muito a vida de quem está a dois passos da Papuda, governo Lula está voando baixo naquilo que mais mexe com o humor brasileiro, a economia,

E o bolsonarista sacripanta do Banco Central ainda nem caiu.

O bolsonarismo dá passagem ao “lamarçal” que pode ser muito pior

Converso aqui com meus botões. Não será Pablo Marçal um perigo maior do que foi Bolsonaro quando se elegeu em 2018? Sei que há uma grande diferença entre eles: Bolsonaro se elegeu presidente da República. Marçal sequer se elegeu ainda prefeito de São Paulo.

Bolsonaro poderia atentar contra o Estado de Direito Democrático, e até o fez. Em mais de uma ocasião no seu governo, pressionou os militares a aplicarem um golpe. Se ele não conseguiu, por que um prefeito, mesmo da maior cidade do país, conseguiria?

Nós, jornalistas, estamos dando a Marçal uma atenção extrema porque a Bolsonaro não demos até que ele levasse a facada em Juiz de Fora. Fomos surpreendidos, eu pelo menos fui, pela ascensão de Bolsonaro. Não queremos ser pela de Marçal. De resto…

Com o surgimento das redes sociais e devido à crise do jornalismo enquanto negócio, faltam-nos recursos para cobrir as eleições num país-continente. Daí o foco na eleição de São Paulo, nas entrevistas e debates travados entre candidatos, no fenômeno de nome Marçal.

Bolsonaro vestiu a fantasia de candidato antissistema, mas nem ele nem seus filhos foram ou são antissistema. Enriqueceram como membros do sistema que dizem combater e vivem às custas dele. Marçal, sim, pode se oferecer como candidato antissistema.

Esperto, malandro, capaz de mandar às favas todos os escrúpulos e de desafiar as leis, um dia foi pobre, hoje é um homem rico. Enriquecerá ainda mais disputando eleições daqui por diante, mesmo que as perca. Teve 300 mil votos para deputado federal em 2018.

Por ter cometido irregularidades durante a campanha, não assumiu o mandato graças a uma intervenção da justiça. Seus adversários suplicam a Deus para que a justiça casse o registro de sua candidatura a prefeito de São Paulo. Sentem-se fracos para vencê-lo.

Uma vez derrotado ou impedido, Marçal será candidato a presidente em 2026, ou a senador. E seu exemplo será seguido por centenas ou milhares de pessoas país a fora que pensam como ele. Os extremistas de direita não precisarão mais se dizer bolsonaristas.

Por sinal, o bolsonarismo míngua com a decadência e a inelegibilidade daquele que já foi tratado como Messias. Bolsonaro não conseguiu criar um partido para chamar de seu e acabou como cabo eleitoral bem remunerado do PL de Valdemar Costa Neto.

*Noblat

Marçal já não se constrange com odor de PCC que exala do PRTB

A coerência é uma virtude facilmente contornável para Pablo Marçal. Durante os últimos dez dias, o candidato referiu-se ao seu partido num timbre de navio prestes a abandonar os ratos. De repente, o fedor de PCC que escapa da cabine de comando do PRTB deixou de ser um incômodo.

Marçal confraternizou com Leonardo Avalanche, o mandachuva do PRTB, num evento com candidatos a vereador. “Esse cara não é do PCC”, declarou o candidato, antes de se autodesmentir, negando o constrangimento que dizia sentir. “Eu não tenho um pingo de vergonha de estar ao lado dele.”

A culpa é da malvada imprensa, que expôs o áudio no qual Avalanche admite vínculos com o PCC. “Constrangedor é o massacre que vocês fazem”, declarou Marçal aos jornalistas.

Na semana passada, Marçal disse que estava “usando” o PRTB por falta de alternativa. Realçou que, depois da eleição, “posso sair” do partido. Agora, diz estar comprometido com o projeto partidário. É como se Marçal tivesse sido alertado sobre a inconveniência de cuspir num prato em que ainda pode ser proibido de comer.

A boa notícia para os partidários de Marçal é que o índice de incoerência do candidato não subiu. Continua nos mesmos 100%.

*Josias de Souza/Uol