Categorias
Justiça

Diálogos com FBI e evidências em sacolas de mercado: Toffoli cita conduta de procuradores para anular provas 


Ministro do Supremo Tribunal Federal determinou a investigação de agentes públicos da Lava-Jato.

Na decisão que determinou a anulação de todas as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht, o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), argumentou não ter havido nas investigações a preservação da chamada cadeia de custódia. O termo, de acordo com o Código de Processo Penal, se refere à manutenção da história cronológica dos vestígios coletados em locais de crimes, de seu reconhecimento até o descarte, segundo Paola Serra, O Globo.

No despacho, o magistrado cita o acesso clandestino dos investigadores ao sistema Drousys, usado pelo setor de Operações Estruturadas da empresa para controlar os pagamentos de propina a autoridades e políticos, e ainda a falta de formalização de acordos de cooperação jurídica internacional, que devem ser estabelecidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI), da Secretaria Nacional de Justiça.

Em diálogos reproduzidos na reclamação proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contra decisões proferidas pelo juízo da 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, na Operação Lava Jato, Toffoli menciona conversas entre os procuradores. Os trechos tornaram-se públicos durante a Operação Spoofing, quando um grupo de hackers teve acesso ao conteúdo armazenado em telefones de autoridades.

Nas mensagens, os procuradores discutem sobre reuniões com o Federal Bureau of Investigation (FBI), o departamento de inteligência e segurança americano. As tratativas com o órgão para que profissionais estrangeiros transmitissem ou recebessem dados teriam sido conduzidas pelos próprios, sem a formalidade do procedimento padrão e legal pelo DRCI, ligado ao Ministério da Justiça.

“(…) não foi encontrado registro de pedido de cooperação jurídica internacional ativo (apresentado por autoridade requerente brasileira) para fins de recebimento do conteúdo dos sistemas Drousys e My Web Day B. Os pedidos de cooperação que tiveram tal propósito foram passivos, ou seja, foram apresentados por autoridades estrangeiras para obtenção das informações que se encontravam em poder das autoridades brasileiras”, informou o DRCI.

As conversas dos procuradores reproduzidas na decisão de Toffoli desta quarta-feira também citam a suposta falta de cuidado durante o transporte das provas apreendidas. Os materiais, inclusive o sistema Drousys, teriam sido carregados pelos próprios procuradores em sacolas de supermercado.

“Jerusa, não quero me meter, mas levamos o drousys numa sacola de supermercado mesmo para Brasília. O que foi feito na SPEA (Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise), aí já é outra história, mas não acredito que tenham sido tão amadores…”, diz um dos diálogos.

Categorias
Política

Spoofing: procuradores, delegados e mídia contra os “dissidentes”

Luis Nassif*

Com a comprovação da existência do grampo, todos eles, mais os procuradores Januário Paludo e Daniel Coimbra estarão sujeitos a inquéritos.

Um dos episódios mais ilustrativos da organização criminosa que juntou procuradores e delegados da Lava Jato foi na perseguição aos dissidentes da Polícia Federal. Passaram a ser tratados como dissidentes todos os policiais que insistiam em se comportar dentro dos parâmetros legais.

Foi o caso dos delegados o delegado Mario Renato Castanheira Fanton e o agente de Polícia Federal Dalmey Fernando Werlang. Dalmey foi incumbido de investigar a suspeita de escuta ilegal colocado por delegados na cela de prisioneiros. Produziu um relatório técnico, isento, comprovando a ilegalidade.

Entre outras irregularidades, ambos levaram ao conhecimento da Corregedoria do DPF e do Ministério Público Federal do Paraná – ao qual cabe o controle externo da polícia Federal – informações novas sobre a sindicância 04/2014, presidida pelo delegado Maurício Moscardi. A sindicância visava investigar o grampo ambiental encontrado pelo doleiro Alberto Youssef em sua cela.

Imediatamente, ambos foram alvos de uma campanha difamatória e de uma perseguição infernal por parte de procuradores e delegados da cúpula da Superintendência Regional do Departamento de Polícia Federal no Paraná (SR/DPF/PR):

  • Rosalvo Ferreira Franco (superintendente),
  • Igor Romário de Paula (diretor da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado – DRCOR),
  • Maurício Moscardi Grillo (então chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes),
  • Daniele Gossenheimer Rodrigues (chefe do Núcleo de Inteligência Policial – NIP),
  • Érika Mialik Marena (então chefe da Delegacia de Combate ao Crime Financeiro – Delefin) e e
  • Márcio Adriano Anselmo (da Delegacia de Combate ao Crime Fazendário – Delefaz) – que, em agosto de 2015, representaram ao Ministério Público Federal (MPF) dizendo-se caluniados pelos dois colegas.
  • No diálogo abaixo, captado pela Operação Spoofing, há a comprovação da cumplicidade entre procuradores e policiais da Lava Jato.8 Mar 17
    19:13:44 Deltan, boa noite. Tentei falar com Dr Januário mas ainda não consegui contato.

    19:14:28 Amanhã terá um procedimento de acareação realizado pela Coain aqui em Curitiba

    19:15:05 O Delegado fará acareação entre eu e Dalmey e Zanotto.

    19:16:19 Muitas coisas vem acontecendo no âmbito da COGER que me fizeram perder completamente a segurança da isenção deles na condução das investigações

    19:17:38 Gostaria muito do apoio de vcs no sentido de pedir para alguém do MPF controle externo acompanhar esta acareação

    19:18:32 Isso traria segurança para nós e não permitiria que abusos e ameaças …

Deltan cumpriu, pois o procurador Januário Paludo produziu um parecer pedindo arquivamento e interrompeu o Inquérito 001/17 presidido pelo delegado Magno Xavier. O juiz Nivaldo Brunoni acatou o parecer de Paludo. Mas, antes, o delegado Magno produziu um despacho manifestando descontentamento com a ousadia do MPF e comprovando que há policiais dignos na PF…

Agora, com a comprovação da existência do grampo, todos eles, mais os procuradores Januário Paludo e Daniel Coimbra estarão sujeitos a inquéritos.

*GGN

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental.

Caixa Econômica, Agência: 0197

Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

 

Categorias
Política

Há quase 30 mil gravações ilegais da Lava Jato arquivadas no CNMP, 341 foram acessadas por integrantes da finada “força-tarefa”

Por Luís Costa Pinto*

Em agosto, vencido o recesso judiciário do mês de julho, o Conselho Superior do Ministério Público Federal reúne-se em Brasília para encerrar o julgamento do Inquérito Administrativo Disciplinar nº 1.00.002.000044/2020-16. O procedimento investigou:

  • se os procuradores da extinta “força-tarefa” da “Operação Lava Jato”, que pontificava na Procuradoria da República em Curitiba (PR), atuavam com inépcia e atrasaram irresponsavelmente o andamento e a resolutividade de processos – havia ali, então, um acervo de mais de 1.400 processos sem resposta;
  • a hipótese de haver a presença de “autoridades com prerrogativa de foro” nos bancos de dados da “força tarefa”; e
  • a existência e a indevida utilização de equipamento para a execução e a escuta de gravações de conversas telefônicas.

A conclusão do relatório do inquérito é positiva para os três pontos investigados: sim, sim, e sim. Sim, senhoras e senhores… quanto ao item nº 3, são positivas as provas levantadas de que os procuradores lavajatistas do Paraná compraram um aparelho de gravação telefônica, configuraram-no com o auxílio de servidores terceirizados do MP para efetuar ligações à distância e deixaram-no promovendo interceptações ininterruptas por quatro anos e acessaram comprovadamente 361 dessas gravações contidas num acervo que pode chegar a 30.000 interceptações efetuadas.

“…era um equipamento para autogravação e a autogravação é algo lícito, legítimo, correto. Quando você compra uma faca na Procuradoria da República, faca para as cozinhas, você não baixa uma regulamentação dizendo que é proibido matar alguém. Por que? Porque já está na lei, tá na cara, é proibido, todo mundo sabe. Do mesmo modo, um aparelho de autogravação, ele tem o seu uso, comprado, a sua finalidade é fazer autogravação ali dos terminais das pessoas que estavam utilizando. Se alguém fizesse um uso disso fora disso seria algo absurdo, ilegal, criminoso, do mesmo modo que alguém pegar a faca comprada pela Procuradoria e matar alguém.” Este raciocínio tortuoso, tosco e inacreditável foi verbalizado por Deltan Dallagnol, à guisa de razões lógicas e de motivos, para se defender no curso do Inquérito Administrativo. A íntegra do que ele disse está mais adiante.

Apesar de tudo, em que pesem todas as conspirações da lógica forjadas com os fatos reais com os quais os subprocuradores-sindicantes se depararam em Curitiba, o subprocurador Mario Bonsaglia, conselheiro-relator do caso no Conselho Superior, estruturou um voto que admite as ilegalidades e não pune ninguém. Outros conselheiros já o seguiram. Aguarda-se com ansiedade o voto do procurador-geral da República, Augusto Aras. Ele só irá pronunciá-lo no dia da sessão, provavelmente na primeira semana do mês que vem.

Foi Aras quem pediu a instauração do inquérito. A determinação se deu depois que a subprocuradora-geral Lindôra Araújo viajou a Curitiba, entre 23 e 25 de julho de 2020, no auge da pandemia por coronavírus Covid-19, a fim de verificar o porquê de tanta lerdeza no andamento processual nas ações pertinentes à Procuradoria no Paraná. A agenda era despretensiosa e não tinha o cunho de endurecer procedimentos contra a “força tarefa” da Lava Jato liderada pelo então procurador Deltan Dallagnol. Tanto era assim que Dallagnol trocou palavras amenas com Lindôra, por whatsapp, um mês antes da viagem da subprocuradora.

“…era um equipamento para autogravação e a autogravação é algo lícito, legítimo, correto. Quando você compra uma faca na Procuradoria da República, faca para as cozinhas, você não baixa uma regulamentação dizendo que é proibido matar alguém. Por que? Porque já está na lei, tá na cara, é proibido, todo mundo sabe. Do mesmo modo, um aparelho de autogravação, ele tem o seu uso, comprado, a sua finalidade é fazer autogravação ali dos terminais das pessoas que estavam utilizando. Se alguém fizesse um uso disso fora disso seria algo absurdo, ilegal, criminoso, do mesmo modo que alguém pegar a faca comprada pela Procuradoria e matar alguém.” Este raciocínio tortuoso, tosco e inacreditável foi verbalizado por Deltan Dallagnol, à guisa de razões lógicas e de motivos, para se defender no curso do Inquérito Administrativo. A íntegra do que ele disse está mais adiante.

Apesar de tudo, em que pesem todas as conspirações da lógica forjadas com os fatos reais com os quais os subprocuradores-sindicantes se depararam em Curitiba, o subprocurador Mario Bonsaglia, conselheiro-relator do caso no Conselho Superior, estruturou um voto que admite as ilegalidades e não pune ninguém. Outros conselheiros já o seguiram. Aguarda-se com ansiedade o voto do procurador-geral da República, Augusto Aras. Ele só irá pronunciá-lo no dia da sessão, provavelmente na primeira semana do mês que vem.

Foi Aras quem pediu a instauração do inquérito. A determinação se deu depois que a subprocuradora-geral Lindôra Araújo viajou a Curitiba, entre 23 e 25 de julho de 2020, no auge da pandemia por coronavírus Covid-19, a fim de verificar o porquê de tanta lerdeza no andamento processual nas ações pertinentes à Procuradoria no Paraná. A agenda era despretensiosa e não tinha o cunho de endurecer procedimentos contra a “força tarefa” da Lava Jato liderada pelo então procurador Deltan Dallagnol. Tanto era assim que Dallagnol trocou palavras amenas com Lindôra, por whatsapp, um mês antes da viagem da subprocuradora.

No começo de tudo, um papo amigável entre Dallagnol e Lindôra Araújo – No dia 25 de maio de 2020, a subprocuradora-geral Lindôra Araújo enviou uma mensagem ao Deltan Dallagnol, conforme consta nos autos do Inquérito Administrativo, informando sobre sua ida a Curitiba para conversar acerca dos procedimentos de levantamento de acervo. “Vou aí conversar contigo sobre aqueles ing, proc, que me falastes (1450) para resolvermos tudo. Bjs”, disse ela por whatsapp ao então poderoso coordenador da Lava Jato. A resposta de Dallagnol: “Oi Lindôra, venha sim, é super bem vinda! Estávamos aliás com a reunião marcada quando começaram os cancelamentos de vôos por conta do COVID né? Me fala como está a sua agenda pra nos programarmos. Não entendi bem a questão de “1450”. Vc se refere ao nosso acervo acumulado né? Como veio a COVID e não pudemos fazer buscas e apreensões, planejamos focar no acervo até o fim de maio. Até semana que vem, provavelmente o acervo estará sob controle”.

Como se depreende da troca de mensagens, era uma conversa amena entre dois colegas de trabalho – sendo a subprocuradora hierarquicamente superior ao procurador paranaense. Ouvido no curso da sindicância administrativa, Deltan Dallagnol mudou a versão do diálogo e afirmou que tal número (1.450) consistiria em “provável engano”, como registrou o relatório do Inquérito citado no voto do subprocurador Mario Bonsaglia. “No começo do ano antes da pandemia eu liguei para a doutora Lindôra e também comuniquei para alguma outra pessoa na Administração superior, talvez para a doutora Elizeta, até, e mencionei que nós tínhamos um dilema à nossa frente, nós tínhamos grandes casos, casos que demandavam buscas e apreensões, casos que poderiam gerar resultados maiores para a sociedade, e nós tínhamos um volume de coisas atrasadas, nós tínhamos por exemplo, uma lista de inquéritos atrasados”, disse ele aos responsáveis pelas sindicâncias. E prosseguiu, na versão que não bate com o diálogo por whatsapp: “além disso, nós tínhamos expedientes atrasados, nós já chegamos a ter mais de 1.000 expedientes atrasados (…) nós tínhamos também procedimentos investigatórios, que volta e meia estouravam o prazo, e mencionei que nós eståvamos diante dessa dificuldade de escolher qual…”

O excesso de esperteza que comeu o gato, matando-o pela boca pretensiosa – Entre o diálogo tranquilo por whatsapp e a oitiva para os sindicantes que apuravam as histórias mal contadas da Lava Jato em Curitiba, o coordenador da “força tarefa” mudou de postura porque, uma vez no Paraná, Lindôra Araújo deparou-se com as evidências irrefutáveis de que na Procuradoria da República paranaenses, conversas telefônicas eram gravadas irregularmente por meio de um software que se tentava ocultar dela e que ao menos duas “autoridades com prerrogativas de foro” – ou seja, duas pessoas que tinham foro privilegiado e não podiam ser investigadas por procuradores da base da cadeia alimentar do Ministério Público, como Dallagnol – estavam sendo mantidos sob monitoramento e investigação: Davi Alcolumbre, então presidente do Senado, e Rodrigo Maia, à época presidente da Câmara dos Deputados.

“Impende salientar, inicialmente, que não se trata aqui de um juízo amplo e definitivo sobre a realização ou não pela Força-Tarefa de investigações, que passaria inclusive pela necessidade de colheita de provas que, pelo caráter peremptório exigido, seriam impossíveis. O crivo a ser realizado, no presente inquérito, diz respeito aos elementos indiciários nele colhidos”, diz o texto do Inquérito Administrativo Disciplinar. E segue: “Nesses moldes, no presente inquérito o fato em questão diz respeito, especificamente, à inclusão dos nomes dos Presidentes do Senado Federal e da Câmara dos Deputados, suprimindo os sobrenomes pelos quais são conhecidos, em planilha apresentada em denúncia formulada pelos Procuradores da Lava Jato em Curitiba, referente a doações eleitorais realizadas por empresas do Grupo Petrópolis a pedido da Odebrecht, em 2014 (Ação Penal n’ 5077792-78.2019.4.04.7000).” A partir daí, a constatação de que os procuradores lavajatistas se consideravam mais espertos do que todos – só que não eram… Nas palavras do Inquérito que serviu de base para o voto de Bonsaglia, que admite as irregularidades, porém, libera de punição quem as cometeu, eis a peça: “Constou na referida planilha: “Davi Samuel” e “Rodrigo Felinto”. O nome completo das referidas autoridades é: Davi Samuel Alcolumbre Tobelem e Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia. Como sabido, o Presidente do Senado é conhecido como Davi Alcolumbre e o Presidente da Câmara dos Deputados como Rodrigo Maia.”

O Inquérito foi além, colhendo uma tergiversação ruborizante de Dallagnol. Ele, porém, tergiversou sem enrubescer: “Os indiciados em seus interrogatórios afirmaram que a denúncia apresentada não fez nenhum juízo de valor sobre as doações eleitorais feitas, mas apenas relacionou os pagamentos feitos pelo Grupo Petrópolis, a pedido da Odebrecht, para contextualizar os crimes de lavagem de dinheiro imputados aos então denunciados”, lê-se no relatório. E continua o texto oficial: “A esse respeito, assim se manifestou o então Coordenador da FTLJ Procurador Deltan Dallagnol: ‘Eu não participei da elaboração da denúncia ou da revisão da denúncia. Eu tomei conhecimento quando surgiram as notícias no site Poder 360. A meu ver, notícias bem enviesadas. Claro que o colega que tratou desse caso específico, o colega Antonio, salvo engano o Jabur também que participava do grupo com ele, vai poder dar detalhes sobre a preparação, mas eu conheço o caso, porque eu fui me inteirar depois e vi, revisei o procedimento adotado e, ao meu ver, na minha compreensão, com todas as possibilidades, o procedimento foi corretissimo’.”

O ‘Vocale R3’, as ‘quase 30 mil gravações’ e o ‘play’ dado em 341 delas – O relatório do Inquérito Administrativo Disciplinar levado a cabo na Procuradoria da República no Paraná é tão forte e contundente em suas próprias palavras que a partir deste ponto vale lê-lo num trecho íntegro para compreender o que se passou nos porões da “força tarefa” da Lava Jato:

“Na hipótese dos autos, vê-se que a pretexto de proteção, diante das supostas ameaças recebidas por ligações telefônicas, a autogravação realizada foi de larga amplitude e careceu de parâmetros claros e formais de início e encerramento. Foram apontados vestígios de quase 30 mil gravações ao longo de mais de quatro anos. Ademais, do relatório completo de atividades do equipamento VOCALE R3, apresentado pela Procuradoria do Paraná, constam 341 ocorrências de ‘play recording’ ou escuta áudio, de ramais da informática – que conforme depoimento dos servidores de TI, foram incluídos para testes frequentes no equipamento -, e dos ramais da servidora Maria Mairia (8767) e do Procurador aposentado Carlos Fernando dos Santos Lima (8988). Observa-se que, em alguns dias, os acessos às gravações eram constantes no ramal da Secretária da Força Tarefa, como se vê, por exemplo, nas ocorrências 138 a 151 e 158 a 182, referentes ao dia 09/11/2016, e nas ocorrências 205, 206, 208, 210 a 248, no dia 02/12/2016. Transparece que o Coordenador tinha ciência das gravações principalmente do ramal que era o principal do gabinete da Força-Tarefa, e sabia como se dava o funcionamento do aparelho, até porque, como afirmou em seu depoimento, fez o teste no equipamento: ‘Eu lembro que, em algum momento, algum servidor; ou Jeysonn ou o Leandro ou alguma pessoa da informática, foi até a minha sala, quando eu sentava junto com outros colegas, e me mostrou esse software e eu fiz um teste de gravação no meu terminal. Eu lembro de ter feito esse teste de gravação, mas eu não me recordo de ter feito qualquer outra gravação para além desse teste a partir do meu terminal’. Ademais, não se pode esquecer que, segundo o depoimento do Procurador Paulo Roberto, o próprio Dr. Deltan teria sugerido, em uma ocasião que o procurador não se recorda se estava falando com uma autoridade (alguém da AGU, ou da CGU) ou um advogado, que a ligação fosse gravada. Fato é que, na condição de Coordenador da Força-Tarefa, tinha o dever legal de tomar os cuidados para que não houvesse nenhuma irregularidade no uso do aparelho, notadamente que pudesse fragilizar a segurança da informação compartilhada no âmbito da força-tarefa. E sendo o aparelho utilizado exclusivamente por servidores e membros da FTLJ, cumpriria o estabelecimento ou a determinação do estabelecimento de protocolos de segurança, com a adoção, por exemplo, de critérios formais para a solicitação do pedido de gravação de um ramal e a determinação expressa de encerramento das gravações quando do desligamento do servidor ou membro usuário do ramal. Ao falar sobre a ausência de regulamentação, assim manifestou-se o Dr. Deltan em seu interrogatório: ‘E eu vi até que no procedimento surgiu alguma questão disso não ter sido regulamentado. Mas, ora, se a autogravação é lícita, ainda que a regulação não fosse nossa competência, fosse da Administração, eu acho que não era algo a ser regulamentado. Por que? Porque era um equipamento para autogravação e a autogravação é algo lícito, legítimo, correto. Quando você compra uma faca na Procuradoria da República, faca para as cozinhas, você não baixa uma regulamentação dizendo que é proibido matar alguém. Por que? Porque já está na lei, tá na cara, é proibido, todo mundo sabe. Do mesmo modo, um aparelho de autogravação, ele tem o seu uso, comprado, a sua finalidade é fazer autogravação ali dos terminais das pessoas que estavam utilizando. Se alguém fizesse um uso disso fora disso seria algo absurdo, ilegal, criminoso, do mesmo modo que alguém pegar a faca comprada pela Procuradoria e matar alguém.”

Foi a dupla Lindôra Araújo, subprocuradora-geral da República, e Marcos Ferreira dos Santos, secretário de segurança institucional do Ministério Público Federal, que fez com que o equipamento Vocale R3, seu software capaz de transformá-lo num sistema de gravação de telefonemas à distância e o acervo de quase 30.000 conversas gravadas irregularmente – 341 delas tendo recebido o comando de “play recording”, ou seja, de tocarem para serem executadas – emergissem à superfície das profundezas do prédio da Procuradoria da República do Paraná onde vicejava a “força tarefa” da Lava Jato. “Então, fomos lá, o Dr. Marcos fez a inspeção na parte de informática e nós sentamos. Quando nós sentamos com a Dra. Paula, que é a Procuradora-Chefe, e mais o pessoal da Informática, que eles não queriam mandar ninguém ir, porque disseram que em pandemia ninguém trabalha”, contou Lindôra Araújo à comissão de sindicância ao narrar a história daquele “achamento”. E continuou: “Eu disse que eles iam ter que deixar irem alguns técnicos, porque não era possível que ninguém possa vir trabalhar. Chamaram alguns técnicos e o Dr. Marcos disse que queria falar com o Chefe da Informática. Disse que o técnico falou que lá tinha um aparelho que grava. Ficou todo mundo espantado. Como assim tem um aparelho que grava? Ele voltou a afirmar a existência do aparelho. Então, o Dr. Marcos disse que não viu esse aparelho e perguntou onde estava. Eles foram guiados pelo celular por esse rapaz, que estava no telefone e tinham mais três técnicos, um do Rio Grande do Sul e dois de lá de Curitiba, mais esse que estava no Facetime, mais a Dra. Paula, que tomou um susto, porque não sabia da existência desse aparelho. Tomou um susto mesmo, não tinha a menor ideia”. Daquela forma prosaica, descobriu-se o aparelho de gravações irregulares da autoproclamada “República de Curtiba”.

Eis o que diz o relatório da Comissão de Inquérito que apurou todo o caso e que deu base para o voto do subprocurador Mario Bonsaglia: “Assim, forçoso concluir que a conduta do então Coordenador da Força Tarefa, o Procurador Deltan Martinazzo Dallagnol, se enquadra como infração às normas previstas no art. 236, caput e incisos VIl e IX da Lei Complementar no 75/1993, uma vez que tinha conhecimento das gravações e de que eram realizadas sem a devida regulamentação, formalização ou com a adoção de protocolos de segurança, por mais de 4 (quatro) anos, sendo o aparelho usado exclusivamente pela Força-Tarefa, fragilizando a segurança da informação nela compartilhada, sem a tomada de providências para comunicar ou sanar a irregularidade. Com relação aos demais indiciados, observa-se que a grande maioria sequer sabia da existência do equipamento de gravação.”

Quando pediu exoneração do Ministério Público, em 5 de novembro de 2021, Deltan Dallagnol sabia de todo o percurso feito pelos subprocuradores que investigaram aqueles desmandos da Lava Jato descobertos nas intensas 48 horas transcorridas durante a incursão de Lindôra Araújo e do secretário de segurança institucional do MPF, Marcos Ferreira dos Santos, a Curitiba. O acervo com as quase 30 mil gravações efetuadas pela “força tarefa” está custodiado no arquivo do Conselho Nacional do Ministério Público em Brasília e a segurança dele cabe à Corregedoria Nacional do CNMP. Só os ex-integrantes da Lava Jato, que agiam sob a coordenação de Dallagnol, podem ser capazes de dizer quem foi gravado, o porquê cada uma das gravações foi feita, quem deu o comando para gravar e para que serviriam as gravações. Até que o processo administrativo-disciplinar seja encerrado, em agosto próximo, com o voto do procurador-geral Augusto Aras, estão escapando de punições penais ou até mesmo pecuniárias todos os envolvidos nesse enredo didático por ser capaz de revelar a sordidez de um grupo que se colocou acima da lei, da lógica (releia, se preciso, a justificativa de Dallagnol para a compra do software de gravação), da Constituição e dos direitos individuais. Até aqui, o Ministério Público Federal está a dever satisfações à sociedade: não soube, ainda, punir exemplarmente o lavajatismo que enxovalhou a reputação da instituição concebida pelos constituintes de 1987/88 como um poder modulador – e não moderador – do convívio independente e harmônico dos três poderes da República.

*247

Categorias
Justiça

Spoofing: a maneira como procuradores da Lava Jato se referiam a Zanin

Aqui um diálogo sobre Cristiano Zanin, o advogado de Lula e provável novo Ministro do Supremo Tribunal Federal.

A cumplicidade entre procuradores da Lava Jato e Sérgio Moro não se dava apenas nos processos. Diálogos que acabam de ser divulgados mostram o clima de cumplicidade que avançavam até a esculacho em relação aos advogados de defesa.

Aqui um diálogo sobre Cristiano Zanin, o advogado de Lula e provável novo Ministro do Supremo.

16.12.2016

19:19:41 Laura Tessler Ótimo, Paulo!

19:21:13 Athayde Esqueci de falar. Dps q o porteiro chamou o Zanin de lixo, Moro perguuntou ao adv se iria processar o porteiro por danos morais… Rsrs

19:24:41 Laura Tessler Cara, muito boa!!!

19:25:57 Laura Tessler Moro é muito bom!!! E muito doido!!! Hahahah

19:49:47 Deltan http://oglobo.globo.com/brasil/stj-nega-soltura-ao-deputado-cassado-eduardo-cunha-20662234

19:53:18 Jerusa http://m.oantagonista.com/posts/zelador-do-triplex-a-advogado-de-lula-voces-sao-um-bando-de-lixo

19:54:39 Deltan ótimo

19:55:44 Deltan Nah… perguntou isso???

19:56:46 Athayde Perguntou e elogiou o adv: faz uma otima advocacia 😂😂

20:00:49 Laura Tessler Tirando a parte divertida, é bom lembrar que Lagartixa e cia estão tb fazendo gravacoes das audiências

20:05:43 Athayde Sim. De tudo

20:30:29 Januario Paludo

21:34:04 Januario Paludo Deltan, acho que vc não deve postar no Twitter nada em tua defesa. Deixe que os outros façam isso. Apenas comente as postagens.

*Publicado originalmente no GGN

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Justiça

Vaza Jato: procuradores e juízes do TRF-4 atuaram para evitar liberdade de Lula quando Favreto o libertou

Trechos obtidos da Operação Spoofing indicam que procuradores e juízes do TRF-4 atuaram para evitar liberdade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando, em 08 de julho de 2018, o desembargador plantonista do final de semana Favreto o libertou.

Como indicam os diálogos abaixo, a decisão de Favreto irritou os postulantes da Lava-Jato, que buscavam contato com os membros do TRF-4 para imediatamente vetar a liberdade de Lula. A decisão de Favreto acabou sendo reformada pelo então presidente do TRF4, que determinou a manutenção da prisão.

Naquela ocasião, o agora ex-juiz considerado suspeito pelo STF Sérgio Moro interrompeu suas férias para também mostrar sua irritação. “O Desembargador Federal plantonista, com todo o respeito, é autoridade absolutamente incompetente para sobrepor-se à decisão do Colegiado da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal”, disse.

10:53:29 Deltan URGENTE

10:53:39 Deltan PRECISO FALAR C ALGUÉM DA REFIONAL

10:53:41 Deltan CRIMINAL

10:54:04 Deltan Favretto soltou Lula fora da competência de plantão

10:54:20 Deltan Precisamos falar com o Thompson Flores

10:54:42 Deltan Não coloquem pra fora do grupo mas precisamos de uma atuação urgente

10:54:57 Deltan Vou tentando ligar mas já tentei alguns e não deu certo por isso coloco aqui

10:55:00 Deltan URGENTE

11:10:22 Cazarre PRR4 Tem o nro do processo?

11:13:16 Deltan

11:13:40 Deltan O Paulo Pimenta e o Manoel Caetano estão lá so com a ordem

11:13:46 Deltan Não foi a decisão anexa

11:14:01 Deltan Veja se consegue no sistema Cazarre please

11:14:07 Deltan Quem é o plantonista?

11:20:52 Cazarre PRR4 Falei com o Pumes, nosso plantonista.

11:20:57 Deltan Consegui falar com Januario também que já vai somar esforços

11:21:07 Deltan Me passa o tel dele Cazarre?

11:22:03 Sanzi PRR4 Mas que absurdo!!!

11:22:29 Cazarre PRR4

11:27:56 Deltan Pumes tá no grupo agora tb

11:30:00 Deltan Vcs tem o contato do Thompson para achar ele?

11:30:08 Deltan Seria bom que alguém já fosse tentando

11:30:27 Deltan Nem que acionem Gebran e outros desembargadores

11:30:57 Deltan Isso é uma afronta individual clara contra a autoridade do tribunal e da turma

11:31:03 Cazarre PRR4 Falei com o Lenz.

11:32:20 Cazarre PRR4 Não sei se ele examinaria, mas talvez valha tentar uma petição de reclamação com pedido liminar pra suspender o mandado.

11:32:41 Cazarre PRR4 Pra presidência ou pra 8t…

11:33:48 Deltan Da pra sondar em paralelo Gebran e Thompson

11:38:11 Sanzi PRR4 Como é ato do desembargador. Acho que cabe ao presidente do TRF.

11:38:14 Deltan Ele não tinha competência em Plantao

11:38:21 Deltan

11:38:45 Deltan 1) art 92 par segundo

11:39:00 Deltan 2) autoridade coatora é próprio TRF

11:40:11 Jose Osmar Bom dia, colegas

11:40:27 Deltan Tá nas atribuições do president

11:40:40 Sanzi PRR4 Sim cabe ao presidente despachar.

11:40:50 Deltan

11:41:39 Jose Osmar consegui acessar a decisão. Ainda não terminei a leitura, mas ao que já percebi o argumento principal é baseado na existência de “fato novo” alegado pela defesa, consistente na notória situação de candidato do ex-presidente e no seu alegado alijamento do processo eleitoral

11:41:39 Sanzi PRR4 A matéria já fo decidida. Não poderia o plantonista inovar.

11:41:55 Jose Osmar é absurda, claro

11:42:33 Cazarre PRR4 Pumes Talvez seja caso de uma petição curta ao presidente, pra suspender por não ser caso de plantão e por não haver competência.

11:42:46 Deltan Art 23, II e XI, b/c, do Regimento interno acima

11:42:57 Sanzi PRR4 Esse argumento não é novo. Desde o início ele alegam isso. Portanto é matéria que já foi apreciada pela corte e não poderia ser revisada em plantão

11:43:07 Jose Osmar e tem um erro de premissa, porque ele invoca a decisão do tribunal que determina a prisão para cumprimento da pena, já que devidamente fundamentada no voto do relator, mas diz que o Moro não fundamentou

11:43:16 Jose Osmar quando ele apenas deu cumprimento à decisão

11:43:19 Cazarre PRR4 Li a decisão É uma reunião de frases feitas e passa por coma da decisão do trf4.

11:44:14 Jose Osmar Sim. Minha única dúvida é como fazer a distribuição para que o nosso pedido caia direto com o presidente, porque em princípio ele iria justamente para o plantonista

11:44:54 Cazarre PRR4 Faz por escrito e apresentamos pra ele…

11:45:08 Cazarre PRR4 Imprime

11:45:58 Sanzi PRR4 Direciona direto para ele. Não será distribuído no mesmo processo. Deverá ser outro procedimento. Com outro número.

11:46:54 Sanzi PRR4 Não é um pedido de reconsideração. É um procedimento próprio.

11:49:55 Sanzi PRR4 Ou vai no e proc. Lá tem um link petição. Escolhe a classe.

11:50:15 Sanzi PRR4 Será gerado um novo número

11:50:33 Jose Osmar em seguida já vou começar a trabalhar em um pedido. A princípio será reclamação

11:50:45 Sanzi PRR4 Sim

11:50:51 Jose Osmar depois vamos ver como fazemos a distribuição

11:51:10 Jose Osmar se forem surgido em ideias, me abasteçam, por favor

11:51:39 Jose Osmar como eu disse, o argumento principal parece ser a participação no processo eleitoral, que estaria sendo obstada

11:51:47 Jose Osmar ainda não terminei a leitura

11:52:26 Cazarre PRR4 Não cabe debater isso em hc…

11:52:49 Jose Osmar sim, ainda mais em plantão

11:53:01 Sanzi PRR4 Além disso, é consequência lógica da condenação.

11:53:22 Sanzi PRR4 Não é matéria nova

11:53:28 Cazarre PRR4 Toca ficha.

11:54:40 Deltan Vejam regulamento do PLANTAO

11:54:42 Deltan https://www2.trf4.jus.br/trf4/diario/visualiza_documento_adm.php?orgao=1&id_materia=2874582&reload=false

11:54:48 Deltan

11:54:57 Deltan Viola o 2, a

11:57:22 Deltan Art 2, par primeiro tb

11:57:44 Deltan Ao violar a resolução está infringindo a competência do Tribunal que cabe ao president tutelar

*Com 247

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

 

Categorias
Justiça

Em diálogos, procuradores da Lava Jato confessam que atuaram de forma clandestina e submissa aos EUA

O encontro mágico de personagens reais do Brasil e dos EUA veio a público através das mensagens trocadas por procuradores da Lava Jato.

Conjur – Conversas entre procuradores da extinta “lava jato” mostram que a operação desejava “ferrar” com o advogado Tacla Duran, pivô de acusações contra Deltan Dallagno e o ex-juiz Sergio Moro. Os integrantes do MPF de Curitiba também falam em fechar a construtora Odebrecht.

O diálogo é de 17 de junho de 2016 e faz parte do acervo apreendido pela Polícia Federal durante a operação “spoofing”. Nele, o procurador Orlando Martello sugere a leitura de um depoimento para quem quiser “ferrar Tacla Duran”, conseguir a prisão perpétua de Marcelo Odebrecht ou fechar a construtora.

“Pessoal, depoimento longo, mas sugiro a sua leitura para quem estiver negociando no caso da ODE, bem como para quem quiser ferrar TACLA DURAN, para quem quiser fechar a ODE, para quem quiser prisão perpétua para MO [Marcelo Odebrecht]”, disse.

O ex-procurador Diogo Castor, demitido em outubro de 2021 por encomendar um outdoor lavajatista instalado em Curitiba, comentou que queria “prender” o advogado. “Eu quero prender o tacla. recomendado tb [também]?”, afirmou.

Roberson Pozzobon disse para o colega se acalmar, porque o pedido de prisão de Tacla estava pronto, mas que a “lava jato” aguardaria a “posição dos americanos” antes de tomar os próximos passos contra o advogado. Durante a operação, procuradores atuaram de forma clandestina junto aos Estados Unidos.

“Te acalme Castor. Pedido tá pronto, mas vamos aguardar a posição dos americanos pos reunião da próxima segunda pra protocolar. Eu sei que a vontade, sua, minha, de todos nós é GRANDE”, disse Pozzobon.

Os procuradores Athayde Ribeiro Costa e Laura Tessler também se juntaram ao grupo. “Aquele BAFO DE ONÇA vai gerar rebeliao na carceragem. Ninguem aguenta”, disse Athayde sobre Tacla Duran. “Bom prender logo”, complementa Tessler.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Justiça

Tony Garcia delata Deltan e mais três procuradores por atos ilegais na Lava Jato

Peça chave na prisão do ex-governador Beto Richa em 2018, o delator Tony Garcia trouxe à tona novas denúncias contra Sergio Moro e procuradores da força-tarefa de Curitiba, em relação a ilegalidades cometidas durante a Operação Lava Jato.

No próximo dia 9, Tony Garcia prestará um novo depoimento à Justiça, no qual detalhará suas queixas contra Moro e os procuradores da Lava-Jato. Além de Moro, o delator cita os procuradores Deltan Dallagnol, Carlos Fernando, Januário Paludo e Diogo Castor, informa a Veja.

Em um depoimento sigiloso, Garcia afirmou ter registrado conversas comprometedoras entre o ex-governador e outras autoridades, a mando de Moro e dos procuradores envolvidos na operação. As provas foram iniciadas clandestinamente e, segundo o delator, foram produzidas em troca de promessas de benefícios na Justiça. Garcia também alega que era obrigado a omitir essa parceria ilegal de seus advogados.

Ainda de acordo com a reportagem, as manifestações de Garcia contra Moro, Deltal e os procuradores da LavaJato, estão agora documentadas em uma petição recentemente enviada ao gabinete do ministro Dias Toffoli no Supremo Tribunal Federal (STF).

Apoie o Antropofagista com qualquer valor

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Justiça

Supergrampo de Alexandre de Moraes tira sono de juízes e procuradores

Supergrampo determinado por Alexandre de Moraes tem tirado o sono de magistrados e procuradores que já tiveram contato com bolsonaristas.

Magistrados de dois tribunais e procuradores do Ministério Público temem que diálogos privados cheguem às mãos de Moraes. Isso, por já terem se comunicado, em algum momento, com bolsonaristas investigados no inquérito das milícias digitais no STF.

Entre eles, há quem diga nada ter a temer em relação à referida investigação. Por outro lado, demonstram preocupação com mensagens e conversas alheias ao objeto central do inquérito.

O temor é que, mirando no que viu, Alexandre acabe se interessando pelo que ainda não tinha visto.

Como revelou o colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles, a superquebra de sigilo foi determinada por Moraes no último dia 12 de dezembro e mira oito bolsonaristas.

No despacho, contudo, o ministro autoriza que também sejam quebrados sigilos das pessoas que mantiveram contato com esses investigados. Isso amplia consideravelmente o número de alvos.

O temor com grampos de Moraes passou a não ser exclusividade da classe política.

*Paulo Cappelli/Metrópoles

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Justiça

Procuradores já veem elementos para denunciar Bolsonaro por incitação a atos antidemocráticos

Grupo de trabalho aguarda informações sobre postagem do ex-presidente para avaliar alcance.

Segundo a Folha, o grupo estratégico da PGR (Procuradoria-Geral da República) criado após a depredação das sedes dos três Poderes em Brasília já vê elementos suficientes para denunciar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por incitação a atos antidemocráticos.

Na ultima sexta-feira (13) a PGR pediu e o STF (Supremo Tribunal Federal) aceitou incluir Bolsonaro no inquérito que apura a instigação e autoria intelectual dos ataques golpistas por ter publicado um vídeo em sua conta no Facebook questionando sem provas a validade das eleições. A mensagem foi apagada depois.

Os investigadores aguardam informações que foram solicitadas ao ministro Alexandre de Moraes sobre a publicação para avaliar o alcance e as circunstâncias da postagem no Facebook.

Caso a denúncia se confirme e o STF aceite, será a primeira vez que Bolsonaro será considerado réu em um processo criminal por ameaça às instituições.

O subprocurador-geral da República Carlos Frederico, que assina a representação, pediu que seja determinado à Meta (dona do Facebook) a preservação do vídeo apagado e os metadados referentes à postagem, como data e IP, para “melhor auferir sua autoria”. Também quer saber informações a respeito do alcance do vídeo, como o número de compartilhamentos e comentários.

O pedido da PGR para incluir Bolsonaro no inquérito foi feito a partir da representação de 80 procuradores.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Caixa Econômica Agência: 0197
Operação: 1288
Poupança: 772850953-6
PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição

Categorias
Uncategorized

Apoios de Moro e Deltan a Bolsonaro causam revolta em grupos de procuradores

Em discussão no WhatsApp, ex-Lava Jato são acusados de “jogar no lixo” o legado da operação.

De acordo com Malu Gaspar, O Globo, as declarações públicas de apoio de Sergio Moro e Deltan Dallagnol à reeleição de Jair Bolsonaro provocaram revolta no Ministério Público e incendiaram um grupo de WhatsApp em que estão mais de 200 procuradores da República, todos da área criminal e ligados ao combate à corrupção.

Moro, eleito senador pelo União Brasil do Paraná, e Deltan, eleito deputado pelo Podemos, declararam apoio a Bolsonaro pelas redes sociais na terça-feira,. Rosângela Moro, mulher do ex-juiz eleita deputada federal por São Paulo, não se manifestou publicamente.

A discussão no grupo de procuradores começou depois que alguns compartilharam uma nota pública da ONG Transparência Internacional publicada na quinta-feira (5), repudiando o fato de Moro e Dallagnol terem “evocado a luta contra a corrupção para expressar seu apoio a Jair Bolsonaro”. A Transparência afirma no documento que “associar luta contra a corrupção ao apoio a Bolsonaro é “prestar um desserviço à causa e desvirtuar o que ela fundamentalmente representa”.

O texto recebeu uma série de mensagens de apoio e de indignação com Deltan e Moro.

Nas mensagens, os procuradores acusaram de incoerência os ex-colegas, por dizerem que são contra a corrupção e aderirem a “um governo que tem orçamento secreto, Ciro Nogueira, Fernando Collor e Valdemar da Costa Neto”.

Para alguns procuradores, a adesão “joga no lixo” todo o trabalho que da operação e “queima” a instituição do Ministério Público.

Em resposta , um procurador que atuou na Lava Jato escreveu que, por terem impulsionado suas carreiras políticas a partir da operação, os dois tinham o dever de respeitar esse legado, assim como os colegas que continuam tocando os processos.

Uma procuradora concordou, dizendo que ambos tinham que ter no mínimo ficado quietos – algo que, nas palavras dela, nunca conseguiram fazer.

Já uma outra integrante do grupo, que assumiu parte do acervo da Lava Jato, reclamou que a atitude dos ex-colegas faz com que os atuais procuradores da operação fiquem parecendo membros de campanha, por terem que defender um trabalho que está sendo queimado como algo político-partidário.

Em meio à discussão, um integrante do grupo lembrou que, assim que Augusto Aras foi escolhido para comandar procuradoria-geral da República por Bolsonaro, ignorando a lista tríplice da categoria, Deltan enviou um email para a rede de membros do MP pedindo que “dessem um voto de confiança a Aras”.

Na época, apesar de ter provocado mal estar, a atitude foi vista como uma tentativa de composição com o PGR para tentar “salvar” a Lava Jato. No grupo, ontem, já estava sendo encarada de forma diferente.

Nas palavras de um procurador com quem conversei e que também se manifestou no grupo, “Deltan e Moro privatizaram os ganhos da Lava Jato e socializaram as perdas. Colocaram todo o Ministério Público na maior crise institucional de sua história. Eles estão fazendo com que fique fácil sustentar o desmonte da instituição”.

As poucas tentativas de “passar pano” para os dois ex-Lava Jato no grupo foram prontamente rechaçadas. As trocas de mensagens continuavam intensas até a manhã desta sexta-feira , com vários membros aproveitando a ocasião para descarregar suas críticas.

O curioso é que, assim que foram eleitos, Moro, Deltan e Rosangela postaram mensagens nas redes sociais e deram declarações sugerindo um renascimento da Lava Jato, “como uma fênix”.

Pela reação dos ex-colegas, contudo, eles terão que buscar outra bandeira para transformar no mote de seus mandatos.

Agradecemos aos que formam essa comunidade e convidamos todos que possam a fortalecer essa corrente progressista. Seu apoio é fundamental nesse momento crítico que o país atravessa para continuarmos nossa labuta diária para trazer informação e reflexão de qualidade e independência.

Apoie o Antropofagista com qualquer valor acima de R$ 1,00

Caixa Econômica Agência: 0197

Operação: 1288

Poupança: 772850953-6

PIX: 45013993768 – CPF

Agradecemos imensamente a sua contribuição