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Investigação

Testemunhas afirmam que segurança de Tarcísio matou homem desarmado em Paraisópolis

Relatos contrariam versão narrada em boletim da polícia e do candidato a governador de São Paulo.

QUATRO TESTEMUNHAS AFIRMAM que policiais à paisana que faziam a segurança do candidato ao governo de São Paulo Tarcísio Gomes de Freitas, do Republicanos, mataram a tiros um homem desarmado em Paraisópolis, zona oeste de São Paulo, na semana passada. Elas estavam na rua em que o caso aconteceu, no último dia 17. Os relatos colhidos hoje pelo Intercept na comunidade desmentem a versão apresentada pelos policiais no boletim de ocorrência registrado na 89ª DP, no bairro vizinho do Campo Limpo. Os agentes afirmam que avistaram criminosos portando armas longas em motos logo após ouvirem uma rajada de tiros de metralhadora.

Tarcísio de Freitas chegou a afirmar que sua equipe e ele foram vítimas de um atentado. Depois negou o que disse, mas reiterou que a situação ocorrida era “um recado do crime”.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o corpo de Felipe da Silva Lima, de 28 anos, caído no chão, com uma perfuração no peito e cercado por policiais militares fardados. Não há sinal de qualquer arma perto dele. O boletim de ocorrência informa ainda que os agentes não entregaram nenhuma arma que estivesse em posse dele à Polícia Civil de São Paulo. Por outro lado, duas armas de policiais militares que trabalham à paisana e estão entre os suspeitos de atirarem – um fuzil Imbel 5.56, e uma pistola .40 – foram apreendidas.

A reconstituição dos fatos abaixo é baseada no relato de quatro testemunhas que terão suas identidades preservadas por questões de segurança. Seus relatos, colhidos durante momentos diferentes do dia de hoje, não apresentam contradições flagrantes.

NO ÚLTIMO DIA 17, uma segunda-feira, Tarcísio esteve na sede de um projeto social que inaugurava um polo universitário em Paraisópolis. Os coordenadores do projeto divulgaram um convite aberto nas redes sociais, mas ficaram surpresos quando souberam, na noite anterior, que Tarcísio estaria presente.

Ainda no domingo à noite, um membro da equipe de campanha recebeu a informação de que a presença do candidato não era bem-vinda. Ex-oficial do Exército que abandonou a carreira militar para se tornar servidor público civil, Tarcísio é ex-ministro do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro, conhecido por defender grupos de extermínio – e que, durante esta campanha, afirmou que uma comunidade no Rio de Janeiro em que o ex-presidente Lula fazia uma passeata “só tinha marginal”.

Os primeiros membros da equipe de Tarcísio chegaram à sede do projeto social no começo da manhã de segunda para inspecionar o local. Logo depois, policiais militares fardados, com armas de grosso calibre, começaram a vistoriar os carros estacionados na rua Antonio Manoel Pinto. A atitude hostil dos PMs gerou constrangimento nos convidados do evento, e um coordenador do projeto pediu que um membro da equipe de Tarcísio intercedesse. Depois de uma discussão ríspida entre o membro da equipe de Tarcísio e o comandante da guarnição militar, os PMs fardados foram embora e se posicionaram a quilômetros de distância, na entrada da comunidade.

No fim da manhã, Tarcísio chegou ao local sob uma forte escolta de seguranças e assessores. A previsão era de que ele permanecesse no local por 10 minutos.

Meia hora tinha se passado desde a chegada do candidato quando Felipe Silva de Lima e um outro homem, identificado como Rafael, chegaram de moto a um segurança (que era policial à paisana) postado a 100 metros do prédio e disseram: “A comunidade não quer vocês aqui, vão embora”. Após isso, os dois homens, ligados ao tráfico de drogas local, foram para a esquina da rua. Ouviu-se então uma rajada de tiros distante do evento. As testemunhas afirmam que nenhum disparo foi feito na direção da equipe de Tarcísio.

Foi então que Felipe e Rafael retornaram na moto para falar com a equipe de segurança e foram recebidos a tiros. Um deles atingiu Felipe no peito. Rafael conseguiu correr e fugiu. Seguranças da equipe de Tarcísio continuaram a atirar. A reportagem encontrou marcas de balas em carros e trailers na direção do local onde Felipe foi atingido, a cerca de 100 metros da sede do projeto social.

*Matéria publicada pelo Intercept em 27 de outubro de 2022

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Brasil

PM reforça segurança em embaixadas e sinagogas do DF após guerra

Segundo a PMDF, além das sinagogas, há “destacamento permanente nas embaixadas de Israel e da Palestina desde 7 de outubro”.

A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) reforçou a segurança nas embaixadas de Israel e da Palestina, em sinagogas e em pontos como Associação Cultural Israelita de Brasília (ACIB), após a guerra entre as nações. Segundo a corporação, há um destacamento permanente em áreas relacionadas aos lados envolvidos no conflito desde 7 de outubro, diz o Metrópoles.

“O policiamento também foi reforçado periodicamente nas áreas das sinagogas no Distrito Federal. A medida foi adotada pelo 5º Batalhão da PMDF assim que os confrontos se iniciaram. Até o momento, não foram registrados incidentes nesses locais”, divulgou a PMDF, em nota.

Foi reforçado, ainda, o suporte e a orientação da Inteligência da corporação. Veja imagens da ação preventiva:

Solicitação parlamentar
Mais cedo, o deputado federal Gilvan Máximo (Republicanos-DF) havia emitido ofício ao secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, e ao comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Adão Teixeira de Macedo, pedindo o aumento do policiamento próximo à Embaixada de Israel em Brasília e a sinagogas da capital do país.

No documento, o parlamentar destacou que o grupo extremista Hamas, em guerra com Israel, convocou um “dia da raiva” internacional para esta sexta-feira (13/10). “Por esse motivo, há protestos em vários países, em todo o mundo, o que pode evoluir para eventos ainda mais violentos”, enfatizou o deputado.

Além da Embaixada de Israel, o parlamentar listou outros cinco locais ligados à comunidade judaica e israelense no DF, para terem reforço do policiamento.

Após o Hamas convocar a ação, o Conselho de Segurança Nacional e o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel pediram, nessa quinta-feira (12/10), que todos os israelenses espalhados pelo mundo fiquem em alerta.

Segundo o jornal The Jerusalem Post, “a liderança do Hamas fez um apelo a todos os apoiadores no mundo para fazerem um ‘dia da raiva’ na sexta-feira [13/10], pedindo que saiam às ruas e agridam israelenses e judeus”.

 

 

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Justiça

Caso Marielle: apontado como elo entre matadores e mandante foi segurança de bicheiro e citado na CPI das Milícias

Delação do ex-PM Élcio de Queiroz trouxe à tona um novo personagem na investigação da execução da vereadora. Edmilson da Silva de Oliveira, mais conhecido como Macalé, foi acusado de ter ligações com grupo criminoso que atua em Oswaldo Cruz, segundo O Globo.

A delação do ex-PM Élcio de Queiroz trouxe à tona um novo personagem na investigação da execução da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes: o policial militar reformado Edimilson Oliveira da Silva, o Macalé. Apontado como o intermediário entre o mandante do crime e o ex-sargento Ronnie Lessa, acusado de atirar nas duas vítimas, ele apareceu em investigações de crimes envolvendo o jogo do bicho e a milícia antes de ser morto em 2021.

Em outubro de 2019, na apuração do atentado contra Shanna Harrouche Garcia, filha do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o Maninho, a polícia citou Macalé como “integrante da organização criminosa” do contraventor Bernardo Bello — ex-cunhado da vítima. Em seu depoimento, Shanna afirmou que Belo tinha como braços armados os policiais militares Wagner Dantas Alegre, José Carlos Roque Barbosa e Macalé. Na época, o ex-cunhado — que hoje está foragido — negou as acusações.

O nome de Macalé apareceu ainda na investigação do assassinato de Alcebíades Paes Garcia, o Bid, tio de Shanna e irmão de Maninho, em fevereiro de 2020. Segundo o depoimento dela, o suspeito do crime teria se encontrado com Macalé num restaurante dias depois do crime.

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Política

Bolsonaro esbraveja, grita palavrões ao saber das medidas de segurança na sua chegada

Foi com uma cascata de palavrões que o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu a informação dos preparativos do governo do Distrito Federal para a sua chegada amanhã no aeroporto de Brasília.

O governo do DF decidiu fechar com barreiras a Praça dos Três Poderes e as imediações do aeroporto. Só terá acesso ao local quem for embarcar e apresentar o bilhete de viagem. Aliados do ex-presidente foram informados de que as medidas eram “inegociáveis”.

O que mais irritou Bolsonaro foi a informação de que ele não poderá desembarcar pela saída principal do aeroporto. Pelo plano desenhado pela secretaria de Segurança do Distrito Federal, o ex-presidente terá de deixar a área de embarque por uma via lateral, o que ele considerou uma tentativa de humilhá-lo.

Bolsonaro atribui ao ministro da Justiça, Flavio Dino, e ao PT, as iniciativas que, nas palavras de um aliado, se destinam a “tirar o doce” da sua boca.

O ex-presidente planejava uma chegada triunfal em Brasília. A ideia era repetir as cenas da campanha de 2018, em que multidões o aguardavam nos aeroportos e o aclamavam aos gritos de “mito”. Depois de deixar o saguão, o plano do ex-presidente era falar aos seus apoiadores montado na caçamba de uma caminhonete.

Bolsonaro crê que o governo do DF adotou as medidas de restrição por pressão de Dino e do PT. A avaliação da secretaria de Segurança do Distrito Federal, com base no monitoramento das redes sociais, era de que entre 5.000 e 10 mil pessoas poderiam comparecer ao aeroporto de Brasília para receber o ex-capitão.

O governo do Distrito Federal não foi o único a impor restrições a Bolsonaro em sua chegada ao país.

Sua mulher, Michelle Bolsonaro, não quer que ele vá para casa assim que desembarcar em solo brasileiro. A ex-primeira-dama diz recear aglomerações e tumultos diante do condomínio em que o casal agora irá morar. Por causa disso, Bolsonaro deve seguir do aeroporto para a sede do PL.

*Thaís Oyama/Uol

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Posse de Lula

Posse de Lula: festa popular reforça segurança para ‘alegria tomar conta’ e ‘virar a página’

Esquema de segurança envolve mais de 700 agentes e abrangerá Esplanada dos Ministérios e arredores de Brasília. Jurista, policial rodoviário federal e estudioso de militares ressaltam importância da festa.

A menos de duas semanas da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro, o clima nos bastidores da organização do evento é de “contagem regressiva para uma grande festa popular”. É o que destaca o jurista Mauro Menezes, relator do grupo de trabalho Transparência, Integridade e Controle do Gabinete da Transição. “Reconquista dos espaços de governo, do futuro e da esperança em nosso país”, afirma Menezes, em entrevista ao programa Revista Brasil TVT.

A estrutura para a festa de posse já está em montagem na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O local sediará cerca de 40 apresentações de artistas no Festival do Futuro – A alegria vai tomar posse. Entre eles, estão confirmados Paulinho da Viola, Margareth Menezes, Teresa Cristina, Pabllo Vittar, Baiana System, Duda Beat, Gaby Amarantos, Martinho da Vila, os Gilsons e Chico César.

Também são esperados ao menos 17 chefes de Estado e de governo de todo o mundo. Um número já superior de presidentes e primeiros-ministros confirmados em relação à cerimônia de Jair Bolsonaro (PL) em 2019, que teve 10 chefes de Estado.

“Além de ser uma festa popular aqui em Brasília, que realmente contagia a todos nós, e muita gente vai celebrar, nós temos também a expectativa de que os representantes diplomáticos, representantes dos governos estrangeiros, virão para celebrar o retorno do Brasil à cena internacional”, comentou o jurista.

Sem previsão de incidentes

De acordo com Menezes, ao longo dos últimos quatro anos do governo Bolsonaro, agora derrotado, o Brasil “também se alienou das relações internacionais”. E agora a vitória de Lula e sua posse marcam um momento de reinserção do país. “O Brasil passou a ter uma política externa absolutamente disparatada, subserviente e omissa. Então isso também será recuperado”, diz o advogado.

Além de marcar oficialmente o fim do governo Bolsonaro, a posse de Lula também marca o ineditismo de, pela primeira vez, um presidente assumir o Planalto pela terceira vez. Além disso, o em breve ex-presidente é o primeiro não reeleito desde a redemocratização, em 1985.

À frente da organização, a socióloga e futura primeira-dama, Rosângela Silva, a Janja, confirmou na semana passada a expectativa de que 350 mil pessoas de todas as partes do país participem da posse. O evento vem sendo planejado para garantir que não ocorram incidentes.

*Com Rede Brasil Atual

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Posse de Lula

PT e movimentos sociais convocam voluntários para a segurança da posse

Além dos órgãos oficiais, como Polícia Federal, partido de Lula faz lista de petistas para atuarem na Esplanada.

Diretórios do PT e lideranças dos movimentos sociais e sindicatos têm feito reuniões com o objetivo de criar uma “força” paralela que garanta a segurança dos eventos que tenham Luiz Inácio Lula da Silva como protagonista.

A exemplo do que foi feito na campanha, mas agora em número bem ampliado, petistas, sindicalistas e militantes do MST e MTST, entre outros, estão se reunindo e preparando lista com nomes de pessoas que estejam principalmente na festa da posse formando cordão em torno de Lula, Janja, Alckmin e Lu Alckmin, que estarão em carro aberto.

O PT do Distrito Federal, por exemplo, se reuniu na sede da Central Única dos Trablhadores (CUT), na última quinta, em Brasília, e começou a preparar uma lista, que terá também advogados, capazes de atuar rapidamente contra possíveis excessos de bolsonaristas.

Esse esquema paralelo de proteção do PT irá atuar independentemente da segurança oficial, que será feita por agentes da Polícia Federal e talvez do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), além da Polícia Militar.

O ex-ministro Gilberto Carvalho tem participado dessas reuniões e está auxiliando e estimulando que esses grupos sejam instituídos. Ele tem feito reuniões também em regiões próximas da capital, como em Goiânia (GO).

Noblat/Metrópoles

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Opinião

Democracia em reconstrução

A destruição é imensa. Há muito a recuperar, mas cada grupo social no Brasil estará atento às políticas. E aos políticos que as implementarão.

Flávia Oliveira – A um mês do fim, o Brasil toma ciência do tamanho do desmonte por quatro anos de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Além da democracia, sob ameaça constante, as políticas públicas estão feridas de morte. Cada relato das equipes de transição evoca perplexidade, indignação, tristeza. Na Saúde, o Programa Nacional de Imunizações, uma joia brasileira, está em frangalhos. O país não conseguiu cumprir metas de vacinação dos bebês de até 1 aninho. Mais de 1 milhão de procedimentos hospitalares não foram realizados no SUS no triênio 2020-2022, segundo nota técnica dos pesquisadores do Monitora Covid-19. O grupo de Saúde estima em 1 bilhão o déficit de atendimentos, levando em conta outras atribuições, de consultas à distribuição de medicamentos.

Na Educação, o plano de aniquilar a autonomia financeira das universidades federais se estendeu até o apagar das luzes, com o vaivém recente de bloqueio no Orçamento. O número de jovens inscritos para o Enem despencou, há atraso de aprendizagem entre os miúdos. No Meio Ambiente, o capitão foi o único presidente a registrar três anos seguidos de aumento no desmatamento da Amazônia. Na temporada 2022, a queda de 11% sobre o período anterior esconde que 11.568 quilômetros quadrados de floresta tombaram, 53% acima do último ano de Michel Temer.

Na segurança pública, as medidas de facilitação do acesso a armas de fogo e o afrouxamento do controle puseram em mãos civis um arsenal de 1,2 milhão de peças em três anos, segundo levantamento dos institutos Igarapé e Sou da Paz. A transição recomenda ao futuro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, um revogaço de atos executivos, incluindo restrição de acesso, redução da validade dos registros, ações de entrega voluntária e recompra de armas de grosso calibre. No fim dos anos 1990, o movimento Viva Rio organizou a primeira campanha de recolhimento maciço de armas leves, com participação de igrejas evangélicas. Em 2001, 100 mil unidades foram destruídas no Aterro do Flamengo. Desta vez, será mais complexo, alerta Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC):

— Naquela época, havia muitas armas antigas guardadas por famílias. A situação hoje é mais complexa. Dependendo do valor oferecido, pode não haver incentivo a entregar. Por outro lado, há risco de o dinheiro ser usado para compra de arma pequena. No cenário atual, é urgente o controle.

Como prometido, o atual presidente não demarcou um centímetro de territórios indígenas. Esfacelada, a Fundação Cultural Palmares tampouco avançou em reconhecimento de comunidades remanescentes de quilombos. A interseccionalidade de gênero e raça nunca foi levada em conta nas políticas oficiais. A intolerância religiosa grassou impune. A Cultura foi varrida.

A política social de transferência perdeu foco e eficácia. Centenas de bilhões foram gastos e 33 milhões de brasileiros ainda estão passando fome. A centralidade na família foi diluída, as condicionalidades em saúde (vacinação) e educação (frequência escolar) desapareceram. A senadora Simone Tebet, do grupo de desenvolvimento social na transição, chamou de “desmonte” a situação no Ministério da Cidadania. A palavra é recorrente nas avaliações.

O diálogo entre União, estados e municípios deu lugar a ataques; as artérias de comunicação da sociedade civil com o governo foram rompidas. Quatro em dez trabalhadores brasileiros estão na informalidade — portanto mal remunerados e sem proteção legal. Dois terços das empregadas domésticas ainda não têm carteira assinada. Mulheres enfrentam cerceamento a direitos sexuais e reprodutivos, violência doméstica, feminicídio, mercado de trabalho precário. A população carcerária caminha para 1 milhão de detentos.

O terceiro mandato de Lula tem a missão hercúlea de refundar a democracia, produzir equilíbrio macroeconômico, reconstruir políticas sociais, preservar o meio ambiente, restituir direitos, melhorar a qualidade de vida da população. O fim do superministério da Economia de Paulo Guedes devolverá à Esplanada três pastas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio. É bem-vinda a volta do contraditório ao debate governamental. Tensão produz inovação e melhores resultados, tal como a diversidade. Na economia moderna, serviços equivalem a dois terços do PIB e geram a maioria dos empregos; certamente, estarão representados.

O novo governo terá de se organizar sob o princípio da transversalidade. Ministérios do meio ambiente, dos povos originários, das mulheres, da igualdade racial não podem ser pastas decorativas, subordinadas a canetadas aleatórias do que alguns entendem como progresso e desenvolvimento. Essa era acabou. Se cabe uma recomendação à chapa vencedora, nenhuma decisão deve ser tomada sem resposta objetiva à pergunta: a medida beneficia ou agride mulheres, negros, povos indígenas, crianças e jovens, recursos naturais? Pôr os pobres no Orçamento não é somente pagar R$ 600 de Bolsa Família.

A destruição é imensa. Há muito a recuperar, mas cada grupo social no Brasil estará atento às políticas. E aos políticos que as implementarão. Há clamor por bem viver e também por representatividade. Não foi por acaso que, ainda ontem, oito dezenas de organizações da sociedade civil, da Ação Educativa à Coalização Negra por Direitos, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) à Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), da Terra de Direitos à Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras (Renafro), encaminharam a Lula, Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito, e às equipes de transição a carta “A democracia que queremos”. Reivindicam no texto o fim da necropolítica do governo Bolsonaro (referência ao conceito filosófico do camaronês Achille Mbembe sobre atos e omissões que matam ou deixam morrer), responsabilização dos culpados, recomposição das políticas públicas com participação social. É o apelo pela “democracia inclusiva e generosa” que o Brasil jamais teve.

*O Globo

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Opinião

Não há nada mais esperado no Brasil do que a prisão de Bolsonaro

Bolsonaro tinha certeza da vitória na eleição, agora, tem certeza de sua prisão, tal o número de pessoas que repetem na mídia que, para o bem geral da nação, ele tem que pagar por todos os crimes que cometeu.

Sem a segurança e proteção que o poder ainda lhe confere, Bolsonaro se vê cada vez mais próximo de um julgamento integral dos seus crimes. E isso tem que ser pra ontem, e sem restrições.

A justiça tem que chegar ao criminoso sem que haja qualquer barreira imposta pelo poder que tinha antes da eleição. Bolsonaro jurava que venceria pela quantidade de votos que comprou e pela armação que montou com a cúpula da PRF para impedir que o povo do Nordeste tivesse direito a voto.

Os crimes já conhecemos, não todos, é claro, mas o que já sabemos precisam ter os caminhos desvendados que, com certeza, outros crimes derivados serão encontrados.

Sim Bolsonaro não está nisso sozinho e o braço da lei chegará aos braços de um sistema de corrupção montado pelo clã, dentro e fora do governo. E muita, mas muita podridão será revelada.

É imperativo que seja ele, Bolsonaro, o primeiro da lista a fazer companhia a Roberto Jefferson, seguido de Carla Zambelli e outros troços que fazem parte do  cordão de proteção no alto escalão de seu governo. O resto, vem na fieira do peixe graúdo.

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Segurança de Carla Zambelli é preso após disparar arma de fogo em perseguição a homem negro

Deputada bolsonarista sacou arma e perseguiu o jornalista Luan Araújo.

Um segurança da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) foi preso pela Polícia Civil na madrugada de hoje. Ele é o autor do disparo de arma de fogo que ocorreu no momento em que Zambelli perseguiu um homem negro até uma lanchonete na região dos Jardins, bairro nobre de São Paulo.

O jornalista Luan Araújo, que foi perseguido por Zambelli, também prestou depoimento à Polícia Civil. Ele estava acompanhado de advogados do grupo Prerrogativas, que confirmaram a prisão do segurança da deputada.

Saímos agora da delegacia com a decretação de prisão do segurança de Carla Zambelli. Agora é lutar até o fim para a prisão da bolsonarista pelos crimes de ameaça,agressão,racismo e disparo de arma de fogo.

Carla Zambelli foi filmada apontando uma arma para Araújo na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena, em São Paulo. No vídeo, ela atravessa a rua e entra em um bar com uma pistola empunhada.

Ela afirma ter sido agredida e empurrada pelo jornalista. “Eles usaram um negro para vir em cima de mim”, disse. Araújo conversou com o UOL e afirmou que a intenção de Zambelli era prendê-lo e matá-lo.

Araújo afirmou que a confusão começou porque ele encontrou com Zambelli em um bar e a mandou “tomar no cu”. Ele relata que as pessoas que acompanhavam Zambelli começaram a filmar a discussão até que o homem disse “te amo, espanhola”. Foi neste momento que Zambelli se desequilibrou, caiu e passou a correr atrás da vítima com a arma.

A ação aconteceu na esquina da rua Joaquim Eugênio de Lima com a alameda Lorena. Pela gravação, é possível ouvir a deputada falando para o jornalista mais de uma vez “deita no chão”. Pessoas que estavam no local tentaram contê-la e uma voz afirma “ela quer me matar, mano”. Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.

Ele diz ter ouvido um disparo, mas que não viu quem o efetuou. Araújo relatou que Zambelli e os homens que a acompanhavam ordenaram que ele deitasse no chão, o que ele não atendeu. Depois da confusão, sempre de acordo com o relato do jornalista, Zambelli pediu que ele gravasse um vídeo pedindo desculpas pela confusão, o que ele também recusou.

De acordo com a polícia, a confusão teria começado na esquina da rua Capitão Pinto Ferreira com Alameda Lorena. Testemunhas falaram que a polícia interditou a passagem de veículos na rua para preservar a cena do ocorrido.

Vídeo obtido pelo UOL confirma parte do relato do jornalista. Nessas imagens, na alameda Lorena com a rua Capitão Pinto Ferreira, um grupo de homens circula ao redor de Zambelli e ela cai, sem ninguém empurrá-la. “Xingou de boiola”, acusou um deles.

Ela levanta e começa a correr atrás de dois dos homens. Uma pessoa saca uma arma e é possível ouvir um som que seria de um disparo, enquanto mais ofensas são trocadas. “Chama a polícia”, grita uma pessoa ao redor. Zambelli continuou correndo atrás de um dos homens, o que entra no bar procurando abrigo.

*Com Uol

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Por questões de segurança, evento de estreia da campanha de Lula é cancelado

Presidente visitaria fábrica em SP; suspensão da agenda foi pedida após vistoria.

O evento oficial de estreia da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que estava previsto para a manhã desta terça-feira (16) em uma fábrica da zona sul de São Paulo, foi cancelado a pedido da Polícia Federal.

Agentes que fazem a proteção de Lula mencionaram razões de segurança aos organizadores da visita, segundo o Painel apurou. O petista visitaria a metalúrgica MWM, no bairro de Jurubatuba, às 7h.

“A segurança do Lula disse que o local não era apropriado. É comum a gente fazer assembleia lá, cabe muita gente. Mas como é uma questão eleitoral e eles que têm as informações de segurança, não podemos contestar”, diz Miguel Torres, presidente da Força Sindical.

A visita havia sido acertada entre a campanha de Lula e lideranças da central sindical, que controla o sindicato dos metalúrgicos da capital.

“Eles disseram que o local não é seguro do ponto de rota de fuga, caso acontecesse alguma coisa. Foram hoje fazer a vistoria. Também falaram que havia problema no acesso e coisas do tipo”, completa Torres, que diz ter falado por telefone com os responsáveis pela segurança do ex-presidente.

A campanha oficialmente começa nesta terça (16). Com o cancelamento, o evento de estreia passou a ser uma visita na parte da tarde à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, que está mantida.

*Com Folha

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