Conjur – Se uma busca e apreensão foi determinada por um juiz considerado suspeito, as provas que dela derivaram são nulas. Com base nesse entendimento, o desembargador federal Paulo Fontes, da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (SP e MS), concedeu liminar em Habeas Corpus para suspender ação penal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva perante a 2ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo. A decisão foi dada na tarde desta sexta-feira (2/7).
A ação tem como base diligências da 24ª fase (operação aletheia) da “lava jato”, que foram autorizadas pelo ex-juiz federal Sergio Moro. Nessas buscas, foram apreendidos arquivos das caixas de e-mails na sede do Instituto Lula, que serviram de base para a acusação.
O ex-presidente foi denunciado pela suposta prática dos delitos de tráfico de influência internacional e de lavagem de capitais, pois, de acordo com o Ministério Público Federal, entre os meses de setembro e outubro de 2011, usufruindo de seu prestígio internacional e acesso a chefes de Estado, teria solicitado e obtido vantagem financeira, supostamente paga por um empresário, a pretexto de influir em ato do Presidente da Guiné Equatorial.
A defesa de Lula requereu o desentranhamento das provas reputadas ilícitas e o trancamento do feito ao juiz, com base nas decisões do Supremo Tribunal Federal (HCs 164.493/PR e 193.726/PR) que consideraram o ex-juiz Moro suspeito e incompetente para julgar o ex-presidente.
“Após reiteração do pedido de trancamento, não houve apreciação até o momento, o que configura constrangimento ilegal a ser sanado por esta via”, diz trecho da manifestação feita ao TRF-3. Informaram, ainda, haver audiência de instrução designada para o próximo dia 13/7/2021, por isso a urgência na análise do pedido.
Narraram ainda que o STF concedeu a ordem (Habeas Corpus 164.493/PR) para anular todos os atos decisórios praticados no âmbito da ação penal do caso “tríplex do Guarujá”, incluindo os atos praticados na fase pré-processual, sendo de nulidade absoluta os elementos exportados da operação aletheia.
Ao apreciar o pedido, o desembargador federal Paulo Fontes considerou relevante a arguição defensiva de que a prova na qual se baseia o feito originário seria nula, ainda que por derivação.
“Com efeito, o artigo 564, I, do CPP, assevera que a incompetência, a suspeição e o suborno do juiz são causas de nulidade. Adiante, o artigo 567 do mesmo Código estabelece que, no caso de incompetência, apenas os atos decisórios devem ser anulados — com o que, ausente menção nesse último artigo à suspeição e ao suborno, sem dúvida mais graves, deve-se entender que tais causas de nulidade atingem também os atos ditos instrutórios”, disse Fontes.
Diante da relevância da argumentação, ele deferiu a liminar para suspender o curso da ação penal em questão, proibindo a prática de qualquer ato, até decisão final da 5ª Turma do TRF-3 no Habeas Corpus.
A mais deslumbrada das procuradoras da Lava Jato, Thaméa Danelon, uma espécie de Deltan Dallagnol de saias, agora será colunista do programa Terça Livre, que é o principal núcleo de difusão de fake news do gabinete do ódio, comandado pelo fugitivo criminoso, Allan dos Santos.
Isso dá a dimensão da decadência da Lava Jato. A moça, que saracoteava nos programas mais badalados da mídia brasileira, agora dá entrevistas a essas figuras do submundo político, mostrando que, depois que Moro foi considerado pelo STF um juiz ladrão em sua panaceia contra Lula, o passe dessa turma toda não vale centavo e mostra com bastante precisão como parte do Ministério Público estava totalmente apodrecida.
Aliás, gostaria de saber qual é a posição do Ministério Público ao saber que uma funcionária de um programa bandoleiro como o Terça Livre, comandado por Allan dos Santos que faz ataques pesadíssimos ao STF.
Seja como for, a ex-mocinha do bang-bang curitibano que atuava em São Paulo, mostra o nível de conduta ética dos lavajatistas e por que ajudaram a destruir o país e, junto, ajudaram a eleger um fascista, responsável por boa parte das centenas de milhares de mortes por covid no Brasil.
Tudo isso em nome de um suposto ridículo de “combate à corrupção”, com o apoio do gado de sempre.
Depois de vencer o ex-juiz da Lava-Jato no STF, petista estuda com sua defesa acionar Moro por danos morais.
Sergio Moro que se prepare. Tão logo ganhe a batalha no STF sobre a suspeição do ex-chefe da Lava-Jato, Lula abrirá um novo bombardeio na Justiça com ações por danos morais contra Moro.
A questão será tratada por Lula com seus defensores tão logo os ministros do STF concluam, no próximo dia 23, o julgamento da guerra do petista contra Moro.
Declarado suspeito no Supremo, o ex-juiz será parte do discurso eleitoral de Lula que voltará a martelar, agora com respaldo judicial do STF, que foi perseguido por Moro, que é a alma mais honesta, que não teve corrupção na Petrobras.
A jurista e professora de Direito Carol Proner condenou a política externa para a América Latina do governo Joe Biden, nos Estados Unidos. Segundo ela, Biden investe em uma estratégia geopolítica que busca fortalecer a influência norte-americana na região.
Integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Carol apontou para o caso do México, onde a ONG Mexicanos Contra a Corrupção foi denunciada pelo presidente Andrés Manuel López Obrador como objeto de interferência norte-americana. “E o presidente dos EUA diz que seguirão financiando as ONGs e os jornalistas a denunciar e combater a corrupção internacional, de modo que notamos claramente que o governo Biden não só não mudou essa técnica lavajatista como intensificou”, disse.
Ela comentou ainda a carta de 20 congressistas norte-americanos pedindo que as informações sobre como o Departamento de Justiça cooperou com a Operação Lava Jato sejam tornadas públicas. “Por isso que essa carta tem uma importância, mas a possibilidade de sabermos o que acontece, imagino que seja muito difícil. Porque a questão da corrupção é uma estratégia regional, geopolítica, estrutural, fundamental para a América Latina, agora entrando fortemente na América Central”.
“Estamos discutindo isso no Parlasul, na Comissão de Direitos Humanos, instrumentos de autodefesa que os Estados daqui da região têm que ter com relação à extraterritorialidade e à submissão da nossa jurisdição à jurisdição de outro país. Portanto, o Brasil tem que demandar essas questões. Setenta parlamentares brasileiros também foram aos Estados Unidos pedir informações ao Departamento de Justiça, porque isso é de interesse nacional. Estamos falando aí da Petrobras, a Eletrobras…”, completou a jurista.
Delação de advogado aprovada na PGR aponta que o juiz teria até influenciado uma eleição política. Entre as provas, está um áudio com a voz do magistrado.
Larissa Borges, Veja – Em outubro do ano passado, um advogado pouco conhecido em Brasília, mas famoso em algumas rodas do Rio de Janeiro, telefonou para o Supremo Tribunal Federal (STF). Havia muito se ouvia falar dele em gabinetes importantes da capital. Assustado, o criminalista acabara de ser alvo de mandados de busca e teve celulares e computadores apreendidos pela Polícia Federal. Nythalmar Dias Ferreira Filho, de 31 anos, queria uma audiência com o ministro Gilmar Mendes, um crítico ferrenho dos métodos considerados pouco ortodoxos empregados pelos investigadores da Lava-Jato. Ele se dizia vítima de perseguição e queria consultar o ministro sobre a possibilidade de obter um acordo de colaboração. Em troca de benefícios, se propunha a testemunhar e apresentar provas de graves ilegalidades que, segundo ele, foram cometidas pelo braço fluminense da operação. Sem saber exatamente do que se tratava, Mendes não o atendeu. O advogado, porém, não estava blefando e insistiu com outras autoridades. O que ele estava disposto a contar, afinal, tinha tudo para se transformar em mais um ruidoso escândalo judicial.
SOB PRESSÃO - Nythalmar: o advogado gravou a negociação que será usada como prova contra o juiz – Marcos Tristão/.
Em outubro do ano passado, um advogado pouco conhecido em Brasília, mas famoso em algumas rodas do Rio de Janeiro, telefonou para o Supremo Tribunal Federal (STF). Havia muito se ouvia falar dele em gabinetes importantes da capital. Assustado, o criminalista acabara de ser alvo de mandados de busca e teve celulares e computadores apreendidos pela Polícia Federal. Nythalmar Dias Ferreira Filho, de 31 anos, queria uma audiência com o ministro Gilmar Mendes, um crítico ferrenho dos métodos considerados pouco ortodoxos empregados pelos investigadores da Lava-Jato. Ele se dizia vítima de perseguição e queria consultar o ministro sobre a possibilidade de obter um acordo de colaboração. Em troca de benefícios, se propunha a testemunhar e apresentar provas de graves ilegalidades que, segundo ele, foram cometidas pelo braço fluminense da operação. Sem saber exatamente do que se tratava, Mendes não o atendeu. O advogado, porém, não estava blefando e insistiu com outras autoridades. O que ele estava disposto a contar, afinal, tinha tudo para se transformar em mais um ruidoso escândalo judicial.
Cinco meses depois dessa primeira tentativa, Nythalmar assinou um acordo com a Procuradoria-Geral da República. VEJA teve acesso à íntegra dos anexos apresentados pelo advogado — os resumos dos segredos que o colaborador se compromete a revelar às autoridades. O alvo principal do delator é o juiz Marcelo Bretas, responsável pelos processos da Lava-Jato no Rio de Janeiro. O magistrado ganhou notoriedade pelo seu trabalho à frente da 7ª Vara Federal em processos que resultaram na prisão de políticos importantes, como o ex-presidente Michel Temer e o ex-governador Sérgio Cabral, e de empresários do porte de Fernando Cavendish, ex-dono da construtora Delta, e Eike Batista, que já foi um dos homens mais ricos do país. Segundo o criminalista, Bretas não é imparcial. Muito pelo contrário. Ele se comporta como policial, promotor e juiz ao mesmo tempo: negocia penas, orienta advogados, investiga, combina estratégias com o Ministério Público, direciona acordos, pressiona investigados, manobra processos e já tentou até influenciar eleições — evidentemente tudo à margem da lei.
A principal delas é a gravação de uma conversa entre ele, o juiz e um procurador da República encarregado da Lava-Jato. Em 2017, os três discutiam uma estratégia para convencer o empresário Fernando Cavendish a confessar seus crimes mediante o oferecimento de algumas vantagens judiciais. No áudio, cuja transcrição faz parte do material obtido por VEJA, o juiz diz a Nythalmar, representante de Cavendish, que havia sondado o Ministério Público sobre um acordo e, caso tudo saísse como combinado, poderia “aliviar” a pena do empresário. “Você pode falar que conversei com ele, com o Leo, que fizemos uma videoconferência lá, e o procurador me garantiu que aqui mantém o interesse, aqui não vai embarreirar”, diz Bretas ao advogado. Leo é o procurador Leonardo Cardoso de Freitas, então coordenador da Lava-Jato no Rio de Janeiro. O procurador também participava da conversa, realizada através de videoconferência. Na sequência, Bretas garante que a sentença do empresário será abrandada.
“E aí deixa comigo também que eu vou aliviar. Não vou botar 43 anos no cara. Cara tá assustado com os 43 anos”, diz o juiz. Conhecido pela rigidez de seus veredictos, Bretas, ao citar os tais “43 anos”, se referia ao pânico que se espalhou entre os investigados quando ele anunciou sua decisão de condenar por corrupção o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, a 43 anos de prisão logo no início da Lava-Jato, em 2016. A sentença imposta a Pinheiro, naquele momento a maior da operação, gerou um temor generalizado nos réus. “Foi boa então você ter colocado 43 no Othon, né?”, elogia o advogado no diálogo gravado. Entre risadas, Bretas confirma: “É, ooo”. A conversa produziu os resultados esperados pela trinca. Logo Cavendish começou a confessar seus crimes e mais tarde assinou um acordo de delação premiada com o Ministério Público. O empreiteiro, entre outras revelações, confessou o pagamento de milhões em propina a vários políticos e, em troca, ganhou o direito de responder ao processo em liberdade.
ACUSAÇÕES - A delação tem oito anexos que tratam de manobras, combinações, estratégias, acordos e negociações ilegais que teriam sido feitas pelo juiz e pelos procuradores da força-tarefa da Lava-Jato no Rio de Janeiro.
No anexo da delação, em que detalha a importância do áudio apresentado como prova da suposta atuação irregular de Marcelo Bretas na Lava-Jato, o advogado diz que a conversa “demonstra de forma inequívoca que o juiz responsável, juntamente com os membros da força-tarefa, montou um esquema paraestatal, ilegal de investigação, acusação e condenação”. “O diálogo demonstra claramente que o juiz não só tinha ciência das colaborações antes de serem fechadas, bem como participava, negociava e intermediava com a ciência, participação e cooperação do MPF nas investigações, fato este gravíssimo”, relata o delator. Para garantir o direito de qualquer cidadão a um juiz imparcial, a lei proíbe que julgadores se aliem a acusadores ou a advogados em busca de um resultado judicial comum, que participem da produção de provas ou integrem as negociações para a formalização de acordos de colaboração. Qualquer atitude nesse sentido fere o devido processo legal e torna-se uma afronta ao estado democrático de Direito. No ano passado, o STF anulou uma condenação no caso Banestado por considerar que o então juiz Sergio Moro atuou de forma ilegal ao colher o depoimento de um delator e anexar documentos ao processo sem avisar a defesa.
ANEXO IV - Gilmar Mendes: o advogado revela trama para constranger o ministro – Cristiano Mariz/VEJA
Desde 2016, Nythalmar Ferreira atuava na Vara comandada por Marcelo Bretas. A proximidade dele com o juiz sempre suscitou rumores de que o jovem advogado recebia tratamento privilegiado, especialmente devido à sua rápida ascensão profissional e à invejável carteira de clientes que conquistou, o que lhe rendeu, inclusive, a investigação por tráfico de influência que resultou nas buscas em seu escritório. No acordo de delação, o advogado faz um raio-X de suas relações com o juiz da Lava-Jato fluminense e relata que de fã incondicional de pautas lavajatistas passou a presenciar pressões para que réus confessassem crimes em troca de penas mais brandas ou, no caso de empresários, a sobrevivência de seus negócios. Em um dos episódios mais notáveis desse comportamento impróprio, revela o delator, o juiz intermediou um acordo informal com o ex-governador Sérgio Cabral em que a moeda de troca seria poupar a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo das investigações de corrupção.
ARDIL - Paulo Preto: manobra envolvia o processo de operador financeiro – Marivaldo Oliveira/CÓDIGO19/Agência O Globo.
No Anexo II do acordo de colaboração, Nythalmar afirma que, por volta de maio de 2018, a pedido do filho de Cabral, procurou Bretas com a proposta de livrar Adriana. O juiz concordou, ajustou os detalhes com o procurador Eduardo El Hage, então chefe da Lava-Jato no estado, e deu orientações para que Cabral e a ex-primeira-dama redigissem uma carta de próprio punho “abrindo mão de todo o patrimônio”. Para dissimular a combinação, Nythalmar afirma que o MP recorreu da decisão — tudo acertado entre as partes. Preso em Bangu 8, Sérgio Cabral passou a confessar seus crimes a Bretas em junho de 2018. Em agosto do mesmo ano, o magistrado revogou a prisão domiciliar de Adriana Ancelmo e autorizou que ela respondesse às acusações em liberdade. O delator informou que tem guardada uma gravação que “demonstra a participação, ciência e aquiescência de acordo similar” ao do ex-governador.
ACORDO INFORMAL - Cabral: orientado pelo juiz a escrever uma confissão de próprio punho – Jason Silva/AGIF/AFP
Desde o início da operação, os investigadores da Lava-Jato nunca esconderam suas desconfianças em relação à atuação dos juízes dos tribunais superiores de Brasília. No Anexo IV da delação, Nythalmar revela que Bretas e os procuradores se uniram numa manobra que constrangeria o ministro Gilmar Mendes, relator dos casos que envolviam o Rio de Janeiro. Em São Paulo, havia uma investigação que tinha como alvo o ex-presidente da empresa paulista de infraestrutura rodoviária (Dersa) Paulo Preto, apontado por delatores como operador financeiro do PSDB. Gilmar, como se sabe, tem ligações históricas com políticos do partido — ele foi indicado ao STF pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na tentativa de pegar algum elo entre o investigado e o ministro, Bretas e os procuradores fluminenses tentaram transferir essa investigação para o Rio de Janeiro. Além do constrangimento, a mudança de jurisdição poderia ser usada como argumento para a escolha de um novo relator do caso. O objetivo da manobra era abrir “caminho, na visão deles, para a Lava-Jato de São Paulo ocorrer no Rio de Janeiro com mais tranquilidade, sem ser tolhida ou vigiada pelo ministro Gilmar Mendes”. O delator informou que é possível recuperar a troca de mensagens que existe entre ele e o juiz que detalham ponto a ponto essa estratégia.
Punido recentemente pelo Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF2) por ter participado de atos políticos ao lado do presidente Jair Bolsonaro, Marcelo Bretas até há pouco tempo não escondia sua proximidade com detentores de mandatos eletivos. O mais notório deles, o ex-governador do estado Wilson Witzel (PSC), afastado do cargo após um processo de impeachment. Witzel e seu adversário nas eleições de 2018, o atual prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD), protagonizam um tormentoso anexo do acordo de delação de Nythalmar. Sob o título de “interferências nas eleições de 2018”, o terceiro capítulo da colaboração premiada do advogado acusa Bretas de ter atuado deliberadamente para influenciar o resultado das eleições que alçaram Witzel ao Palácio Guanabara. Às vésperas do primeiro turno da disputa de 2018, o juiz teria vazado o depoimento de um ex-assessor de Paes, então líder nas pesquisas de intenção de voto, acusando o candidato de envolvimento em fraude de licitações e recebimento de propina. O delator informou ter ouvido do próprio Bretas a revelação de que ele nutria antipatia pelo ex-prefeito e que “foi importante que a população fluminense soubesse quem era Eduardo Paes antes da eleição”.
Ainda de acordo com o delator, em busca de um armistício, já no segundo turno, o candidato Paes teria se comprometido, caso eleito, a nomear uma irmã de Bretas para uma secretaria no futuro governo. Nesse mesmo período, Nythalmar afirma ter havido outra negociação incomum envolvendo o juiz, Eduardo Paes e Wilson Witzel. Segundo ele, após ser derrotado por Witzel, Paes fez um acordo informal com o magistrado, por meio de um advogado de sua campanha, garantindo que abandonaria a política “em troca de não ser perseguido”. Witzel, por outro lado, nomeou Marcilene Cristina Bretas, a irmã do juiz, para um cargo na Controladoria-Geral do Estado. A VEJA, o juiz Marcelo Bretas disse que não conhece o teor da delação de Nythalmar, mas afirmou que não há irregularidades no trabalho da 7ª Vara e desqualificou as acusações de que atuaria com parcialidade na condução da Lava-Jato fluminense. “A pessoa pode falar o que quiser. Já há algum tempo querem achar alguma coisa para indicar (contra mim), mas vamos esperar que alguém demonstre alguma coisa, porque falar realmente é muito fácil”, disse. O áudio, no caso, atrapalha o raciocínio do magistrado.
Aprovado pela Procuradoria-Geral da República, o acordo de delação do advogado ainda precisa ser homologado pela Justiça. Se isso acontecer — e se ele efetivamente conseguir provar todas as graves acusações que fez —, estará aberto o caminho para um segundo capítulo da Vaza-Jato. Em 2019, a partir da divulgação de diálogos captados por criminosos virtuais, a atuação da força-tarefa da Lava-Jato em Curitiba foi posta em xeque, manchando a credibilidade da operação e a imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro. Com as revelações de Nythalmar, o braço carioca da operação passa a correr o mesmo risco.
O ex-presidente Lula montou um esquema pelo qual foi remunerado por palestras jamais feitas, uma forma de receber de volta por favores que concedeu a empresas — sustentavam há mais de cinco anos procuradores do Ministério Público Federal ligados à Operação Lava Jato.
Porém, é mentira.
Um relatório do Instituto Lula com fotos e todas as palestras do ex-presidente no mundo foi confeccionado quando a acusação surgiu.
Entre 2011 e 2015, foram 72 palestras empresariais pagas para 45 empresas.
O Ministério Público e a Polícia Federal não conseguiram provar qualquer irregularidade e, com isso, o processo sobre as palestras foi arquivado pela juíza Gabriela Hardt, que desbloqueou os bens do ex-presidente Lula ligados ao espólio da ex-primeira dama Maria Letícia.
A fila anda e Moro já foi completamente descartado pela mídia tradicional e blogueiros que vieram da mesma mídia e pegaram carona no ex-cometa da Lava Jato, Sergio Moro.
Ou seja, do ponto de vista político, Moro caiu em desgraça, saiu do anonimato e voltou para o nada, como bem sentenciou Gilmar Mendes. Agora ele está naquele já conhecido lugar nenhum reservado às celebridades instantâneas que, em pouco tempo, são colocadas no limo por não atenderem mais aos interesses das classes dominantes.
Moro foi até longe demais. O refluxo que enfrenta agora é fruto, por ora, de uma contaminação que deve ser evitada, assim como faz Mainardi, que se colocava como sócio de sua candidatura à presidência em 2022 e, agora, simplesmente deletou o seu nome dos posts do Antagonista.
A direita é assim mesmo, pragmática. Ela não quer perder vela com defunto ruim, sobretudo quando o assunto é a suposta terceira via que está sendo disputada entre pangarés eleitorais para ver quem pode dar um caldo qualquer para se chegar em 2022 com um nome que ao menos possa negociar com Bolsonaro, se este for mesmo candidato e a CPI da Covid não terminar em impeachment.
O fato é que os ventos mudaram completamente depois que o STF codificou o que já era consenso da sociedade.
Moro agiu contra Lula como um gangster jurídico, utilizando as formas mais vis para dar conta de seu objetivo, o de tirar Lula do combate em 2018, assim como também fez com Dilma, em que a Lava Jato foi decisiva na parceria com Aécio para promover o golpe e colocar Temer no poder.
O que impressiona é a velocidade com que se cria uma divindade midiática nesse país, e mais impressionante ainda é como ela desaba da noite para o dia quando esta perde qualquer valor institucional.
Um dos grandes problemas da Lava Jato foi a república de Curitiba criar um enredo horrivelmente medíocre, independente de bordar uma legenda indecente nas imagens que construía na mídia, a brutalidade da narrativa que dependia mais da máscara exótica do que da explicação, criou um modo inconfundível de contar porcamente uma mentira.
Essa mentira deveria virar uma espécie de esperanto na mídia.
Com o tempo, essas fartas provas que engrossaram a corrente da fraude judicial, absolutamente pobre de imaginação, enfrentaram uma saraivada de críticas contra o teatralismo pitoresco que definiria como fenômeno de mídia uma operação policial.
Com isso, a Lava Jato por si só transformou-se no único tribunal supremo, ela investigava, inventava o enredo, julgava, condenava e, sobretudo, publicizava como símbolo grandiloquente do combate à corrupção.
Estávamos diante de um juiz milagreiro que, agora, transformou-se numa fúnebre caricatura do que sonhava ser.
Do outro lado, estava Lula, a principal vítima de toda a trama que tinha origem na própria mídia em harmonia com a república de Curitiba, para mexer com os sentimentos da população e transformar Lula num eterno bandido.
O problema que começa a transformar o terreno de Moro em um campo alagadiço já se dá na própria estética oficial que aparece no interrogatório de Moro a Lula.
O temperamento de Lula deu unidade irretocável aos seus valores, enquanto do outro lado, um juiz inseguro, como é comum aos que têm vocação à mediocridade, viu-se sem rumo, ficando perceptível que quem estava da defensiva não era o acusado, mas o próprio juiz.
Não era de se estranhar, simplesmente porque Lula sabia quem ele era e Moro também sabia perfeitamente bem quem ele era, que dependia de um figurino de herói pintado pela mídia para sustentar toda a podridão que produziu para brincar de polícia e ladrão com quem não deu vírgula de brecha aos que o interrogaram.
Lógico que Lula, além de ser absolutamente inocente, estava fortalecido naquilo que interessa, sua consciência. Do outro lado, acontecia justamente o oposto. E é aí que entra a genialidade política de Lula e a mediocridade de Moro e dos procuradores.
A precisão das respostas, a inclinação do corpo, o tempo e a inversão do protagonismo mostraram claramente o abismo que separa um gênio político de um juiz miseravelmente medíocre.
Essa é apenas uma fração de um extenso exemplo do que ocorreu durante todo o processo da Lava Jato. E aqui se fala de um juiz que teve todos os holofotes e torcida da mídia e, do outro lado, toda uma campanha de execração pública contra Lula, mas que ainda assim, como já mostrava na campanha de 2018, Lula teria dado um baile político com os pés nas costas do minúsculo Moro.
O que o STF fez foi somente ratificar a gigantesca diferença entre um anão moral que se fantasiou de juiz e o maior gênio da política brasileira que se transformou numa das mais importantes, senão a maior liderança política da atualidade no planeta.
Nada se comparara ao discurso de ódio promovido pela mídia contra o PT, Dilma e, sobretudo, Lula nessa última década no Brasil.
A Lava Jato nasceu daí e não o oposto. Que isso fique bem claro.
Moro é um vírus oportunista que só apostou na fraude lavajatista porque tinha comprador para a farsa na grande mídia, o que sempre ficou explícito.
Mas essa forma de luta política extremamente brutal que permitiu a ascensão do fascismo genocida no Brasil, acabou.
O faroeste curitibano não tem mais mocinho e, assim, não há mais clima para linchamentos midiáticos contra Lula.
A figuração de juiz implacável contra a corrupção foi destruída pelo juiz corrupto que Moro é e que o Brasil todo já sabe. Daí a razão porque ele tem mais de 60% de rejeição nas pesquisas de opinião entre os presidenciáveis.
Palha colhida, não há mais nada além de piruá de pipoca no fundo da panela midiática.
O rosário de capim que a mídia ofereceu à classe média verde e amarelo transformou-se num rolete de fumo contra Moro que, por sua vez, alçou um genocida à presidência da República.
A Lava Jato desabou e, junto com ela, a mídia desmoronou.
Essa mídia falida terá que voltar a si numa manhã qualquer para se livrar do cheiro de enxofre impregnado nas redações.
O “tudo contra Lula” virou folha seca depois de um corrupio frenético que o STF deu contra o lavajatismo militante.
Não há sequer novelo para se tentar encontrar um novo fio da meada. A mídia está amarrada ao pé da mesa de uma fraude desmascarada.
Isso é um fenômeno oposto ao que se viu no Brasil durante os anos de Lava Jato com quem a mídia fez pacto de sangue.
Hoje, é raro um brasileiro que não guarda na memória a desmoralização de Moro, Dallagnol e seus procuradores de estimação.
A morcegada curitibana, faminta por poder, transformou-se num saco murcho, e não há como a mídia colher mais nada desse deserto para atacar Lula.
E se a mídia não tem mais nada nas mãos para atacar Lula, em seu assovio de guerra, só sobrou o pânico, suor frio e a cabeça pendida, como a do próprio herói de barro que ela criou.
Nada adianta Merval Pereira se debater como peixe em lago seco, menos ainda o Estadão terá na manga qualquer munição contra Lula.
Botinada não ganha jogo, que fará campeonato.
Uma manada se dispersa facilmente quando o berrante não tem som, ou quando o tocador de chifre não tem mais embocadura para roncar verdades fabricadas em redações.
Tudo vira um ar vazado entre as laterais do bico do trombeteiro.
Com isso, toda essa gente que tem horror à palavra igualdade e que pegou garupa na Lava Jato, não tem mais como seguir defendendo a equitação vampírica dos banqueiros e rentistas nas costas do povo.
Toda essa guerra da Lava Jato contra a corrupção, nunca foi contra a corrupção mas contra o PT, Dilma e Lula. Isso até o mais inocente dos brasileiros já sabe.
Como não dá para devolver a pasta de dente esparramada para o tubo, o futuro da mídia e sua arrogância antipovo será outro depois de enterrada a Lava Jato.
Quando o Estadão escreve que não ficou comprovada a inocência de Lula, ele faz o que toda a mídia fez, leu a constituição de cabeça para baixo, porque não cabia a Lula provar sua inocência, mas sim a Lava Jato provar a sua culpa nos crimes dos quais foi acusado.
E não há essa culpa em lugar nenhum na sentença proferida por Moro. Não foi sem motivo que ele condenou Lula por uma abstração retórica chamada “ato de ofício”.
Trocando em miúdos, Moro condenou Lula por condenar, porque deu em sua caixola, porque, na realidade, ato de ofício não tem qualquer significado do ponto de vista probatório, apenas a arrogância de quem, diante de uma realidade nua e crua, não recebeu qualquer denúncia do Ministério Público com provas e, por isso, Moro, não as tendo, proferiu uma sentença sem provas, simples assim.
Para sublinhar, o mesmo Moro ainda diz, “Este juízo jamais afirmou na sentença, ou em lugar algum, que os valores obtidos pela construtora OAS nos contratos com a Petrobras foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-presidente”.
Por isso o ministro do STF, Alexandre de Moraes, fez questão de replicar essa fala de Moro dita pouco antes por Cristiano Zanin, advogado de Lula, para deixar claro que o próprio Moro confessou não ter absolutamente nada de concreto para condenar Lula. Daí os tais atos de ofício.
Mas por que Moro se sentiu seguro para condenar e manter Lula preso por 580 dias? Ora, porque a mídia já o havia condenado publicamente. E isso era parte do plano, é só lembrar da matéria do Le Monde que revela o que os lavajatistas ouviram da norte-americana Karine Moreno-Taxman, especialista em combate à lavagem de dinheiro e ao terrorismo:
“Para que o Judiciário possa condenar alguém por corrupção, é preciso que o povo odeie essa pessoa”, afirmou depois, sendo mais explícita. “A sociedade deve sentir que ele realmente abusou de seu cargo e exigir sua condenação”, completou, para não deixar dúvidas.
E como se constrói isso? Foi o próprio Dallagnol que não cansou de repetir que, sem o apoio da mídia que comprava todas as mentiras da Lava Jato por conveniência política, eles não teriam êxito, mais que isso, a Lava Jato contratou uma consultoria de marketing para dar assessoria à autopromoção dos procuradores e do próprio juiz.
Ou seja, tudo tinha que parecer verdade, mas todos sabiam que era mentira. Todos, de alguma forma, foram culpados por construírem juntos, através de tratados e negociatas, uma história medíocre nas telas, dirigida a transformar Lula no retrato da corrupção brasileira para que aquele presidente que havia saído do segundo mandato com 87% de aprovação se transformasse em matéria morta e, em seguida, ser açoitado no tronco de Curitiba.
Por isso hoje vimos o nostálgico Estadão tentar, de forma ridícula e totalmente tardia, remontar a máquina de propaganda nazista criada para transformar Lula naquilo que era o desejo de Moro e da mídia que, numa terceirização informal, havia substituído o PSDB para fazer o papel de oposição.
Essa saudade lírica dos tempos áureos da Lava Jato é uma tentativa não só do Estadão, mas da mídia brasileira de construir uma rotação inversa à da terra com cambalhotas sobrenaturais, comuns à própria treva que tratou os diabos menores da Lava Jato como divindade e, hoje, não tem como transformar os próprios pesadelos que estão tendo com a volta de Lula em algo que não seja molecagem de quem, tudo indica, passará para a história como uma mídia histérica e manipuladora em perfeita harmonia com a crueldade olímpica feita contra Lula como se fosse a lei natural da vida.
Os verdadeiros bandidos de toda essa armação, seja Moro, os procuradores, ou os seus colaboradores na mídia, já se eximiram de qualquer culpa e não terão o menor problema em seguir uma vida normal depois de bancarem os carrascos do ex-presidente, deixando uma mancha gigantesca na história do judiciário e do jornalismo brasileiro.