A denúncia é muito grave, é uma das piores formas de corrupção.
Segundo matéria publicada no Monitor Mercantil, o volume de água que entrou nos reservatórios das usinas hidrelétricas brasileiras durante o último ano é o quarto melhor ano da última década, equivalente a 51.550 MW médios. No entanto, o volume de energia produzida por hidrelétricas ficou em 47.300 MW médios, ou seja, 4.250 MW médios abaixo da quantidade de água que entrou nos reservatórios no mesmo período, o equivalente a uma usina de Belo Monte.
“O fato é que entrou mais água nos reservatórios (energia natural afluente) do que saiu pelas turbinas para gerar energia (vazão turbinada)”, denuncia a Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), com base em dados oficiais do Operador Nacional do Sistema (ONS).
“É falso alegar que os reservatórios estão vazios por uma suposta seca no Sudeste brasileiro”, explica o MAB em artigo. Para a entidade, o esvaziamento dos reservatórios das usinas ocorreu em plena pandemia, quando houve uma queda média de 10% no consumo nacional de eletricidade.
“Os reservatórios foram esvaziados sem que houvesse necessidade de atender a um aumento na demanda, uma vez que ela diminuiu.” Segundo o MAB, em diversas usinas, como Itaipu, a operação foi realizada “com evidente interesse de gerar escassez para explodir as tarifas. Toda essa água vertida poderia ter sido armazenada ou transformada em energia, sem aumento dos custos”.
Se algumas usinas jogaram água fora, outras foram acionadas para produzir acima da média, “principalmente as privadas, o que também levou ao esvaziamento”. “Aqui, predomina a lógica de que quanto mais vazios os lagos, mais alto é o preço”, acusa o MAB.
Sem hidreletricidade, acionam-se as termelétricas, muito mais caras. “E sabemos que, em geral, os donos das hidrelétricas também são donos das termelétricas.” Enquanto várias hidrelétricas estatais vendem energia a R$ 65/MWh, térmicas cobram acima de R$ 1 mi. A usina William Arjona (MS) foi autorizada pela Aneel a cobrar R$ 1.520,87/MWh, denuncia a entidade.
Chance de racionamento é de 3%
“Teremos racionamento de energia? Risco é menor do que 3%”, calculam Victor Bruke e Maira Maldonado, analistas da XP. Em relatório divulgado nesta sexta-feira, eles afirmam que, no cenário base, não veem necessidade de racionamento de energia nos próximos 12 meses.
“Embora, estimamos que os reservatórios atinjam níveis historicamente baixos (18% em novembro/2021 para o SIN consolidado), há capacidade térmica suficiente para ser utilizada e evitar medidas mais dramáticas.”
“De acordo com nossas estimativas, a probabilidade de a energia natural afluente (ENA) ficar abaixo de 50% (e portanto de termos racionamento) é de 3%”, concluem.
Matheus Albergaria, professor de Economia da Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado (Fecap), acredita que uma possível crise hídrica causada pela seca dos reservatórios pode vir a aumentar o preço da energia.
“Se acontecer a seca dos reservatórios, poderá ocorrer um aumento no preço da energia, devido ao choque adverso de oferta. Mas esse aumento pode não ser tão pronunciado, caso ocorra maior abertura da economia. De fato, o próprio processo de abertura ao comércio internacional dependerá dos cenários político e econômico domésticos, ainda atrelados às campanhas de vacinação contra a Covid-19 nos estados e municípios brasileiros”, finaliza Albergaria.
Com o grito de “fora Bolsonaro!” entalado na garganta, o povo, com cada vez mais gana de arrancá-lo da cadeira da presidência, já está nas ruas, lutando para ter a sua vida de volta, a dignidade, a cidadania.
Os atos estavam marcados para acontecer no dia 24 de julho, mas diante dos recentes escândalos envolvendo compra de vacinas as mobilizações foram antecipadas.
Além do descaso e da promoção da morte de 520 mil brasileiros por covid, entre outras aberrações do governo Bolsonaro, agora, vem à tona o escândalo de corrupção na compra de vacinas. BASTA! É o que o povo expressa das inúmeras cidades Brasil afora.
Impulsionados pelo pedido de impeachment de Jair Bolsonaro, após denúncias de corrupção na compra de vacinas durante a CPI da Covid, o Brasil volta às ruas no ato #3JForaBolsonaro; confira horários e locais.
Neste sábado, 3, mais de 200 cidades brasileiras confirmaram a participação do ato #3JForaBolsonaro. Após as denúncias da CPI da Covid sobre a corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 e impulsionados pelo pedido coletivo de impeachment, os brasileiros voltam às ruas.
O presidente Lula, ao comentar sobre os mais de 120 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro, parabenizou as forças de oposição e os movimentos sociais. Ele acredita que as manifestações de rua podem resultar no convencimento do presidente da Câmara dos Deputado, Arthur Lira, a acatar o pedido.
Parabenizo as forças de oposição ao Bolsonaro e os movimentos sociais que conseguiram unificar os mais de 120 pedidos de impeachment pra pressionar o Lira. Espero que as manifestações de rua convençam o presidente da Câmara a colocar em votação.
Bolsonaro | Brasil Brasileiros vão às ruas amanhã contra genocídio e corrupção Impulsionados pelo pedido de impeachment de Jair Bolsonaro, após denúncias de corrupção na compra de vacinas durante a CPI da Covid, o Brasil volta às ruas no ato #3JForaBolsonaro; confira horários e locais 02/07/2021 14h09 – atualizado às 15h21 PT Nacional
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Superpedido de impeachment abre atos Fora Bolsonaro nesta quarta “Prioridade do PT é vacina, auxílio, emprego e fora Bolsonaro” Milhares gritam “fora Bolsonaro” em mais de 200 cidades; veja fotos e vídeos
Neste sábado, 3, mais de 200 cidades brasileiras confirmaram a participação do ato #3JForaBolsonaro. Após as denúncias da CPI da Covid sobre a corrupção na compra de vacinas contra a Covid-19 e impulsionados pelo pedido coletivo de impeachment, os brasileiros voltam às ruas.
O presidente Lula, ao comentar sobre os mais de 120 pedidos de impeachment de Jair Bolsonaro, parabenizou as forças de oposição e os movimentos sociais. Ele acredita que as manifestações de rua podem resultar no convencimento do presidente da Câmara dos Deputado, Arthur Lira, a acatar o pedido.
O protesto #3JForaBolsonaro sucede as grandes manifestações realizadas em 29 de maio e 19 de junho, que reuniram milhares de pessoas nas principais capitais e cidades brasileiras cobrando do governo vacina para todos, auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia e comida no prato.
A Campanha Fora Bolsonaro, inciativa que se reúne há cerca de um ano e meio, é composta pela Frente Brasil Popular, a Frente Povo Sem Medo, todos os partidos de esquerda, as centrais sindicais, a Coalização Negra por Direitos, a UNE, a UBES, a CMP, o MTST, o MST, o Fórum Nacional de ONGs e outras diversas organizações.
A presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, convoca militantes, ativistas e toda a população brasileira para ir às ruas. Assista:
Protocolos de segurança
Assim como nos atos anteriores, os organizadores da manifestação nacional orientam militares, ativistas e população à respeitar os protocolos de segurança, com distanciamento, usando máscaras e álcool em gel.
Veja abaixo a relação dos países, estados, cidades e locais das mobilizações confirmadas. Acompanhe a atualização nesta lista:
Norte
AC – Rio Branco – Palácio Rio Branco | 16h
AM – Manaus – Praça da Saudade | 15
PA – Altamira – Em frente a Equatorial (Celpa) | 8h30
PA – Belém – Praça da República | 8h
PA – Santarém – Praça de Eventos da Anísio Chaves | 17h
PA – Soure – Praça do Cruzeiro (Bolsonaro estará na cidade neste dia) | das 8h às 17h
RO – Porto Velho – Passeata Praça das 3 caixas d’água | 8h30
RO – Porto Velho – Carreata 7 de setembro com a Farquar | 8h30
RR – Boa Vista – Praça Germano Augusto Sampaio | 9h
TO – Palmas – Parque dos Povos Indígenas | 16h
Nordeste
AL – Maceió – Praça Centenário | 9h
BA – Ilhéus – Praça da Irene, Av. Soares Lopes | 12h30
BA – Itabuna – Jardim do Ó | 9h
BA – Jequié – Praça Luiz Viana | 9h
BA – Salvador – Largo do Campo Grande | 14h
BA – Seabra – Praça do Mercadão | 9h
CE – Fortaleza – Praça Portugal | 15h
CE – Fortaleza – Praça da Gentilândia | 15h
CE – Tianguá – Rodoviária de Tianguá | 8h
MA – Imperatriz – Praça de Fátima | 8h
MA – São Luís – Praça Deodoro seguindo até a Ponte do São Francisco | 8h
MA – Santa Inês – Praça das Laranjeiras | 8h
PB – Cajazeiras – Praça da Prefeitura | 9h
PB – Campina Grande – Caminhada Praça da Bandeira e Carreata Parque do Povo | 8h30
PB – João Pessoa – Caminhada Lyceu Paraibano | 9h
PB – Patos – (*Aguardando infos)
PE – Caruaru – INSS | 9h
PE – Recife – Praça do Derby | 9h
PE – São José do Egito – Rua da Baixa – Em frente a estátua do Poeta | 9h
PI – Parnaíba – Av. Pinheiro Machado com Samuel Santos | 16h
PI – Teresina – Praça Rio Branco | 9h
SE – Aracaju – Praça da Bandeira | 14h
RN – Natal – Midway | 15h
Centro-Oeste
DF – Brasília – Praça dos Três Poderes | 16h
GO – Catalão – Praça Getúlio Vargas | 9h
GO – Goiás – Praça Cívica | 9h
MT – Cuiabá – Ato Simbólico Prainha | 6h
MT – Cuiabá – Carreata Sesc Arsenal | 8h
MT – Cuiabá – Ato de rua praça Alencastro | 10h
MS – Campo Grande – Praça do Rádio | 9h
MS – Terenos – (*Aguardando infos)
Sudeste
ES – Vitória – UFES | 14h
MG – Barbacena – Praça São Sebastião | 9h30
MG – Belo Horizonte – Praça da Liberdade | 14 h
MG – Brumadinho – Na Avenida esquina com a Quintino Bocaiúva | 9h
Pouco importa a festa que os minions estão fazendo com a fala de Arthur Lira, a de que não acatará o superpedido de impeachment, o chefe do clã ainda vai para a cadeia, é questão de tempo.
Isso está tão claro quanto o curso do rio que deságua no mar.
Lira sabe que Bolsonaro está politicamente morto e se transformou na assombração do Planalto. O que ele quer é tirar dele o máximo possível antes do enterro dos ossos.
Aliás, o centrão inteiro sabe disso. Na verdade, Bolsonaro está prontinho, no ponto para ser devorado nessa lagoa de piranhas que é o centrão. Quanto mais moribundo, mais lhe arrancarão o couro vivo, já que, como diz o ditado, “rei posto, rei morto”.
Parte do centrão sabe que pagará o preço nas urnas por ter dado sustentação a Bolsonaro, e este pode ser o caso de Lira, mas possivelmente a recompensa vale a pena.
A coisa é muito séria. A corrupção no governo Bolsonaro está sendo revolucionária. Os vigaristas tentaram cobrar propina até mesmo de quem não tinha vacina para vender. Isso é inédito na história dos achaques no Brasil.
Talvez seja uma tática miliciana ou simplesmente uma técnica de quem tinha certeza de que contaria com uma proteção intransponível e que, agora, depara-se com uma realidade bem outra.
Bolsonaro ainda tem pela frente os pesados crimes cometidos na gestão Salles no meio ambiente. E podem apostar que as privatizações comandadas por Guedes têm potencial tão explosivo quanto a da compra das vacinas.
Trocando em miúdos, o horizonte de Bolsonaro só tem mata-burro e ele não conseguiu sequer achar um contra-ataque para sair das cordas.
Pouco importa se Pazuello diz que os contratos de compra da covaxin não têm irregularidades, pois não apresentou rabisco de documento que comprove essa afirmação aleatória.
Ou seja, Bolsonaro diz que não será com mentiras que ele cairá. Fato, será com as verdades reveladas pela CPI da Covid e muito mais.
Visivelmente acuado e com medo das investigações da CPI da Covid que, a passos largos, vem desvendando os malfeitos do governo envolvendo corrupção da grossa em compra de vacinas, Bolsonaro sobe o tom e ataca os senadores integrantes da Comissão:
Não conseguem nos atingir. Não vai ser com mentiras ou com CPI integrada por sete bandidos que vão nos tirar daqui — disse o presidente, durante evento em Ponta Porã (MS) de inauguração de uma estação radar da Força Aérea Brasileira (FAB).
Essa declaração do presidente demonstra exatamente o oposto do que ele quer passar para a população, já que é muito comum a pessoa, quando acuada, desesperada, partir para o ataque.
A CPI da Covid, a princípio, não teve muito crédito da maioria dos brasileiros, mas, com o passar do tempo e de depoimentos que foram fundamentais e soaram como efeito de uma bomba contra o governo, com revelações de corrupção e de negócios espúrios em compra de vacinas, hoje, com muito mais crédito, A CPI começa a dizer a que veio.
É bom ficarmos atentos, pois, com depoimentos já agendados para os próximos dias, virá muito mais e com conteúdos que não agradarão em nada o governo Bolsonaro.
Vivemos hoje uma situação surreal. Tudo bem que o Brasil não é lá essa democracia, mas uma democracia de mercado. Ou seja, o central é o mercado, não o homem, é o dinheiro em estado puro. Os bancos, sobretudo é que comandam a nossa concepção de sociedade.
Nós humanos somos residuais, mas esse processo político que o país vive, que desconsidera qualquer senso de humanismo a partir do presidente da República, que provocou a morte de mais de meio milhão de brasileiros por covid, é respaldado por uma rede de corrupção, e a cada minuto que chegam as denúncias, a vida de Bolsonaro se complica ainda mais, mesmo que o discurso oficial mude completamente quando o próprio diz que não tem controle sobre os ministérios, numa inacreditável contradição de comportamento político, pois é o próprio Bolsonaro que sempre roncou que quem estabelecia a condução de um ministério é ele e não os ministros.
Agora que está sendo arrastado para o olho do vulcão em plena erupção e as mazelas do seu governo sendo escancaradas, Bolsonaro tenta se afastar dos seus próprios ministros, mostrando o quanto está politicamente fragilizado. Isso, sem falar, sobretudo qual é o seu lugar no governo.
A verdade é que o governo Bolsonaro cheira mal, e o fedor é crescente, o que desperta ainda mais a consciência da sociedade que percebe a precariedade de um governo que não oferece esperança e muito menos retidão, ao contrário, não há esboço de moralidade, mesmo diante dos discursos ornamentais do bufão que bradava que em seu governo não há corrupção e, agora, afirma que não tem conhecimento desse problema, admitindo que há corrupção, mas que não tem como controlar.
Na prática, fica evidente que Bolsonaro está na trança dessa amarra até o pescoço e não há como se excluir ou se separar desse gigantesco escândalo de corrupção que só se avoluma.
Em entrevista à Folha, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que o esquema de corrupção do Ministério da Saúde pode ser “muito maior” do que o caso da vacina Covaxin, investigado pela CPI da Covid do Senado.
Miranda disse que seu irmão, Luis Ricardo Miranda, chefe do departamento de importação do ministério, vê indícios de operação “100% fraudulenta” para a compra de testes de Covid.
“Se existir algo realmente ilegal, não é só nessa vacina [Covaxin], é na pasta toda. O presidente [Jair] Bolsonaro demonstra claramente que não tem controle sobre essa pasta”, disse o deputado neste domingo (27).
Os dois prestaram depoimento à CPI na sexta-feira (25). O deputado afirmou que seu irmão pode dar mais informações em uma eventual sessão secreta da comissão.
A existência de denúncias de irregularidades em torno da compra da vacina indiana Covaxin foi revelada pela Folha no dia 18, com a divulgação do depoimento sigiloso de Luis Ricardo ao Ministério Público Federal. Desde então, o caso virou prioridade da CPI no Senado.
Na entrevista, o deputado Luis Miranda disse que o diretor de logística do ministério, Roberto Ferreira Dias, é quem dá as cartas. “Nada ali acontece se o Roberto não quiser.”
Dias foi indicado ao cargo pelo ex-deputado Abelardo Lupion e por Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo Bolsonaro na Câmara.
No depoimento à CPI, Miranda disse que o presidente citou o nome de Barros quando foi informado pelo deputado e por seu irmão, no dia 20 de março, sobre irregularidades envolvendo o contrato de R$ 1,6 bilhão assinado pelo ministério com a Precisa Medicamentos para a compra de 20 milhões de doses da Covaxin.
O deputado deu à Folha mais detalhes da reunião que teve com Bolsonaro naquele dia no Palácio da Alvorada. Segundo ele, o nome de Barros foi mencionado pelo presidente logo nos primeiros dez minutos de conversa.
“Esse pessoal, meu irmão, tá foda. Não consigo resolver esse negócio. Mais uma desse cara, não aguento mais”, teria dito Bolsonaro, segundo o deputado.
A Folha procurou o Ministério da Saúde e Roberto Ferreira Dias, mas não houve resposta.
O senhor sabe se seu irmão será afastado do cargo? Não. Nada oficial. Já descobri agora, com pessoas assim, de confiança, que a Polícia Federal vai agir no sentido de proteger o trabalho dele. Não sei se de fato é concreto. Parece que a partir de segunda-feira a PF vai estar dentro do ministério, a coisa vai mudar um pouco.
O senhor já disse que não gravou a reunião com o presidente. O seu irmão gravou? Não, você me desculpa. Daqui a pouco meu irmão está recebendo busca e apreensão na casa dele. Na desculpa de achar uma gravação, vão devastar a vida do coitado.
É que ficou essa dúvida no ar… É melhor no ar do que a certeza dela. Na hora certa, se precisar… Mas acho que o presidente vai jogar na desconstrução de imagem. Estou vendo todos os aliados dele atacando minha honra.
O servidor Rodrigo de Lima, citado por seu irmão na CPI, negou à Folha que tenha falado em propina, mas disse que um coronel do Exército o procurou para tratar de vacinas. Isso é comum? Não sei. Meu irmão falou que realmente os militares tinham uma presença meio não republicana, mas nunca quis dizer o que seria. Inclusive meu irmão falou algo importante. Ele é técnico, apaixonado, meio metódico, meio paranoico com regulamento, regras. Quando vê um item errado, dois, é muito raro ter erro nessa operação grande, complexa. Não é normal ter tantos erros. Quando tem muitos erros, chama a atenção dele. Ele disse que tem uma operação grande rodando no Ministério da Saúde, de milhões agora. Envolve uma operação que na opinião dele é 100% fraudulenta.
É sobre vacinas? Sobre testes.
Sobre testes de antígenos? Compraram com a Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) 3 milhões e estavam abrindo compra para mais 14 milhões. Pelo que vejo aqui, é procedimento totalmente usando a Opas para fazer a jogada, com dinheiro do Banco Mundial. Querem fazer uma compra gigantesca, altamente desnecessária.
O senhor tem mais material para a CPI? Se for em reunião fechada, meu irmão sabe muita coisa. Acho que se a CPI fizer reunião fechada, pedir dados, informações. Meu irmão não quer fazer denúncia, porque, pela forma como o Palácio agiu, qualquer informação que ele der, que porventura não se prove lá na frente, vão tentar colocar uma denunciação caluniosa.
O que ele pode fazer é dar informações que suspeita pela forma que foi feita, como aditivos de aumento de valores, feitos às escuras, aumentando valores de licitações, que esperam bastante tempo para que os demais concorrentes que perderam não observem isso. Aí dão aumentos significativos nos contratos.
Se o presidente confrontar a sua versão do encontro, o que o senhor vai responder? O presidente não é doido de fazer isso. Mas, se fizer, vai tomar um susto. Não pode me chamar de mentiroso, pode falar qualquer coisa, menos que sou mentiroso.
O senhor lembra de cabeça exatamente as frases do presidente naquele dia? Uma muito marcante para mim: “Isso deve ser coisa, mais uma desse cara”. Ele está falando olhando para uma matéria [antiga] sobre a Global [ligada à Precisa Medicamentos, sob investigação]. Na sequência, pergunta para a gente: “Vocês têm informação se o Ricardo Barros realmente está envolvido nisso?” Aí ele fala, nomeia ele.
Durou quanto tempo esse encontro? 50 minutos.
E a parte do Barros foi quando? Logo no começo, com 10 minutos de conversa ele já soltou. Quando a gente começa a mostrar os papéis acontece essa conversa, ele dá uma desabafada, fala dos combustíveis, que era aquilo que estava irritando. Ele falou assim: “Vocês têm informações se o Ricardo Barros estava influenciando ou fazendo?”. Eu digo: “Presidente, a gente não sabe o nome de ninguém, trouxemos informações técnicas”. Aí ele disse: “Esse pessoal, meu irmão, tá foda. Não consigo resolver esse negócio. Mais uma desse cara, não aguento mais”.
Ele dá uma desabafada: “Não sei o que fazer mais”. Aí a gente fala que esse caso é grave, tem de dar uma atenção a isso. Aí ele solta que queria encaminhar para o DG [diretor-geral] da PF. Ele deu a entender que sabia de outros problemas inclusive.
Na conversa com o presidente, o senhor acha que ele se surpreendeu ou sabia que Barros estava por trás disso? Ele não sabia nem do caso. É como se a pasta tivesse um dono, e não o presidente da República. É como se aquele ambiente ali não pertencesse a ele. Ele não conhecia o caso.
É do centrão ali. É como se fosse isso, como se dissesse que ali, ele dá até o nome, de uma forma assim “mais uma, mais uma desse cara”.
E ele mantém o Barros como líder do governo. O senhor acha que ele se sente refém do Barros mesmo após tudo isso? Não sei. Gostaria que não fosse verdade, sendo bem honesto. Se for verdade, é pior. Se for verdade, talvez estejamos no maior esquema de corrupção de todos os tempos.
Que envolveria não só essa vacina, mas várias coisas no ministério. Exatamente, se o presidente não conhece o assunto, não tem interesse de conhecer, de que investigue, não tem interesse que testemunhas falem, porque ele reage fortemente contra essas testemunhas, ele quer manter a narrativa de que no governo dele não tem corrupção. Demonstra claramente um sinal para o próprio corrupto, se é que ele existe, né, de que está liberado.
O senhor acha que o esquema, como falou, de testes e outras vacinas, pode ser muito maior do que esse da Covaxin? Acho que pode ser muito maior. Se existir algo realmente ilegal, não é só nessa vacina, é na pasta toda. O presidente demonstra claramente que não tem controle sobre essa pasta. Tem muita coisa que dá para puxar e investigar. E descobrir algo em outra situação que vai ligar diretamente com a Covaxin. É o mesmo grupo.
Esse dos testes é do mesmo grupo? Não, mas são as mesmas pessoas dentro do ministério.
O senhor e o Barros chegaram a conversar? Ele sabia que o senhor iria jogar o nome dele na CPI? Ele mandou para mim [lê a conversa]: “Vamos falar, amigo?”. Às 10h23 da quarta-feira [23]. Escrevi: “Sempre, agora?”. E ele não respondeu. Agora tem de entender o seguinte, ele é o líder do governo. Líder do governo pode querer falar comigo [por outros assuntos]. Tenho várias matérias.
O esquema da Covaxin seria o quê? Superfaturar e desviar? Não, é só você observar o seguinte. O custo dessa vacina, para vender, para governos, internamente, é US$ 5,3. A própria empresa anuncia. Para vendas internacionais, fala que custa de US$ 15 a US$ 20. A empresa indiana, já consciente que, para poder conseguir um governo que tem interesse, talvez tenha algum lobby no meio do caminho, um distribuidor, vai conseguir abrir as portas. Uma empresa que fala que vender a US$ 5,3 está satisfeita e tem lucro, no momento em que fala em vender por US$ 15 para nós, no Brasil…
Alguém está levando… Alguém tá levando muita grana aí. E por isso o pagamento em offshore lá fora. A empresa vai receber o dela. O resto fica essa offshore para fazer a distribuição da forma como foi acordado. Ou seja, com pessoas legítimas ou com operações não republicanas.
O Roberto Ferreira Dias, diretor de logística do Ministério da Saúde, é indicado do Barros lá dentro? Isso é verdade.
Ele seria o elo do esquema? Eu acho assim, nada ali acontece se o Roberto não quiser. Tudo o que aconteceu, inclusive a pressão sobre o meu irmão, é sob a aprovação dele. Sem ele, ninguém faz nada. Isso é uma das únicas certezas que tenho.
O senhor falou da suspeita em relação a testes. E outros casos de vacina, o senhor ouviu falar, tem detalhes? Além da Covaxin, algum outro processo também foi feito de forma açodada? Também há suspeita sobre outros processos? Vários, inclusive entregamos dossiê ao Onyx [Lorenzoni, ministro].
Mas não era sobre vacina ou era? Não, sobre vários temas. Ali é um problema grave, é foda.
O senhor aceitaria uma acareação com o general Eduardo Pazuello [ex-ministro da Saúde]? Sem problema nenhum, ele não falou nada demais comigo. Estava desabafando a sacanagem que estavam fazendo no ministério. Falou que a pessoa falou na cara dele que ia tirá-lo. Botou o dedo na cara dele e falou: “Vou te tirar dessa cadeira”. Então ele sabe quem é.
Essa pessoa seria o Barros? Não. Ele falou para mim uma outra pessoa. Não vou falar, vão dizer que estou mentindo. Seria um poderoso parlamentar. Ele me conta toda a história da tentativa de atacar vacina. Esse grupo trabalhou alinhado a interesses não republicanos para travar inclusive o começo da vacina no Brasil pelo ministério. Fala que tem interferência direta nos interessados da Coronavac. Influência interna, externa lá na China para assegurar insumos deles.
O Pazuello quis fazer, assinar contrato, o presidente vetou. O Pazuello entende que existiam interesses não republicanos em não começar a vacinação pelo ministério. Essa coisa do lobby está pesando, misturando Saúde e Planalto, e dificultou a vida dele. Ele quis fazer de tudo para lançar primeiro [a vacinação].
O senhor chegou a falar com o ministro Marcelo Queiroga [Saúde] sobre esse caso? Única vez que consegui encontrar o Queiroga na vida foi num jantar na casa de um amigo, que é parlamentar também. E eu falei rapidamente com ele, falei: “Ministro, preciso despachar com você”. Ele: “A hora que você quiser”. E mesmo assim também não consegui. Oficiei, fiz acontecer. É difícil de acreditar que a pessoa não conseguiu ter agenda comigo. É oficial, gabinete pedindo.
O senhor é favor do impeachment do presidente? Tudo o que fiz foi tentando ajudar o governo. Para que ele pudesse evitar uma possível corrupção no governo dele. Então, o que mais me decepciona e deixa mais desagradado com essa situação é agora a real suspeita, com a reação do governo, de que talvez o governo sabia e tentou ocultar mesmo, maquiar.
As investigações já provocaram o afastamento do presidente do Ibama e quebra de sigilo bancário de Salles. Veja o que deve acontecer agora e 5 aspectos já conhecidos.
Um dia antes da deflagração da operação da Polícia Federal sobre a suposta participação do Ibama e do ministério do Meio Ambiente em um esquema de corrupção envolvendo madeireiras, o ministro Ricardo Salles recebeu EXAME para uma entrevista exclusiva no escritório do Ibama em São Paulo. “Com as mudanças nas instruções normativas (no Ibama), estamos tentando melhorar o modelo”, disse, quando perguntado sobre as polêmicas dass novas regras de fiscalização. Ele também falou sobre a atuação do crime organizado na Amazônia, que envolve o tráfico de madeiras e a mineração. Menos de 24 horas depois, o ministro se tornou alvo de um processo de investigação autorizado por Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), baseado em informações da PF. Veja, a seguir, os principais aspectos da operação.
O papel dos EUA na investigação
Autoridades americanas perceberam discrepâncias e falta de informações nos documentos apresentados pela empresa Tradelink, que extrai madeira no Pará, no processo de desembarque de três contêineres com produtos florestais no porto de Savannah, nos Estados Unidos, em janeiro do ano passado. A madeira foi exportada sem autorização do Ibama e ficou retida no porto americano. Um adido da Embaixada dos Estados Unidos em Brasília relatou o caso ao Ibama. Em fevereiro, o órgão ambiental brasileiro aboliu a necessidade de autorização especial para exportação de madeira da Amazônia e informou os Estados Unidos sobre a decisão.
O alerta de corrupção
A desconfiança de que a nova normativa do Ibama pode ter sido criada com o intuito de favorecer madeireiras que exploram ilegalmente os recursos naturais levou as autoridades americanas decidiram procurar a Polícia Federal (PF).
“À luz do exposto, o FWS [Serviço da Vida Selvagem e Pesca, órgão ambiental americano] tem preocupações com relação a possíveis ações inadequadas ou comportamento corrupto por representantes da Tradelink e/ou funcionários públicos responsáveis pelos processos legais e sustentáveis que governam a extração e exportação de produtos de madeira da região amazônica”, relataram os representantes da Embaixada americana em documento enviado à PF.
A denúncia contra Ricardo Salles
Segundo a PF, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, afastado do cargo nesta quarta, 19, outros nove funcionários do órgão e o ministro Ricardo Salles, do meio ambiente, participavam de um esquema de corrupção montado para favorecer as madeireiras, reduzindo exigências para o transporte e venda de produtos florestais. A PF também investiga a flexibilização da fiscalização ambiental e do processo da emissão de multas. Também acusa Salles de ter movimentado, de “forma atípica”, cerca de 14,1 milhões de reais entre janeiro de 2012 e junho de 2020 por meio do escritório de advocacia do qual é sócio.
A defesa do ministro
“Sempre estive à disposição para esclarecer quaisquer questões, assim como os demais citados nessa operação”, disse Salles em entrevista coletiva na quarta. “O ministério do Meio Ambiente atua sempre com respeito às leis e entendemos que esse inquérito foi expedido de uma forma que acabou levando o ministro relator a erro, dando impressão de que haveria uma ação concatenada para fazer o destravamento do que quer seja”. O ministro também revelou que se encontrou com o presidente Jair Bolsonaro na quarta e explicou não haver “substância nas acusações”.
O que deve acontecer agora
Bim e outros nove funcionários do Ibama e do ministério do Meio Ambiente foram afastados de suas funções. Além disso, foi decretada a quebra de sigilo bancário de todos os acusados, incluindo Salles. Também deverá ser analisado o material encontrado em computadores, celulares e apelada confiscada em endereços residenciais do ministro e na sede do ministério do Meio Ambiente. As investigações continuam.
Responsável por julgar os casos da Operação Lava Jato na segunda instância, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) também pode ter sido alvo de quadrilha suspeita de desviar recursos dos cofres públicos. Segundo a Polícia Federal, um contrato do órgão na área de tecnologia no valor de R$ 1,04 milhão foi fraudado pelo mesmo grupo que já é investigado em duas operações sobre irregularidades em negócios com o governo federal.
Por meio de interceptações eletrônicas e quebras de sigilo, a PF descobriu que empresas combinaram a participação na licitação para conseguir valores maiores para o serviço oferecido. Entre as mensagens captadas, está todo o histórico de conversas do grupo “TRF-4”, criado por um gerente comercial da empresa Microstrategy. Na mesma época, a empresa disputava um contrato de mais de R$ 1 milhão para fornecer softwares (programas de computadores) ao tribunal sediado em Porto Alegre.
De acordo com essas mensagens, o gerente da Microstrategy solicitava que a empresa B2T (empresa que aparece nas duas operações da PF) participasse do pregão para que não houvesse risco de cancelamento por falta de competitividade. No entanto, ainda segundo as mensagens captadas pela PF, a participação da B2T não colocava em risco a Microstrategy.
O contrato do TRF-4 com a Microstrategy foi assinado, semanas depois, pelo desembargador Luiz Fernando Penteado, então presidente do tribunal, exatamente como planejado pelo grupo.
O Estadão teve acesso à ata do pregão, ocorrido em 14 de dezembro de 2016. Nela consta a participação da B2T, da Microstrategy e outras duas empresas que ofereceram lances bem acima dos valores propostos pelas duas primeiras. Após ser avisada de que seu lance foi o mais “econômico”, a Microstrategy foi convocada a oferecer algum desconto nos serviços, o que é parte do ritual dos pregões, mas se recusou a baixar seu preço. O contrato foi assinado dias depois no valor de R$ 1,04 milhão.
A PF apura a participação de servidores do tribunal no esquema. Segundo investigadores, eram eles os responsáveis pelo direcionamento da licitação, fraude na cotação de preços e participação de “parceiros” para simulação de concorrência. “Os servidores também realizam ajustes no edital, para evitar que empresas concorrentes tenham condições de participar da disputa”, aponta a PF em relatório incluído no inquérito.
TRF-4 diz que licitação segue a lei; empresa afirma que funcionários não trabalham mais lá
Por meio de nota, o TRF-4 informou que não recebeu oficialmente nenhuma notificação. Por isso, disse que “não se manifestará sobre o tema por enquanto, a fim de não violar eventual sigilo judicial que possa ter sido decretado no processo”. “Os procedimentos licitatórios do Tribunal observam rigorosamente o previsto em lei e submetem-se à fiscalização da unidade de controle interno da instituição”, completou o tribunal, por meio de nota.
Já a MicroStrategy disse que as pessoas citadas na investigação “não fazem mais parte dos quadros da empresa” e que “seus atuais dirigentes e funcionários não são objetos da investigação”. A empresa ressaltou, também por meio de nota, que está à disposição das autoridades para fornecer qualquer informação que possa contribuir com a investigação.
Procurada, a B2T não se manifestou até a publicação deste texto.
Esquema maior
Suspeita de fraudar a licitação no TRF-4, a B2T também já teve contratos com outros órgãos investigados. Em fevereiro, a empresa foi alvo da Operação Gaveteiro, que investiga desvio de R$ 50 milhões dos cofres públicos entre 2016 e 2018 em contratos do extinto Ministério do Trabalho, ainda na gestão de Michel Temer.
Na semana passada, a B2T novamente foi alvo da PF, na Operação Circuito Fechado, que mira negócios avaliados em R$ 40 milhões firmados por meio de três contratações fraudulentas do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) entre julho de 2012 e outubro de 2019.
Como revelou o Estadão em fevereiro, a mesma empresa também fechou contrato com a atual gestão de Jair Bolsonaro. Em julho do ano passado, o Ministério da Cidadania, então comandado pelo deputado Osmar Terra (MDB-RS), ignorou advertência de órgãos de controle como Tribunal de Contas da União (TCU) e Controladoria-Geral da União (CGU) para fechar negócio de R$ 6,9 milhões com a B2T.
Após as reportagens, o ministério anunciou um “pente-fino” nos contratos e afastou os servidores responsáveis pela negociação. Dias depois, o próprio Terra foi demitido do governo.