O modelo da picaretagem é o mesmíssimo daquele abortado pela PGR Raquel Dodge que renderia aos espertos da Lava Jato, na época, R$ 2,5 bilhões. Essa nova montanha de dinheiro teria como destino uma fundação de fachada de combate à corrupção, só não foi parar nos bolsos dos heróis da cretinice nacional, porque Augusto Aras abortou o esquema.
E aqui, abre-se um parêntese para lembrar que, hoje, o Brasil tem um presidente fascista, que é responsável pela morte de quase 180 mil brasileiros por Covid-19 e que se nega a adotar um programa nacional de vacinação por culpa desses mesmos vigaristas que se venderam como a Liga da Justiça e como a República de Curitiba que bradavam ter mudado a forma como o Brasil lidava com a corrupção.
Para tanto, prenderam Lula acusando-o de ter recebido de propina um muquifo do Guarujá que chamam de tríplex, em troca de contratos bilionários com a OAS. Detalhe, esse imóvel, segundo a empresa americana de recuperação fiscal, Alvarez & Marsal, da qual Moro agora é diretor, afirma que o imóvel pertence à sua cliente, OAS, e que jamais foi de Lula.
Mas é essa turma que, através de uma fábula novelesca da Globo, transformou-se na coqueluche da moral das carochinhas que queria novamente tungar um depósito no valor de R$ 270 milhões da J&F, exigido pelo Ministério Público Federal.
O dinheiro, desta vez, seria desviado com a ajuda da ONG Transparência Internacional, que é outra picaretagem já desmascarada.
O que, agora, diferencia essa operação da outra que desviaria R$ 2,5 bilhões da Petrobras, é que, ao invés de Dallagnol, quem arquitetou essa operação que deveria se chamar, “desvio dos cínicos”, é Joaquim Falcão, supostamente conselheiro da Transparência Internacional e assessor informal da Lava Jato.
A manobra foi abortada por Aras assim que soube da picaretagem que pretendia avançar sobre essa dinheirama. Isso, mais uma vez, mostra que todos aqueles diálogos entre Dallagnol, os procuradores da Lava Jato e Moro, revelados pelo Intercept, na série Vaza Jato, eram verdadeiros.
Como bem escreve, no Conjur, Emerson Voltare e Rafa Santos, essa turma da Lava Jato sempre teve obsessões bilionárias, como mostra a matéria.
Dallagnol é aquele que, depois de saracotear pelo país todo dizendo que, se não tiver prisão após condenação em 2ª instância, os advogados empurram com a barriga a acusação até a prescrição.
Detalhe: ele recebia, e muito bem, pelas palestras que ministrava para repetir tal bordão. No entanto, no primeiro julgamento de sua pilantragem tosca, utilizando o powerpoint, que mereceu um processo de Lula, ele adiou por 41 vezes seu julgamento no CNMP até a prescrição.
A coisa foi tão escandalosa que vários parceiros que o julgaram, disseram que o troço havia prescrito, mas que não deixa de ser uma enorme mancha na história do Ministério Público brasileiro.
Agora, o mesmo boçal, que ajudou a condenar e prender Lula sem provas, para que um genocida, que já matou mais de 170 mil brasileiros por Covid-19, assumisse a presidência, vem falar que extrema direita está com medo de Moro, como se este não fosse ainda pior e mais à direita que Bolsonaro.
Dallagnol se esquece que Moro é aquele fascista que pediu ao Congresso que policiais bandidos tivessem licença para matar?
Esse mesmo Roque Santeiro de Curitiba se esqueceu que colheu assinaturas dos incautos com as tais dez medidas contra a corrupção que, na verdade, são contra a constituição. Dez medidas fascistas regidas por uma escumalha chamada Lava jato com todo o tipo de bandidagem envolvendo os filhos de Januário, fato escancarado pela Vaza Jato.
Esse vigarista, que reza e faz jejum para os outros morrerem e ainda recebe solidariedade do juiz Bretas que vimos fazendo dancinha ao lado de Crivella e Bolsonaro, está falando que a extrema direita tem medo de Moro?
Esse sujeito deveria estar na cadeia, ele e Moro, porque num país em que a justiça não é servil ao Instituto Innovare da Globo, os dois estariam atrás das grades, e há muito tempo.
Quem se esquece dessa imagem em destaque em toda a mídia nacional em que Dallagnol entrega para a Petrobras o cheque da mixaria recuperada, enquanto, fora dos holofotes, a mesma Lava Jato produzia o maior rombo nos cofres da maior estatal brasileira?
Pois bem, sabe-se agora que a multa da Petrobras com os americanos foi sete vezes maior do que todo o valor que a Lava Jato diz ter recuperado.
A informação foi dada pelo Globo, de que, primeiro o nome de Lula e do próprio PT jamais foram citados pela Petrobras no documento enviado pela empresa à justiça americana.
Por esse motivo, toda a farsa da Lava jato cai por terra, afinal, Dallagnol, Moro e o restante do califado de Curitiba montaram até aquele powerpoint ridículo para dizer que Lula era o chefe do maior roubo da humanidade. Tudo com o aval dos holofotes e microfones da Globo, ao vivo e a cores.
Ora, quem deu essa informação foi uma das vozes dos Marinho, Ascânio Seleme, em seu artigo neste sábado (31) no Globo:
“Para não virar ré nos EUA, a Petrobras concordou em pagar US$ 4,8 bilhões em multas, o que corresponde a R$ 27,7 bilhões. O valor é sete vezes maior do que as sentenças da Lava Jato devolveram aos cofres da estatal.”
Quando se junta essa informação com as da Vaza Jato que, desde 2015, aqueles R$ 2,5 bilhões para a tal fundação Dallagnol, como disse Gilmar Mendes, já haviam sido acordado, como mostrou o Intercept nas mensagens trocadas entre os procuradores da Força-tarefa, todos tinham consciência do gigantesco prejuízo que a Petrobras e, consequentemente o Brasil amargariam, em compensação, também sabiam, desde 2015, quanto os procuradores, usando o velho subterfúgio de uma fundação para lavar dinheiro renderia à camarilha curitibana.
Em outras palavras, quanto mais se mexe no submundo da Lava Jato e as peças vão se encaixando, mais fede e se vê que Lula foi condenado de forma criminosa por um bando que a cada dia se desmoraliza mais por uma série de crimes que cometeu em nome da justiça. Vê-se também como o sistema de justiça no Brasil deixou livre, leve e frouxo correr na cara de todos um sistema porcamente montado para uso político contra o PT, ao mesmo tempo em que produziu um rombo gigantesco na Petrobras que, se a PGR não cortasse as asinhas dos espertos, comandados por Moro e Dallagnol, essa turma embolsaria R$ 2,5 bilhões sem dar satisfação a ninguém. E os ladrões ainda sairiam, como tentaram fazer durante cinco anos, como os grandes heróis nacionais, como diziam os tolos de plantão.
Parece piada, mas não é. Bonat, o juiz que vestiu a camisa do time, como queriam os procuradores da Lava Jato, fato revelado em gravação de voz própria do chefe da Força-tarefa, Dallagnol, acaba de confirmar o conteúdo da gravação revelada pelo Intercept, aceitando uma denúncia dos procuradores que exigiram do juiz submissão total e, mais uma vez e sem qualquer prova, transforma Lula em réu.
A mesma história funesta de que Lula comandou a maior quadrilha da história do universo, que contava com curupiras, sacis, mãe d’água e por aí vai.
A essa altura do campeonato, em que as instituições do Brasil evaporaram pelo calor dos interesses da elite brasileira, essa notícia soa como piada cansativa e remodelada e, certamente, não causa qualquer impacto na sociedade que já vê a Lava Jato como de fato é, uma operação policial formada por um bando de cretinos do Ministério Público e Polícia Federal, comandada por um juiz corrupto e ladrão, como muito bem definiu o deputado Glauber Braga (Psol-RJ) na sabatina de Moro na Câmara dos Deputados, de onde este saiu mudo, acovardado e com o rabo entre as pernas, porque não tem autoridade moral para desmentir o grande deputado.
O caminho foi somente um, fugir pela porta dos fundos. O resto é isso aí, mais uma tentativa da gangue de Curitiba de ressuscitar do seu túmulo depois de uma vexatória desmoralização pública.
Bonat tem uma gravação de Lula orquestrando ganhos para empreiteiros como o Intercept tem de Dallagnol orquestrando a manipulação do substituto de Moro?
Obs. Até eu que sou um dos mais bobocas seres da terra, sei que é uma tentativa de Moro ainda utilizar a Lava Jato como plataforma política para 2022.
Nota da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da aceitação pela 13º Vara Federal de Curitiba de mais uma acusação sem base contra o ex-presidente:
“A decisão proferida hoje pela “Lava Jato de Curitiba” é mais um ato de perseguição contra o ex-presidente Lula porque aceitou processar mais uma ação penal descabida, que tenta transformar doações lícitas e contabilizadas para o Instituto Lula – que não se confunde com a pessoa do ex-presidente – em atos ilícitos, durante o período eleitoral, em evidente prática de “lawfare”. A mesma decisão desconsidera que Lula já foi definitivamente absolvido pela Justiça Federal de Brasília da absurda acusação de integrar de uma organização criminosa, assim como desconsidera decisão do Supremo Tribunal Federal que retirou da Justiça Federal de Curitiba a competência para analisar o assunto. Por tais motivos, dentre outros, a decisão será impugnada pelos meios legalmente cabíveis”
Cristiano Zanin Martins
*Carlos Henrique Machado Freitas
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Quem vai cobrar dos operadores da lei que eles a cumpram?
Quem vai exigir que eles expliquem aquela engenhosa operação que transferia R$ 2,5 bilhões da Petrobras recuperados pelo Departamento de Justiça Americana para a criação da fundação Dallagnol, como disse Gilmar Mendes?
Aliás, Gilmar Mendes é o único que detona a auréola de herói dos picaretas da Lava Jato.
Agora mesmo, dentro dos moldes facciosos que a Lava Lato plublicizou durante cinco anos, Roberson Pozzobon, um dos procuradores mais destacados da gangue de Curitiba, publicou em seu twitter que a Lava Jato recuperou recentemente mais R$ 1 bilhão, muito menos da metade do que eles tentaram desviar da Patrobras para a tal fundação privada, em nome do “combate à corrupção”.
Resultado, escreveu no twitter o quis e leu de volta o que não quis. O cínico apanhou como gente grande, pois os leitores o lembraram dos R$ 2,5 bi.
Thaméa Danelon, a mesma procuradora que tirou o seu twitter do ar quando foram reveladas, pela mídia, suas relações escusas, está agora aos quatro cantos tagarelando, numa escancarada campanha para Moro em 2022 e a volta da prisão após condenação em segunda instância.
Sobre a grana da Patrobras para a tal fundação e suas relações vassalas com o FBI, nem um pio. O que essa gente quer é dobrar a aposta do que fez em 2018, condenar e prender Lula, sem qualquer prova de crime, para tirá-lo do pleito eleitoral, Bolsonaro vencer e Moro ser ministro e, com isso, arrastar com ele boa parte da corriola de Curitiba.
Por que eles não se defendem das novas revelações que o livro Vaza Jato, lançado pelo Intercept, denuncia em detalhes?
Claro, sequer abrem o bico para enfrentar esse torpedo que implodiu a farsa chamada Lava Jato. Mas não basta simplesmente desqualificar essa corja que anda aos quatro ventos bradando o combate à corrupção, a esquerda tem que cobrar da justiça explicação por tamanha impunidade dos operadores da lei que tentaram tungar dinheiro público, o que só não ocorreu porque foram impedidos pela ex-PGR Raquel Dodge e Alexandre de Moraes do STF, que deu destino justo ao referido recurso.
Até o presente momento ninguém da Lava Jato respondeu sobre esse crime. Gilmar Mendes, ao que parece, é o único a cobrar do CNJ, do CJF, do STJ e do TRF-4 a apuração desse crime cometido pelos procuradores bandidos da Lava Jato.
*Carlos Henrique Machado Freitas
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Alô Barroso, você que afirmou que a Vaza Jato é uma fofocada de criminoso, depois de ouvir de boca própria, Dallagnol conspirando com procuradores um substituto de Moro que vestisse a camisa da Lava Jato, é isso mesmo?
Vídeo com Carlos Henrique Machado. Assista:
*Da redação
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Os procuradores da Lava Jato no Paraná atuaram nos bastidores para interferir na sucessão do ex-juiz Sergio Moro nos processos da operação em primeira instância. A força-tarefa do Ministério Público Federal fez lobby num outro poder, o Judiciário, para garantir que o novo escolhido para a cadeira do então recém-nomeado ministro do governo de Jair Bolsonaro fosse alguém que agradasse aos investigadores.
As articulações estão explícitas em duas mensagens de áudio do então coordenador da força-tarefa, o procurador Deltan Dallagnol. Nelas e em várias mensagens de texto trocadas pelo Telegram em janeiro de 2019, ele elenca os principais candidatos à vaga de Moro, elege os preferidos da força-tarefa e esboça o plano em andamento para afastar quem poderia “destruir a Lava Jato”, na opinião dele.
Quando Moro abandonou a carreira de juiz, em novembro de 2018, logo após a eleição de Bolsonaro, deixou vaga a cadeira de responsável por julgar os processos da Lava Jato na primeira instância. A sucessão ou substituição de um magistrado é um processo comum no poder Judiciário, que tem autonomia para decidir – obedecendo a um regimento interno.
O que é no mínimo incomum, nesse caso, é a pressão e a interferência de um órgão externo, o Ministério Público Federal. Em mensagens de texto e áudio, Dallagnol também pede a colegas familiarizados com o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, o TRF4, responsável pela Justiça Federal do Paraná, que tentassem “advogar” junto a ele por uma solução que agradava à força-tarefa.
A ideia compartilhada por Dallagnol e por juízes federais do Paraná era colocar três magistrados na posição de assessores de um quarto, o veterano Luiz Antônio Bonat, num esforço para convencê-lo a disputar a vaga de Moro. “Ele colocou ali o nome dele por amor à camisa”, narrou Dallagnol. “Então a gente tem que conseguir um apoio. A ideia talvez seria de ter juízes assessores ali designados junto a ele”.
A Lava Jato considerava que Bonat, um juiz com 64 anos e de perfil extremamente discreto (jamais deu palestras ou entrevistas desde que assumiu o comando da operação, há quase dois anos), precisaria de ajuda para dar conta das dezenas de processos que corriam no Paraná. Assim, Dallagnol e equipe buscaram uma forma de garantir que nem todo o trabalho da operação cairia sobre ele.
O plano articulado para montar o time de juizes acabou por não sair do papel, mas o principal foi feito: Bonat foi convencido a disputar a vaga. “Aí ontem os juízes estavam preocupados e conseguiram fazer, conseguiram convencer o número 1 da lista, o que é ótimo para nós, assim, simbolicamente, a aceitar o desafio de ir para a 13ª”, celebrou Dallagnol, em áudio.
E, como era previsto pelos procuradores, Bonat herdou a cadeira de Moro por ser o mais antigo juiz federal em atividade na jurisdição do TRF4.
Nas conversas, fica claro que o juiz resistiu a entrar na disputa e que ele foi convencido a concorrer por colegas e procuradores que “estavam preocupados” com a vitória iminente de alguém visto com desconfiança pela Lava Jato: Julio Berezoski Schattschneider, um juiz que atuava em Santa Catarina. Procurados, nenhum deles quis dar entrevista.
A candidatura de Bonat surpreendeu a comunidade jurídica. Magistrado com 25 anos de carreira, à época, ele estava afastado da área criminal havia 15 anos. Até um juiz federal que atua na região do TRF4, e que falou ao Intercept sob a condição de anonimato, diz ter estranhado: “Era uma vara difícil, cheia de trabalho, daquelas que habitualmente ninguém quer pegar e acaba sobrando nas mãos de um juiz mais novo. E aí aparece um monte de gente mais antiga [na disputa]”, ele observou.
‘Vou convidar quem puder pra irmos estimular rs’
Sergio Moro foi o primeiro grande nome confirmado por Bolsonaro para seu governo após a vitória nas urnas. A adesão do então juiz ao político de extrema direita se deu meros três dias após o segundo turno: ele viajou ao Rio, visitou Bolsonaro em sua casa na Barra da Tijuca, ouviu o convite para ser ministro da Justiça e Segurança Pública e disse sim poucas horas depois.
Com a entrada formal na política, Moro foi obrigado a passar o bastão dos processos da Lava Jato. Temporariamente, a operação passou a ser conduzida pela juíza substituta Gabriela Hardt até que um novo magistrado assumisse a vaga de titular.
Pelas regras de funcionamento da justiça no Brasil, os processos seguiriam com a 13ª Vara Federal de Curitiba. Com a saída de Moro, a vaga de titular dessa vara entrou em disputa. Qualquer juiz da 4ª região da Justiça Federal – que abrange Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná – poderia disputar o posto. O escolhido seria quem tivesse mais tempo de carreira entre os inscritos, seguindo o regimento do TRF4.
No dia do anúncio de Moro, procuradores da Lava Jato já especulavam no Telegram quem sucederia o magistrado. Mas a interferência da força-tarefa no Judiciário só ganhou forma em janeiro de 2019, quando Dallagnol fez um comunicado aos colegas:
Ali Dallagnol expôs o primeiro alvo da força-tarefa e uma estratégia para tirá-lo da disputa. Tratava-se do juiz Eduardo Vandré, que trabalhava numa vara federal de Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Ele ocupava o sexto lugar na lista de antiguidade, mas “seria péssimo” para a Lava Jato, segundo o coordenador.
Os motivos para a desconfiança foram descritos por Paludo, que afirmou na mesma conversa, mais tarde, que Vandré era “pt e não gosta muito do batente”.
Com isso em mente, Dallagnol buscava fazer uma espécie de seguro: garantir a candidatura de um dos cinco juízes mais antigos, de forma que Vandré ficasse sem chances na disputa. Paludo detalhou o plano pouco depois:
Os comentários mostram que Paludo e Dallagnol viam Bonat (o juiz federal com mais tempo de serviço em toda a região Sul) como um instrumento para impedir que um nome indesejável ficasse com a vaga de Moro. Mas havia um problema: justamente pela idade, achavam que ele não teria “pique” para assumir os processos da Lava Jato. Por isso, Dallagnol aventou a possibilidade de que Bonat fosse escolhido, mas deixasse outros “trabalharem por trás” dele, como juízes assessores.
O assunto voltou ao Telegram quase uma semana depois, em 16 de janeiro. Dallagnol encaminhou aos colegas a mensagem de um juiz que chamou de “nosso preferido” para ocupar a cadeira de Moro: “estou avaliando, sim….temos até segunda…. Conversei com o Malucelli ontem e ele me disse que conversou com Bonat, e ele disse que não vai pedir e que nem cogita”, escreveu o magistrado, segundo o relato de Dallagnol.
A mensagem não deixa claro quem era o “preferido”, mas as tratativas nos dias seguintes indicam tratar-se do juiz Danilo Pereira Júnior, que já atuava noutra vara federal de Curitiba. Malucelli é o juiz Marcelo Malucelli, então diretor do foro da Seção Judiciária do Paraná – na prática, o administrador da unidade.
Àquela altura, Eduardo Vandré já desistira de concorrer, mas a Lava Jato tinha outra preocupação. O nome dela era Julio Berezoski Schattschneider, que trabalhava em Santa Catarina, outro a receber a alcunha de “péssimo” na lista de Dallagnol.
O chefe da força-tarefa afirmou ter conversado sobre o assunto com a juíza Gisele Lemke, de uma vara federal de Curitiba, e narrou aos colegas o que foi discutido:
Segundo o áudio, Schattschneider havia informado o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, instância máxima da Justiça Federal no Sul do país, que desejava ser transferido para Curitiba, mas não fazia questão de ficar com o lugar de Moro. Assim, a Lava Jato planejava convencê-lo a aceitar outra posição que não fosse a de Moro. Se ele não topasse, haveria um problema: por ser mais antigo, Schattschneider teria preferência sobre Danilo Pereira Júnior, o favorito da Lava Jato. O juiz Bonat continuava decidido a não concorrer.
Julio Berezoski Schattschneider: “um cara horrível”, segundo Dallagnol, que buscou tirá-lo do páreo. Foto: TRE/SC
Esse quadro permaneceu até 21 de janeiro de 2019, último dia para inscrição dos interessados. A força-tarefa estava tensa porque o desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, então presidente do TRF4 (que ironicamente foi cotado para suceder Moro no ministério de Bolsonaro por ser próximo aos militares), havia anunciado que os dois nomes preferidos da Lava Jato estavam impedidos de entrar no páreo.
A razão era um item do regimento do tribunal que vedava a transferência de juízes para uma vara com a mesma especialidade daquela em que já atuam.
Dallagnol se afligiu e pediu lobby sobre Thompson Flores:
O clima só desanuviou quase dez horas da noite. Januário Paludo avisou ao grupo que Luiz Antônio Bonat havia mudado de ideia e decidido se inscrever. No dia seguinte, o TRF4 divulgou a lista dos inscritos com ele na cabeça. Se Bonat não mudasse de ideia até a meia-noite do dia 24, dali a três dias, a vaga seria dele. Mas Schattschneider vinha na segunda posição. Por isso, a articulação continuou para que Bonat não desistisse.
As mensagens indicam que procuradores da Lava Jato trataram pessoalmente desse assunto com a cúpula da Justiça Federal do Paraná. Eles mencionam um encontro em 22 de janeiro, um dia após o encerramento das inscrições. Ao final da reunião, Dallagnol fez um resumo aos colegas:
Em viva voz, o procurador faz duas grandes confissões. Juízes federais alinhados à Lava Jato “estavam preocupados” com a possibilidade de que Schattschneider ficasse com a vaga de Moro, segundo Dallagnol, e, por isso, conseguiram convencer Bonat a se inscrever de última hora, “por amor à camisa”.
Esses magistrados, que não são identificados por Dallagnol no áudio, lançam uma suspeita sobre Schattschneider: a de que ele havia tentado iludir a corregedoria da Justiça Federal sobre sua intenção de suceder Moro. Procuramos Schattschneider em seu gabinete para que comentasse a suspeita levantada pela corregedoria, mas ele não respondeu às tentativas de contato.
Para manter o interesse de Bonat no cargo, os juízes e o MPF decidiram tentar algo que Dallagnol havia sugerido em 10 de janeiro: transformar o magistrado numa espécie de líder de um grupo de três outros juízes que ajudariam a dar agilidade aos processos. Segundo o áudio de Dallagnol, quem estava à frente desse plano era o juiz Marcelo Malucelli, mas a cúpula do TRF-4 já tinha se manifestado contra a ideia.
Procuramos Malucelli para que comentasse a declaração de Dallagnol, mas o juiz disse não saber que Bonat foi convencido de última hora e não esclareceu se articulou ou não o plano de designar juízes assessores para ele. “Várias medidas de auxílio foram tomadas pela corregedoria do TRF4 para a 13ª Vara de Curitiba, antes e depois da saída do juiz Moro. À direção do foro incumbe apenas cumpri-las”, respondeu.
A preocupação dos procuradores se dissipou no dia seguinte, 23 de janeiro, quando eles ficaram sabendo que Schattschneider havia desistido da vaga. No fim das contas, Bonat assumiu a 13ª Vara no dia 6 de março.
Entregamos a transcrição integral dos áudios e um resumo cronológico detalhado das mensagens de texto ao TRF4, à Justiça Federal do Paraná e ao MPF. Aos órgãos do Judiciário, perguntamos se eram verdadeiras as afirmações de Dallagnol de que os juízes só convenceram Bonat a concorrer à vaga de Moro de última hora porque “estavam preocupados” com a chance de vitória de Schattschneider e de que a direção do tribunal discutiu nomear três juízes assessores para “dar um apoio” ao magistrado veterano à frente da Lava Jato.
Também perguntamos se o tribunal não considera que as conversas narradas por Dallagnol são uma interferência indevida no Judiciário e fizemos o mesmo questionamento à força-tarefa da Lava Jato. Ao MPF, perguntamos se os procuradores chegaram a visitar candidatos para a vaga de Moro, como disse Dallagnol, e se o órgão não considerava inadequado o lobby sobre os juízes para viabilizar os nomes de sua preferência e, depois que esse plano falhou, para garantir que Bonat não desistisse da vaga.
Todas as questões ficaram sem resposta. Além de não se manifestar institucionalmente, o TRF4 não emitiu posicionamento de nenhum dos juízes citados nas conversas, aos quais direcionamos perguntas específicas. O MPF também preferiu não se manifestar.
Correção: 13 de outubro, 9h
Uma primeira versão deste texto apresentava os áudios enviados por Deltan Dallagnol em posição errada. O erro foi corrigido.
Vendo a notícia de que Luiz Fux, em pouco mais de uma semana na presidência do STF, determinou suspensão do bloqueio de R$ 2 bilhões do banco Itaú, que é sócio da XP Investimentos, para quem o referido ministro fez palestra, vem-me à memória a lembrança de um trecho da Vaza Jato do Intercept em que Dallagnol disse que ficaria rico com palestras e comenta sobre uma de suas palestras na XP para garantir a investidores que Lula estaria fora da eleição e que Fux já tinha feito o mesmo para a mesma XP com a garantia de total confidencialidade.
A notícia de hoje: O presidente do Conselho Nacional de Justiça, ministro Luiz Fux, determinou em liminar o desbloqueio de R$ 2 bilhões do banco Itaú, por meio da cassação de uma decisão de uma juíza do Pará.
É esse mesmo Fux, que nesta quarta-feira (07), na tentativa de ressuscitar a desmoralizada Lava Jato, fez a manobra de tirar da segunda turma os processos da Lava Jato na qual ela vinha perdendo todas e colocar no plenário do Supremo para reverter a série de derrotas.
O presidente do STF, aquele que mata no peito, prometeu aos interessados pela sobrevivência da corriola de bandidos de Curitiba, que não deixaria a Lava Jato morrer. A declaração patética do patético Fux ganha seu primeiro capítulo ontem e, no dia seguinte chega a notícia dessa barbada de que ele deu um presente a um patrocinador de suas palestras.
Com Moro e Dallagnol desmoralizados e fora de combate, a Lava Jato se transformou num mula manca, mostrando que a operação que destruiu a economia brasileira e colocou Bolsonaro no governo, era um produto conjugado.
Como foi perdendo suas principais peças pelo caminho, hoje, a república de Curitiba não passa de um depósito de lixo produzido pelos próprios procuradores soterrados por denúncias de toda ordem.
A tentativa tola de promover uma ressurreição da Lava Jato é pífia, não tem mais serventia, saiu de moda e caiu em desuso, porque, de fato, nunca foi algo produzido pela justiça para o combate à corrupção, mas uma encomenda com vítimas pré-determinadas para mudar o cenário político no Brasil e colocá-lo numa zona de guerra, de cabeça para baixo e isolado do resto do mundo.
O califado de Curitiba, que hoje é só nostalgia, já teve muito poder. Agora, não se sustenta em cima das próprias pernas. Enquanto isso, Lula, o troféu almejado pela Lava Jato, avança com a bola dominada sobre o campo do adversário perdido.
Na soma total, a direita se fragmentou de tal forma que não há baba retórica que sirva de cola para o estágio de putrefação que a direita oitocentista provocou dentro do próprio reduto.
Cada dia que passa, esse quadro ganha cores mais vivas e, à medida que Lula avança, os brasileiros parecem puxar dos pulmões o Brasil que querem realizar.
Uma coisa é certa, o vento mudou completamente. A Globo não tem mais coragem de atacar Lula, Dilma ou o PT. A atmosfera de ódio perdeu muito a capilaridade, principalmente depois que o gabinete do ódio foi desbaratado, Moro e Bolsonaro entraram em rota de colisão e o fluxo da informação livre caminhou de maneira instantânea.
É nesse cenário que a esquerda começa a reconstruir suas bases, enquanto a direita tenta inutilmente se agarrar ao Brasil fazendão vendo o mundo repudiar e boicotar pesadamente esse retrocesso medieval.
No mesmo dia em que mensagens trocadas de forma nada transparente entre Dallagnol e Bruno Brandão, diretor executivo da ONG Transparência Internacional, a Lava Jato tenta requentar uma acusação furada contra Lula dizendo que doações que o Instituto Lula recebeu da Odebrecht no valor de R$ 4 milhões, doação que foi comprovadamente legal, com recibo, com declaração, com tudo.
O mais grave é que a ONG Transparência Brasil participou informalmente da elaboração de uma desculpa esfarrapada para Dallagnol e seus comparsas da Lava Jato administrarem R$ 2,5 bilhões da Petrobras que seriam desviados para uma suposta fundação privada de combate à corrupção, como mostrou reportagem da Agência Pública nesta terça-feira, uma oferta de doação da Lava Jato para a referida ONG, tendo apenas que justificar com argumentos minimamente legais para que a ONG internacional recebesse os recursos oriundos de recuperação de recursos feita pela Lava Jato.
Diante disso, a grande mídia não soltou sequer uma nota depois de fazer coro com a denúncia da Lava Jato contra Lula, sem querer tomar conhecimento do que de fato está por trás da ridícula denúncia inventada.
Sentindo que o ataque da Lava Jato a Lula não vingou, a mídia tirou o assunto de pauta e, ainda assim, Dallagnol saiu no lucro, porque o caso grave da relação promíscua da Lava Jato com a ONG Transparência Internacional não saiu das redações da grande mídia.