Não foi por acaso que Ciro partiu para ataques terroristas contra Lula e Dilma porque viu a movimentação de Moro como quem vê um fantasma.
Inábil, o Cirão das massas se borrou inteiro de medo que o juiz corrupto da Lava Jato tomasse o seu lugar e, logicamente, seus míseros votos dos incautos que ainda acreditam nessa figura que sempre foi tosca, mas que vendeu a ideia de progressista.
O fato é que Ciro, que nasceu nas fileiras da Arena, partido da ditadura, saiu da Arena, mas ela nunca saiu dele.
Mas é bom frisar que seus ataques a Lula e a Dilma foram “táticos”, tentando produzir uma cena escandalosa e, consequentemente, manchetes, como reza hoje a cartilha do João Santana copiada de Steve Bannon.
O resultado foi esse bate entope misógino de quem, por incompetência em propor um caminho para o país, parte para o terrorismo utilizando todo o tipo de mentira somado ao seu piriri pororó. E o que saiu daí foi uma bomba como a do Rio-centro que explodiu no seu próprio colo.
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SÃO PAULO, SP, BRASIL, 24-10-2014: O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante caminhada em apoio a candidatura da presidente a reeleição pelo PT (Partido dos Trabalhadores) Dilma Rousseff, em São Paulo (SP). (Foto: Marcelo S. Camargo/Frame/Folhapress)
Os meios de comunicação e áreas do conservadorismo vêm promovendo debate sem conteúdo político, estéril: é preciso fugir dos extremismos e encontrar uma terceira via.
O conservadorismo brasileiro manifestou-se de diversas formas ao longo da nossa história, mas sempre trazendo consigo a pesada herança do colonialismo e da escravidão.
Submeteu-se aos interesses ingleses e em seguida dos americanos, dentre outros grupos europeus: era melhor importar os produtos deles e exportar, em troca, nossos produtos agrícolas, com apoio de ampla aristocracia rural e escravocrata. Trabalharam contra a industrialização do País (no final do Século XIX, nos alertava o grande financista Amaro Cavalcanti, o Brasil importava palitos e cabos de vassoura) e fizeram o que puderam para impedir a Abolição. Quando julgaram necessário, deram golpes, derrubaram governos eleitos. Sempre atuaram através de diversos partidos e grupos políticos em cada fase da nossa história, tendo os meios de comunicação ao dispor.
Do outro lado, foram surgindo os que lutaram pela industrialização do Brasil, os que lutaram pela abolição da escravatura, uma das páginas mais bonitas da nossa história, os que fizeram a República, em especial os positivistas progressistas. Em seguida, os se alinharam à campanha civilista de Rui Barbosa e ajudaram a fazer a Revolução de 1930. A Revolução de 1930 implanta a legislação trabalhista e a Previdência Social, o salário mínimo, amplia a organização dos trabalhadores nos sindicatos (é preciso reconhecer que o Exército brasileiro ajudou neste período, pois o patronato e áreas da Igreja Católica não queriam), defende as águas e os minérios, organiza a saúde pública através dos Institutos de Aposentadorias, implanta as estatais estratégicas, reorganiza o Estado Nacional com poder de intervir na economia. Difunde a ideia do desenvolvimentismo para superar o atraso. Funda-se uma corrente, um pensamento político: o trabalhismo.
Ao longo do tempo, algumas figuras respeitáveis procuraram firmar rumos para a vida brasileira. Não podemos nos esquecer de três grandes, todos tragados pela sorte: Tancredo Neves, tragado pela morte prematura; Ulisses Guimarães, pelas ondas do mar e Franco Montoro, pelo conservadorismo e o neoliberalismo que assumiu o partido que ajudou a fundar.
Com a redemocratização e a nova Constituição, as duas rotas da política brasileira voltaram a se realinhar.
Do lado conservador, fabricaram dois estratagemas para superar a grande dificuldade que sempre enfrentaram: levar consigo o povo brasileiro: fabricaram o caçador de marajás, com Collor, e o mito do Plano Real, com Fernando Henrique Cardoso. Implantaram o neoliberalismo com as inspirações vindas da Tatcher, na Inglaterra, e Reagan, nos Estados Unidos, para o desmonte do Estado brasileiro, privatização dos setores estratégicos da nossa economia para deleite dos grupos econômicos e a derrocada dos direitos do povo. Do outro lado, surge a figura do Lula como nova liderança popular e o Partido dos Trabalhadores como organização política com ampla inserção nos sindicatos, universidades, área acadêmica e organizações sociais e se espalha em todo território nacional. Procura anunciar novo tom no trabalhismo, mas assume todos os seus fundamentos: legislação trabalhista, Previdência Social, defende as estatais estratégicas. E avança nas questões sociais para a superação da pobreza e da miséria.
O povo brasileiro, recomposto no seu lado da política, recupera-se e reage: elegeu Lula duas vezes e Dilma duas vezes contra o conservadorismo liderado pelo PSDB. Aliás, Brizola dizia com todas as letras: o PSDB é a nova cara da direita.
O conservadorismo, diante das dificuldades de lidar com o nosso povo, seus direitos e interesses, como já havia amargado contra Getúlio, Juscelino e Jango, desnuda-se de qualquer escrúpulo e atua na linha dos golpes anteriores, e com os meios de comunicação na mão e o judiciário ao lado: veste a direita de verde amarelo e a coloca nas ruas; derruba a Presidente Dilma; processa e prende Lula. E completa a tarefa com o que lhe resta fazer: elege Bolsonaro.
Agora, o conservadorismo quer se livrar do Bolsonaro diante do seu fracasso, o que todos de bom senso já previam, e procuram alguém ou correntes que possam superá-lo para continuar o mesmo projeto herdado do colonialismo e da escravidão: subjugar a nação e espoliar nosso povo. Até aqui não conseguiram se distanciar dele. Ciro Gomes sinalizou o que queria ao sair do país na disputa final, e com suas raízes de apoio ao regime militar e ao Plano Real, base do neoliberalismo no Brasil, presta imenso serviço com seus xingamentos contra Lula, tentando diminuir seu poder eleitoral, mas não consegue ir além dos 6 a 10% nas pesquisas; o PSDB, entre Doria e sua pesada carga de traição ao próprio partido e a Bolsonaro, e Eduardo Leite, igualmente eleitor de Bolsonaro; Mandeta, articulador da campanha de Bolsonaro, seu Ministro e que investia contra o próprio SUS; e outros pretendentes menores.
Superar Bolsonaro e sua gente será difícil para qualquer deles, pois carregam todos a mesma marca: todos apoiaram Bolsonaro e todos apoiam a política econômica neoliberal dele, inviável para a economia e os destinos do Brasil e de retirada de direitos, crueldade suprema com nossa gente. E agora não oferecem figuras respeitáveis.
E o povo brasileiro já demonstrou que voltou a seu campo, à sua via: está com Lula. E igualmente importante: Lula demonstra consciência do seu dever de liderar a nação.
São as duas vias da política brasileira, como sempre.
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Como sempre, o alvo da mídia é Lula, mas a vítima é o povo.
Moro, o herói criado pela mídia, prendeu Lula sem qualquer prova de crime e, junto com a mídia, elegeu Bolsonaro e se tonou ministro, mas para ela Bolsonaro e Lula são iguais.
A manchete da Folha de hoje é cretina, não simplesmente com Lula, mas com 600 mil famílias que foram vítimas da política genocida de Bolsonaro e viram seus entes queridos morrerem em função desse crime.
Lula, quando presidente, vacinou 80 milhões de brasileiros em 100 dias, mas a mídia quer associar o genocida a um presidente que deu prioridade máxima para a vacinação contra a H1N1 salvando centenas de milhares de vidas.
Lula tirou 40 milhões da miséria, Bolsonaro já devolveu para a miséria mais de 20 milhões de brasileiros. Mas a mídia insiste em dizer que os dois são iguais.
O Brasil, com Lula, transformou-se na sexta maior potência do planeta. Com Bolsonaro, com mil dias de governo, já jogou o país na 14ª posição, ou seja, não está nem entre as 10 maiores economias do mundo.
A taxa de desemprego do governo Lula e a do governo Bolsonaro não tem graça comparar. O poder de compra do trabalhador, idem.
A mesa do brasileiro na época de Lula sustentava uma fartura inédita, enquanto esta mesma mesa, com Bolsonaro, ostenta uma escassez inédita.
O preço dos combustíveis na era Lula, comparado ao que acontece hoje com Bolsonaro, é um abismo sem fim.
Mas a mesma mídia, que elegeu Bolsonaro e perseguiu Lula desde quando ainda era líder sindical, o associa a Bolsonaro.
Na verdade, o que se pode dizer sem medo de errar, é que a mídia que hoje é parte da oligarquia brasileira apostou tudo no golpe em Dilma, na prisão sem crime de Lula e no aniquilamento total do PT.
Deu-se o oposto, o partido está cada vez mais forte, Dilma cada vez mais altiva e Lula disparado nas pesquisas da própria mídia e com possibilidade de vencer a eleição de 2022 já no primeiro turno.
O que se pode afirmar é que a mídia apostou tudo contra o PT, Dilma e Lula e perdeu tudo. O que, agora, ela tenta fazer com a derrocada do governo que ela ajudou a eleger, é uma sopa com a xepa do bolsonarismo que ela classifica como terceira via para ver se mantém de pé o projeto neoliberal falido de Paulo Guedes, o ministro que é uma espécie de rei dos paraísos fiscais e que, junto com Bolsonaro, está dando em troca ao povo brasileiro osso, corrupção e genocídio.
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Essa história de terceira via é a mesma da tal frente ampla que acabou se transformando em frente fria.
O que está e sempre esteve em jogo é o rearranjo dos interesses da burguesia.
Os que defendem a tal terceira via, passaram os 13 anos de governos do PT, vomitando maldições contra Lula e Dilma. É a mesma escória que tramou o golpe parlamentar contra Dilma e, agora, está aí desesperada porque não vê a menor chance de alçar voo ao Planalto.
Tudo em nome de uma agenda neoliberal, a tal agenda que arrasa com o país desde que Temer assumiu e passou o bastão da marmota financeirista para Bolsonaro.
O pacote é somente um, o da destruição do patrimônio nacional e o fim dos direitos dos trabalhadores, incluindo o fim do SUS.
Ou seja, a tal terceira via não é contra-hegemônica. Ao contrário, sua intenção é dar continuidade a essa agenda criminosa de Guedes, mas sem Bolsonaro que já queimou todo o seu carvão político no planeta.
Os banqueiros, colunistas da mídia “isenta” e grandes empresários que lucram com essa agenda ideológica celestial, só falam em terceira via, mesmo que esta seja apenas uma vertigem.
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O fracasso das duas manifestações da direita do dia 7 de setembro, comandada Bolsonaro, e a do dia 12, comandada por Dória são proporcionais à carência de alimento na mesa dos brasileiros.
O que mais marcou os governos Lula e Dilma foi a fartura na mesa dos brasileiros. O oposto do segundo mandato de FHC, do governo golpista de Temer e que, com Bolsonaro, se repete como tragédia absoluta.
Na proporção em que prometeram gigantescas manifestações, o que se viu foi algo proporcional à mesa dos brasileiros na atualidade.
Bolsonaro, que prometeu milhões de pessoas nas ruas, teve como resultado um fiasco tão grande que, diante da realidade oposta ao que imaginava que poderia ser uma arma de pressão contra o STF, transformou-se numa arma contra si.
Se Dória, que foi o comandante da patuscada do dia 12, em que se reuniram alguns caraminguás para aplaudir essa linguiça de nomes da terceira via, é porque o histórico e o próprio discurso dessa gente não abarca ninguém.
Não foi arregão de Bolsonaro que fez ele perder mais apoio, apesar de também ajudar no processo de seu derretimento. Mas no resultado das manifestações do dia 7 isso estava explícito, por isso pediu arrego e, consequentemente, perdeu mais apoio.
Já os candidatos da terceira via, que na verdade são vários caminhos de boi, que cada um a seu modo tenta construir, sai do nada e vai para lugar nenhum, como é comum em candidaturas artificiais, ou no caso de Dória, de quem já havia mostrado sinais de fadiga depois de um governo nulo, do ponto de vista econômico, porque tem como objetivo e prática as mesmas teses e a mesma política de Paulo Guedes que nada mais é do que continuação de Temer, que seguiu à risca a cartinha de FHC.
Ou seja, é o cachorro mordendo o próprio rabo. Afinal, os dois golpes que essa turma toda ajudou a dar na democracia, em Dilma e Lula, tinha como objetivo arrastar o país para essa tragédia, esvaziar o prato dos brasileiros, sumindo com a comida da mesa depois de produzir 15 milhões de desempregados, uma nação de precarizados que tem como resultado metade do país ganhando em média 413,00 por mês, segundo o IBGE.
Do lado oposto e bem na frente dos demais candidatos, vem Lula, que tem como principal objetivo retomar os tempos de fartura para os brasileiros, que foi sua grande marca não só no Brasil, mas no mundo, mas acima de tudo no coração dos brasileiros, porque não tem como ser feliz com fome, desempregado ou precarizado.
Em última análise, o que vai definir alguma coisa na eleição de 2022, se as regras democráticas forem realmente respeitadas, não é o marketeiro, a internet ou qualquer um desses conceitos clichês que cansamos de ouvir, mas a vida concreta das pessoas, que começa com um bom café da manhã, um almoço com sabor e sustança, terminando numa boa ceia, porque no dia seguinte tem batente que os governos Lula e Dilma proporcionaram ao país, quando teve uma valorização real do salário acima da inflação. Os governos desses dois que foram os melhores presidentes do Brasil. Os números e a mesa dos brasileiros não mentem.
Assista:
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O balanço sobre o trágico caminho tomado pelo Brasil depois do golpe em Dilma, mostrando que o discurso dela em sua saída da presidência foi profético, quando disse que essa tragédia que o país vive hoje se abateria sobre os brasileiros. Dito e feito.
Assista:
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Há os que não querem admitir que sempre estiveram na direita ao lado de Bolsonaro.
Lembram do dia da votação do impeachment de Dilma na Câmara dos Deputados, Bolsonaro elogiando o torturador e assassino, Brilhante Ustra?
Se tivesse sido cassado e preso depois dessa sua fala, não teria sido eleito e, consequentemente, não teria matado mais de meio milhão de brasileiros e não seria reconhecido como o maior corrupto da história da República, junto com seus filhos delinquentes.
Como a direita teve oportunidade de expurgar esse furúnculo do seu lado na geografia política e não o fez para que o PT fosse aniquilado, como era o sonho dessa mesma direita, agora, todos esses golpistas que estiveram juntos para saquear o mandato de Dilma, pagam um preço alto.
Ninguém ali estava preocupado com a democracia, muito menos o Supremo, tanto que ontem, depois de cinco anos, Barroso deu uma declaração que, em outras palavras, sempre teve a percepção de que Dilma sofreu um golpe, porque não havia nada de criminoso em seu comportamento político, apenas resolveram tratá-la como alguém que poderia ser descartado e, depois, esse ato ser visto pela sociedade como uma coisa normal. Não foi e não é visto assim por quem tem um mínimo de bom senso.
Daí a saraivada de críticas que Barroso sofreu nas redes sociais após a sua fala infeliz, além do resultado pífio dos candidatos da direita à presidência da República, classificados como terceira via, como se não parecessem com quem de fato parecem, com Jair Bolsonaro.
O que é preciso ficar bem claro é que as pesquisas têm mostrado que o atual modelo cívico brasileiro, com Bolsonaro, que chegou a esse nível de selvageria, foi herdado do modelo cívico cultural, do modelo cívico político do golpe contra Dilma, porque ali todos estavam subordinados aos interesses do mercado e seria essencial sacar Dilma da presidência para que a territorialização corporativa fosse total.
Ao contrário do que disse Barroso, ali o que houve não foi um cálculo político, mas econômico que tinha que ser instalado contra os trabalhadores, os pobres, os negros e os índios.
Qualquer análise minimamente imparcial dirá claramente que ali o que esteve presente foi uma perspectiva de lucros maiores do mercado em nome da desintegração de direitos dos trabalhadores, do esfacelamento das estatais e a liberdade total do sistema financeiro para esfoliar toda a sociedade brasileira e, de forma mais efetiva, contra os pobres que, hoje, encontram-se em situação de risco alimentar.
Por isso, o governo Bolsonaro, no campo da economia, foi o papel xerox de Temer apenas com fermento neoliberal. Os desempregados que atualmente apresentam-se cada vez mais em volume maior, são a somatização dessa tragédia política que o golpe proporcionou.
Cai também em desgraça diante dos olhos da sociedade toda aquela espetacularização da mídia com Moro, com direito a prisões de petistas transmitidas ao vivo pela Globo para estabelecer uma confusão política e, com isso, a sociedade não esboçar reação ao ataque à democracia, como não esboçou.
Hoje, tudo isso se expressa nos resultados dessa série de pesquisas divulgadas nos últimos dias, mesmo que os poderosos do mercado não sejam citados, como nunca são. Os brasileiros querem a reconstrução da sua nação com o retorno de políticos que realmente se voltam aos mais pobres e entendem que só há um caminho, o de eleger Lula presidente, devolver a democracia e a esperança para o Brasil.
*Carlos Henrique Machado Freitas
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Para justificar a tese de sua quarta via, o ministro do STF, Luis Roberto Barroso, com cinco anos de atraso, resolveu admitir que o que Dilma sofreu foi golpe.
Barroso diz, “Creio que não deve haver dúvida razoável de que ela não foi afastada por crimes de responsabilidade ou corrupção, mas sim foi afastada por perda de sustentação política. Até porque afastá-la por corrupção depois do que se seguiu seria uma ironia da história”.
Todos sabem que Barroso sempre foi um escapulário da burguesia nativa e, vendo que o apelo das massas será cada vez maior e mais forte, a burguesia já percebeu que só sustenta um Estado elitista se a democracia for mutilada com um parlamentarismo aos moldes liberais.
Por isso, agora, Barroso, que sempre foi um entusiasta da caça às bruxas promovida por Moro, Dallagnol e cia., resolveu admitir que Dilma sofreu um golpe e, consequentemente isso tem custado caro à democracia por ter como resultado um monstro no poder, o que reforça ainda mais que a burguesia quer o povo distante do poder e de seu próprio destino.
Ex-ministro da Casa Civil fala sobre democratização da mídia e a necessidade de uma profunda reforma política no país.
Matéria publicada por José Eduardo Bernardes no Brasil de Fato sobre entrevista com José Dirceu,
José Dirceu é um dos principais atores políticos e figura proeminente nas lutas democráticas do Brasil desde a resistência contra a ditadura nos anos 1960 e 1970, quando foi preso e exilado no México, até a consolidação do Partido dos Trabalhadores (PT) – do qual é um dos fundadores – como a maior agremiação de massas do país.
É atribuída ao ex-ministro chefe da Casa Civil as articulações que possibilitaram a chegada do PT à presidência da República em 2002 e a governabilidade política que garantiu o projeto desenvolvimentista dos governos Lula e Dilma.
Exímio conhecedor da História, Dirceu confessa, em entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, que foram os “60 anos vivendo de política, as trocas e os aprendizados com os erros” que lhe garantiram o rótulo – que não conta com sua simpatia – de estrategista.
Dirceu foi preso cinco vezes, uma em 1968, durante o Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), e outras quatro desde 2013, por supostos crimes envolvendo o Mensalão e a operação Lava Jato. Nesse período, escreveu um livro de memórias (Zé Dirceu – Memórias volume 1) e se dedicou aos estudos.
Nesse mesmo período, lembra Dirceu, a democracia brasileira começou a se fragilizar. “A imprensa se calou entre 2013 e 2018, quando nós éramos agredidos, chutados, cuspidos, nossas bandeiras eram queimadas. Esse ódio, essa violência nasceu lá, com todo o apoio do PSDB e do DEM, grande parte do MDB e principalmente da grande imprensa. Derrubaram a Dilma para criminalizar o PT. Lá que nasceu isso que nós estamos vivendo agora e que precisa ser detido”, afirma.
É justamente o poder da mídia brasileira um dos temas mais caros a Dirceu. Projetos de democratização dos meios de comunicação chegaram a ser discutidos durante os governos do PT, mas nunca deixaram os congressos para um debate mais amplo com a sociedade e o parlamento nacional.
“Acho que nós precisamos enfrentar o problema e ver em que nós falhamos. e falhamos em não apoiar, porque era de direito e era democrático e era constitucional, todos os meios de comunicação independentes que existiam e ainda existem. Falhamos em não radicalizar e dar sequência às rádios comunitárias que acabaram se perdendo, se transformando em rádios comerciais ilegais e caíram na mão de igrejas, na mão de políticos”.
Sobre a frase a ele atribuída, de que não era necessário um rompimento com grandes conglomerados de mídia, Dirceu lembra que a “maior prova” de que qualquer acordo seria impossível foi a maneira como acabou relegado pela imprensa após sua prisão.
“Nós não conciliávamos com a Globo, ou a entendíamos como parceira. Nós nunca tivemos ilusão nenhuma com relação à mídia, basta ver o que foi feito comigo. O PT sempre teve na mídia um adversário duro, e a minha história com a mídia é uma tragédia. Eu, depois de 2005, morri para a Globo e para as televisões. Nem para me citar nos eventos históricos que eu fui personagem importante, decisivo. Apagaram, simplesmente”, comenta.
Na entrevista, o ex-deputado federal por três mandatos ainda fala sobre as semelhanças entre a chegada do PT à presidência em 2002 e o atual momento, a volta dos militares ao jogo político e a necessidade de uma profunda reforma política, para que o país deixe para trás o presidencialismo de coalizão.
Confira alguns trechos da entrevista:
Brasil de Fato: O PT foi concebido pelas Comunidades Eclesiais de Base e com uma ligação muito forte com os movimentos populares. Como foi a troca de bastão entre esse partido e o outro, mais moderado, que conseguiu fazer acenos positivos ao mercado, em 2002?
José Dirceu: Nós não nascemos com um programa feito, nem pretendíamos ser um partido da vanguarda da classe trabalhadora marxista leninista. O PT é uma experiência que tem influência evidentemente do marxismo, como tem da Teologia da Libertação. Sofre diferentes influências de muitas correntes de opinião e herda… nós somos herdeiros da luta nacionalista, democrática no Brasil, antiautoritária, da luta anti-imperialista, da solidariedade internacional. O sindicalismo que dá origem ao PT já estava conectado às lutas dos trabalhadores a nível internacional, lutas sindicais e lutas anticapitalistas.
O PT também tem origem nas CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base), na Teologia da Libertação, que é uma inflexão radical que houve na Igreja, infelizmente revertida depois por [Papa] João Paulo Segundo. As consequências estão aí, o domínio pentecostal nas grandes cidades brasileiras. Do fundamentalismo religioso conservador.
E o PT também é produto daqueles que participaram da resistência à ditadura, do começo da luta armada. Porque não houve propriamente guerrilha, luta armada no Brasil. Houve uma tentativa de resistir em armas contra a ditadura, o que era totalmente justificável do ponto de vista moral. Era quase uma imposição moral resistir à ditadura.
E essa geração fez uma autocrítica e emergiu, voltou para as lutas operárias, para as lutas de bairro, o que, agora, nós estamos precisando fazê-la de novo.
E fomos aprendendo, com os movimentos sociais por saúde, educação, transporte, habitação, o direito de greve e de manifestação contra a ditadura, revogação da Lei de Segurança Nacional, a Anistia, a luta contra a carestia, pelas Diretas, greves operárias, luta contra o arrocho salarial.
Fomos aprendendo, também na academia, também dos servidores públicos que trabalhavam ou ocupavam cargos de gestão, de planejamento, de execução, e na luta fomos construindo um programa de governo.
A primeira plataforma do PT é contra a ditadura. É uma plataforma de luta que tem exigências: a revogação da Lei de Segurança Nacional; a anistia ampla geral e irrestrita; a reforma agrária; fim do arrocho salarial; política externa independente.
Para construir um programa foi preciso que a gente governasse cidades, elegesse vereadores, deputados e, frente à necessidade de governar estados do país, nós fomos construindo um programa de governo.
O PT não nasceu com um programa feito. Quando nós chegamos na década de 2000, nós detectamos que o mais importante no país era o combate à pobreza e à miséria. Era o Brasil retomar o projeto de desenvolvimento nacional que tinha se truncado pelo Golpe de 64, retomar o fio da história, aprofundar as reformas.
Se você pensar bem, nós estamos repetindo as Reformas de Base do João Goulart [presidente do Brasil entre 1961 e 1964]: reforma agrária; reforma urbana; reforma bancária; reforma universitária, com os problemas muito agravados pela pobreza e miséria.
Então, o nosso governo, ele vem primeiro com o objetivo de combater a pobreza e a miséria, porque nós tínhamos que fazer, ao mesmo tempo, um ajuste nas contas públicas. O Fernando Henrique [Cardoso, presidente entre 1994 e 2002] entregou o país quebrado duas vezes, o dobro da dívida interna que ele tinha, porque ele pagou, por três anos, juro real de 27,5%.
Com as privatizações que venderam um patrimônio que valia dez, 20 vezes mais, alguns invendáveis. A Vale do Rio Doce, em um trimestre, dá mais lucro do que o valor por que vendida.
Então esse é o programa nosso, não é um acordo com o mercado, vem com a necessidade de retomar o papel dos bancos públicos, das empresas estatais e procurar crescer com distribuição de renda. . A Carta ao Povo Brasileiro nem foi o que deu a vitória ao Lula e nem dirigiu o nosso governo. Porque tem um PAC no nosso governo. Tanto é que todas as políticas que nós fizemos estão sendo desconstituídas. Todos os órgãos democráticos de consulta, de participação que nós criamos estão sendo desconstituídos.
E o ataque principal que eles fazem é aos bancos públicos, às estatais, à integração sul americana, à política externa independente, porque nós não nos submetemos à política militarista, unilateral e intervencionista dos Estados Unidos, nem com relação a Cuba, Venezuela e muito menos com relação ao Iraque e a Líbia.
E o Brasil passou a ser um ator internacional importante. E aqui dentro nós resgatamos da pobreza e da miséria, milhões de brasileiros. Criamos, pode se dizer, ainda que hoje a história esteja nos dando razão, com as mudanças que o [Joe] Biden está fazendo nos Estados Unidos e que Europa, a França, a Alemanha, a Itália já estão fazendo, nós tínhamos como objetivo que o Estado fosse indutor do desenvolvimento e que a questão da integração sul-americana e do choque de distribuição de renda fossem às bases do crescimento, que exigia e exige até hoje, uma revolução científico-técnica.
Quando Lula chega no governo, é aquele o objetivo: vamos combater a pobreza e a miséria, vamos distribuir renda, vamos retomar o projeto de desenvolvimento nacional, o fio da história, vamos priorizar a política externa altiva e ativa, e a integração sul-americana.
E aqui vamos com o apoio dos bancos públicos, começar e com uma política salarial, uma política de previdência, uma política social, de saúde, educação: o Luz para Todos, o Minha Casa Minha Vida, o Pronaf, vamos fazer um esforço dentro da correlação de forças.
Porque o único presidente que governa sem maioria no Parlamento é o Lula. Nós fomos eleitos com 120, 150 deputados de esquerda e 20 senadores no máximo. Então se você analisar o poder da mídia, o poder econômico no Brasil, a tutela militar, a financeirização e o poder do sistema bancário financeiro, o que Lula fez, o que nós fizemos, e agora nós nos damos conta de como faz falta ao Brasil tudo que estava sendo feito, foi um grande avanço histórico. Com limitações, com erros às vezes graves, crassos nossos, mas que fazem parte do processo político.
Um desses erros seria a manutenção de um presidencialismo de coalizão, que não conseguiu alterar as formas de governabilidade no país?
Hoje, no Brasil, nós temos problemas graves para se formar uma maioria parlamentar. Primeiro nós temos que ganhar apoio para a eleição de deputados e senadores. Porque o Lula foi eleito duas vezes e a Dilma duas, mas isso não se expressou em uma maioria parlamentar.
Em parte por causa do poder econômico, por causa da mídia, do sistema uninominal de voto e do Parlamento como ele é constituído. Então, o sistema eleitoral e o sistema institucional, como o Congresso brasileiro é instituído, dificulta a formação de uma maioria de esquerda. A realidade é essa.
Agora tem o financiamento partidário, mas cada vez mais, você pode observar na campanha eleitoral que quem faz o debate é a mídia. Porque nós fizemos uma legislação eleitoral para combater o abuso do poder econômico, o caixa 2 e a corrupção, que praticamente não tem campanha eleitoral mais. É muito difícil você governar sem fazer uma coalizão com outros partidos.
O Lula hoje é o favorito para ir ao segundo turno e vencer as eleições – transformar isso em uma grande votação para a Câmara, o Senado e para às assembleias legislativas, esse é o nosso desafio.
Porque se nós não tivermos 200 deputados e 20, 25 senadores, já do campo do presidente, que não vai ser só o PT, vai ser o PSB, vai ser o PSOL, vai ser o PCdoB e facções dos outros partidos que vão apoiar o presidente, veja a complicação. Vai ter dissidência no PL no MDB, no PSD, no PP, a gente está vendo já prefeitos falarem, deputados que vão com o Lula. É a realidade brasileira.
Para transformar isso, nós temos que nos transformar em partidos populares, partidos de luta social. Oxalá nós possamos fazer uma reforma eleitoral e institucional no Brasil para democratizar.
Porque o Senado, inclusive, que tem essa composição dos três representantes por estado, tem mais poder que a Câmara. Porque além de ser Câmara Alta, não é Senado, porque tem iniciativa e revisa, ele nomeia os embaixadores, agências reguladoras, ministros dos tribunais superiores, Procurador-Geral da República, Banco Central, autoriza o endividamento de estados e municípios, julga o Presidente da República, os membros dos tribunais superiores. É um Senado hipertrofiado como instituição, perante à Câmara e com essa distorção que tem na Câmara, que é muito grave.
O presidencialismo de coalizão, que falavam que era uma podridão que nós fizemos, tá aí o Bolsonaro fazendo e os partidos concordando, o PSDB, DEM, MDB, todos concordando. E a mídia tapando o nariz.
A grande mídia golpista que apoiou a Lava Jato, para nos tirar do governo, que destruiu grande parte da nossa economia a serviço dos Estados Unidos, para fazer uma simplificação, está aí tapando o nariz. E às vezes ajudando o Bolsonaro.
As propostas de democratização da mídia nunca saíram dos congressos, que inclusive tiveram participação e influência dos grandes meios de comunicação. Esse teria sido um projeto importante para alterar a correlação de forças no Brasil?
Um governo, quando chega, ele tem que definir as prioridades. Ele não pode abrir 15 frentes. Aliás, o Bolsonaro fica abrindo frentes, olha a situação dele. Nós tínhamos que cuidar do principal: primeiro era se manter no governo, ter maioria no Parlamento e nós não tínhamos; segundo era iniciar um processo de distribuição de renda e ataque à pobreza, que já descrevi.
Essa questão das Forças Armadas e da Mídia entraram na agenda, porque no final do governo do Lula ele deixou um projeto, que o Franklin Martins coordenou, de reforma da mídia no Brasil, que depois a presidente Dilma, por razões que ela e o governo decidiram, não tocou em frente.
Agora, nós podíamos ter feito mais? Podíamos. Vocês são um órgão de imprensa e sabem o que significa, quando se fala em democratização da mídia, eles transformam isso em censura, em autoritarismo e estatização da mídia, quando não é, é aplicar a Constituição da República, nem isso eles aceitam.
Então, isso é uma longa e dura batalha e agora complicou também com o empoderamento das redes e o risco das redes se transformarem em um instrumento não democrático e não livre, e sim manipulado por grandes corporações e sim manipulado pelos governos para invadir a sua privacidade e o controle social.
É lógico que as redes se transformaram em um grande problema para a mídia tradicional e monopolista, que é a brasileira, porque levou metade da publicidade deles, concorre com eles e abre muito espaço para nós. Nós é que somos incompetentes e não conseguimos ainda, porque isso é pura incompetência. Desde 2008 ficou claro na eleição do Barack Obama o que eram as redes. Depois em 2016, no Brexit e na eleição do [Donald] Trump, e nós apanhamos em 2016, 2018 e 2020 aqui nas redes.
Acho que nós precisamos enfrentar o problema e ver o que nós falhamos. Falhamos em não apoiar porque era de direito e era democrático e era constitucional, todos os meios de comunicação que existiam e existem ainda, independentes.
Falhamos em não radicalizar e dar sequência às rádios comunitárias que acabaram se perdendo, se transformando em rádios comerciais, rádios comerciais ilegais, caíram na mão de igrejas, na mão de políticos. Nós não aproveitamos uma janela de oportunidade que apareceu. Mas não é porque nós conciliávamos com a Globo, ou entendíamos que a Globo era parceira. Nós nunca tivemos ilusão nenhuma com relação à mídia, basta ver o que foi feito comigo.
O PT sempre teve na mídia um adversário duro e a minha história com a mídia é uma tragédia. Eu, depois de 2005, morri para a Globo e para as televisões. Nem para me citar nos eventos históricos que eu fui personagem importante, decisivo. Apagaram simplesmente.
É morte civil, como a ditadura fez ao me cassar e me banir do Brasil, além de decretar pena de morte para mim, não legal, mas eu estava condenado à morte se eu fosse preso, como muitos companheiros foram assassinados barbaramente, covardemente na tortura, porque quem tinha ido pra Cuba e treinado, estava condenado à morte, era a ordem do Estado. E nós não fomos capazes, portanto, de enfrentar.
Quando aconteceram dois episódios, logo no começo do governo, que deu uma crise danada entre nós inclusive: a Ancinav (Agência Nacional do Cinema e do Audiovisual), que foi gestada no Ministério da Cultura pelo Manoel Rangel, que depois foi até presidente da Ancine (Agência Nacional de Cinema) e o Conselho Federal de Jornalismo, que foi proposto por unanimidade no congresso da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).
O Ricardo Kotscho, que era secretário de Comunicação, do [Luis] Gushiken, eles enviam para o Lula, que envia para o Congresso. Deu uma crise, disseram que era autoritarismo, chavismo. E nós recuamos, depois nós nos demos conta de que metade dos artistas, intelectuais, jornalistas eram favoráveis, dava para fazer a luta.
Agora, o Congresso ia aprovar? Provavelmente não, porque a mídia tem muito poder no Congresso. Não é só a bancada da Bola, da Bala, do Boi, da Bíblia, tem a bancada também do poder da mídia no Brasil, e o poder da mídia é grande. Uma das principais bases de apoio que viabilizou toda a ilegalidade, todos os crimes da Lava Jato foi a grande mídia corporativa, monopolista brasileira.
O que era Conselho Federal de Jornalismo? Era um sindicato. “Ah, não, era para controlar as redações, impor censura”. É o contrário, quem impõe censura e controla as redações são os donos dos jornais, é uma coisa evidente. Quem faz política eleitoral, política ideológica, porque a grande mídia tem sim lado: ela é capitalista, ela é neoliberal, ela apoia os candidatos da direita, ela apoia o pensamento político de direita no Brasil.
Nós temos que construir uma mídia de esquerda, uma mídia socialista. Parcialidade, objetividade, tudo bem, tem muitas vezes. Não que a mídia não jogue um papel democrático em muitos momentos, como está jogando agora, porque que toda a mídia está contra o Bolsonaro. O Impeachment [do presidente Fernando Collor] e as Diretas só foram apoiadas pela Globo quando já era uma realidade, quando já era impossível, e a Globo estava sendo simplesmente repudiada nacionalmente.
Faz autocrítica do Golpe de 1964, depois de não sei quantos anos, mas apoia o golpe contra a Dilma. E não aceitam dizer que foi golpe, a Folha de São Paulo, o Estado de São Paulo, o jornal O Globo, eles não aceitam. Aquilo foi um golpe parlamentar e judicial, na verdade. Só não foi militar porque não teve resistência. Então nós temos que retomar esses temas.
Os militares voltaram às engrenagens do poder e mantém forte relação com as instituições brasileiras. O general Fernando Azevedo, antes de ser ministro de Bolsonaro, foi assessor de Dias Toffoli, no STF. Como o senhor vê essas relações?
Tudo isso começa quando eles rasgaram o pacto político, o pacto social da Constituição de 1988, dando um golpe parlamentar, judicial, que destituiu a presidente Dilma Rousseff, que jamais cometeu qualquer crime de responsabilidade, qualquer ilícito. Como ela dizia: “qualquer malfeito”. Está provado, o país sabe disso, que ela é honesta.
Felizmente, o ministro Luiz Fux disse, em nome do Supremo, que não existe poder moderador no Brasil. Porque eles começaram com essa história do poder moderador, eles sonham com isso, ser o árbitro da nação, as Forças Armadas. Não são, não podem ser, não devem ser, em hipótese alguma.Eles não podem fazer política.
Ele devem estar submetidos ao poder civil, está na Constituição. É o comandante chefe das Forças Armadas que é o Presidente da República. Já falei sobre isso. Essa promiscuidade entre Poder Judiciário, STF, Congresso Nacional, Presidente da República, Forças Armadas, é fruto do Golpe. É fruto da eleição do Bolsonaro que viola diariamente a Constituição. E fruto da tutela militar que foi permitida, quando se faz um tweet, e não foi destituído.
As memórias do General Villas Boas são a confissão da tutela militar, confissão pública da tutela militar, é evidente isso. E o episódio do Bolsonaro, o ministro da Defesa, os comandantes das três armas, só deixa isso claro.
Então nós temos um problema sério. Porque o Supremo Tribunal se politizou também, com a Lava Jato. Quando se dá poder de investigação para o Ministério Público, que não tinha e a Constituição não permitiu – porque eles queriam ser a Polícia Judiciária da União e dos Estados, os promotores e procuradores, foi votado e ficou a Polícia Federal e Civil – o Supremo em 2016 deu pra eles. E ainda deu o guardião para fazerem escuta. Ainda deu o direito deles terem procedimentos criminais investigativos sigilosos, que são milhares. Agora tá o monstro aí.
Agora tem um projeto na Câmara para mudar a composição do Conselho Nacional do Ministério Público, aquilo foi capturado pelos procuradores, é corporativismo puro. Por isso eles queriam o pacote anticrime, que ia transformar em legal, todas as ilegalidades que eles fizeram.
Na verdade era um estado policial e a Lava Jato era um projeto de poder político. E um poder anti nacional, articulado com os Estados Unidos para perseguir e destruir o PT e nos tirar do governo, porque nós íamos ganhar a eleição de novo, em 2018, com o Lula presidente. Essa é a realidade, um problema grave.
A Lei de Segurança Nacional é um entulho da Ditadura que está sendo usado diariamente contra jornalista, contra indígena, contra sindicalista, contra a oposição. Eles querem criar um estado policial a partir do GSI [Gabinete de Segurança Institucional], do ministério da Justiça.
Ela tem que ser revogada, mas tem que criar uma lei de defesa do Estado Democrático, que não seja uma lei para calar a oposição, para cercear os movimentos sociais, as greves, as manifestações, as ocupações. Têm que ser para defender contra golpes militares e para defender contra o aparelhamento e abuso de autoridade do Presidente da República ou do Ministério Público, ou da magistratura.
Tem que ser para proteger o cidadão, as liberdades civis democráticas do Estado e não para dar instrumento para o estado para reprimir a oposição, para calar a oposição, porque a Lei de Segurança Nacional tem que tomar cuidado o que ela vai ser, porque, como diz o ditado, de boas intenções o caminho do inferno está lotado.
No vestuário pode haver alguma diferença entre o que se classifica como extrema direita e terceira via, os dois estão do mesmo lado da guerra em prol das classes dominantes.
Mas não é essa a ideia que unifica as supostas duas correntes, mas as estampas das manchetes, mostrando que são siamesas e sempre cantarão em uníssono. Um pode até decalcar o outro, imitar, papagaiar, fazer as mesmas caretas, produzir os mesmos guinchos conceituais e dar títulos diferentes a uma mesma ideia, a central que unifica essas duas supostas correntes é o combate ao pobre, não à pobreza.
Depois de Paulo Guedes dizer que, na época de Lula era uma farra porque empregada doméstica estava indo à Disney, e hoje reclamar que o filho do porteiro fez faculdade com o programa Fies criado pelo governo Lula, o último romântico da escola de Chicago, decididamente, ganha a medalha tucano de ouro neoliberal.
Na verdade, ontem, quando Paulo Guedes declarou que “todo mundo quer viver 100 anos”, ele decalcou FHC quando chamou os aposentados de “vagabundos” que custavam caríssimo aos cofres públicos.
Segundo Paulo Guedes, “a longevidade dos brasileiros se tornou um problema para as contas públicas. “Todo mundo quer viver 100 anos, 120, 130. Não há capacidade de investimento para que o Estado consiga acompanhar”.
O que não se pode esquecer é que essa desculpa pelo fracasso anunciado pelos neoliberais, não vem de agora, quem viveu o período militar lembras-se muito bem que o fracasso econômico em que eles jogaram o país com uma hiperinflação, segundo os próprios, era culpa do pãozinho de sal e que a farinha de trigo importada da Argentina era subsidiada pelo governo para baratear o produto, que é um dos alimentos preferenciais dos brasileiros, querido por 10 em cada 10 brasileiro, rico ou pobre.
O problema é que o próprio Guedes acaba sendo garoto propaganda dos governos Lula e Dilma que proporcionaram tantos avanços para as camadas mais pobres da população e ainda deixaram num cofre a maior reserva internacional de que se notícia no Brasil, 380 bilhões de dólares.
No caso do filho do porteiro que entrou para a faculdade, Guedes descarregou seu preconceito com uma torrente de mentiras:
“O porteiro do meu prédio, uma vez, virou para mim e falou assim: ‘Seu Paulo, eu estou muito preocupado’. O que houve? ‘Meu filho passou na universidade privada’. Ué, mas está triste por quê? ‘Ele tirou zero na prova. Tirou zero em todas as provas e eu recebi um negócio dizendo: parabéns, seu filho tirou…’ Aí tinha um espaço para preencher, colocava ‘zero’. Seu filho tirou zero. E acaba de se endereçar a nossa escola, estamos muito felizes”, disse Guedes.