Até a GloboNews teve que admitir que Bolsonaro fez um discurso com olhos saudosos dos governos Lula e Dilma para vender um peixe que ele não tem.
O grande avanço ambiental que Bolsonaro vendeu trouxe todas as luzes para os feitos de Lula e Dilma. Ali sim, um sonho cristalizou-se em ideia, e desta a ação.
Lógico que Bolsonaro não citou o PT, nem Lula e Dilma, mas toda a Europa, na realidade, todo o globo sabe que os governos do PT mudaram completamente a história, e com excelência, da relação entre desenvolvimento e preservação ambiental, porque foram referências pioneiras e corajosas no mundo.
O que ninguém esperava é Bolsonaro abrir a boca para a desonra do próprio, a de vender uma mercadoria que não só nunca foi sua, como ele passou o tempo todo como deputado e, agora, como presidente excomungando.
Se alguém o interrogasse naquele momento, certamente, ele fugiria da Cúpula, até porque não tem a menor ideia do que leu, que alguém escreveu para o idiota ler, empolgado. Ou seja, Bolsonaro fez um discurso às custas alheia, às custas do PT, de Lula e de Dilma. Isso ficou flagrante não só na expressão fisionômica do terror da Amazônia que ganhou os maiores comentários da mídia e das redes sociais e, com certeza, dos quatro cantos do planeta.
O cara de pau só faltou se fantasiar de louro José pedindo o traje emprestado ao Véio da Havan para deitar falação em feitos que não são seus para tentar esconder a erosão demolidora que seu governo vem fazendo. de forma sistemática e programada, contra o diamante ambiental chamado floresta amazônica para servir ao apetite de grileiros, madeireiros, mineradores, garimpeiros e outros bichos que formam esse anacronismo de pedra berrado por Bolsonaro de dentro do Palácio do Planalto.
Quem viu ontem apenas a narrativa construída pelos comentaristas da GloboNews, certamente, supôs que Dilma foi condenada pelo TCU pelo placar que, na verdade, ela foi absolvida.
A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi absolvida nesta quarta-feira, 14, no processo que analisa a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobras em 2006. Na época, Dilma era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da estatal.
“Não há evidências nos autos de que todos os envolvidos soubessem da existência desse esquema”, ponderou o relator. “Relativamente aos membros do Conselho de Administração, os documentos a eles apresentados e as informações neles presentes não indicavam contradições ou falhas que lhes permitissem vislumbrar que a proposta para a aquisição partia de valor bem superior”.
Camarotti, junto com o restante dos comentaristas do chiqueirinho da GloboNews, afirmou que, durante o governo Dilma, houve um grande prejuízo que fragilizou enormemente as contas da Petrobras.
É a velha manipulação, daquelas que causam embrulho no estômago, porque, na verdade, o comentarista tentou fazer um gancho invertido já que, no momento em que o caso de Lula no STF está prestes a ser julgado, tudo o que a Globo não quer é anunciar que a acusação contra Dilma no caso da refinaria de Passadena foi apenas mais uma fraude da Lava Jato, pois investigou, esmiuçou e não achou uma mísera prova contra a ex-presidenta, assim como até hoje não encontrou nada, rigorosamente nada que servisse de prova contra o ex-presidente Lula.
O que começou como a “maior operação contra a corrupção do mundo” e degenerou no “maior escândalo judicial do planeta” na verdade não passou de uma estratégia bem-sucedida dos Estados Unidos para minar a autonomia geopolítica brasileira e acabar com a ameaça representada pelo crescimento de empresas que colocariam em risco seus próprios interesses.
A história foi resgatada em uma reportagem do jornal francês Le Monde Diplomatique deste sábado (11/4), assinada por Nicolas Bourcier e Gaspard Estrada, diretor-executivo do Observatório Político da América Latina e do Caribe (Opalc) da universidade Sciences Po de Paris.
Tudo começou em 2007, durante o governo de George W. Bush. As autoridades norte-americanas estavam incomodadas pela falta de cooperação dos diplomatas brasileiros com seu programa de combate ao terrorismo. O Itamaraty, na época, não estava disposto a embarcar na histeria dos EUA com o assunto.
Para contornar o desinteresse oficial, a embaixada dos EUA no Brasil passou a investir na tentativa de criar um grupo de experts locais, simpáticos aos seus interesses e dispostos a aprender seus métodos, “sem parecer peões” num jogo, segundo constava em um telegrama do embaixador Clifford Sobel a que o Le Monde teve acesso.
Assim, naquele ano, Sergio Moro foi convidado a participar de um encontro, financiado pelo departamento de estado dos EUA, seu órgão de relações exteriores. O convite foi aceito. Na ocasião, fez contato com diversos representantes do FBI, do Departament of Justice (DOJ) e do próprio Departamento de Estado dos EUA (equivalente ao Itamaraty).
Para aproveitar a dianteira obtida, os EUA foram além e criaram um posto de “conselheiro jurídico” na embaixada brasileira, que ficou a cargo de Karine Moreno-Taxman, especialista em combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo.
Por meio do “projeto Pontes”, os EUA garantiram a disseminação de seus métodos, que consistem na criação de grupos de trabalho anticorrupção, aplicação de sua doutrina jurídica (principalmente o sistema de recompensa para as delações), e o compartilhamento “informal” de informações sobre os processos, ou seja, fora dos canais oficiais. Qualquer semelhança com a “lava jato” não é mera coincidência.
Em 2009, dois anos depois, Moreno-Taxman foi convidada a falar na conferência anual dos agentes da Polícia Federal brasileira, em Fortaleza. Diante de mais de 500 profissionais, a norte-americana ensinou os brasileiros a fazer o que os EUA queriam: “Em casos de corrupção, é preciso ir atrás do ‘rei’ de maneira sistemática e constante, para derrubá-lo.”
“Para que o Judiciário possa condenar alguém por corrupção, é preciso que o povo odeie essa pessoa”, afirmou depois, sendo mais explícita. “A sociedade deve sentir que ele realmente abusou de seu cargo e exigir sua condenação”, completou, para não deixar dúvidas.
O nome do então presidente Lula não foi citado nenhuma vez, mas, segundo os autores da reportagem, estava na cabeça de todos os presentes: na época, o escândalo do “Mensalão” ocupava os noticiários do país.
Semente plantada O PT não viu o monstro que estava sendo criado, prosseguem os autores. As autoridades estrangeiras, com destaque para um grupo anticorrupção da OCDE, amplamente influenciado pelos EUA, começaram a pressionar o país por leis mais duras de combate à corrupção.
Nesse contexto, Moro foi nomeado, em 2012, para integrar o gabinete de Rosa Weber, recém indicada para o Supremo Tribunal Federal. Oriunda da Justiça do Trabalho, a ministra precisava de auxiliares com expertise criminal para auxiliá-la no julgamento. Moro, então, foi um dos responsáveis pelo polêmico voto defendendo “flexibilizar” a necessidade de provas em casos de corrupção.
“Nos delitos de poder, quanto maior o poder ostentado pelo criminoso, maior a facilidade de esconder o ilícito. Esquemas velados, distribuição de documentos, aliciamento de testemunhas. Disso decorre a maior elasticidade na admissão da prova de acusação”, afirmou a ministra em seu voto.
O precedente foi levado ao pé da letra pelo juiz e pelos procuradores da “lava jato” anos depois, para acusar e condenar o ex-presidente Lula no caso do tríplex.
Em 2013, a pressão internacional fez efeito, e o Congresso brasileiro começou a votar a lei anticorrupção. Para não fazer feio diante da comunidade internacional, os parlamentares acabaram incorporando mecanismos previstos no Foreign Corrupt Practices Act (FCPA), uma lei que permite que os EUA investiguem e punam fatos ocorridos em outros países. Para especialistas, ela é instrumento de exercício de poder econômico e político dos norte-americanos no mundo.
Em novembro daquele mesmo ano, o procurador geral adjunto do DOJ norte-americano, James Cole, anunciou que o chefe da unidade do FCPA viria imediatamente para o Brasil, com o intuito de “instruir procuradores brasileiros” sobre as aplicações do FCPA.
A nova norma preocupou juristas já na época. O Le Monde cita uma nota de Jones Day prevendo que a lei anticorrupção traria efeitos deletérios para a Justiça brasileira. Ele destacou o caráter “imprevisível e contraditório” da lei e a ausência de procedimentos de controle. Segundo o documento, “qualquer membro do Ministério Público pode abrir uma investigação em função de suas próprias convicções, com reduzidas possibilidades de ser impedido por uma autoridade superior”.
Dilma Rousseff, já presidente à época, preferiu não dar razões para mais críticas ao seu governo, que só aumentavam, e sancionou a lei, apesar dos alertas.
Em 29 de janeiro de 2014, a lei entrou em vigor. Em 17 de março, o procurador-geral da República da época, Rodrigo Janot, chancelou a criação da “força-tarefa” da “lava jato”. Desde seu surgimento, o grupo atraiu a atenção da imprensa, narra o jornal. “A orquestração das prisões e o ritmo da atuação do Ministério Público e de Moro transformaram a operação em uma verdadeira novela político-judicial sem precedentes”, afirmam Bourcier e Estrada.
Lição aprendida No mesmo momento, a administração de Barack Obama nos EUA dava mostras de seu trabalho para ampliar a aplicação do FCPA e aumentar a jurisdição dos EUA no mundo. Leslie Caldwell, procuradora-adjunta do DOJ, afirmou em uma palestra em novembro de 2014: “A luta contra a corrupção estrangeira não é um serviço que nós prestamos à comunidade internacional, mas sim uma medida de fiscalização necessária para proteger nossos próprios interesses em questões de segurança nacional e o das nossas empresas, para que sejam competitivas globalmente.”
O que mais preocupava os EUA era a autonomia da política externa brasileira e a ascensão do país como uma potência econômica e geopolítica regional na América do Sul e na África, para onde as empreiteiras brasileiras Odebrecht, Camargo Corrêa e OAS começavam a expandir seus negócios (impulsionadas pelo plano de criação dos “campeões nacionais” patrocinado pelo BNDES, banco estatal de fomento empresarial).
“Se acrescentarmos a isso as relações entre Obama e Lula, que se deterioravam, e um aparelho do PT que desconfiava do vizinho norte-americano, podemos dizer que tivemos muito trabalho para endireitar os rumos”, afirmou ao Le Monde um ex-membro do DOJ encarregado da relação com os latino-americanos.
A tarefa ficou ainda mais difícil depois que Edward Snowden mostrou que a NSA (agência de segurança dos EUA) espionava a presidente Dilma Rousseff e a Petrobras, o que esfriou ainda mais a relação entre Brasília e Washington.
Vários dispositivos de influência foram então ativados. Em 2015, os procuradores brasileiros, para dar mostras de boa vontade para com os norte-americanos, organizaram uma reunião secreta para colocá-los a par das investigações da “lava jato” no país.
Eles entregaram tudo o que os americanos precisavam para detonar os planos de autonomia geopolítica brasileiros, cobrando um preço vergonhoso: que parte do dinheiro recuperado pela aplicação do FCPA voltasse para o Brasil, especificamente para um fundo gerido pela própria “lava jato”. Os americanos, obviamente, aceitaram a proposta.
A crise perfeita Vendo seu apoio parlamentar derreter, em 2015 Dilma decidiu chamar Lula para compor seu governo, uma manobra derradeira para tentar salvar sua coalizão de governo, conforme classificou o jornal. Foi quando o escândalo explodiu: Moro autorizou a divulgação ilegal da interceptação ilegal de um telefonema entre Lula e Dilma, informando a Globo, no que veio a cimentar o clima político para a posterior deposição da presidente em um processo de impeachment. Moro, depois, pediu escusas pela série de ilegalidades, e o caso ficou por isso mesmo.
Os EUA estavam de olho nas turbulências. Leslie Backshies, chefe da unidade internacional do FBI e encarregada, a partir de 2014, de ajudar a “lava jato” no país, afirmou que “os agentes devem estar cientes de todas as ramificações políticas potenciais desses casos, de como casos de corrupção internacional podem ter efeitos importantes e influenciar as eleições e cenário econômico”. “Além de conversas regulares de negócios, os supervisores do FBI se reúnem trimestralmente com os advogados do DoJ para revisar possíveis processos judiciais e as possíveis consequências.”
Assim, foi com conhecimento de causa que as autoridades norte-americanas celebraram acordo de “colaboração” com a Odebrecht, em 2016. O documento previa o reconhecimento de atos de corrupção não apenas no Brasil, mas em outros países nos quais a empresa tivesse negócios. Caso recusasse, a Odebrecht teria suas contas sequestradas, situação que excluiria o conglomerado do sistema financeiro internacional e poderia levar à falência. A Odebrecht aceitou a “colaboração”.
A “lava jato” estava confiante de sua vantagem, apesar de ter ascendido sem a menor consideração pelas normas do Direito. “Quando Lula foi condenado por ‘corrupção passiva e lavagem de dinheiro’, em 12 de julho de 2017, poucos relatos jornalísticos explicaram que a condenação teve base em ‘fatos indeterminados'”, destacou o jornal.
Depois de condenar Lula e tirá-lo de jogo nas eleições de 2018, Sergio Moro colheu os louros de seu trabalho ao aceitar ser ministro da Justiça do novo presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, os norte-americanos puderam se gabar de pôr fim aos esquemas de corrupção da Petrobras e da Odebrecht, junto com a capacidade de influência e projeção político-econômica brasileiras na América Latina e na África. Os procuradores da “lava jato” ficaram com o prêmio de administrar parte da multa imposta pelos EUA à Petrobras e à Odebrecht, na forma de fundações de Direito privado dirigida por eles próprios em parceria com a Transparência Internacional.
Conversão lucrativa A recompensa que Sergio Moro escolheu para si também foi o início do fim de seu processo de canonização. Depois da eleição de Bolsonaro, veio à tona o escândalo da criação do fundo da Petrobras. O ministro Alexandre de Moraes frustrou os planos dos procuradores ao determinar a dissolução do fundo e direcionar o dinheiro para outras finalidades.
Em maio de 2019, o The Intercept Brasil começou a divulgar conversas de Telegram entre procuradores e Moro, hackeadas por Walter Delgatti e apreendidas pela Polícia Federal sob o comando do próprio Moro, enquanto ministro da Justiça. Elas mostram, entre outros escândalos, como Moro orientou os procuradores, e como estes últimos informaram os EUA e a Suíça sobre as investigações e combinaram a divisão do dinheiro.
Depois de pedir demissão do Ministério, Moro seguiu o mesmo caminho lucrativo de outros ex-agentes do DOJ e passou a trabalhar para o setor privado, valendo-se de seu conhecimento privilegiado sobre o sistema judiciário brasileiro em casos célebres para emitir consultorias, um posto normalmente bastante lucrativo. A Alvarez e Marsal, que o contratou, é administradora da recuperação judicial da Odebrecht.
A ex-presidente Dilma Rousseff a “reposta genocida” de Jair Bolsonaro à pandemia de Covid-19 deixou o Brasil “à deriva em um oceano de fome e doenças”. “A realidade é pior do que qualquer coisa que eu poderia ter imaginado. É como se estivéssemos à deriva. Estamos à deriva em um oceano de fome e doenças… É realmente uma situação extrema que estamos testemunhando no Brasil”, disse Dilma em entrevista publicada neste sábado (10) pelo jornal inglês The Guardian.
“Estamos vivendo uma situação extremamente dramática no Brasil porque não temos governo, nem administração da crise”, disse a ex-presidente ao jornalista Tom Phillips. Para ela, a sabotagem de Bolsonaro no que diz respeito as medidas restritivas e de isolamento social, na vacinação da população, além de não ofertar um apoio econômico adequado aos mais pobres, contribuiu para a criação de uma tragédia de “proporções catastróficas”.
“Não estou dizendo que o Brasil não teria sofrido mortes [com uma resposta diferente] – todos os países sofreram”, ressaltou ela. “Estou dizendo que parte do nível de mortes aqui se deve fundamentalmente a decisões políticas incorretas, que ainda estão sendo tomadas”, completou.
No texto, Tom Phillips ressalta que “Dilma concorda que Bolsonaro não é o único culpado pela calamidade Covid que abalou seu país e o mundo. Ela também responsabiliza as elites econômicas, chefes militares, magnatas da mídia e políticos que ajudaram os extremistas de direita a ganhar o poder apoiando sua destituição do cargo e depois aplaudindo a queda de Lula e a ascensão de Bolsonaro. Líderes mundiais, incluindo Donald Trump, também lidaram com a pandemia de forma desastrosa”. Para Dilma, “as pessoas terão que ser responsabilizadas pela catástrofe que foi engendrada no Brasil”.
A decisão do STF coloca as coisas no lugar: Lula voltou ao cenário, no centro dos acontecimentos, ocupando o lugar de liderança, vazio pela inépcia; restaurou a força da política que deve prevalecer no ambiente da República.
A política tem o poder de conduzir os acontecimentos, na democracia e na República, desde gregos e romanos, a não ser nos períodos sombrios. O Exército, hoje, não tem coesão e nem projeto capaz de barrar o funcionamento regular da República.
O Judiciário já se encontra esfrangalhado, sem condições de dar o respaldo que deu aos golpes que derrubaram Dilma e levaram à prisão de Lula. Além da cobertura que deu à partidarização das televisões e rádios em campanhas massivas visando à derrocada do PT, embora atividades sujeitas a concessões públicas, obrigadas pela Constituição ao dever da neutralidade política. Tudo visando e tendo como resultado a eleição do conservadorismo subserviente ao Império: deu Bolsonaro.
Brizola chamava a atenção para o papel da liderança, especialmente em momentos de crise, na condução da política (ele chamava de processo social). A nação necessita referência nessas horas. Lula foi recolocado no centro da liderança política neste momento delicado do país, já com repercussão internacional: volta-se ao respeito pelo Brasil.
A decisão do STF retira do centro da política a pecha da corrupção, sempre assacada contra setores da esquerda. O Império sempre fez isso: campanha massiva contra Getúlio utilizando a corrupção (o famoso mar de lama), que o levou ao suicídio; contra Juscelino, que foi escapando graças à sua habilidade política incomparável; contra Jango, que levou ao golpe. Deu respaldo ao lacerdismo em campanha de ódio e xingamentos, que agora Ciro tenta refazer, mas sem o brilho do Lacerda e com partidecos sem a força e respaldo político da UDN na época.
Esta decisão do STF coloca um freio nos bolsões da direita, tão assanhados e açulados pelo governo, que certamente continuarão atuando, mas mais contidos.
Recuperada a força da política na República, que é a força do povo, e sem a pecha da corrupção, será possível à esquerda se recompor e recolocar no centro do debate político as necessidades e direitos do nosso povo e os interesses gerias da nação.
Esta é a missão que nos espera. Muita luta ainda, contragolpes poderão surgir a toda hora. Mas iremos superando e vencendo. A força da política é irresistível.
*Vivaldo Barbosa – Ex-deputado federal constituinte
Realmente temos dois polos extremos na disputa de 2022. De um lado, a militância petista que vai relembrar em comemoração todos os avanços que revolucionaram o Brasil nos 13 anos dos governos Lula e Dilma, do outro lado, os muxoxos bolsonaristas que, além de espalhar ódio, farão o que não param de fazer, justificar os fracassos de Bolsonaro.
Ainda hoje, li um inacreditável comentário no twitter de uma dessas figuras ligadas ao gabinete do ódio, dizendo a seguinte pérola: “sabe aquele churrasco que você fazia, o carro e a casa nova que você comprou nos governos Lula e Dilma, a conta chegou agora e você está pagando durante o governo Bolsonaro”.
Bom, vamos lá. De cara, essa figura de inteligência rara já assume que os governos do PT foram um sucesso e que o povo desfrutou de uma vida bem melhor, ao mesmo em que assume que não só não tem o que mostrar do governo Bolsonaro, como escancara que são 2 anos de absoluto fracasso em tudo.
Então pensa-se o que essa gente vai fazer em 2022 para tentar esconder os avanços do PT em 13 anos com Lula e Dilma e o gigantesco fracasso de um governo que, em dois anos, só produziu tragédia econômica e mortes aos milhares.
Presidential candidate Jair Bolsonaro of the Party for Socialism and Liberation (PSL) greets Ciro Gomes of the Democratic Labour party (PDT) before the television debate at the Rede TV studio in Osasco, Brazil August 17, 2018 REUTERS/Paulo Whitaker
O fracasso subiu de vez à cabeça de Ciro depois da última pesquisa em que o mostra numa situação de rapa de tacho, enquanto Lula brilha como nunca. Mas como Ciro nunca quis galgar degraus, mas demovê-los da disputa para que vença a eleição na base do WO, ele ronca grosso com quem, para ele, é inalcançável. Pior, acaba que numa entrevista como a com Kennedy Alencar, em pleno dia internacional da mulher, dizendo que Dilma é um aborto, fazendo um autorretrato quando fala de Bolsonaro.
E sapeca sua frase: “temos que nos preparar para o pior, o bolsonarismo revitalizado”.
Na verdade, é assim que Ciro se apresentou em seus ataques baixos ao que ele chama de lulopetismo, tentando provar para os bolsonaristas com sua cólera dos desesperados que pode ser mais imbecil do que Bolsonaro
Ridículo, Ciro foi engolido pelo personagem que criou.
Além do fim da política de valorização do mínimo, preços dos alimentos dispararam.
“Arredondado” para R$ 1.100, o novo salário mínimo não deverá ter aumento real ou terá ganho ínfimo acima da inflação. Isso só se saberá na semana que vem, quando sai o resultado do INPC (e do IPCA) de dezembro e de todo o ano de 2020. O que já se sabe, segundo estimativa do Dieese, é que o salário mínimo terá novamente o menor poder de compra em relação aos produtos da cesta básica desde 2005. A diferença é que, ao contrário de agora, naquele período havia uma política de valorização do salário mínimo em curso.
O instituto estima em R$ 696,71 o valor da cesta básica em São Paulo neste mês. Assim, o salário mínimo reajustado equivale a 1,58 cesta básica, mesma proporção de 2020 e a menor desde 2005 (1,60). De 2006 a 2019, essa proporção sempre esteve próxima ou acima de duas cestas, chegando a 2,16 em 2017.
Marchas a Brasília
A política de valorização do salário mínimo surgiu a partir de iniciativa das centrais sindicais, que realizaram uma série de “marchas” para Brasília. Tornou-se lei nos governos Lula e Dilma. O critério de reajuste considerava o INPC do ano anterior. A título de aumento real, o PIB de dois anos antes. Prevista na Lei 13.152, de 2015, a regra era válida até 2019, quando houve ganho real de 1,14 ponto percentual.
No ano passado e neste, praticamente um “empate” em relação à inflação. O INPC de dezembro será divulgado no próximo dia 12. De janeiro a novembro de 2020, ficou acumulado em 3,93%. Ao mesmo tempo, os preços dos alimentos não pararam de aumentar ao longo do ano, pressionando a cesta básica. Consequentemente, a população mais pobre.
Impacto na economia
Em setembro, durante audiência no Congresso, o ministro Paulo Guedes se manifestou contra o aumento do salário mínimo. Afirmou que, em tempos de crise, isso seria “condenar as pessoas ao desemprego”. Desconsiderou a inflação.
O Dieese estima que 50 milhões de pessoas têm rendimento referenciado no salário mínimo. E, com o reajuste, calcula em aproximadamente R$ 30 bilhões o incremento de renda na economia brasileira.
Quando todos nós dizíamos que os patifes da Lava Jato tinham como principal encomenda entregar o petróleo do povo brasileiro para as grandes corporações internacionais, era sobre isso que assistimos hoje que falávamos.
O teatro todo ensaiado pela mídia e Moro para criminalizar o PT, Lula e Dilma e aplicar um golpe atrás do outro na democracia, está sendo desmascarado cada dia mais pelos vazamentos revelados pelo hacker com liberação do STF.
Soma-se a isso a falta de provas contra Lula. As tais provas que Moro nunca apresentou em sua sentença, jamais apareceriam, porque simplesmente a Força-tarefa da Lava Jato nunca as encontrou para apresentar a Moro, porque não houve qualquer crime de Lula.
Agora resta para essa xepa do golpe, como Moro, Carlos Fernando dos Santos Lima, sem prestígio na mídia, apelar para um blog de segunda como o de Diogo Mainardi para tentar fabricar teorias conspiratórias contra a Lava Jato.
A grande questão da Lava Jato tucana sempre foi destruir a Petrobras, entregá-la aos pedaços ao capital internacional. Só que a vida real é um pouquinho diferente e, agora, veem Bolsonaro quebrar o acordo com os ultraneoliberais comandados por Guedes, Globo e cia., porque com os preços dos combustíveis universalizados e, consequentemente dolarizados, a Petrobras, a partir de Temer, golpista que se propôs a fazer o serviço sujo contra o povo, segue os aumentos internacionais de preços do petróleo, enquanto no Brasil o salário dos trabalhadores é nacionalizado, pior, está cada dia mais mutilado.
O resultado é este que assistimos, toda a cadeia da economia sofrendo com a inflação do preço do petróleo, repassando o que pode para o preço dos produtos, sobretudo os alimentos e um tombo de quase 7% no varejo que reflete na indústria brasileira e em todo o mercado interno.
Isso, sem falar no que Bolsonaro se borra de medo, de uma outra greve dos caminhoneiros.
Bolsonaro, lógico, para tentar agradar o mercado que já joga pesado contra ele por quebrar o pacto de sangue com o inferno neoliberal, não quer saber de repasse dos custos para a redução de impostos. Isso é um paliativo efêmero que não resolve a estabilidade de quem ganha muito lá fora com o petróleo do povo brasileiro.
Essa política de Temer, Guedes e Bolsonaro produziu a maior desvalorização cambial da moeda brasileira no mundo. O resultado é simples, disparada do dólar, mais a disparada do petróleo, mais o desemprego em massa, a precarização quase total dos trabalhadores brasileiros.
Soma-se a isso um presidente com uma família toda encrencada com a justiça que, depois de sabotar o combate à covid, o que colocou o Brasil como a segunda maior nação com vítimas do mundo. Não bastasse, Bolsonaro sabota a vacinação, porque não quer que o Brasil volte à normalidade para ter manifestações maciças nas ruas contra ele.
O Brasil, que era a grande referência no mundo em termos de vacinação, hoje está sendo considerado o pior nesse quesito.
Qual a solução para tudo isso? Não tem. O neoliberalismo é um caminho de rato, estreito, sem margem de manobra que vai até aonde ele puder transferir bilhões ou trilhões do suor dos povos para os cofres das grandes corporações até exaurir o sistema, e é o que está ocorrendo agora.
Como os golpistas resolverão isso? Não resolverão. Não foi por acaso que FHC quebrou o Brasil três vezes em oito anos e foi considerado até pelo neoliberal, Clinton, um trapaceiro contra seu povo, contra o futuro das crianças brasileiras e, assim, ele entregou o Brasil aos cacos a Lula.
Bolsonaro sabe que o processo de financeirização da Petrobras foi o principal objetivo do golpe tucano-Globo via Lava Jato contra Dilma.
Temer, o rato de bueiro, aceitou fazer o serviço sujo do bando de FHC que esfola o bolso dos brasileiros para dar lucros exorbitantes aos acionistas internacionais da Petrobras.
Pedro Parente, aquele que foi colocado na Petrobras por FHC depois do golpe tramado por ele contra Dilma, já que o PSDB nunca mais voltará a governar o país pelas urnas, agora virou o fantasma que assombra e tira o sono de Bolsonaro.
Com a disparada dos preços dos combustíveis que hoje seguem os preços e interesses internacionais, a Petrobras está matando a economia brasileira que vai continuar sua derrocada em todo o ano de 2021.
Isso significa aumento exponencial de inflação, sobretudo dos alimentos com a dispara absurda do diesel, do gás de cozinha e da gasolina. E Bolsonaro, vendo sua popularidade que já anda em queda ir de vez para o ralo, está em pânico.
A Globo, que defende os interesses internacionais, convoca seus comentaristas vigaristas na Globonews para tentar barrar qualquer virada de mesa na Petrobras, já que Bolsonaro quer a cabeça do presidente da empresa que representa os interesses do grande capital contra a população brasileira. Isso em um país que já apresenta um enorme aumento no grau de endividamento das famílias.
Soma-se a isso, a queda de 6,1% em dezembro passado no varejo do país indicando o rumo da economia brasileira em 2021.