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Cotidiano

“Dória parabenizou os policiais que assassinaram nossos filhos” diz mãe de vítima do Massacre de Paraisópolis

Em entrevista a TV GGN, a mãe de uma vítima do massacre de Paraisópolis contou a tortura de esperar justiça por quase 4 anos. A primeira audiência do caso ocorreu na terça-feira, 25. Dos 31 policiais investigados, 12 tornaram-se réus no caso.

“Às vésperas do dia que combate a tortura, a gente vai estar diante de um juiz, um promotor, dos advogados, os próprios réus, para poder falar que eles torturaram nossos filhos até a morte.”

Na ocasião, o então governador João Doria, corroborou com a ação da PM e atribuiu as mortes a “bandidos que invadiram o baile”. Imagens mostram policiais chutando uma pessoa e encurralando jovens nas vielas com o uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha.

“Ele parabenizou os policiais que mataram os nossos filhos no mesmo dia, depois ele voltou atrás nas redes sociais dele se retratando”

Maria Cristina Quirino é mãe de Denys Henrique Quirino da Silva, de 16 anos, uma das nove vítimas do massacre de Paraisópolis. Na entrevista ao jornalista Luis Nassif, ela conta que, após a tragédia, se afastou da família para continuar na luta por justiça pela morte do filho.

“A minha família acabou”

Denys adorava dançar funk e “só queria ser um cidadão comum”

Ele chegou a comentar sobre o desejo de começar a estudar no período da noite, para poder conseguir um emprego de carteira assinada. A mãe diz que a tragédia ocorreu antes dele terminar de tirar todos os documentos para a Carteira de Trabalho e o título de eleitor. Denys era o terceiro de quatro filhos, frequentava o ensino médio e gostaria de seguir a carreira militar, para agradar Maria Cristina, que sempre quis um filho no Exército.

“Quando eu perguntava pra ele [Denys] o que que ele queria ser quando crescesse, a única coisa que ele me respondia, era que ele ia servir o exército para me dar alegria.”

O Caso de Paraisópolis
Na madrugada de 1 de Dezembro de 2019, ocorreu uma operação de repressão ao Baile DZ7 na comunidade Paraisópolis em São Paulo. Para conter a multidão, os policiais utilizaram bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e atiraram com balas de borracha. Na tentativa de se proteger da repressão policial, uma parte da multidão estimada de 5 a 8 mil pessoas, correu para uma das vielas da comunidade.

Encurralados pela polícia, a multidão se espremeu na estreita viela do Louro, e os nove jovens de 16 a 23 anos não conseguiram escapar. A versão da polícia alega que os jovens foram pisoteados pela multidão, o laudo da perícia comprovou que 8 dos jovens morreram asfixiados, que pode ter sido ocasionada pelas bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.

*Icaro Brum/GGN

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Vídeo mostra que suposto atentado contra Tarcísio em Paraisópolis foi execução

“O que suspeitamos é que os policiais ligados à campanha executaram uma pessoa e depois inventaram um suposto atentado para criar um factoide político eleitoral”, diz Ariel Castro Alves, do grupo Tortura Nunca Mais.

Vídeos obtidos pela Fórum mostram que o suposto atentado propalado pela campanha de Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), candidato de Jair Bolsonaro (PL) ao governo de São Paulo, em Paraisópolis, na zona sul da capital no dia 17 de outubro, foi uma execução, que assassinou Felipe Silva e Lima, de 27 anos.

“O que nós suspeitamos é que os policiais ligados à campanha do candidato executaram uma pessoa, cometeram um assassinato, e depois inventaram um suposto atentado para criar um factoide político eleitoral. É o que teria ocorrido nesse caso”, diz o advogado Ariel de Castro Alves, presidente do Grupo Tortura Nunca Mais, que acompanha as investigações sobre o caso.

Segundo ele, o vídeo comprova que Felipe estava desarmado. O rapaz aparece em um primeiro momento pilotando uma moto. No outro vídeo, ele está morto no chão, próximo à moto que está caída.

“Existem outras informações conflitantes divulgadas por membros da polícia, de que teriam sido identificados 8 homens suspeitos e armados nas proximidades do local dos fatos, sendo que dois deles estariam portando fuzis, mas nenhuma comprovação disso veio a público até agora”, diz Alves.

Segundo o advogado, chama a atenção ainda o fato de que até o momento não apareceram imagens gravadas por câmeras nos uniformes dos supostos policiais que teriam participado da ação.

“No dia da ocorrência, o secretário de Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos, anunciou que as câmeras usadas no fardamento dos policiais teriam registrado os fatos e seriam usadas nas investigações, mas até o momento não houve nenhuma transparência para que essas imagens fossem reveladas à sociedade, conforme prevê a Constituição Federal e a Constituição Estadual”, afirma.

Em entrevista à Folha de S.Paulo, o cinegrafista Marcos Andrade, da Jovem Pan, disse que filmou um agente da Abin e policiais à paisana, da equipe do próprio Tarcísio de Freitas, disparando tiros em Paraisópolis.

“Aparentemente, ocorreu uma execução, sem confronto nenhum. E diante dos vários disparos feitos pelos PMs, criaram uma versão de confronto, intimidação ou atentado. A pressão para o cinegrafista apagar as imagens, por parte da equipe do candidato Tarcísio, revelada ontem pela Folha, reforça isso”, diz Castro Alves.

A Fórum entrou em contato com lideranças comunitárias de Paraisópolis que dizem não entender até o momento o motivo da agenda de Tarcísio na comunidade, que foi marcada por volta das 21h da noite anterior – domingo, dia 16. Segundo dois líderes ouvidos pela Fórum, não houve convite para a ida do candidato de Bolsonaro a Paraisópolis.

Veja os vídeo:

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Do samba ao funk, o Brasil sempre reprimiu expressões culturais de origem negra e periférica

Ao longo da história, cultura e religiões de matriz negra ou africana foram tratadas com violência pelas autoridades, que se empenham em impedir a ocupação do espaço público.

Na década de 1930 andar pelas ruas do Rio de Janeiro carregando um pandeiro bastava para levar um tapa na cara da polícia e passar a noite na cadeia. Para as autoridades, frequentar uma roda de samba também justificava o esculacho. Mais de oitenta anos depois, a repressão se volta para outro gênero musical: o funk. Basta ir a um baile —ou fluxos, como são conhecidos— nas periferias de São Paulo para estar sujeito a tiro, porrada e bomba. Foi o que aconteceu na madrugada do dia 1º, quando uma ação da Polícia Militar na festa conhecida como DZ7, em Paraisópolis, terminou com nove jovens mortos pisoteados depois de serem encurralados pela tropa.

Após a comoção pelo massacre somada aos vídeos divulgados na Internet com policiais agredindo jovens rendidos com barras de ferro, o governador João Doria (PSDB), até então defensor de ações da PM, ensaiou nesta quinta-feira um recuo. Ele admitiu rever as práticas de abordagem e protocolos da polícia, e se disse “chocado” com as imagens divulgadas. Inicialmente o tucano havia inocentado os agentes antes mesmo do início das investigações, dizendo que a PM não havia tido responsabilidade pela tragédia e que apenas perseguiu criminosos em uma moto que dispararam contra a viatura (nenhuma imagem desta perseguição veio à tona até o momento da conclusão desta reportagem).

Ao longo da história do Brasil, mudou o ritmo, dos tambores, pandeiros e atabaques para a batida eletrônica grave. Mas há continuidade na repressão de manifestações culturais de matriz africana e negra (capoeira, candomblé e samba) ou periféricas (rap nos anos de 1990 e 2000 e funk atualmente) com empenho e violência. “Se no passado o sambista foi classificado como vagabundo, nos dias atuais a pessoa que se diverte no baile ou o artista do funk podem ser classificados como marginais, ou pior, traficantes”, explica Lourenço Cardoso, professor do Instituto de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Um caso emblemático de criminalização apontado pelos que acompanham o tema é o do artista de funk DJ Rennan da Penha, criador de uma das maiores festas do gênero do Brasil, o Baile da Gaiola, no Rio. Ele foi condenado por associação ao tráfico de drogas em um frágil processo duramente criticado pela Ordem dos Advogados do Brasil e por defensores dos direitos humanos. Ele se entregou em abril e foi solto em novembro.

Jovens periféricos ocupando o espaço público são um dos estopins da violência do Estado contra esta parcela da população, diz Márcio Macedo, professor do Departamento de Gestão Pública da Fundação Getúlio Vargas-EAESP. “A repressão ao funk e aos fluxos está bem próxima do tipo de repressão aplicada pelas autoridades a manifestações como a que ficou conhecido como ‘arrastões’ nas praias cariocas, ao rap nos anos 1990 e 2000 e à histeria que se deu aos chamados ‘rolezinhos’ em shopping centers”, afirma Macedo. Para ele, “a mídia, de certa maneira, auxilia na promoção de uma imagem de espetacularidade desses jovens, com a criação de um certo pânico moral: uma pessoa ou grupo de pessoas que emergem e são definidas como uma ameaça aos valores societários e interesses da ordem social”. Ou seja, o baile funk é sempre associado apenas a uso de drogas, consumo de bebidas alcoólicas por menores de 18 anos, sexo desenfreado e outros comportamentos considerados inaceitáveis por parte da população. Nunca como uma opção de lazer —por vezes a única além do bar— nestes bairros periféricos. Também estão longe de serem movimentações marginais em termos de dinheiro. Nos fluxos muitas vezes nascem os grandes sucessos do gênero que se impõem nos ranking dos mais ouvidos das plataformas digitais e atraem produtoras milionárias do ramo. O crescimento das festas e o pancadão em alguns bairros de quarta a domingo, como o baile da Dz7, em Paraisópolis, não crescem sem tensão com o entorno e mesmo iniciativas de gestões anteriores para tentar disciplinar horários e ocupação como os chamados “permitidões” não foram completamente bem sucedidas.

Mas não é de hoje que negros ocupando o espaço público são motivo de preocupação para as autoridades e para parte da elite branca. Mario Augusto Medeiros da Silva, professor do departamento de sociologia da Unicamp, menciona um artigo escrito por Paulo Duarte (1899-1984), colunista do jornal O Estado de São Paulo, em 17 de abril de 1947, reproduzido em parte a seguir: “Os comícios de todas as noites na Praça do Patriarca e as concentrações também à noite de negros agressivos ou embriagados na rua Direita e na Praça da Sé [região central de São Paulo], os botequins do centro onde os grupos se embriagam, já estão provocando protestos (…) as famílias evitam passar”. A resposta para este problema? Um pouco de repressão e polícia, escreveu o jornalista. “O que mudou de 1947 até o massacre de Paraisópolis? Muito pouco com relação ao tratamento dado às populações negras e brancas pobres”, diz Silva.

Em bairros onde não existem opções de lazer, como ocorre na maioria das periferias brasileiras, a rua é uma das poucas opções. “A cidade de São Paulo é segregacionista com relação a pobres e pretos, aqueles que são historicamente considerados sub-humanos. As opções de lazer são hiper-concentradas em bairros específicos nas regiões central e oeste. Então o baile ocorre na rua, organizado de forma mais ou menos autônoma, sem custo de ingresso. Quem frequenta são pessoas que buscam lazer, o que é legitimo. São trabalhadores ou não, não importa, que ocupam o espaço da rua, que e o único possível para eles”, explica Silva.

Mesmo com toda a repressão o samba resistiu, e se consolidou ao longo do século passado como um dos grandes símbolos da cultura nacional. Os fluxos de São Paulo estão determinados a seguir o mesmo caminho, ao menos do ponto de vista da persistência. Apesar das bombas e prisões, continuam acontecendo, oferecendo uma opção de lazer barata, ocupando o espaço público e infernizando a vida de vizinhos com o barulho, muitas vezes de quarta e a domingo. Apesar do luto, em Paraisópolis a comunidade organizou um baile neste sábado em homenagem aos nove mortos. “Vão de branco”, diz o cartaz. Segue o baile.

 

 

*Do El País

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Opinião

Roger, do conjunto “A gente somos inúteu”, diz que nunca precisou da Funarte. Precisaria pra quê?

Roger é talvez o mais resiliente dos decadentes do universo bolsonarista. Seu olhar em torno de si mesmo produz a perfeita caricatura do Brasil, representada pelas classes média e alta desse país.

Preconceituoso até a medula, Roger, quando fala do Brasil, fala muito mais de si e dessa manada patriótica formada por americanófilos de carreira.

Não vou aqui discutir a arte, na verdade, reputo-me à condição de reproduzir a frase do grande guru da cultura brasileira, Mário de Andrade sobre o conceito de arte na sua Conferência na Sociedade da Cultura Artística em São Paulo, quando abriu a sua palestra dizendo: “Gostaria de dizer em primeiro lugar que eu não sei o que é arte”.

Mário de Andrade, que tinha obsessão pelo humano, fez com que ele enxergasse como ninguém o sentimento mais profundo da alma dos brasileiros, tinha um olhar agudo, os ouvidos atentos e a percepção do todo sobre a arte popular no Brasil. Por isso era um aficionado pelas manifestações culturais espontâneas do povo brasileiro, produzindo livros que são verdadeiras obras primas sobre cada filigrana desse universo sem fim de expressões culturais desse país, plantando com isso, um marco de uma espécie de renascença tropical e o período mais fecundo da produção da música sinfônica no país, pois foi grande orientador dos nossos maiores compositores e maestros da música erudita brasileira.

Para Mário de Andrade, como ele próprio escreveu no livro O Baile das Quatro Artes, “na arte, o humano é a fatalidade”.

É aí que começo a falar sobre Roger, esse produto forjado pela nefasta cultura de massa no Brasil.

Em primeiro lugar, é preciso dizer com todas as letras que há uma diferença abismal entre o que é popular e o que é virtualmente popular, porque no Brasil tudo o que é vulgar, é tido como arte pobre para ser consumida pelo povo pobre, quando, na verdade, as manifestações artísticas mais criativas, mais belas e, sobretudo mais independentes de qualquer rasgo estético vêm ou se inspiram nas manifestações culturais protagonizadas pelas camadas mais pobres da população, porque a arte só evolui pelo afeto. E por esse mesmo afeto o Brasil se tornou o país mais miscigenado do mundo, principalmente em sua base social. Em consequência, produziu a maior e mais rica diversidade cultural do mundo.

Isso posto, pode-se afirmar com a mão na consciência, que com a experiência da observação de um produto de mídia que Roger foi e, hoje, uma figura decadente e deprimente, que aquele manequim atochado na sua imagem como representante de uma juventude anarquista, era puro produto de mercado para atender, principalmente, às classes média e alta de imensa maioria branca no Brasil.

É essa ex-juventude, hoje sexagenária, que tinha Roger como ídolo nos seus tempos áureos de “a gente somos inúteu” que tem produzido as paspalhices mais agudas dos verde e amarelo apatetados na vida política do país.

A proporção diante do restante da população, como mostra o Datafolha hoje, diz respeito àquela mesmíssima parcela de alienados que, quando jovens, zanzavam pra lá e pra cá bancando os playboys tropicais, muitos inclusive, filhos das camadas operárias, arrotando burguesia de fachada para buscar um degrau a mais no ambiente social, político e institucional, demandado pelas classes economicamente dominantes.

Por isso Roger e seus ex-admiradores de juventude aplaudiram com entusiasmo o massacre de negros e pobres pela PM em Paraisópolis. E eles que tinham nas drogas o seu ponto de afirmação na juventude, hoje, criminalizam usuários e a comercialização da qual tanto lançaram mão.

Essa gente do “sexo, droga e rock and roll” encaretou? Não, sempre foi uma mentira social, sempre viveu de uma aparência forjada na sociedade de consumo para, através da etiqueta de uma roupa, calçado, de um automóvel ou de qualquer outra coisa banal vinda da futilidade típica da cultura de massa, criar o personagem do idiota perfeito para servir como o grande protagonista do consumo que se deu, sobretudo, a partir da década de 1960, copiando o modo de vida da juventude americana, inspirada nos enlatados hollywoodianos.

O maestro que hoje preside a Funarte, disse que o rock é satânico, entre outras sandices. Roger, depois de ser cobrado por tal declaração de um devoto como ele do fascismo tropical, respondeu, “eu nunca precisei da Funarte, eu quero que ela se dane”. Então, uma pergunta é inevitável, por que Roger algum dia precisaria do apoio da Funarte, Fundação Nacional da Arte?

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

 

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Vídeo: O Brasil e suas contraindicações. O remédio do Estado que serve para os pobres, mas não serve para os ricos, causa mal-estar

Documentário: Entremundo – Um dia no bairro mais desigual do mundo

Le Monde Diplomatique Brasil

A morte de nove jovens em Paraisópolis, após ação da Polícia Militar que dispersou violentamente um baile funk, traz a discussão de o quanto a violência do Estado tem CEP.

O documentário de Thiago B. Mendonça e Renata Jardim escancara as desigualdades do bairro, vizinho ao elitista Morumbi.

https://youtu.be/emj6jqA6Ywg?t=1471

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O Estado genocida

Por Beto Mafra, via whatsapp

Pobres, pretos, favelados, são alvo de assassinos fardados a mando de nazistas com poder.

Com o brilho de sempre, Malu Aires relata nosso fracasso como nação civilizada em dois momentos.

Este, logo abaixo, foi quando os laudos revelavam os assassinatos.

O outro, quando ainda se dizia que ação tinha sido ” desastrosa”, Malu cravou:

Foi crime premeditado.

Toda a população de Paraisópolis viu, ouviu, sofreu e filmou a ação criminosa do Doria.

Quando Doria (o mesmo que sugeriu, enquanto prefeito, dar ração pras crianças na escola) diz que vai mandar averiguar o crime que ele cometeu, ele quer dizer aos 80 mil moradores de Paraisópolis, que sua retaliação contra os pobres, terá todo o rigor e terror dos seus capangas uniformizados.

Por Malu Aires, em perfil de rede social

São 9 assassinatos.

Alguns laudos já apontam “morte por asfixia mecânica”.

Os jovens que eles não mataram com mata-leão, mataram com surra.

Qual o crime da molecada, em sair no sábado, dar um rolê com os amigos do bairro, da escola, perto de casa?

Doria não vai explicar pras 9 famílias, porque matou os filhos delas.

A PM não tem como explicar aquele ataque de selvageria que vimos em várias imagens.

No QG Federal da milícia, ninguém diz nada porque esse é o tipo de tratamento que Sergio Moro quer pra qualquer cidadão do país.

Sem mandato, um policial poderá invadir tua casa, escola, te matar na frente de todo mundo e ficar por isso.

Qualquer “cidadão de bem” poderá encomendar seu crime, pro guardinha da esquina, por 1 café e uma coxinha.

São Paulo recebeu de presente da elite, um prefeito do Morumbi. A elite, 2 anos depois, deu pra São Paulo um governador do Morumbi com um pelotão de assassinos treinados.

Os bilionários, caloteiros de IPTU e impostos, mandam. Quem paga?

O problema de SP não é “despreparo da polícia”. É problema de um estado de putrefação moral, dessa gente que não faz economia pra perversidade.

De gente muito rica que ordena o massacre de Paraisópolis à gente muito pobre de espírito, que só vota e paga imposto, se for pra contratar assassinos.

“Sem lazer, sem educação garantida, sem oportunidade de desenvolvimento pessoal, marginalizada porque é pobre, proibida de ir e vir com liberdade e segurança, a juventude da periferia foi acuada nos becos.

Cruzar a cidade é ato proibido a um jovem da periferia.

Acuada, a juventude criou ali seus laços, sua moda, sua linguagem e sua música. Música exportada pro mundo todo que anima festas das coberturas mais luxuosas do país e as festas das praias mais badaladas.

A juventude que apresentou ao mundo Anitta e tantas centenas de funkeiros, foi chamada pra uma armadilha, acuada e morta, com requintes de crueldade. A música que a classe A e B dança, só não pode ser dançada pela classe C que inventou a cantoria.

A molecada trabalha, estuda, cria e, no fim de semana, só quer se divertir, como todo moleque da idade deles que nunca precisou trabalhar pra ouvir funk no condomínio chique.

As drogas? Os baseados que rolam? Coisa mais comum onde os filhos das classes A e B se reúnem.

Todo bairro nobre tem um traficante morando numa cobertura, estudando em colégio caro.

Manda o filho do delegado ou do juiz abaixar o som, pra você ver o que aconteceu em Paraisópolis, é rotina nas periferias de todo o país, não importa se haja pancadão ou o mais absoluto silêncio nos becos.

Em São Paulo, pegam os jovens reunidos. No Rio, as crianças indo pras creches, os trabalhadores nos pontos de ônibus.

Aqui em BH, pegaram um jovem capinando um lote da Igreja. Ele foi mostrar a roupa suja de terra, as mãos de trabalhador, levou uma rasteira e um mata-leão. Morreu no local, após a PM dar um último chute na vítima, se certificando da morte.

“A PM não está preparada…” – a PM está mais que preparada para matar.

Cada coronel mobiliza centenas de unidades assassinas e, a mando de governadores assassinos, viaturas saem, oferecendo ao povo a barbárie, o terror e a violência, antes que este povo reclame do preço do botijão, do feijão, do transporte, da água (que não tem), da luz (que não tem), do preço da carne.

O governador decretou: pobre está proibido de fazer churrasco na laje, ao som de Ludmilla ou MC Gui.

Na noite do último sábado, a juventude de Paraisópolis, abandonada pelo Estado, fez uma festa que atraiu 5 a 10 mil jovens.

A juventude não entende e nem aceita que o Estado proíba o seu lazer. Ela cria seu próprio lazer. O Estado quer via livre pra matar e silêncio pros pobres ouvirem os tiros do “toque de recolher”.

O Estado entra pra matar. Não entra pra distribuir energia, saneamento, moradias, cursos técnicos, centros culturais, escolas, creches… O Estado só entra para extorquir, ameaçar, atirar e humilhar.

Estava tudo em paz, a molecada em turma, se divertindo, a juventude namorando, dançando, ocupando a rua porque a juventude quer liberdade, não ficar presa, sábado a noite, num casebre de 30m², assistindo TV.

Estava tudo em paz, até aparecer o Estado e seus assassinos.

Protegidos pelo governador, sob ordem do coronel, os assassinos fardados estão autorizados a matar e se divertem.

Em Paraisópolis, pra satisfação do Governador, provocaram 9 mortes e mais de 100 feridos.

Toda chacina tem uma justificativa do Estado que garante a confissão de culpa: “retaliação”.

Em Santo André, mataram o menino Lucas Martins dos Santos, de 14 anos. A família foi procurar o paradeiro do menino e a polícia mandou prender a mãe dele, como “retaliação”.

Mataram Ágatha Vitória Sales Félix, de 8 anos, e foram no IML roubar as balas e perícia do corpo da menina.

Mataram Marielle Franco e Anderson Gomes e, há 1 ano e 9 meses, o Estado impede que se cheguem nos mandantes.

Porque o mandante é o Estado.

O Estado está matando os filhos das trabalhadoras e dos trabalhadores desse país.

A ação não foi “desastrosa” – foi crime premeditado.

Toda a população de Paraisópolis viu, ouviu, sofreu e filmou a ação criminosa do Doria.

Quando Doria (o mesmo que sugeriu, enquanto prefeito, dar ração pras crianças na escola) diz que vai mandar averiguar o crime que ele cometeu, ele quer dizer aos 80 mil moradores de Paraisópolis, que sua retaliação contra os pobres, terá todo o rigor e terror dos seus capangas uniformizados.

No Chile, o naziliberalismo acuou a juventude na pobreza planejada pela elite, por 40 anos.

A polícia, sob as ordens do Estado, já arrancou mais de 200 olhos de jovens chilenos, matou centenas de jovens e as viaturas passam raptando e estuprando meninos e meninas, rapazes e moças, em plena luz do dia.

O nazibileralismo odeia a juventude latino-americana.

Como “retaliação” à vida e à liberdade das pessoas que sofrem com o desemprego, diminuição de renda e oportunidades, o Estado naziliberal autoriza o genocídio do reclamante.”

 

 

*Do Viomundo

 

 

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O excludente de ilicitude de Moro é para defender Higienópolis contra Paraisópolis, mas a mídia não fala.

A mídia fez uma enorme cobertura da chacina promovida pela PM de São Paulo em Paraisópolis onde nove jovens foram mortos porque frequentavam o baile funk.

O aumento exponencial da violência policial no Brasil está diretamente associado a duas coisas: o discurso miliciano de Bolsonaro e o excludente de ilicitude de Moro.

Tudo indica que há uma instrução superior na grande mídia que garante a Moro o silêncio sobre seu nome como um dos promotores dessa tragédia brasileira, quando, na verdade, todos sabem que o seu excludente de ilicitude, que é extremamente elitista, tem como objetivo defender os ricos contra os pobres.

Não há nenhuma dúvida de que jamais essa licença para matar que Moro quer do Congresso jamais será usada em Higienópolis. Isso é consensual e é um dado central para entender as questões do preconceito, do racismo e da discriminação que essa cláusula do pacote anticrime produzirá. Daí a afinidade das classes economicamente dominantes com esse pacote que, na verdade, deveria se chamar pró-crime.

A questão é maior com o problema que se tornou insolúvel, porque, com a mídia protegendo Moro como quem protege um estepe de Bolsonaro, num eventual impeachment ou mesmo para a eleição de 2022 ou mais ainda para não fortalecer o discurso de Lula, a mídia subtrai qualquer menção a Moro no meio dessa verdadeira algazarra institucional que o país vive.

Moro nada falou sobre o faniquito de Paulo Guedes ameaçando os brasileiros com o AI5. A mídia nada falou do silêncio obsequioso do Ministro da Justiça sobre esse descalabro. O mesmo pode-se dizer da atuação da mídia em relação à chacina de Paraisópolis que, com razão, culpou Bolsonaro e Dória, além da PM, mas deixou de fora o Ministro da Justiça e Segurança Pública.

Como não foi incomodado por ninguém da grande mídia e, sabendo que jamais será, Moro se fechou em copas sobre o massacre de Paraisópolis que ceifou a vida de noves jovens. Ou seja, tanto a mídia quanto Moro fizeram o mesmo cálculo quando, na realidade, a situação no Brasil se tornou insustentável para os mais pobres, sobretudo para os negros, depois que Bolsonaro assumiu o poder e Moro propagandeia sua licença para matar como se fosse beber um suco gelado na beira do mar.

O resultado em vidas perdidas não importa para Moro e, muito menos, para a mídia. O importante é preservar a imagem do ex-juiz, porque ele se transformou na principal peça de um quebra-cabeças político montado pela direita para continuar no poder.

Estamos diante de um impasse ou das meias verdades absolutas em que o modelo que promove desgraças é frontalmente criticado sem trazer, na verdade, o grande responsável por ele. Afinal de contas, o importante em qualquer circunstância é proteger Higienópolis de Paraisópolis num eventual governo petista, principalmente se contar com a volta de Lula à Presidência.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas

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Paraisópolis: racismo, demofobia, aporofobia! E Moro quer licença pra matar

Reinaldo Azevedo

A tragédia havida na favela de Paraisópolis, em São Paulo, com nove mortos, tem de ser chamada por aquilo que é: um massacre. E com autoria definida: a Polícia Militar. Até que não venham a público os responsáveis por aquele desastre, com a punição cabível, as mortes têm de ser postas, sim, na conta da instituição — e, por consequência, do governo do Estado, cujo titular é João Doria, do PSDB. E que se note: isso é o que pode fazer um destacamento despreparado da Polícia sem ter a excludente de ilicitude defendida por Sergio Moro, o santo. Imaginem se ou quando houver licença clara para matar.

Ainda que fosse verdade que policiais militares perseguiam bandidos que os teriam recebido a tiros, nada justifica a forma como se deu a operação. Não é preciso ser um grande especialista para perceber que a reação estaria estupidamente errada. E isso me leva a afirmar sem receio de ser apressado: é tal o disparate que qualquer pessoa razoável tem o dever de desconfiar da versão. A PM de São Paulo não é assim tão primitiva do ponto de vista técnico. Ocorre que é preciso tomar cuidado com o primitivismo moral e ético destes dias.

A forma como se deu o cerco aos participantes do baile funk, o fato de os PMs encurralarem os presentes ao evento, o acantonamento de vítimas em becos e vielas, debaixo do porrete… Tudo aponta para uma operação deliberada contra o baile funk. Esses bailes estão longe de ser eventos de adoração da lei, da ordem e do estado de direito. Mas cabe a pergunta: se as autoridades acham que crimes se cometem ali, estes devem ser combatidos por um Estado criminoso, assassino?

Essa é a lógica que tem justificado desde sempre a tortura no Brasil — que nunca cessou contra os pobres e os presos comuns — e que levou a República, em dois períodos, a mandar para o pau de arara os desafetos do regime: refiro-me, claro, ao Estado Novo e à ditadura militar.

É asqueroso. Aqui e no mundo, vídeos são exibidos com cenas explícitas de espancamento, antecedidos de uma advertência: “Atenção! O vídeo a seguir contém imagens agressivas”. E quem protagoniza a agressividade não são traficantes, assaltantes, bandidos… Não! Os atores da barbárie são homens que vestem o uniforme da PM e que deveriam ser reconhecidos pelos pobres como a “democracia de farda”. Afinal, “policial também é povo”, não é mesmo?

Não se trata de tomar a ação criminosa de um destacamento da PM como sinônimo do trabalho da corporação. Policiais salvam centenas de vidas todos os dias. A seu modo, também trazem à vida. São muitos os partos — sim, partos! — realizados por policiais. Há quase 100 mil homens e mulheres nas ruas se expondo a riscos variados. É verdade: atos que poderiam ser chamados de heroicos não chegam à imprensa.

Mas essa é a natureza de um dos entes que detêm o “monopólio do uso legítimo da violência”, para citar não um troglodita, mas Max Weber. Essa violência só é aceitável se dirigida contra aqueles que solapam, então, as bases desse Estado. E, ainda assim, há de ser exercida segundo critérios. E o uso proporcional dessa força é um dos pilares da legitimidade.

Cabe a pergunta: que crimes cometeram moças e rapazes, encurralados, que imploravam para não apanhar? Ou a PM pune exemplarmente aqueles que mancham a reputação da corporação ou estará sendo mais do que conivente com a barbárie: as nove mortes levarão a sua assinatura.

É uma obrigação moral chamar as coisas pelo nome que têm. Sérgio Nascimento de Camargo, o novo presidente da Fundação Palmares, certamente tachará de “mimimi” de militante esquerdista a lembrança de que a esmagadora maioria da população de Paraisópolis é negra. O homem que, sendo negro, vê aspectos positivos na escravidão não consegue estabelecer um nexo entre a servidão e a cor da pele dos que moram em favelas, habitam os presídios e povoam as covas rasas dos cemitérios.

Camargo não entendeu o que quis dizer o branco e abolicionista Joaquim Nabuco quando escreveu em “Minha Formação” que “a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil”. Mais terrivelmente triste e patético: se e quando conhecermos os policiais que protagonizaram a barbárie, é grande a chance de que sejam eles também não-brancos.

Uma onda de demofobia e aporofobia — repulsa ao povo e aos pobres — tomou o país. E ameaça virar política de Estado. Quando Sérgio Moro e Jair Bolsonaro falam em “excludente de ilicitude”, pedem licença para que as forças de segurança possam matar sem receio nem perigo. Matar quem? Os pobres de tão pretos e os pretos de tão pobres.

 

 

*Reinaldo Azevedo/Uol

 

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Bolsonaro e Moro se calam diante da chacina de Paraisópolis como se fizessem continência aos assassinos da PM

O Presidente da República e o Ministro da Justiça e Segurança Pública estão absolutamente calados diante de um fato de extrema gravidade. Os dois são coautores da barbárie praticada pela PM de Dória, numa emboscada covarde que foi responsável pela morte de nove jovens inocentes que, pelo fato de serem pobres, mereceram uma ação pesada do aparelho repressivo do estado que hoje se confunde com a milícia e com grupos de extermínio que são parte da história de vida de Bolsonaro.

O que se comenta nas redes sociais condiz com a realidade. A soma do estímulo à violência policial por Bolsonaro com o excludente de ilicitude de Moro, deu nessa perversidade institucionalizada a que o Brasil assiste perplexo.

O assassinato coletivo de jovens de Paraisópolis cometido coletivamente pela PM, como mostram os vídeos, não guarda dúvida, isso se transformou em um padrão no país depois da chegada de Bolsonaro à Presidência da República e de Moro ao Ministério da Justiça.

O momento porque o Brasil passa é de selvageria e de barbárie, fruto de inúmeros fatores, mas principalmente da ação fascista estimulada por Bolsonaro, Moro e, nesse caso de Paraisópolis pelo governador João Dória, responsável pela PM e também por estimular a violência contra as camadas mais pobres da população. No entanto, Dória, sentindo o tamanho da tragédia que vai lhe custar muito caro, pronunciou-se da mesma forma protocolar de sempre, que o caso será apurado e os responsáveis punidos. Já Moro e Bolsonaro, calaram-se como quem batesse continência para a PM, consentisse e aplaudisse a chacina.

O Brasil está sendo governado por criminosos, deixando os brasileiros incapazes de prever aonde eles podem chegar com sua sede de sangue de negros e de pobres.

 

*Carlos Henrique Machado Freitas