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Pejotização: a fraude que ameaça os direitos trabalhistas

Pejotização elimina direitos trabalhistas e previdenciários garantidos pel CLT, como férias, 13º salário, FGTS e contribuição ao INSS.

A chamada pejotização é uma prática fraudulenta que vai além da já danosa terceirização da atividade-fim — esta, por si só, precariza as relações de trabalho e enfraquece a proteção social dos trabalhadores. Na pejotização, o que ocorre é a dissimulação de uma relação de emprego: o trabalhador desempenha suas funções com todas as características que configuram vínculo empregatício — como subordinação, habitualidade, pessoalidade e onerosidade —, mas é contratado como se fosse um prestador de serviços, por meio de uma pessoa jurídica (PJ).

A defesa do vínculo formal de emprego é, portanto, uma defesa da dignidade do trabalhador e da própria estrutura de proteção social brasileira.

Essa manobra elimina direitos trabalhistas e previdenciários garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como férias, 13º salário, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e contribuição ao INSS. Além disso, transfere ao trabalhador todos os riscos da atividade econômica, rompendo com a lógica de proteção que deveria reger as relações laborais em um Estado democrático.

Pejotização no setor bancário
No setor bancário, a ameaça da pejotização se torna ainda mais concreta. Essa ameaça se materializa de maneira alarmante. Desde 2021, o Santander Brasil vem transferindo bancários para outras empresas do próprio conglomerado, como a F1RST, SX Tools, Prospera e SX Negócios, todas com CNPJs distintos. Com essa estratégia, o banco fragmenta a categoria, desestrutura a unidade dos trabalhadores e exclui esses empregados dos acordos coletivos e dos direitos historicamente conquistados.

O fortalecimento da pejotização em detrimento da contratação formal tem um custo social para toda a população, uma vez que retira recursos da Previdência Social. Nosso modelo previdenciário é baseado na repartição solidária, no qual os trabalhadores em atividade financiam os benefícios dos aposentados. Assim, a redução no número de trabalhadores formais implica em menor arrecadação para o sistema, comprometendo sua sustentabilidade e a proteção social das futuras gerações.

A preocupação aumenta diante da possibilidade de uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que venha a legitimar essa fraude. Isso abriria espaço para uma substituição em massa de empregos formais por contratos PJ, impactando gravemente a categoria bancária. No Santander, essa prática representaria a ampliação da lógica do lucro a qualquer custo, em detrimento da dignidade do trabalhador, da segurança jurídica e da responsabilidade social que deveriam orientar as relações de trabalho.

Legalizar a pejotização é oficializar a retirada de direitos e aprofundar a precarização das condições de trabalho, prejudicando trabalhadores e fragilizando o sistema de seguridade social. Por isso, é essencial denunciar essas práticas e defender o vínculo formal como pilar da proteção trabalhista.

A defesa do vínculo formal de emprego é, portanto, uma defesa da dignidade do trabalhador e da própria estrutura de proteção social brasileira.

*Neiva Ribeiro/TVTNews

*Presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região

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‘Não aceitaremos ameaças’, afirma China em resposta à ‘intimidação’ de Trump com tarifas adicionais de 50%

Governo chinês disse que implementará contramedidas se houver nova taxação dos EUA.

Em comunicado divulgado nesta terça-feira (8), o governo chinês classificou como “erro” de “natureza extorsiva” as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas adicionais de 50% à China a partir desta quarta-feira (9), caso o país asiático não retroceda na imposição de 34% de tarifas a produtos estadunidenses.

“A ameaça norte-americana de elevar tarifas contra a China é um novo erro, e expõe mais uma vez sua natureza extorsiva, e a China nunca aceitará isso”, afirmou, em nota, o Ministério do Comércio chinês.

Trump afirmou que a China tem até as 12h desta terça-feira – 13h, no horário de Brasília – para recuar da decisão de impor tarifas de 34% sobre produtos dos EUA em resposta ao “tarifaço”. A medida foi anunciada pela China no final da semana passada em resposta ao anúncio do presidente estadunidense de tarifas “recíprocas”, que somaram 34% de taxas (em cima dos 20% já acumulados) a produtos chineses.

O Ministério do Comércio informou que se os Estados Unidos efetivarem a escalada de medidas tarifárias, a China adotará decisivamente mais “contramedidas para proteger seus direitos e interesses”.

“Se os Estados Unidos insistirem em agir arbitrariamente, a China lutará até o fim”, destacou o comunicado, que classifica o “tarifaço” de Trump como prática de “unilateralismo e intimidação”.

O ministério exortou os EUA a “revogarem todas as medidas tarifárias unilaterais contra a China, cessarem a repressão econômico-comercial e resolverem as divergências com a China por meio de diálogo igualitário, com base no respeito mútuo”.

“Pressão e ameaças não são a maneira correta de lidar com a China”, concluiu o texto.

De suspensão da importação de carne de aves à proibição de filmes de Hollywood: mais possíveis contramedidas da China
Seis possíveis contramedidas foram divulgadas pelo perfil Niu Tanqin nas redes sociais chinesas, que pertence ao editor-chefe adjunto da Agência de Notícias Xinhua, Liu Hong. A conta possui milhões de seguidores nas diversas redes e costuma divulgar informações não publicadas nas mídias oficiais, com base em fontes não especificadas.

As seis possíveis novas contramedidas seriam:

  1. Aumentar significativamente as tarifas sobre produtos agrícolas dos EUA, como soja e sorgo.
  2. Proibir a importação de carne de aves dos EUA para a China.
  3. Suspender a cooperação China-EUA sobre o fentanil.
  4. Contramedidas no setor de comércio de serviços.
  5. Proibir a importação de filmes estadunidenses
  6. Iniciar uma investigação sobre os benefícios que as empresas dos EUA obtiveram com a propriedade intelectual na China.

Algumas destas medidas vão intensificar o que foram as respostas que a China tem dado às medidas de Trump. Trump já implementou três medidas tarifárias contra a China desde o início do ano: 10% a todos os produtos chineses, anunciados no dia 1° de fevereiro, mais 10% em 3 de março, e mais 34% no dia 2 de abril, como parte das “tarifas recíprocas” anunciadas para cerca de 90 países.

Em cada anúncio, o governo chinês anunciou medidas retaliatórias. Por exemplo, em resposta à segunda leva, a China implementou, entre outras, uma tarifa de 15% para frango, trigo, milho e algodão dos EUA.

Vice-presidente dos EUA ataca a China
Em entrevista ao canal estadunidense Fox News na última sexta-feira (4), o vice-presidente do país JD Vance defendeu a política de tarifas estadunidenses atacando a China. Uma de suas falas viralizou e foi fortemente criticada nas redes sociais ocidentais e chinesas.

Ele afirmou que a economia “globalista” fez os EUA contrair “uma enorme quantidade de dívida para comprar coisas que outros países fazem para nós”.

“Para deixar um pouco mais claro, nós pegamos dinheiro emprestado de caipiras chineses para comprar as coisas que esses caipiras chineses fabricam”, disse Vance em ataque aos chineses.

Em resposta, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, disse que é “surpreendente e triste que o vice-presidente faça comentários tão ignorantes e indelicados”.

Em relação a possíveis negociações entre os dois países, Lin Jian, afirmou que “o que os EUA fizeram não mostra intenção de conversas sérias. Se os EUA realmente querem ter conversas, devem mostrar uma atitude de igualdade, respeito e reciprocidade”.

*BdF

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Eduardo Bolsonaro ataca Moraes, o chama de “psicopata” e o ameaça: “Notícia do exterior”

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a atacar e ameaçar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Licenciado de seu mandato para conspirar contra o Brasil nos Estados Unidos e articular, junto ao governo de Donald Trump, sanções contra o magistrado, o filho de Jair Bolsonaro chamou Moraes de “psicopata” em vídeo divulgado nas redes sociais na madrugada desta terça-feira (1). O ataque se deu pelo fato do STF ter decidido por maioria que o ex-deputado Daniel Silveira não terá mais direito à liberdade condicional até cumprir integralmente sua condenação de 8 anos e 9 meses de prisão.

“Não tem como não se indignar com essa decisão agora do Alexandre de Moraes de não permitir que o Daniel Silveira sequer tenha progressão de regime, algo que é garantido para qualquer esquartejador, estuprador, traficante de droga, qualquer bandido no Brasil (…) Mas para o Daniel Silveira, que nem sequer estava no oito de janeiro, e ainda que estivesse, seria injusto também, obviamente, mas isso daí demonstra a psicopatia de Alexandre de Moraes, que mais uma vez rasga a Constituição. Certamente isso daí vai aumentar o nosso arcabouço de exemplos práticos das violações de direitos humanos do Alexandre de Moraes”, disparou Eduardo Bolsonaro.

Na sequência, o deputado de extrema direita ameaçou o Moraes, confirmando sua articulação golpista nos EUA para tentar interferir na atuação do ministro frente às investigações que conduz.

“Se Deus quiser, a gente não está longe de ter uma boa notícia vindo do exterior, mas até lá a gente tem que expor esses casos que é mais do que lamentável, é repugnante. Alexandre de Moraes, você vai arder no juízo final”, emendou.

Eduardo Bolsonaro, em março, anunciou que se licenciaria de seu mandato para permanecer nos EUA conspirando contra o Brasil. Ele tem se aliado a parlamentares da extrema direita estadunidense para pressionar o governo dos EUA a impor retaliações contra Moraes, relator do inquérito sobre a tentativa de golpe, e até mesmo sanções contra o Brasil.

Seu objetivo é claro: constranger Moraes e o governo Lula com o respaldo dos EUA, tentando influenciar o curso das investigações sobre a tentativa de golpe. A intenção final é livrar Jair Bolsonaro da prisão e reabilitá-lo politicamente para um eventual retorno ao Palácio do Planalto. Além disso, Eduardo aposta na imposição de sanções norte-americanas contra o Brasil como estratégia para enfraquecer a gestão de Lula e pavimentar o caminho para que seu pai volte ao poder. Com Forum.

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A ameaça de Eduardo a Moraes: “Iremos punir você, custe o que custar”

A declaração ocorre em um momento de crescente pressão sobre aliados de Bolsonaro.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a atacar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, desta vez com ameaças diretas. Em uma postagem feita nas redes sociais, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou que o magistrado “será punido” e que “pagaria por toda a maldade que cometeu, custe o que custar”.

A postagem de Eduardo Bolsonaro foi feita em um tom de retaliação, sugerindo que haveria uma “ditadura real” no Brasil, que, segundo ele, “prende mães de família, idosos e trabalhadores inocentes”. Usou o filme “Ainda Estou Aqui”, que denuncia a ditadura militar assassina que ele defende, para defender os terroristas do 8 de janeiro. Fez negacionismo do regime militar, chamando aquela corja de “ditadura inexistente”.

A declaração ocorre em um momento de crescente pressão sobre aliados do ex-presidente Bolsonaro, alvos de investigações sobre a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023. O inelegível foi formalmente denunciado pelo PRG Paulo Gonet.

O discurso de Eduardo reflete a estratégia de setores da extrema-direita, que tentam deslegitimar o Judiciário e mobilizar sua base com narrativas de perseguição política. É também um apito de cachorro contra Moraes.

A investigação da Polícia Federal sobre a conspiração golpista que levou ao indiciamento de 37 pessoas aponta que Alexandre de Moraes era o primeiro alvo do plano chamado Punhal Verde e Amarelo, que também previa o assassinato do presidente Lula e do vice Geraldo Alckmin.

Segundo a PF, o ministro poderia ter sido vítima de sequestro e prisão arbitrária, além de execução. O plano ainda incluía um levantamento detalhado dos deslocamentos de Alexandre de Moraes; a identificação dos horários e itinerários de suas agendas oficial e pessoal; a formação de quatro equipes, totalizando seis pessoas, para a execução do atentado; o uso de um telefone descartável para cada um dos seis envolvidos.

A declaração de Eduardo Bolsonaro pode ter implicações legais. Especialistas em direito penal e constitucional apontam que o deputado pode ter cometido crimes como ameaça (artigo 147 do Código Penal), incitação ao crime (artigo 286) e atenta contra a segurança nacional, previsto na Lei 7.170/1983.

Alexandre de Moraes pediu à PGR (Procuradoria-Geral da República) que analise e emita parecer sobre a apreensão do passaporte do deputado. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), e o deputado Rogério Correia (PT-MG) solicitaram a investigação criminal de Eduardo por promover reações contra o STF junto a políticos norte-americanos.

Também pediram a apreensão do seu passaporte para interromper as “condutas ilícitas em curso”. Os parlamentares afirmaram que Moraes já despachou o caso para a PGR. Com DCM.

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Infiltração de criminosos na política ameaça segurança eleitoral

Alteração de seções eleitorais é uma das medidas para dos TREs evitarem coação.

No início do mês, o Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) anunciou a alteração de 53 locais de votação em dez municípios do estado, por questões relativas à segurança. A maioria dessas mudanças ocorreu na cidade do Rio de Janeiro, mas há também modificações em Duque de Caxias, Belford Roxo, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Japeri, Itaguaí, Niterói, Itaboraí e Sapucaia. Em todo o estado, 171 mil eleitores foram afetados pelas alterações. A decisão, segundo o presidente do tribunal, desembargador Henrique Carlos de Andrade Figueira, foi motivada pelo fato de esses locais de votação estarem sujeitos a ações do crime organizado.

Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, a infiltração de grupos criminosos na política é uma das grandes ameaças das eleições municipais não só no estado do Rio, mas no país como um todo. Para garantir que seus candidatos sejam eleitos, essas organizações podem recorrer a violências, ameaças e coação contra adversários e também contra eleitores.

“É um processo que vem acontecendo no Brasil faz tempo, mas que é relativamente novo nas grandes metrópoles: o crime organizado aprendeu a trabalhar de dentro do Estado. Nos rincões do Brasil, sobretudo no Norte do Brasil, isso é mais antigo: um crime organizado que elege políticos e interfere no processo eleitoral. No Rio de Janeiro, em São Paulo, ou em João Pessoa, isso é mais novo”, explica o doutor em Ciências Policiais e Segurança Pública Alan Fernandes, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Para ele, no dia da eleição, há um risco de coação, por esses grupos criminosos, contra eleitores, para que eles votem em determinado candidato ou mesmo deixem de comparecer aos locais de votação.

“O principal risco é o impedimento de comparecimento em determinadas zonas eleitorais. Em lugares que são dominados pela violência, pelo crime organizado, existem casos em que as pessoas são impedidas de comparecer ao local de votação, a depender do interesse político daquela facção. O segundo problema, nesses locais de votação, é a coação aos eleitores para que eles votem em determinado candidato de preferência daquele grupo armado”, afirma Fernandes.

Medidas
No Rio de Janeiro, as milícias são um dos grupos armados que têm se aproveitado da política e da participação no Estado para fortalecer sua atuação. Em consequência, novas medidas vêm sendo tomadas pelos tribunais para garantir a lisura do processo eleitoral.

A proibição de uso de celulares e câmeras em cabines de votação, adotada em 2008, por exemplo, foi uma reação do TRE-RJ a informações de que traficantes e milicianos estavam obrigando eleitores a registrar seu voto na urna, para comprovar que estavam votando nos candidatos indicados pelos grupos criminosos. A medida acabou sendo adotada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para todos os estados nas eleições municipais daquele ano e, depois, incorporada à legislação eleitoral em 2009.

Miguel Carnevale, pesquisador do Grupo de Investigação Eleitoral da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Giel/UniRio), explica que essa atuação dos grupos criminosos sobre os eleitores é ainda mais forte nas eleições municipais.

“Você vê muito contato de vereadores com as comunidades e muita força do crime organizado [para a eleição de seus candidatos escolhidos]. Acredito que, para o Rio de Janeiro, a entrada do crime organizado para a política seja um tópico especialmente sensível. Isso afeta certas relações, cria laços clientelistas”, explica.

Pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política e Violência da Universidade Federal Fluminense (Lepov/UFF), André Rodrigues afirma que as eleições municipais são sempre mais violentas do que as eleições estaduais e federais, de acordo com os estudos feitos pelo Lepov/UFF no Grande Rio e litoral sul fluminense. “São as eleições onde a gente vê mais interferência violenta na política”, afirma. “Há três mecanismos que os grupos criminosos adotam e que ameaçam as eleições: as ameaças veladas, como declarações explícitas de voto de alguém que controla uma localidade; a proibição de que alguns candidatos façam campanha em áreas de milícia ou de tráfico; e a eliminação violenta de opositores. Só na Baixada Fluminense, de 2015 para cá, a gente já contabilizou 60 assassinatos de pessoas implicadas na política local”.

Apesar de a maioria desses mecanismos ser usada no período de campanha, a coação de eleitores pode ocorrer também em dia de eleição, segundo Rodrigues. Por isso, ele acredita que a mudança de locais de votação é bem-vinda. “Isso não elimina os mecanismos de que eu falei, mas pelo menos pode criar um contexto, no dia [da votação], de maior segurança para os votantes, para que não tenham que votar exatamente no local onde aquele criminoso domina diretamente”. Ele lembra que “na última eleição municipal, em Paraty e em Angra dos Reis, a gente ouviu muitos relatos de pessoas com pinta de miliciano, com tom ameaçador, se posicionando em frente à seção eleitoral”, segundo o ICL.

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Presidente da Turquia ameaça invadir Israel em apoio à Palestina

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou invadir Israel em retaliação contra a ofensiva liderada por Netanyahu em Gaza.

O presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, ameaçou invadir Israel em resposta à ofensiva liderada por Benjamin Netanyahu na Faixa de Gaza, que já dura mais de nove meses. A fala do líder turco aconteceu nesse domingo (29/7).

“Nós temos que ser muito duros para que Israel não faça essas coisas ridículas com a Palestina”, alertou Erdogan. “Assim como entramos em Karabakh, assim como entramos na Líbia, podemos fazer algo similar com eles. Não existem razões para não fazermos isso”.

Erdogan se referia as intervenções militares turcas realizadas no enclave armeno de Nagorno Karabakh, no fim da década de 80, e de quando a Turquia enviou tropas para a Líbia, em 2020, para apoiar o governo do então primeiro-ministro Adbul Hamid Dbeibah.

Desde o início da guerra na Faixa de Gaza entre Israel e Hamas, Erdogan tem se destacado como um dos líderes do Oriente Médio com a retórica mais inflamada contra a ofensiva israelense no território palestino.

Apesar de a Turquia ser membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente turco condenou de forma firme as ações israelenses em Gaza sob o comando de Netanyahu.

o início do conflito, Erdogan chegou a afirmar que o Hamas não é uma organização terrorista, mas sim um grupo de “libertação”. Além disso, o presidente da Turquia comparou Netanyahu a Hitler algumas vezes.

Após a ameaça de Erdogan, o ministro das Relações Exteriores de Israel disse que o presidente turco está seguindo os passos de do ex-presidente do Iraque Saddam Hussein.

“Erdogan segue os passos de Saddam Hussein e ameaça atacar Israel”, escreveu Israel Katz em uma publicação no X, antigo Twitter. “Apenas deixe-o lembrar o que aconteceu lá e como terminou”, disse o chanceler fazendo referência a captura do ex-presidente iraquiano por forças dos Estados Unidos, em 2023, que acabou executado posteriormente.

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Chuvas no RS: comporta do Guaíba rompe e ameaça zona norte de Porto Alegre

Ainda não é possível prever até onde a água pode chegar, afirmou o diretor-geral do Dmae.

Uma das comportas do lago Guaíba –o portão 14– se rompeu nesta sexta-feira (3) e coloca em risco a população da zona norte de Porto Alegre (RS). A informação foi confirmada pelo diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), Maurício Loss.

Segundo Loss, ainda não é possível mensurar as consequências do rompimento. O diretor afirmou que a água já está invadindo a avenida Sertório, podendo chegar ao shopping DC no bairro Navegantes e ao bairro Humaitá, DIZ .

“Aquele portão é um pouco estreito. Não é um dos maiores portões que temos. Mas neste momento não conseguimos dimensionar até onde a água pode se estender. Ali é uma região plana: ele pode avançar Sertório adentro.. A gente ainda não consegue prever”, disse Loss.

O prefeito Sebastião Melo (MDB), afirmou que “parte do 4º Distrito já está sendo afetada”. “O tamanho do [estrago] vai depender, agora, com o rompimento deste portão. Eu não posso dizer se vai até a [avenida] Farrapos ou se não vai até a Farrapos”, acrescentou.

O chefe do Executivo citou locais que, segundo ele, requerem “atenção especial”. São eles: Guarujá, Ponta Grossa, Túnel Verde, Sarandi. O bairro Sarandi, inclusive, tem situação ainda mais delicada. Isso porque, de acordo com o prefeito, as casas de bombas para auxiliar no escoamento da água não estão mais funcionando.

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Ignorando apelo internacional, Israel ameaça invadir Rafah em breve

Em sua recente visita a oficiais do exército israelense na Faixa de Gaza, nesta quarta-feira (13/03), o ministro da Defesa, Yoav Gallant, deu indícios de que as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) estão cada vez mais perto de concretizar uma operação terrestre em Rafah, no sul do enclave palestino.

De acordo com o jornal The Jerusalem Post, a autoridade de Tel Aviv garantiu aos altos comandantes que “aqueles que pensam que estamos [Israel] atrasando [a invasão a Rafah], em breve verão que não há lugar onde não se possa alcançar”.

“Um trabalho extraordinário está sendo feito tanto em cima quanto embaixo, em solo. As forças chegam por todos os lugares e a conclusão é que não há lugar seguro em Gaza para terroristas”, declarou Gallant.

A imprensa israelense também revelou que o ministro decidiu tomar medidas drásticas contra aqueles que se envolveram na primeira ofensiva lançada pelo Hamas, em 7 de outubro, prometendo “matar ou julgar em Israel”.

“Vamos levar à justiça todos aqueles que estiveram envolvidos no 7 de outubro. Vamos eliminá-los ou levá-los ao julgamento em Israel. Não há lugar seguro, nem aqui, nem fora de Gaza, nem em todo o Oriente Médio”, disse o israelense.

Além da advertência, Gallant também avaliou como positivo os recentes envios de ajuda humanitária lançados ao território palestino, uma vez que, segundo ele, tal ação “enfraquece o Hamas e ao mesmo tempo fortalece o controle israelense” sobre Gaza.

Rafah é a cidade palestina que faz fronteira com o Egito e considerada o último refúgio para cerca de 1.5 milhão de pessoas que fugiram dos ataques israelenses, agravados desde 7 de outubro, quando Israel passou a intensificar suas operações em Gaza como uma resposta à ofensiva do Hamas.

*Opera Mundi

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O risco Milei: Ameaça à democracia argentina é real, diz biógrafo

Para Juan Luis González, país chega ao segundo turno em situação inédita de tensão.

que acontece quando um país instável cai nas mãos de um líder instável? A pergunta aparece no prefácio de “El Loco”, biografia não autorizada de Javier Milei. Autor do livro, o jornalista Juan Luis González confessa não ter encontrado a resposta para o enigma argentino.

“Não há uma experiência passada que permita imaginar como seria um governo Milei. Muitas ideias dele nunca foram aplicadas na Argentina, como dolarizar a economia, fechar o Banco Central e acabar com as obras públicas”, diz o biógrafo. “Além disso, há a instabilidade de Milei, um personagem que fala com seu cachorro morto e pensa que os clones do animal lhe dão conselhos políticos. É muito difícil prever o que acontecerá”, resigna-se.

Lançado em julho, o livro se tornou um best-seller instantâneo. González reconstituiu a trajetória do candidato de extrema direita: de menino solitário, que sofria bullying até do pai, a polemista histriônico, que ganhou fama com gritos e insultos na TV. A morte do bicho de estimação, em 2017, é descrita como um ponto de virada.

“Milei se convenceu de que Conan era seu filho. Quando o cachorro morre, seu discurso ganha um tom messiânico. Ele passa a acreditar que fala com Deus, que foi escolhido”, resume o jornalista. “Isso chama a atenção porque Milei se diz um libertário. Em tese, não deveria usar uma retórica tão religiosa”, observa. Não é a única contradição do deputado de primeiro mandato que pode chegar hoje à Casa Rosada.

Apesar de vociferar contra a política tradicional, que rotula de “casta”, Milei contou com ajuda até de peronistas para fundar seu partido. Ao conquistar a vaga no segundo turno, ele se aliou aos dois líderes da direita tradicional: o ex-presidente Mauricio Macri, que chamava de “covarde” e “repugnante”, e a terceira colocada Patricia Bullrich, que tachou de “montonera assassina”.

Na política internacional, a retórica agressiva permanece. Milei se refere a Lula como “comunista” e afirma que, se eleito, não negociará com o presidente brasileiro. Ele também costuma hostilizar a China, segundo maior destino das exportações argentinas.

“Alguns grupos políticos se definem por seus inimigos. Os inimigos da nova direita são o comunismo, o feminismo, o progressismo e a esquerda em geral”, diz González. Ele aponta outra semelhança com Donald Trump e Jair Bolsonaro: a tática de desacreditar o sistema eleitoral. “Milei disseminou a tese de que só perde se houver fraude. Isso está levando a democracia argentina a uma situação inédita de tensão”, alerta.

No mês passado, o país vizinho celebrou 40 anos do fim da ditadura mais violenta do continente. O peronista Sergio Massa, desgastado pela inflação galopante, repetiu o bordão “Nunca mais”. Milei preferiu questionar as estimativas que apontam 30 mil desaparecidos políticos. Sua vice, Victoria Villarruel, disse na quarta-feira que a Argentina só conseguirá sair da crise “com uma tirania”.

Para o biógrafo de Milei, o discurso da dupla representa um risco concreto, que não deveria ser subestimado. “A democracia já está ameaçada na Argentina. O perigo é real”, adverte González.

 

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Irã faz ameaça contra EUA por apoio a Israel, que rejeita cessar-fogo

O governo do Irã lançou o que está sendo interpretado no meio diplomático como a ameaça mais direta contra os EUA. Num discurso nesta quinta-feira na Assembleia Geral da ONU, o chanceler iraniano, Hossein Amir Abdollahian, alertou que se os americanos não deixarem de financiar e armar “o genocídio em Gaza, eles não serão poupados desse fogo”.

O alerta foi feito no momento que Israel amplia a ofensiva em Gaza e enquanto a ONU se reúne para votar uma resolução que pede um cessar-fogo na região. Israel já deixou claro que rejeita o texto.

“Estamos dizendo aos EUA que, se a operação de genocídio continuar, não iremos apenas assistir”, disse Abdollahian. “Se o genocídio em Gaza continuar, os EUA não serão poupados de fogo”, alertou, indicando para os riscos de que a guerra se espalhe pela região.

O iraniano fez um apelo para que a Casa Branca pressione Israel a interromper os ataques e que pare de dar dinheiro e armas para o governo de Benjamin Netanyahu. Ele criticou o fato de que as mais de 7 mil mortes de palestinos estão ocorrendo sem que europeus e americanos tomem uma atitude.

Segundo o chanceler, o Hamas não deve ser considerado como um grupo terrorista e aponta que o massacre contra israelenses em 7 de outubro foi “a explosão de um vulcão” diante da ocupação das terras palestinas. Líderes de todo o mundo condenaram os atos terroristas do Hamas, inclusive o Brasil. Já o regime iraniano, acusado de violações e repressão, vem mantendo o apoio ao grupo.

O chefe da diplomacia do Irã ainda fez uma proposta ao discursar na ONU. Segundo ele, o Hamas está disposto a liberar os civis israelenses que foram sequestrados se 6 mil combatentes do grupo e que estão em prisões israelenses forem liberados. O governo iraniano, segundo ele, receberia esses civis e faria a troca, numa operação na qual também participaria o Catar.

O ministro ainda rejeitou qualquer processo de normalização de Israel na região.

Instantes antes de o governo do Irã tomar a palavra, Israel já havia rejeitado a resolução proposta na ONU que pede um cessar-fogo na Faixa de Gaza. Enquanto isso, o embaixador palestino na ONU, Riyad Mansour, acusou o governo de Israel de estar fazendo 2 milhões de pessoas reféns.

*Jamil Chade/Uol