TCU investiga gastos de Dallagnol com divulgação de ‘Dez Medidas Contra a Corrupção’

Ex-procurador afirma que tribunal quer colocar na sua conta ‘o dinheiro que foi investido para recuperar R$ 15 bilhões para sociedade’, segundo Mônica Bergamo, Folha.

O Tribunal de Contas da União (TCU) deve abrir uma nova linha de investigação sobre gastos de procuradores da Operação Lava Jato com diárias e passagens aéreas no período em que trabalharam na força-tarefa que esquadrinhou negócios irregulares na Petrobras.

A ABJD afirma que Dallagnol “foi um dos protagonistas do maior escândalo dentro do sistema de Justiça” brasileiro e que, ainda que não tenha sofrido severas penalidades, teve sua conduta colocada em xeque por procedimentos instaurados pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

“A postura, pública e notória, do postulante a advogado no curso da operação Lava Jato retira integralmente a sua condição de respeitabilidade, seriedade e de honra para o exercício da advocacia”, diz o documento.

A associação também acusa o ex-procurador de se valer de sua função no Ministério Público Federal e de recursos públicos para realizar aspirações pessoais, ideológicas e de cunho político-partidário.

“De forma rasa e imoral, deturpou provas, violou procedimentos, combinou (com o juiz da causa) ações que tinham como resultado o benefício de sua tese. Ao mesmo tempo, violou e burlou o exercício das advocacias (todas) que se assentavam em lado adverso”, afirma a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.

O pedido enviado à OAB do Paraná é assinado pelos advogados Nuredin Adhmad Allan, Paulo Francisco Freire e Cezar Brito.

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Procuradores “queriam a cabeça do Lula, era como o Coliseu”, diz empresária citada na Vaza Jato

Rosângela Lyra tem 49 anos e foi representante da marca de luxo Dior no Brasil por quase 30 anos.

Atualmente, a empresária é presidente da Associação de Lojistas dos Jardins, além de ser conselheira do turismo da França no Brasil. Rosângela também mantém um canal no YouTube chamado Política Viva.

Ela é mencionada em diálogos da série de reportagens da Vaza Jato do site The Intercept Brasil em um texto publicado em parceria com a Agência Pública.

O trecho diz o seguinte:

As mensagens trocadas por Deltan Dallagnol e os fundadores do Instituto Mude – Chega de Corrupção mostram que não foi apenas de Patrícia Coelho que o chefe da força-tarefa se aproximou para conseguir dinheiro para o instituto. Ele captou recursos de vários empresários, além de ter feito palestras para promover a organização (…).

Em outra troca de mensagens, no mesmo grupo, fica claro o interesse de empresários em se aproximarem de Deltan Dallagnol por meio do Instituto Mude. A empresária Rosângela Lyra é ex-sócia da Dior no Brasil. A palestra citada na conversa foi realizada na Casa do Saber, dia 13 de setembro de 2016, em São Paulo.

O diálogo de Deltan com Patrícia Coelho mencionando Rosângela Lyra é de 7 de setembro daquele ano. Em 2015, ela havia organizado uma certa Balada contra Corrupção em que Deltan era a estrela da festa.

O DCM falou com Rosângela:

Diário do Centro do Mundo: Você militou em organizações anticorrupção. Se arrepende desse apoio ou vê com mais crítica o que você fez?

Rosângela Lyra: Não estou arrependida. De forma alguma. Porque eu sei que, quando eu aceitei fazer parte disso, trabalhar nesse combate contra a corrupção, não era contra um partido. Fiz o que fiz seja através das 10 Medidas Contra a Corrupção ou mesmo pela Lava Jato, que eu criei o adesivo apoiando com ajuda de uma agência de publicidade.

Combati não uma pessoa, mas um sistema que eu não pretendia acabar, o que seria uma utopia, e sim quebrar de alguma forma. Era pra ir contra o mecanismo, que é uma palavra que tá na moda, né?

Fiz isso como cidadã ao ver uma abertura pra isso. Foi assim que fui convidada pra encabeçar as 10 Medidas Contra a Corrupção. O que não foi pra frente.

Fazia parte da nossa história de mobilização e de conscientização participar daquele processo. Era para que o brasileiro tivesse alguma esperança. O brasileiro que assinou a lista de apoio e passou para outras pessoas assinarem fizeram parte disso.

Recebi dois prêmios da Procuradoria-Geral da República, duas placas na época do [Rodrigo] Janot. Fui reconhecida como a brasileira que mais combateu a corrupção.

As revelações da Vaza Jato não comprometem as iniciativas que você apoiou? Você não mudou sua visão sobre o Dallagnol?

O combate à corrupção, desde o começo, eu entendi que era contra a corrupção em si. Era contra os prejuízos que ela causava, o que tirava na saúde, no saneamento básico. Essa era a minha visão. A corrupção prejudicava justamente quem precisava muito do Estado, dinheiro que estava indo pelo ralo.

Em palestras, ouvi uma estimativa de perdas em R$ 200 milhões. Essa mesma corrupção não estava em Brasília, e sim também nos estados e nos municípios. Não era contra um partido se ela estava presente em todos os lugares.

Acho que as investigações contra a corrupção inclusive não foram mais para trás na história. Não consigo concordar com a frase “o PT é o partido que mais roubou” sem referência ou parâmetro.

Por que você não concorda com essa frase?

Porque a minha luta nunca foi contra uma pessoa e eu nunca celebrei as prisões. Na verdade, é triste isso pra todo mundo. É triste o roubo, o encarceramento e o Estado não fornecer saneamento básico. Melhorou nos últimos anos? Melhorou. Mas ainda está muito ruim, com uma má gestão. A corrupção é sistêmica.

No caso da Vaza Jato, parte das conversas que o Intercept nos trouxe, se você pegar as que estão no meu celular, tem umas besteiras que todo mundo falaria. Parte disso deveria ser relevado. Mas há partes que, no meu entender, mostraram um objetivo de satisfazer a sanha da sociedade.

Não adiantava encarcerar Cunha, Cabral e grandes empresários. Essas pessoas queriam o Lula. Era mais ou menos como o Coliseu e o imperador com dedo voltado para baixo. Queriam a cabeça dele.

Os procuradores estavam pressionados. Nada adiantava pros movimentos de rua, pras redes sociais. “E o Lula?”, era a cobrança.

Você acha que eles naturalizaram essa cobrança?

Não acho. Mas eles tinham que entregar o Lula, caso contrário o trabalho deles não valeria de nada. Lula era a cereja do bolo. Eles foram levados a isso. Não quero isentar nenhum procurador de culpa, mas, se há uma culpa entre eles, essas pessoas foram conduzidas pelas manifestações.

Eles queriam o Lula preso. Tiveram que atender a essa sede de vingança de cidadãos que acham que o PT é responsável por todos os problemas do Brasil.

Como foi a repercussão pra você ao aparecer na reportagem da Vaza Jato do Intercept com a Agência Pública?

Alguns vieram falar assim como: ‘olha aí, tá vendo? Foi fazer isso e agora está sentindo na pele’. Outros vieram me alertar sobre eu ter aparecido e perguntavam o que eu ia fazer. Disse que ia esclarecer o que aconteceu e é isso.

O diálogo que a reportagem mostra é verdadeiro. Não me envolve diretamente. Era uma conversa da Patrícia Fehrmann com o Deltan me citando, falando sobre uma reunião na Casa do Saber em setembro. Podia convidar algumas pessoas e lembro dele participando.

Naquela situação, eu investi meu tempo e meus recursos no movimento MUDE que é muito próximo do Deltan Dallagnol. Levei mesmo uma pessoa na ocasião, mas nenhuma das que estão no texto eu lembro. Nem falei quem eu ia levar.

Era um empresário de nível, nada a ver com o cara da Havan. Um ativista que é longe de ser essa caricatura que parece aquele personagem Charada do Batman.

Você disse que é contra a corrupção de qualquer tipo de agente. Mesmo se as conversas do Intercept foram obtidas de maneira criminosa, a Vaza Jato tem que passar a limpo também a atuação dos procuradores?

Tem uma entrevista do próprio Moro que diz que não interessa a forma, desde de que as coisas venham à tona e a sociedade tome conhecimento. O fato dos diálogos terem sido obtidos de forma ilegal, pra mim, é irrelevante. As informações precisam ser verdadeiras e eu combato fake news diariamente.

Tenho um canal de YouTube chamado Política Viva e sou xingada pelos bolsominions por ser contra as fake news desde 2013.

Apoio a Vaza Jato, considerando que as conversas são reais.

Não me arrependo do restante porque acho que foi um aprendizado nessa caminhada da política. Acho que eles foram muito forçados a acharem soluções impróprias. Tem um diálogo da Vaza Jato que mostra que os procuradores queriam pegar o Lula mas o que tinham não estava bem fundamentado, solidificado, juridicamente.

Abomino esse ódio das pessoas. Falam que o “PT dividiu o país”. PT só mostrou que existia uma divisão e eles [do PT] queriam ajudar quem mais precisava.

Não vejo que eles são responsáveis pela divisão. O que eu mais ouvia era: “legal que as pessoas estão viajando cada vez mais. Mas é legal lá longe”. Ouvi isso e senti nojo no aeroporto. Falavam que “estavam mal vestidos”.

Esse lado não humano de algumas pessoas me assustou.

 

 

*Do DCM

Por que a Vaza Jato não vale para a Lava Jato? Nas 10 medidas de Moro contra a corrupção, prova ilícita de boa fé valia

Quem chamou a atenção para este fato foi Gilmar Mendes: “Curioso, quem defendia o uso de prova ilícita até ontem eram os lavajatistas. Nas 10 medidas de Moro de combate à corrupção, estava lá que a prova ilícita de boa fé valia”

Moro e os procuradores lavajatistas se encontram nessa encruzilhada. Uma narrativa se choca com a outra.

O fato é que, como disse Leandro Demori do Intercept, a Lava Jato se achava a própria justiça no Brasil e, fora dela, não existia mais judiciário. Ou se está a favor dos ilícitos praticados pela Lava Jato, ou se está a favor da corrupção.

Sendo assim, na narrativa lavajatista, prova ilícita usada pela Lava Jato, vale, já contra a Lava Jato, é crime.

O mesmo pode ser dito do presidente do TRF-4, Victor Laus, que jamais se posicionou contra “prova ilícita de boa fé” proposta por Moro, mas agora diz que as mensagens secretas entre os procuradores da Força-tarefa e o, então juiz, Sergio Moro que Glenn Greenwald trouxe à luz, em parceria com vários veículos de imprensa, não servem como prova porque vem de fonte ilícita.

Isso escancara a mentira com o rabo de fora que é a Lava Jato e o TRF-4 na condenação, sem provas, de Lula.

 

*Por Carlos Henrique Machado Freitas

Vaza Jato mostrará nesta segunda-feira conflito de interesses na captação de recursos para o instituto de Dallagnol

Dallagnol teria fundado o Instituto Mude, criado para levantar a bandeira das 10 Medidas contra a Corrupção e que seria dirigido “nas sombras” por ele.

A Agência Pública é mais um veículo que se junta ao The Intercept Brasil nas reportagens da Vaza Jato. O anúncio foi feito pelo Twitter da Pública, que adiantou que ainda nesta segunda-feira (2) deve divulgar reportagem sobre o conflito de interesses na captação de recursos por um instituto fundado por Deltan Dallagnol.

“A Agência Pública é o mais novo veículo parceiro do The Intercept Brasil na Vaza Jato. Nesta segunda revelaremos conflito de interesses na captação de recursos para instituto fundado por Deltan Dallagnol”, publicou.

Dallagnol teria fundado o Instituto Mude, criado para levantar a bandeira das 10 Medidas contra a Corrupção e que seria dirigido “nas sombras” por ele, para se posicionar sobre a substituição no STF sem aparecer para “não se queimar”. A organização, no entanto, estaria sendo usada para municiar grupos de direita e sites alinhados, como o Antagonista, para atacar inimigos da Lava Jato.

 

*Com informações da Forum

Dallagnol: Onix é corrupto, mas é nosso!

Depois de ser perdoado por Moro, quando confessou ter recebido propina, agora, Onix é festejado por Dallagnol, mesmo sabendo que ele é corrupto.

Novos trechos de mensagens da Vaza Jato, divulgados pelo The Intercept no começo da tarde desta segunda-feira, revelam que o procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, já sabia que o então deputado Onyx Lorenzoni, atual chefe da Casa Civil de Bolsonaro, estava envolvido em esquemas de corrupção, mas fechou os olhos para levar a cabo a sua cruzada no suposto “combate à corrupção”.

Em conversa num grupo de procuradores, Deltan é indagado por Fábio Oliveira: “Vc viu que saiu o nome do Onyx na lista do Fachin hj?”. Ele se refere à decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, que em 4 de dezembro, atendeu pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a abertura de uma petição autônoma específica para analisar as acusações de caixa dois feitas por delatores da JBS ao na época futuro ministro da Casa Civil.

“Vi… (já sabia, mas tinha que fingir que não sabia, o que foi, na verdade, bom…rsrsrs)”, respondeu Dallagnol. “Não que não quisesse falar, mas se falasse seira até crime rs”, completou.

O procurador admite que seguia trabalhando com Onyx, que era o lobista das 10 Medidas Contra a Corrupção, projeto que criado pela Lava Jatos, mesmo após descobrir denúncias de corrupção.

Onyx é foi “perdoado” por Sergio Moro apenas porque admitiu que errou e pediu desculpas, segundo o próprio ex-juiz e hoje ministro da Justiça.

Eu já me manifestei anteriormente. É uma questão de Onyx. O que vejo é um grande esforço [do ministro Onyx] para a aprovação das 10 medidas do Ministério Público, razão pela qual foi abandonado por grande parte de seus pares. Ele tem minha confiança pessoal”, disse Moro em dezembro de 2018.

 

*Com informações do 247