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Justiça

Familiares de Mauro Cid pedem delação e clã Bolsonaro se se desespera

A família do tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), não compactua com a postura do militar de proteger o ex-chefe. Ele está preso desde maio por supostamente participar de um esquema de falsificação de certificados de vacinação contra Covid-19, que teria beneficiado seus familiares, aliados e o próprio Jair Bolsonaro, além de sua filha mais nova, Laura, diz o 247.

Após a prisão, foram revelados áudios de Mauro Cid tramando um golpe de estado junto a Ailton Barros, também preso no mesmo esquema das vacinas. Cid é considerado peça-chave para se chegar a Bolsonaro, já que esteve muito próximo ao ex-mandatário nos últimos anos e é visto como uma ‘memória externa’. O militar era tão próximo do clã Bolsonaro que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro recebia depósitos de Cid.

Desde que foi preso, Cid se manteve fiel a Bolsonaro. No entanto, sua família ainda considera a delação premiada uma possibilidade, informa Bela Megale, do jornal O Globo.

“No mês passado, o ex-ajudante de ordens trocou o advogado Rodrigo Roca, homem de confiança de Flávio Bolsonaro, pelo advogado Bernardo Fenelon, que tem experiência em delações. Auxiliares de Bolsonaro têm se queixado que o novo defensor de Cid não os abastece de informações sobre o militar”, complementa a jornalista.

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Justiça

Mauro Cid confirma que Bolsonaro pediu para reaver joias apreendidas

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, prestou novo depoimento à Polícia Federal. Ele falou sobre o escândalo das joias sauditas.

Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prestou novo depoimento hoje (22) à Polícia Federal. Desta vez, o delegado Adalto Machado ouviu o militar no âmbito de inquérito que investiga suposta apropriação indevida de joias e armas por Bolsonaro. Cid confirmou que o ex-presidente pediu para que pessoas próximas a ele tentassem retirar joias sauditas apreendidas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, segundo a RBA.

De acordo com Cid, Bolsonaro pediu pessoalmente a ele que apurasse a possibilidade de pegar os itens em dezembro de 2022. Além destas joias, Bolsonaro se apropriou indevidamente de outros itens, muitos já sob custódia da Justiça. Bolsonaro não poderia tomar estes itens, presentes de autoridades do Oriente Médio. De acordo com juristas, a suposta ação pode ser classificada como criminosa, enquadrada em artigos como o de peculato, no Código Penal, além de enriquecimento ilícito na Lei de Improbidade Administrativa.

O depoimento ocorre uma semana após outra oitiva envolvendo Cid. Na ocasião anterior, o ex-ajudante de ordens ficou calado durante 40 minutos, questionado sobre outra investigação, a da operação Venire, que identificou fraudes em cartões de vacinação de Cid, além de membros da família Bolsonaro. Dias depois, sua esposa, Gabriela Cid, admitiu diante dos policiais que o militar foi responsável por adulterar os registros de vacinação.

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Justiça

Tales: Cid está em encruzilhada: ou entrega o chefe ou afunda sozinho

Mauro Cid está numa “encruzilhada” entre salvar a si mesmo ou afundar sozinho, sem ajuda do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), diz Tales Faria, Uol..

Mauro Cid será ouvido pela Polícia Federal nesta segunda-feira (22) nas investigações das joias sauditas apreendidas pela Receita Federal, no Aeroporto de Guarulhos.

Mauro Cid realmente está numa encruzilhada: ou ele nega a versão do Bolsonaro, e aí entrega o chefe; ou ele próprio fica sozinho e afunda no mar de lama que foi a administração Bolsonaro”.

Agora, ele está nessa encruzilhada: nesses casos, o silêncio acaba sendo uma arma de defesa, mas também uma forma gritante de se saber que o sujeito está numa encruzilhada”.

Mauro Cid participou de muita coisa. Vale lembrar na CPI da Covid do caso do deputado Luís Miranda, que ligou para Mauro Cid no fim de semana e foi encontrar Bolsonaro no Alvorada para falar do superfaturamento das vacinas. Mauro Cid sabe de muita coisa”.

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Opinião

Bolsonaro na corda bamba, com medo do que Mauro Cid possa contar

Mentir é uma doença contagiosa

O celular do tenente-coronel Mauro Cid é mais loquaz do que seu dono. O que significa que o dono, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro nos últimos quatro anos, guarda na memória mais segredos do que os encontrados pela Polícia Federal no seu celular.

É por isso que Bolsonaro bate e assopra em Mauro Cid, inseguro quanto à melhor forma de tratá-lo. Ora o repele, ora o afaga. Mauro Cid calou-se no depoimento à Polícia Federal – quem falou foi sua mulher sobre a fraude nas carteiras de vacinação.

Mas ele será convocado novamente a depor. Bolsonaro treme só a saber disso. Delação? Os novos advogados de Mauro Cid garantem que ele jamais delatará ninguém. Colaborar, porém, é outra história, e ele já estaria colaborando com as investigações.

Que diferença há entre delatar e colaborar? É uma questão hermenêutica, e advogados são craques nisso. A palavra “delação” perdeu prestígio ao longo dos anos da Lava-Jato. Cedeu o lugar a “colaborar”, menos forte e mais simpática.

Desde que Mauro Cid foi preso, há 15 dias, Bolsonaro, indiretamente, referiu-se a ele dizendo de início:

“Ao que tudo indica, alguém fez besteira”.

Depois, disse:

“Foi um excelente oficial do Exército”.

E depois:

“Peço a Deus que ele não tenha errado, e cada um siga sua vida”.

E depois ainda:

“Não quero acusá-lo de nada”.

Por fim, elogiou-o e disse considerá-lo “um filho”.

ai algum espera ser traído por um filho. Elevado à categoria dos quatro filhos Zero de Bolsonaro, Mauro Cid deveria mirar no exemplo deles. Ou seja: obedecer ao pai acima de tudo, do Brasil e até mesmo de Deus, se for o caso; jamais duvidar de sua sabedoria.

Compreender que o pai sempre os protegerá, mas no limite, se absolutamente necessário para salvar-se, poderá sacrificar um deles. Carlos, o Zero Dois, carrega a ferida profunda de ter derrotado a própria mãe ao se eleger vereador por exigência do pai.

A ferida sangra até hoje. Carlos nunca gostou de política, e não gosta. De vez em quando, ameaça deixá-la, mas o pai não permite. Flávio anunciou que se candidataria a prefeito do Rio, mas que a última palavra seria do pai. Por enquanto, o pai disse não.

A pergunta de milhões de reais, ou de dólares, é: o que fará Mauro Cid? O patriarca dos Bolsonaro é um exímio carrasco. Quantas cabeças não decepou até aqui para preservar a sua? Começou a entregar mais uma, desta vez por meio de sua mulher.

À revista Veja, Michelle, ao falar sobre as milionárias joias ofertadas ao casal pela ditadura da Arábia Saudita, citou o almirante Bento Albuquerque, ex-ministro das Minas e Energia e portador dos presentes; o de Bolsonaro entrou ilegalmente no país

Michelle afirmou que houve uma falha de comunicação entre as assessorias de Bento e a do seu marido. E que ela e Bolsonaro só ficaram sabendo da situação entre novembro e dezembro de 2022. No caso de suas joias apreendidas pela Receita, comentou:

“O erro aconteceu no fato de a assessoria do Ministério de Minas e Energia não ter comunicado a minha assessoria, já que era um presente endereçado à primeira-dama. Se a assessoria do ex-ministro Bento tivesse entrado em contato, a gente verificaria os trâmites legais para ficar com o presente ou colocar no acervo da Presidência”.

Dito de outra maneira: nem Bento Albuquerque, nem assessores dele tiveram a gentileza de avisar à Michelle que as suas joias haviam sido retidas pela Receita, e a Bolsonaro que as joias dele estavam guardadas em um cofre do ministério há quase um ano.

Mentira pega. Michelle foi contaminada pelo marido.

*Blog do Noblat

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Opinião

Silêncio de Mauro Cid não impede que seu celular fale pelos cotovelos

Fim de carreira para um oficial que desonrou a farda do Exército.

Só o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordem de Bolsonaro, preso há 15 dias, sabe exatamente o que seu celular pode estar contando à Polícia Federal. Ou, a essa altura, já contou.

Informações vazadas dão conta de que o celular já falou sobre o golpe de 8 de janeiro, que culminaria com a prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Falou que Moraes seria levado para um local incerto e não sabido, próximo a Brasília. Uma vez devolvido ao poder pelos militares, Bolsonaro governaria por meio de decretos.

O celular falou longamente sobre o esquema de pagamento de despesas de Michelle, um tipo de rachadinha que causou muita preocupação a Mauro Cid. Michelle manteve-o mesmo assim.

Não bastasse, o celular falou sobre as joias milionárias contrabandeadas da Arábia Saudita e do empenho de Bolsonaro em reavê-las. Parte delas, ele conseguiu reaver, e escondeu.

Loquaz, o celular entregou a história da falsificação da carteira de vacinação de Bolsonaro e de Laura, sua filha, para que o ex-presidente pudesse circular livremente nos Estados Unidos.

O que disse, ontem, à Polícia Federal, a mulher de Mauro Cid, o celular havia antecipado com riqueza de detalhes. Em breve, Mauro Cid voltará para casa. Seu celular delatou por ele.

or acaso, faltou que o celular confirmasse que a fraude da carteira de vacinação de Bolsonaro foi feita por encomenda de Bolsonaro? Talvez. O que dirá Mauro Cid quando for interrogado de novo?

Correrá o risco de desmentir seu celular? Será capaz de assumir sozinho a culpa por falsificar a carteira de vacinação do seu ex-chefe? Queria fazer-lhe uma surpresa? Fez? Esqueceu de fazer?

Que vergonha para o Exército ter em seus quadros um falsificador de carteira de vacinação; um alto oficial que assumiria o comando de uma unidade militar estratégica e de grande poder de fogo.

Ao confessar que viajou aos Estados Unidos com a falsa carteira de vacinação que seu marido lhe deu, a mulher de Mauro Cid quer diminuir o tamanho de sua pena. Porque ela é também criminosa.

Para o tenente-coronel não há salvação. Sua carreira terminou. Não haverá mais lugar para ele no Exército. Será excluído com desonra. Muito triste para seu pai, general da reserva.

É no que dá servir com tanta devoção a quem já foi afastado do Exército por má conduta e só reabilitado depois que se elegeu presidente.

*Blog do Noblat

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Justiça

CPI dos Atos Antidemocráticos convoca Mauro Cid, braço direito de Bolsonaro

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, ele foi preso preventivamente em operação da PF por supostamente fraudar dados de vacinação.

Mauro Cid está convocado para prestar esclarecimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, em andamento na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF). Os deputados distritais aprovaram o requerimento de convocação na manhã desta quinta-feira (18/5).

O pedido, aprovado por unanimidade entre os quatro presentes na sessão, é de Fábio Felix (PSol). O tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) e foi preso preventivamente em operação da Polícia Federal (PF) por supostamente fraudar dados de vacinação contra a Covid-19.

A CPI ainda aprovou mais dois requerimentos. Um deles, do relator, Hermeto (MDB), pede o convite para oitiva de Marco Edson Gonçalves Dias, ex-ministro Chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. O outro requer ao Ministério do Turismo cópias das fichas de registro de hóspedes que estiveram nos hotéis do Setor Hoteleiro Sul e Norte de Brasília, entre os dias 8 e 14 de dezembro de 2022.

Mauro Cid

O braço direito de Bolsonaro ainda é investigado por participação em uma conversa sobre o planejamento de um golpe de Estado no Brasil, segundo divulgado pela jornalista Daniela Lima, da CNN Brasil. A convocação requer o depoimento de Mauro César Cid na condição de testemunha diante dos atos terroristas cometidos por bolsonaristas em Brasília, em de 12 de dezembro de 2022 – data da tentativa de invasão à sede da Polícia Feral (PF) – e em 8 de janeiro de 2023, quando ocorreu a depredação das sedes dos Três Poderes.

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Política

Cúpula militar ‘torce’ pela soltura de Mauro Cid, mesmo com críticas à sua atuação

O depoimento do ex-ajudante de ordens é visto na caserna como mais um episódio que traz desgaste para a imagem dos militares.

Integrantes da cúpula das Forças Armadas são críticos à atuação do coronel Mauro Cid como ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mas creem que o melhor cenário seria soltá-lo, para que respondesse o processo em liberdade, segundo Bela Megale, O Globo.

O depoimento do ex-ajudante de ordens, marcado para esta quinta-feira na Polícia Federal, é visto na caserna como mais um episódio que traz desgaste para a imagem das Forças Armadas.

Na avaliação do Alto Comando, a prisão de três militares no âmbito do inquérito aberto sobre falsificação de cartões de vacina “acirra” os ânimos dos militares com o governo Lula e com o próprio Judiciário.

A leitura de generais feita à coluna é que as prisões de Cid, do sargento Luis Marcos dos Reis, que era subordinado a ele, e do capitão da reserva do Exército, que foi assessor de Bolsonaro, “fomentam o radicalismo”.

Como informou a coluna, o Alto Comando não pretende sair em defesa de Cid ou dos militares presos. A pessoas próximas, o comandante do Exército, o general Tomás Paiva, tem defendido que o assunto envolvendo o ex-braço direito de Bolsonaro é um tema da Justiça e que é nesta esfera que será tratado.

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Política

Cid é preocupação central do entorno de Bolsonaro Após contratação de advogado especialista em delação

A contratação do advogado Bernardo Fenelon, especialista em delação premiada, pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), aumentou o temor de aliados de que o militar acabe por implicar o ex-mandatário nos diversos inquéritos em que ele é investigado. Segundo a jornalista Andréia Sadi, do G1, além do reforço no cerco ao próprio militar, ‘aliados e assessores de Bolsonaro também têm mandado recados para tentar acalmar o pai de Mauro Cid, Mauro Cesar Lourena Cid’.

Cid foi preso pela Polícia Federal no dia 3 de maio em uma operação deflagrada para apurar suspeitas de fraudes nos cartões de vacinação contra a Covid-19 de Bolsonaro e seus familiares, além de aliados próximos, diz o 247.

Ainda segundo a reportagem, “a defesa não é contra usar delação no caso de Cid, mas avalia que não é o instrumento neste momento, pois acabou de assumir o caso e a investigação ainda está em fase inicial. Ao blog, o escritório de Fenelon informou que o advogado somente se manifesta nos autos por respeito ao STF”.

A mudança de advogado foi feita há cerca de uma semana. Até então, Cid era defendido por Rodrigo Roca, próximo ao clã Bolsonaro. “Familiares de Cid, entretanto, avaliaram que Roca estava atuando mais para defender a família Bolsonaro do que o ex-ajudante de ordens”, destaca a reportagem.

A proteção ao militar vem sendo cobrada pelos familiares de Cid e por militares de alta patente. A pressão exercida por estes dois grupos é vista como crucial para que ele decida se irá ou não colaborar com as investigações ou até mesmo fechar um acordo de delação premiada.

Os investigadores avaliam que Cid pode vir a fechar um acordo de delação para proteger a família. A esposa do militar, Gabriela Santiago Ribeiro Cid, prestará depoimento à PF na sexta-feira (19), um dia após a oitiviva do marido.

Bolsonaro, que vem tratando o caso das fraudes nos cartões de vacinação como sendo uma iniciativa do próprio Mauro Cid, deverá depor na terça-feira (16).

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Justiça

PF vê troca de acesso de Bolsonaro em aplicativo do SUS como indício de que Cid não agiu sozinho

Semana decisiva para investigações do caso terá depoimentos de ex-presidente e do ex-ajudante de ordens.

Em uma semana decisiva para as investigações da suposta fraude nos cartões de vacina do ex-presidente Jair Bolsonaro, familiares e assessores, a Polícia Federal tem em mãos elementos para questionar a tese de que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que está preso, atuou sozinho e vê indícios de associação criminosa na trama que envolve o antigo mandatário. Com o avanço da apuração, a PF aponta como principal elemento que mostra o conhecimento de Bolsonaro a troca no e-mail vinculado à conta dele no aplicativo ConecteSUS no fim do governo — a gestão passou do tenente-coronel para Marcelo Costa Câmara, auxiliar que seguiu ao lado do chefe pós-Presidência, segundo O Globo.

O fato deve ser usado para confrontar uma eventual versão de que Cid agiu sozinho, sem a anuência do ex-presidente. O militar, que vai prestar depoimento na quinta-feira, tem sido aconselhado a assumir a própria culpa — Bolsonaro, por sua vez, será ouvido amanhã. O ex-ajudante de ordens também está envolvido em outros casos que podem respingar no antigo ocupante do Palácio do Planalto e em seus parentes. Mensagens reveladas pelo portal Uol e obtidas pelo GLOBO, trocadas entre Cid e duas então assessoras de Michelle Bolsonaro, indicam a existência de uma orientação para que as despesas da ex-primeira-dama fossem pagas em dinheiro vivo. Há nas conversas também o temor de que o episódio, se descoberto, fosse interpretado como um esquema de “rachadinha”, a exemplo da investigação que atingiu o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).

Em outra frente derivada da quebra de sigilo, as mensagens de Cid revelaram uma atuação ativa na articulação do suposto esquema de falsificação dos documentos de imunização, segundo a PF. Dados falsos dele, de sua esposa e filhas também foram inseridos no sistema da Saúde, segundo investigadores, o que o torna beneficiário das fraudes apuradas. Outro braço da ação ocorreu em direção ao ex-presidente.

Passagem de bastão

Segundo a apuração, o login de Bolsonaro no aplicativo ConecteSUS estava associado ao e-mail de Cid até o dia 22 de dezembro do ano passado. Naquela data, foi gerado um certificado de vacinação do então mandatário com o registro falso de duas doses da vacina da Pfizer. Minutos depois, o e-mail de login foi alterado para o do coronel Marcelo Costa Câmara, então assessor especial da Presidência — ele foi nomeado para auxiliar Bolsonaro após o final do mandato.

A mudança se deu, segundo a PF, porque Cid estava prestes a deixar a função de ajudante de ordens de Bolsonaro. A partir de 1º de janeiro deste ano, o ex-presidente passaria a ser assessorado por oito auxiliares, sendo um deles o coronel Câmara, homem de confiança do ex-mandatário que viajaria com ele para a Flórida.

De acordo com a PF, a alteração cadastral foi feita a partir da conexão de rede do Palácio do Planalto, outro indício de que Bolsonaro sabia da fraude.

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Política

Um esquema de rachadinha para Michelle Bolsonaro chamar de seu

Ex-primeira-dama é suspeita de apropriar-se do salário alheio para pagar despesas pessoais.

Diálogos exemplares travados pelo tenente coronel Mauro Cid, então ajudante de ordem de Bolsonaro, com Cintia Borba Nogueira e Giselle dos Santos Carneiro de Silva, assessoras de Michelle. Assunto: o pagamento de despesas da primeira-dama.

Michelle usava um cartão de crédito vinculado à conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, funcionária do Senado e sua amiga. Cid pagava a fatura do cartão com dinheiro vivo em uma agência do Banco do Brasil dentro do Palácio do Planalto.

De Cintia para Giselle em 30/10/2020“Então hoje essa situação do cartão realmente é um pouco preocupante. O que eu sugiro para você. No momento que for despachar com ela, você pode falar com ela assim sutilmente, né? Mas eu acho que você poderia falar assim: dona Michelle, que é que a senhora acha de a gente fazer um cartão para a senhora? Um cartão independente da Caixa. Para evitar que a gente fique na dependência da Rosy. E aí a gente pode controlar melhor as contas. Pode alertá-la do seguinte: que isso pode dar problema futuramente, se algum dia, Deus o livre, a imprensa descobre que ela é dependente da Rose, pode gerar algum problema”.

Giselle informa a Mauro Cid que conversou com uma pessoa próxima a Michelle, de nome Adriana, e que a primeira-dama ficou “pensativa”, mas que continuaria a usar o cartão de Rosimary. Mauro Cid então responde:

O Cordeiro conversou com ela (Michelle), tá, também. E ela ficou com a pulga atrás da orelha mesmo: tá, é? É. É a mesma coisa do Flávio [Bolsonaro, senador]. O problema não é quando! É como deputado, rachadinha, essas coisas”.

“Se ela perguntar para você ou falar alguma coisa ou comentar, é importante ressaltar com ela que é o comprovante que ela tem. É um comprovante de depósito, é comprovante de pagamento. Não é um comprovante dela pagando nem do presidente pagando. Entendeu? É um comprovante que alguém tá pagando. Tanto que a gente saca o dinheiro e dá pra ela pagar ou sei lá quem paga ali. Então não tem como comprovar que esse dinheiro efetivamente sai da conta do presidente.”

“O Ministério Público, quando pegar isso aí, vai fazer a mesma coisa que fez com o Flávio, vai dizer que tem uma assessora de um senador aliado do presidente que está dando rachadinha, tá dando a parte do dinheiro para Michelle”.

Em novo áudio para Giselle, em novembro do ano passado, Mauro Cid comenta ainda a propósito do cartão:

“E isso sem contar a imprensa que quando a imprensa caiu de pau em cima, vai vender essa narrativa. Pode ser que nunca aconteça? Pode. Mas pode ser que amanhã, um mês, um ano ou quando ele terminar o mandato dele, isso venha à tona”.

A troca de áudios indica que o esquema evitava transferências bancárias e fazia pagamentos sempre em dinheiro vivo. Em conversa de 8 de novembro de 2021 com Osmar Crivelatti, militar subordinado a Mauro Cid, Cíntia diz:

“E sobre as flores da Patrícia Abravanel [filha do apresentador de tv Silvio Santos], ela falou que é para o Cid fazer o pagamento. Mas ele tinha me falado na semana passada que quando for esses pagamentos de terceiros, é para a gente pegar o dinheiro com ele e fazer o pagamento por aqui, tá? Então eu vou pedir a ele para sacar esse dinheiro e peço ao Vanderlei para pegar lá para a gente fazer o… Vai ter que ser feito um depósito, né? No número daquela conta que você me passou, tá?”

De Giselle para uma pessoa identificada como Vanderlei – “Boa noite, Vand e Cintía. PD (Primeira-dama) falou, eu perguntei para ela se ela queria transferir Pix, né? Tanto para Bia. Daí, ela falou: não, vamos fazer agora tudo depósito, que, aí pede pro Vanderlei fazer o depósito, a gente consegue o dinheiro e faz o depósito. Só que ela não falou como conseguiu o dinheiro, se o dinheiro está com ela, se a gente pega na AJO. Não falou, tá? Ela falou que assim não fica registrado nada, vamos fazer depósito. Então a gente tem que começar a ter esse hábito do depósito”.

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