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O lobby de Dallagnol e Moro com STF e Bolsonaro para abocanhar a PGR

Dallagnol usou o prestígio obtido como coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba para tentar emplacar nos bastidores o procurador regional da República Vladimir Aras, seu aliado no MPF (Ministério Público Federal), como o novo comandante da PGR (Procuradoria-Geral da República). Para isso, fez lobby com ministros do governo Jair Bolsonaro (PSL), senadores e ao menos três ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

É o que mostram conversas privadas enviadas por fonte anônima ao site The Intercept Brasil e analisadas em parceria com o UOL. Os diálogos entre Deltan e Aras revelam que o coordenador da Lava Jato se engajou pessoalmente na campanha do aliado, articulando diariamente com ele estratégias para que fosse recebido por autoridades. Deltan mostra, em diversos momentos, receio de que sua interferência na disputa viesse a público: “bom ficamros [sic] na sombra”, disse a Aras em diálogo pelo aplicativo Telegram no dia 21 de fevereiro.

Vladimir Aras já ocupou postos-chave: foi secretário de Cooperação Jurídica Internacional da PGR na gestão do ex-PGR Rodrigo Janot e fez parte dos GTs (Grupos de Trabalho) de Crime Organizado e de Lavagem de Dinheiro e Crimes Financeiros da PGR. Atualmente, é coordenador do Grupo de Apoio ao Tribunal do Júri Federal da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF.

Sergio Moro, que ainda era juiz federal àquela altura, já é tachado como alguém próximo do grupo de Bolsonaro. “Fala com Moro sobre minha candidatura a PGR”, escreveu Vladimir Aras às 13h22 de 11 de outubro de 2018 –quatro dias após o primeiro turno da eleição presidencial. “Com bolsonaro eleito, vou me candidatar”, completou às 13h23.

Nas conversas, Deltan diz, em mais de uma oportunidade, que havia tratado da candidatura de Vladimir Aras com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro. No dia 14 de abril, às 15h33, dá um retorno:

“Peço reserva, mas Moro confirmou pra mim que Vc é o candidato que ele vai defender”.

Deltan Dallagnol em mensagem para Vladimir Aras Deltan e Aras passaram a acelerar as articulações em fevereiro. No dia 19, o candidato pediu explicitamente a ajuda do coordenador da Lava Jato para ter acesso à cúpula do Judiciário:

“Vc poderia me apresentar a Barroso e Fachin?”, questionou. “Preciso de aliados no STF”

Os ministros citados por Aras formam a linha de frente da Lava Jato no Supremo: Edson Fachin é relator dos processos ligados à operação na Corte, enquanto Luís Roberto Barroso é tido como o principal defensor das investigações. Além dos dois, Deltan faria contato em abril com Luiz Fux, outro ministro alinhado com a Lava Jato.

Deltan avaliou de que forma poderiam abordar a candidatura junto ao ministro Fachin.

Após saber que Barroso seria a estrela de um evento organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo e pelo CDPP (Centro de Debates de Políticas Públicas) em São Paulo, no dia 1º de abril, Deltan conseguiu uma entrada para Aras, que não havia sido convidado. “Seria uma boa oportunidade para apresentar pro Barroso”, disse em 19 de março, às 11h55.

Dificuldades de agenda prejudicaram um encontro privado entre Barroso e Aras na ocasião –Deltan chegou a articular para que o aliado encontrasse o ministro do STF em um jantar na véspera do evento, no dia 31 de março, e no hotel onde Barroso estava hospedado no dia 1º. Quando Aras diz que combinou com a assessoria de Barroso de conversarem durante o evento, Deltan afirma que não considera uma boa ideia: “Vc vai disputar a atenção dele com dezenas de pessoas”.

 

 

*Matéria completa no Uol

 

 

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Estados Unidos mandam mais em Moro do que a mulher dele, diz Lula

Em entrevista ao jornalista Bob Fernandes, pela TVE Bahia, ex-presidente declarou que os últimos acontecimentos no Brasil têm relação com a atuação do governo estadunidense. “Tudo que está acontecendo tem o dedo dos Estados Unidos, que manda mais no Sergio Moro do que a mulher dele”, afirmou.

Em sua primeira entrevista depois da decisão do Supremo Tribunal Federal que impediu sua transferência para um presídio em São Paulo, o ex-presidente Lula falou ao jornalista Bob Fernandes, pela TVE Bahia, e opinou sobre o papel dos Estados Unidos nos acontecimentos do Brasil, entre outros temas. A conversa será transmitida nesta sexta-feira 16 no YouTube, Facebook e Twitter da TVE Bahia, às 18h, e na TV às 22h.

Na entreivsta, Lula afirmou não saber como as informações reveladas pelo site The Intercept nas últimas semanas chegam aos ministros do Supremo Tribunal Federal e que, após tomar conhecimento das mensagens entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallangnol, “a suprema corte pode fazer uma correção” no processo que o condenou.

Para Lula, os últimos acontecimentos no Brasil têm relação com a atuação do governo estadunidense. “Tudo que está acontecendo tem o dedo dos Estados Unidos, que manda mais no Sergio Moro do que a mulher dele”, afirmou.

Já em relação ao Procurador do Ministério Público Federal, Deltan Dallagnol, considera que “desde o dia que ele deu uma coletiva dizendo que não tinha provas contra mim, mas apenas convicções, o Conselho Nacional do Ministério Público tinha que ter tirado esse moleque”. E afirmou que não pretende solicitar progressão da pena para sair da condição atual em Curitiba. “Estou aqui até para provar que eles são bandidos e eu não”, disse.

Sobre a política econômica do governo federal, Lula afirmou que “o papel do ministro Paulo Guedes é destruir a economia brasileira”, e perguntou “onde estão os militares nacionalistas?”. Em relação a operação Lava Jato, Lula disse que “o que aconteceu foi que os delatores foram premiados”. Ao comentar que sua vida inteira foi investigada, o ex-presidente afirmou: “as minhas palestras não eram clandestinas como as do Dallagnol”.

A respeito da revelação recente da suposta orientação do ex-juiz Sérgio Moro em não solicitar a apreensão do celular do ex-deputado federal Eduardo Cunha, perguntou: “você acha normal uma Polícia Federal que vai na minha casa e revira tudo não ter coragem de pegar o telefone do Eduardo Cunha?”.

Ao questionar a parcialidade da Rede Globo na cobertura jornalística, Lula disse que “Bolsonaro foi o monstro que surgiu, mas não era o que a Rede Globo esperava. Não tiveram coragem de lançar o Luciano Huck. E até agora, pasmem, dia 14 de agosto, a Globo não teve a coragem de mostrar as mensagens reveladas pelo Intercept”.

 

 

*Com informações do 247

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Por que Moro não tinha interesse nos telefones de Cunha, mas no iPad do neto do ex-presidente Lula?

Por Kennedy Alencar

O ministro da Justiça, Sergio Moro, deve explicações ao país por ter orientado os procuradores da força-tarefa da Lava Jato a não apreender os celulares de Eduardo Cunha quando o peemedebista foi preso em 2016.

Reportagem em parceria do “Intercept Brasil” com o “Buzzfeed” trouxe essa revelação. Ora, por que não havia interesse em apreender os celulares? Em todas as fases da Lava Jato, suspeitos eram acordados logo cedo e deveriam entregar os seus celulares de imediato.

Em março, quando entrevistei por telefone Michel Temer no dia da prisão dele, o ex-presidente teve de encerrar a ligação para entregar seu aparelho à Polícia Federal.

Por que Moro não tinha interesse nos telefones de Cunha, mas no iPad do neto do ex-presidente Lula?

Moro é uma figura pública. Ganhou força política e aceitou ser ministro de Bolsonaro pela exposição que a Lava Jato lhe deu. Ele precisa dar explicações ao público. Essa estratégia de desacreditar a autenticidade dos diálogos que compõem o arquivo do “Intercept Brasil” já não se sustenta.

Além do “Intercept Brasil”, outros veículos de comunicação importantes, como “Folha de S.Paulo”, “El País”, “Veja”, “UOL” e agora o “Buzzfeed” já averiguaram os arquivos e constataram a sua autenticidade. Ou todos esses veículos são inimigos da Lava Jato e querem impedir o combate à corrupção no Brasil? Esse é um argumento sério que deve ser usado por uma autoridade pública?

Pelos critérios que Moro e o procurador Deltan Dallagnol usaram na Lava Jato, eles deveriam estar respondendo a eventuais inquéritos, denúncias e processos. Órgãos correcionais deveriam ter adotado medidas.

Moro divulgou em março de 2017 um grampo de conversa da então presidente Dilma com o ex-presidente Lula que havia sido captado após o prazo legal dado para a intercepção. Ele discutiu com Dallagnol o risco legal de divulgar, mas falou depois que valeu a pena. Ouviu reprimenda do então relator da Lava Jato no STF, Teori Zavascki, que considerou a divulgação ilegal. Pediu “excusas”.

Agora o país tem de fechar os olhos para o conteúdo da “Vaza Jato” que expõe o método de poderosos, algo que Moro achava bom quando não era o alvo? O jornalismo tem de valer para todos. A lei tem de valer para todos, inclusive para os aplicadores do direito, que não podem se comportar como justiceiros.

Essa é a encruzilhada: seguir o caminho de uma democracia plena ou de uma república de bananas. Nossas instituições públicas e da sociedade civil e nosso sistema de freios e contrapesos precisam escolher qual trilha seguir.

Boa comparação

Se tem de apurar o que hackers fizeram, tem de investigar o conteúdo das conversas de Moro, Dallagnol e procuradores. Há um lado bom da Lava Jato, mas existe outro sombrio que a opinião pública tem o direito de saber. Essa conversa de que o que foi revelado não tem nada demais é para boi dormir.

O advogado Edson Alfredo Smaniotto já foi desembargador, juiz e promotor. Portanto, já julgou, acusou e defendeu. É também professor de direito penal.

Eis a frase de Smaniotto sobre a importância de um julgamento no qual a defesa tem chance, algo que não aconteceu no julgamento de Lula por Moro no caso do apartamento no Guarujá.

“A imparcialidade é essencial à atividade do juiz. Se ele não for imparcial, é como se não fosse juiz. É como se fosse um padre que reza a missa sem acreditar em Deus. Não vale nada a sua oração”.

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Vídeo explica como Deltan Dallagnol articulou clandestinamente o processo contra Lula

Como o procurador Deltan Dallagnol articulou clandestinamente o processo contra o ex-presidente, resultando em sua prisão sem provas concretas.

Condenado a uma pena de 12 anos por suposto recebimento de propina da empreiteira Odebrecht, caso Lula é marcado por controvérsias e injustiças. Nesta terça-feira (13), os advogados do ex-presidente entraram com habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo a suspeição dos procuradores da Lava Jato de Curitiba e a liberdade plena do ex-presidente.

A defesa de Lula sempre sustentou que ele foi condenado sem provas. Com as recentes denúncias do site The Intercept, fica claro que houve uma articulação por parte do procurador chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol, com os demais procuradores e o então juiz do caso, Sérgio Moro, para embasar a condenação de Lula.

O vídeo a seguir, publicado no canal do YouTube da Fórum, explica como o procurador Deltan Dallagnol articulou clandestinamente o processo contra Lula, resultando em sua prisão sem provas concretas.

Assista:

 

 

*Com informações da Forum

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Vazamento: Dallagnol se recusou a receber prêmio ao lado de Bolsonaro para não queimar o filme da Lava Jato

O coordenador da Lava Jato no Ministério Público no Paraná, Deltan Dallagnol, rejeitou receber um prêmio ao lado do hoje presidente Jair Bolsonaro (PSL) e “outros radicais de direita”, segundo revelam mensagens privadas de integrantes da força-tarefa enviadas por fonte anônima ao site The Intercept Brasil e analisadas em parceria com o UOL. A ideia era não se vincular a bandeiras político-ideológicas, de acordo com nota enviada à reportagem (veja abaixo), como as do ex-capitão do Exército que hoje sugere que Deltan seja um “esquerdista tipo PSOL”.

O prêmio em questão foi o “Liberdade 2016”, concedido no Fórum Liberdade e Democracia, organizado pelo Instituto de Formação de Líderes de São Paulo, em 22 de outubro daquele ano no Transamérica Expo Center.

Em mensagem publicada em 5 de outubro no grupo Filhos do Januário 1, que reúne procuradores do MPF no Paraná, o coordenador da força-tarefa havia dito que iria receber o prêmio:

“Vou receber porque me parece positivo para a LJ, mas vou pedir para ressaltarem de algum modo, preferencialmente oifical, que entregam a mim como símbolo do trabalho da equipe”. As mensagens divulgadas preservaram a grafia usada no aplicativo.

Três dias antes do evento, Deltan foi aconselhado por um assessor da força-tarefa a não participar para evitar que associasse a imagem da Lava Jato à do então deputado federal, que participaria de uma mesa durante o evento.

tudo o que vc e a FT não precisam é serem “associados” ao Bolsonaro. é a mesma coisa que receber prêmio do Foro de BSB. estou quase implorando.

Enquanto conversava pelo aplicativo com o assessor, Deltan mudou de opinião e avisou na madrugada do dia 20 o grupo Filhos de Januário 1 que não iria à premiação, por contar “com Jair Bolsonaro como um dos vários palestrantes e com homenagem a um vereador de SP [Fernando Holiday, do DEM-SP] que foi um dos líderes do impeachment”.

Além do atual presidente e de Holiday, o evento teve a presença da senadora Ana Amélia (PP-RS), candidata a vice-presidente em 2018 na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB). O promotor Roberto Livianu, presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, recebeu o prêmio em São Paulo dois dias depois do aviso de Dallagnol e postou imagem no Twitter.

Bolsonaro foi recebido na mesa de debates por Helio Beltrão, presidente do Instituto Mises Brasil, de orientação liberal, enquanto a plateia gritava: “Mito, mito”. Duas semanas depois, Deltan pediu para outro assessor do MPF relacionar os prêmios recebidos pela Lava Jato, com detalhes da premiação, mas com menos destaque para outros, como o do Instituto de Formação de Líderes de São Paulo.

Entre 3 e 6 de dezembro de 2016, a força-tarefa recebeu dois troféus, o da Conferência Internacional Anticorrupção, no Panamá, e o Innovare, em Brasília. No dia 7, Roberson Pozzobon disse em mensagem no grupo do Telegram ter recebido o prêmio entregue a Roberto Livianu. Para o procurador, já poderia ser anotada uma marca no livro dos recordes, o Guinness Book. Em resposta, recebeu um comentário de Deltan:

Esse é aquele em que ele nos representou quando cancelei a ida para SP porque é um instituto liberal e estariam lá Bolsonaro e outros radicais de direita … guiness !! Kkkk kkkk

“Não vai replicar vídeo do Bolsonaro”

Não foi a única vez que procuradores da força-tarefa se mostraram avessos ao presidente Jair Bolsonaro. Em 21 de abril de 2017, Deltan envia um vídeo e pergunta aos colegas do grupo Filhos do Januário 1 se poderia compartilhar, pois havia políticos. “São de diferentes partidos em tese”, disse à 0h29. Laura Tessler achou melhor não.

Orlando Martello responde que sim porque o conteúdo tinha a ver com a bandeira da força-tarefa, possivelmente tratando de combate à corrupção. “É bom que os políticos vejam q todos q apoiarem esta causa terão propaganda positiva nossa”, disse Martello. “O importante é a mensagem.” Paulo Galvão diz que isso dependeria de quais políticos estavam no vídeo. Às 8h43, ele afirmou.

Quaissão os políticos? Não vai replicar vídeo do bolsonaro pelamor

Martello responde que seriam o senador Romário (PSB-RJ) e os deputados federais Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Tiririca (PL-SP).Mesmo sem Bolsonaro, nenhum vídeo com políticos foi divulgado por Deltan em suas redes sociais no Twitter e no Facebook nos dias seguintes.

Sem filiação a nenhum partido político, Deltan foi chamado por uma página de apoiadores de Bolsonaro de “esquerdista tipo PSOL”. O perfil de Bolsonaro no Facebook compartilhou esta publicação no último sábado (10).

Dirigente do instituto trabalha no governo Hoje, ao menos um dirigente do Instituto de Formação de Líderes (IFL) trabalha no governo Bolsonaro. Mas o presidente da entidade, o empresário Georges Ebel, nega apoio ou antagonismo candidatos ou governos. Ele diz que a instituição não é nem de direita, nem de esquerda.

Segundo ele, Deltan informou que tinha problemas de agenda e que, “infelizmente”, esses cancelamentos de última hora não são incomuns. “Jair Bolsonaro foi convidado a um debate de ideias, nada programático”, afirmou Ebel à reportagem.

Ebel afirmou que os manifestantes bolsonaristas que gritavam “Mito” eram “poucos” na plateia.

“O Instituto tem posição completamente apartidária”, afirmou.

 

*Do Uol

 

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O começo do fim: Dallagnol perde duas vezes no mesmo dia, por unanimidade no Conselho do MP

O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) negou hoje (13), por unanimidade, um recurso do procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato no Paraná, em que ele buscava reverter a abertura de um procedimento administrativo disciplinar (PAD) contra si.

No PAD, Dallagnol é acusado de infração disciplinar por ter criticado, em uma entrevista à rádio CBN, a atuação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento que retirou trechos da delação da Odebrecht das mãos do então juiz federal Sergio Moro. Na entrevista, Dallagnol disse, entre outros pontos, que os ministros do STF mandaram “uma mensagem muito forte de leniência a favor da corrupção”.

Após a entrevista, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, acionou o CNMP, que em setembro do ano passado confirmou a abertura do PAD em plenário. Foi desta decisão que Dallagnol recorreu, por meio de embargos de declaração, que foram negados de modo unânime nesta terça-feira, confirmando a continuidade do procedimento disciplinar contra ele.

Após a entrevista, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, acionou o CNMP, que em setembro do ano passado confirmou a abertura do PAD em plenário. Foi desta decisão que Dallagnol recorreu, por meio de embargos de declaração, que foram negados de modo unânime nesta terça-feira, confirmando a continuidade do procedimento disciplinar contra ele.

O julgamento do recurso de Dallagnol foi relâmpago, feito em bloco, isto é, sendo julgado em conjunto com diversos outros recursos, motivo pelo qual não houve manifestações orais dos conselheiros sobre o pedido.

As sanções que podem resultar de um PAD vão desde penas de advertência e censura até a suspensão ou mesmo demissão, em casos mais extremos.
Mensagens

Numa outra votação, o plenário do CNMP decidiu, também por unanimidade, aprovar um pedido dos conselheiros Leonardo Accioly da Silva e Erick Venâncio Lima do Nascimento para que seja revisto o arquivamento de uma reclamação disciplinar contra Dallagnol.

O caso trata de mensagens atribuídas a Dallagnol em conversa que teria mantido com Moro por meio do aplicativo de celular Telegram, que foram divulgadas em junho pelo site The Intercept Brasil.

Após a divulgação das mensagens, quatro conselheiros do CNMP – Luiz Fernando Bandeira de Mello, Gustavo Rocha, Erick Venâncio Nascimento e Leonardo Accioly da Silva – pediram a abertura do procedimento disciplinar contra Dallagnol, mas o corregedor do órgão, Orlando Rochadel, arquivou o pedido, por entender não haver “ilícito funcional” no teor das mensagens.

Com a decisão desta terça-feira (13) do CNMP, a reclamação volta a tramitar e seu arquivamento será revisado por um dos 14 conselheiros do órgão, a ser escolhido por sorteio. Em seguida, o plenário votará sobre a abertura ou não da reclamação disciplinar. (Felipe Pontes – Agência Brasil)

 

*Com informações da Carta Campinas

 

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Ao vivo: CNMP julga requerimentos contra Dallagnol

Três requerimentos da pauta de hoje do CNMP têm como alvo o procurador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol. Não se sabe se o caso relacionado às mensagens será julgado hoje.

Deltan Dallagnol será julgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), na sessão de abertura após o recesso judiciário, nesta terça-feira (13). É o que indica a pauta de julgamento do órgão para a data de hoje, que inclui também outros 150 itens de análise. Acompanhe ao vivo.

três deles têm como alvo o procurador da força-tarefa de Curitiba, Deltan Dallagnol. Um dos requerimentos é do senador Renan Calheiros (MDB-AL), que deve ser adiado a pedido do próprio parlamentar.

O outro, movido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, não tem relação direta com as mensagens divulgadas pelo The Intercept, mas por ataques do procurador contra ministros da Corte em entrevista à radio CBN, em agosto de 2018.

Há uma terceira representação que esta ligada às reportagens do The Intercept Brasil, mas havia sido arquivado. os conselheiros podem pedir a reabertura do caso, sem a confirmação de que, mesmo que volte à pauta, seja julgado na sessão de hoje.

 

*Com informações do GGN

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Vazamento – Dallagnol: “Vou te pedir para ser laranja em outra coisa”

Deltan e Lava Jato usaram Vem Pra Rua e instituto Mude como lobistas para pressionar STF e governo.

Deltan Dallagnol usou dois grupos políticos surgidos após a operação Lava Jato como porta-vozes de causas políticas pessoais dele e da operação, revelam mensagens trocadas pelo aplicativo Telegram e que fazem parte do arquivo da Vaza Jato. Nelas, Dallagnol pauta atos públicos, publicações em redes sociais e manifestações dos movimentos de forma oculta, tomando cuidados para não ser vinculado publicamente a eles.

Os chats mostram que Dallagnol começou a se movimentar para influenciar a escolha do novo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal apenas um dia após a morte do ministro Teori Zavascki, antigo responsável pelos processos da operação no STF.

‘NÃO ME CITEM COMO ORIGEM, PARA EVITAR MELINDRAR STF’

Um dos primeiros episódios revelados pelas mensagens ocorreu em janeiro de 2017, quando Teori Zavascki morreu num acidente aéreo. O ministro do STF deixou aberta não apenas uma cadeira no Supremo: também ficou vago o posto de relator dos processos da Lava Jato na corte – o responsável pelos casos que envolviam políticos com foro privilegiado. A lacuna criada pela morte repentina de Zavascki só poderia ser preenchida por um integrante da 2ª turma, e nenhum dos remanescentes — Toffoli, Mendes, Lewandowski e Celso de Mello — tinha a simpatia da força-tarefa. Dallagnol deixou isso explícito ao relatar ao líder do Mude, Fabio Alex Oliveira, uma conversa que tivera com um integrante de outro movimento político.

“De início, agradeci o apio do movimento etc. 1. Falei que não posso posicionar a FT publicamente, mesmo em off, quanto a Ministros que seriam bons, pq podemos queimar em vez de ajudar”, contou Dallagnol. “Falei os 4 que seriam ruins, “que Toff, Lewa, Gilm e Marco Aur”, escreveu para Oliveira no dia seguinte à morte de Zavascki.

Dias depois, em 24 de janeiro, o Mude pediu ao procurador uma “orientação sobre quem seria ideal pra assumir a posição do Teori”. A co-fundadora Patricia Fehrmann explicou que “tem muita gente perguntando o q fazer. O VPR é um desses”, referindo-se ao Vem Pra Rua. O procurador declinou. “Não podemos nos posicionar. Queimamos a pessoa rsrsrs”.

‘se houver um movimento social, sem vinculação conosco, contra o sorteio, aí pode ter algum resultado…’

Mas, em 31 de janeiro, Dallagnol manifestou sua preocupação com os colegas da força-tarefa do Paraná no grupo Filhos do Januário 1. Ele sugeriu que dissessem a jornalistas, em off, que temiam “que Toff, Gilm ou Lew assumam” e que delegassem aos movimentos sociais a tarefa de pressionar o STF a não definir a questão por sorteio, o que seria uma “roleta russa”.

Outros procuradores concordaram que não valeria a pena a força-tarefa se manifestar, mas não se opuseram a orientar grupos de pressão alinhados. “se houver um movimento social, sem vinculação conosco, contra o sorteio, aí pode ter algum resultado…”, avaliou o procurador Paulo Roberto Galvão.

No dia seguinte, em 1º de fevereiro, o ministro Edson Fachin, de surpresa, pediu para migrar para a 2ª turma. Mas a Lava Jato preferia que Luís Roberto Barroso tivesse feito isso. Numa conversa privada com uma ex-integrante da Lava Jato na Procuradoria-Geral da República, Dallagnol indica que chegou a fazer o pedido a ele:

1 de fevereiro de 2017 – Chat privado

Anna Carolina Resende – 12:11:18 – Deltan, fale com Barroso
Resende – 12:11:37 – insista para ele ir pra 2 Turma
Deltan Dallagnol – 12:18:07 – Há infos novas? E Fachin?
Dallagnol – 12:18:11 – Ele seria ótimo
Resende – 13:54:21 – Vai ser definido hj
Resende – 13:54:33 – Fachin não eh ruim mas não eh bom como Barroso
Resende – 13:54:44 – Mas nunca se sabe quem será sorteado
Resende – 13:56:40 – Barroso tinha q entrar nessa briga. Ele não tem rabo preso. Eh uma oportunidade dele mostrar o trabalho dele. Os outros ministros devem ter ciúmes dele, pq sabem que ele brilharia na LJ. Ele tem que ser forte e corajoso. Ele pode pedir p ir p 2 turma e ninguém pode impedi-lo. Vão achar ruim mas paciência, ele teria feito a parte dele
Dallagnol – 14:11:37 – Ele ficou alijado de todo processo. Ninguém consultou ele em nenhum momento. Há poréns na visão dele em ir, mas insisti com um pedido final. É possível, mas improvável.
Dallagnol – 14:30:16 – Mas sua mensagem foi ótima, Caroll
Dallagnol – 14:30:24 – Por favor não comente isso com ninguém
Dallagnol – 14:30:25 – Please
Dallagnol – 14:30:29 – Ele pediu reserva
Resende – 14:30:31 – clarooo, nem se preocupe
Resende – 14:30:45 – só lhe pedi para falar novamente com ele porque isso está sendo decidido hoje
Dallagnol – 14:30:52 – Foi o tom do meu último peido
Resende – 14:31:18 – vamos rezar para Deus fazer o melhor
Resende – 14:32:22 – mas nosso mentalização aqui é toda em Barroso

Naquele dia, Dallagnol voltou a conversar com Patrícia Fehrmann, líder do Mude, para dizer que “seria bom se os movimentos replicassem o post do Luis Flavio Gomes”. Encaminhou, em seguida, um texto do jurista, que hoje também é deputado federal pelo PSB de São Paulo.

A publicação atacava Mendes, Lewandowski e Toffoli e afirmava que “comprovar-se-á que o diabo também pode vestir toga” se a relatoria da Lava Jato caísse com um dos três. Dallagnol instruiu Fehrmann a procurar o Vem Pra Rua para reproduzir a mensagem, mas pediu anonimato na sugestão: “só não me citem como origem, para evitar melindrar STF”.

O Mude seguiu a recomendação e logo compartilhou o texto do jurista. No fim das contas, Fachin foi transferido para a 2ª Turma e acabou sorteado relator da Lava Jato. Dallagnol comemorou o resultado em 2 de fevereiro numa conversa com Fabio Oliveira, do Mude: “Fachin foi coisa de Deus”.

‘UM JEITO ELEGANTE DE PRESSIONAR RS’

Três dias após a confirmação da sentença de Lula, Dallagnol expôs sua preocupação à procuradora Thaméa Danelon:

27 de Janeiro de 2018 – Chat privado

Deltan Dallagnol – 20:41:03 – Tamis, qto à execução provisória, temos que deixar mais caro pro Alexandre de Moraes mudar de posição
Thaméa Danelon – 20:41:26 – Claro
Danelon – 20:41:31 – O q vc sugere?
Danelon – 20:41:49 – Eu vi q vc replicou um tt de uma cidadã.
Danelon – 20:41:54 – Vou replicar
Dallagnol – 20:43:56 – Temos que reunir infos de que no passado apoiava a execução após julgamento de SEGUNDO grau e passar pros movimentos baterem nisso muito
Dallagnol – 20:44:09 – Deixar cara a mudança
Danelon – 20:44:16 – Ok. Eu posso passar para os movimento.
Danelon – 20:44:31 – Para o Vem pra Rua e Nas Ruas
Dallagnol – 20:44:33 – Mostrar que a mudança beneficia Aécio e PSDbistas do partido a que vinculado
Danelon – 20:44:43 – Ótimo
Danelon – 20:44:58 – Eu lembro q ele se manifestou favorável a segunda inst
Dallagnol – 20:45:00 – Que vão perder foro neste ano provavelmente
Danelon – 20:45:06 – Mas não lembro como ele declarou isso

Em seguida, Dallagnol encaminhou a um assessor de Comunicação do MPF a troca de mensagens com Thaméa Danelon para pedir que o profissional ajudasse a buscar material que pudesse constranger o ministro. O servidor fez algumas ponderações:

27 de Janeiro de 2018 – Chat privado

Assessor 1 – 21:57:13 – sobre a estratégia sobre a 2a instância: acho que temos de ser muito cuidadosos. qualquer manifestação da FT sobre o assunto agora vai ser usada pelo PT e aliados (de verdade ou de ocasião, como boa parte do MDB) para repetir a ladainha de que a LJ persegue Lula. isso sem contar a provável reação negativa (mesmo que não tornada pública) da PGR. alimentar – discretamente – os movimentos sociais e até a imprensa (como esta informação para o Antagonista) me parece mais “seguro” do que se manifestar pessoalmente em entrevista, artigo ou mesmo post.
Assessor 1 – 22:12:47 – neste vídeo, ele fica bem em cima do muro (a partir de 12 min, mais ou menos): https://www.youtube.com/watch?v=oxoOgBVUzQ4
Deltan Dallagnol – 22:32:39 – CF já começou a detonar rs
Dallagnol – 22:32:43 – concordo com Vc
Dallagnol – 22:32:51 – hummmm
Dallagnol – 22:32:56 – se tivermos um vídeo bem claro, será top
Assessor 1 – 22:33:00 – ai, ai, ai… rs
Dallagnol – 22:33:01 – um vídeo viralizaria
Assessor 1 – 22:33:40 – é exatamente isso que estou procurando agora, um vídeo.
Dallagnol – 22:35:15 – Sinal de positivo

 

*Matéria completa no The Intercept Brasil

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Reinaldo Azevedo: ‘a ideia era Lula ir para um presídio na quinta e, na sexta, viria a público a conversa ligando PT ao PCC’

No roteiro da Armação Ilimitada, Lula iria para um presídio na quinta, e, na sexta, viria a público a conversa ligando PT-PCC, sem evidência, sem indícios, sem nada. E com o bandido ainda dizendo que agora a coisa mudou porque, afinal, existe Sergio Moro. Roteiro amador.

Qual será o próximo truque para tirar a Vaza Jato do foco? Já sei: Foro de São Paulo se une com ETs de esquerda para atacar a honra de Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Olavo de Carvalho denuncia a trama arquitetada pelos terra-redondistas.

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Sérgio Moro tem muitas vidas, algumas delas estão no fim

É difícil dizer o que o presidente brasileiro pensa (se é que ele pensa), mas me parece evidente que Bolsonaro está colocando em cena um quarto Sérgio Moro: aquele que é humilhado diante das câmeras de TV.

Antes que alguém me acuse de incentivar a morte do Ministro da Justiça, faço aqui uma distinção essencial, simbólica e filosófica. Existem quatro ou cinco Sérgios Moros.

O primeiro nasceu em 1º de agosto de 1972, foi batizado Sérgio Fernando Moro, concluiu o curso de Direito em 1995 e exerceu o cargo de juiz de 1996 a 2018 lotado na 13ª Vara Federal de Curitiba. Ele é um homem como outro qualquer. Sérgio Moro sente fome e sono. Regularmente ele também é convocado pela natureza a frequentar um pequeno santuário da deusa Cloacina.

O segundo Sérgio Moro é aquele personagem que se tornou nacionalmente conhecido. Ele nasceu quando foi designado juiz da Operação Lava Jato e cresceu quando foi apresentado ao respeitável público pelos donos da Rede Globo. Esse Sérgio Moro tinha uma vida midiática proeminente. Em pouco tempo, ele foi transformado pela imprensa no herói do combate à corrupção.

No desempenho de seu novo papel, o homem acabou se identificando ao personagem. Essa identificação foi reforçada pela imprensa e acarretou três fenômenos importantes: a fragilização do sistema constitucional brasileiro; a inversão da pirâmide Judiciária e; a destruição da economia nacional.

É difícil dizer quais foram os melhores momentos da Lava Jato. No princípio, o personagem Sérgio Moro conquistou uma vitória atrás da outra. A primeira grande vitória dele, entretanto, ocorreu quando o TRF-4 chegou a dizer que a Lava Jato não precisava cumprir a Lei. Esse incentivo oficial recebido pode ter determinado tudo o que ocorreu depois, inclusive a certeza de que seriam inúteis as acusações de que era um justiceiro (veja aqui e aqui).

Sérgio Moro destruiu as construtoras brasileiras. Depois os estaleiros foram estraçalhados. O desemprego que ele causou nunca chegou a ser objeto de reflexão na grande imprensa. Todas as ações dele eram consideradas legítimas, necessárias e louváveis. Quem o criticava ou era ignorado ou admoestado pela imprensa. O poder absoluto que o herói lavajateiro conquistou com ajuda da mídia o levou à sua mais audaciosa e controversa jogada: a perseguição judicial de Lula.

A controvérsia jurídica acerca da denúncia do processo do Triplex (que foi baseada apenas nas convicções do procurador) e da sentença condenatória (fundamentada numa interpretação maliciosa do tipo penal e lastreada tanto na acusação jornalística feita contra Lula quanto no desprezo às provas apresentadas pelo réu) já era grande quando o escândalo dos chats entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol começaram a ser publicados. Em razão do processo de identificação acima mencionado, o homem Sérgio Moro não pode mais se separar do personagem criado pela imprensa.

O problema de ambos é evidente: o The Intercept colocou em cena um terceiro Sérgio Moro, aquele que emerge das conversas imorais e ilegais entre o juiz e o promotor para prejudicar Lula. Acostumado ao seu primeiro personagem, Sérgio Moro ficou confuso e desesperado quando o terceiro Sérgio Moro adentrou ao palco e começou a ganhar protagonismo. O Ministro da Justiça confirmou e não confirmou a autoria dos chats, questionou a legitimidade de sua obtenção e/ou divulgação, ameaçou o jornalista, etc…

A tragédia do Brasil ocorreu quando Sérgio Moro se identificou ao personagem criado para ele pela imprensa. A tragédia dos dois primeiros Sérgios Moros ainda está em curso. Ela decorre da incapacidade deles de silenciar, controlar ou destruir o terceiro Sérgio Moro que foi colocado em cena pelo The Intercept. A firmeza do jornalista norte-americano é um problema. A credibilidade dele não pode ser abalada. À medida que o personagem heróico inventado pela mídia sangra, o homem Sérgio Moro (que vai sendo inevitavelmente incorporado pelo terceiro Sérgio Moro) se tornou um problema para Jair Bolsonaro. O capitão motosserra resolveu se livrar dele?

É difícil dizer o que o presidente brasileiro pensa (se é que ele pensa), mas me parece evidente que Bolsonaro está colocando em cena um quarto Sérgio Moro: aquele que é humilhado diante das câmeras de TV e que não encontra forças nem mesmo para defender sua dignidade pessoal diante do patrão. Como todo tirano, o presidente brasileiro “…quer estar sozinho em sua glória, e julga que aquele que demonstra a mesma altivez ou independência viola sua prerrogativa, e odeia homens assim como inimigos de seu poder.” (Política, Aristóteles, Martin Claret São Paulo, 2018, p. 209) Uma parcela da imprensa já notou o que está ocorrendo e se pergunta o que ocorreu.

A pergunta que deveria ser feita é outra. O que ocorreu nós sabemos. O que nos não sabemos é o que ocorrerá. Minha resposta já foi dada no início. Sérgio Moro tem muitas vidas, algumas delas estão no fim. Não o homem, pois o Ministro da Justiça é jovem e saudável. O direito dele à vida não pode ser revogado e o homicídio é um crime extremamente grave.

Quando digo “Sérgio Moro tem muitas vidas, algumas delas estão no fim” estou me referindo a um dos personagens que foram criados desde que começou a Lava Jato. O herói criado pela imprensa já começou a ser morto pelos jornalistas. O vilão que emerge dos chats do The Intercept ganhará status constitucional no exato momento que o STF reconhecer que ele deu causa à nulidade do processo do Triplex ao conspirar para prejudicar a defesa junto com o procurador Deltan Dallagnol.

A existência do quarto Sérgio Moro (aquele que é rebaixado e humilhado por Bolsonaro) me parece mais efêmera, pois ela depende exclusivamente da presença do homem no Ministério da Justiça. Isso está nas mãos tanto do presidente (que pode demiti-lo) quanto de Sérgio Moro (que pode pedir demissão).

Condenado a morrer, Sócrates preferiu cumprir a sentença a fugir de Atenas. Ele preferiu ser um consigo mesmo até o fim a ser outro diante de sua persona mutilada por uma vida entre os bárbaros. A integridade de Sérgio Moro foi mutilada pela imprensa quando o herói lavajateiro foi criado. Mas ele mesmo preferiu se identificar com esse personagem para realizar todos os seus sonhos (quaisquer que eles fossem).

Vítima de seu próprio ego amplificado pela mídia, Sérgio Moro imaginou ser a fonte do poder que exercia? Ele acreditou que ninguém poderia colocar em cena um terceiro Sérgio Moro?

 

 

*Por Fabio  Oliveira Ribeiro/GGN