O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta segunda-feira (19), no Palácio Itamaraty, em Brasília, o II Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural. Reunindo ministros da Agricultura de mais de 40 países africanos, o evento busca transformar o combate à fome em prioridade global, com base na troca de tecnologias sustentáveis e políticas públicas eficazes.
“Precisamos produzir alimentos e sensibilizar o resto do mundo, criando um processo de indignação na mente das pessoas. Não é possível a gente se conformar que, na primeira metade do século 21, existam 730 milhões de pessoas passando fome”, declarou Lula em discurso enfático aos ministros da Agricultura da União Africana presentes ao evento.
Solidariedade Sul-Sul Com o objetivo de fortalecer a agricultura familiar e a produção alimentar local na África, o Brasil aposta no compartilhamento de políticas bem-sucedidas, como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), além da transferência de tecnologias desenvolvidas pela Embrapa.
Lula lembrou que a fome, muitas vezes, decorre da negligência de quem governa. “Temos condições de mudar isso e determinar uma prioridade: para quem eu quero governar, quem eu preciso atender, a quem o Estado deve servir? Essa é uma decisão que somente nós, governantes, precisamos tomar”, afirmou.
Ele também criticou os gastos militares: “É triste saber que o mundo gastou US$ 2,4 trilhões em armamentos, no ano passado, e não teve a coragem de gastar isso ensinando as pessoas a acabar com a fome”.
Dívida histórica com a África O petista voltou a lembrar que o Brasil detém uma “dívida histórica” para com a África. “Nós devemos ao continente africano o que nós somos. A nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, nós devemos há 350 anos que este país explorou uma grande parte do povo africano”, esclareceu, antes de reconhecer que essa dívida “não é mensurável em dinheiro”.
“O Brasil pode pagar em solidariedade, em transferência de tecnologia, para que vocês possam produzir parte daquilo que nós produzimos. Eu, há muito tempo, tenho interesse no continente africano, há muito tempo. Foi o continente que eu mais visitei”, prosseguiu.
“Devemos o que nós somos, a nossa cor, a nossa arte, a nossa cultura, o nosso jeito de ser, ao continente africano. O Brasil não pode pagar isso em dinheiro, isso não pode ser mensurado em dinheiro. Mas podemos pagar em solidariedade e em transferência de tecnologia”, disse Lula, reforçando o compromisso do país com a reparação histórica por meio da cooperação.
EAD regulamentada. O governo Lula anunciou nesta segunda (19) um novo marco regulatório para a Educação a Distância (EAD) no Brasil, com mudanças significativas nas diretrizes de oferta de cursos superiores.
MEC cursos EAD: veja a regulamentação dos cursos EAD Assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pelo ministro da Educação, Camilo Santana, o decreto veda 100% do ensino EAD para os cursos de Medicina, Direito, Odontologia, Psicologia e Enfermagem. Já outros cursos presenciais deverão ter, pelo menos, 70% de aulas presenciais. Licenciaturas e demais cursos da área da Saúde deverão ter, pelo menos, 50% de aulas presenciais.
A nova regulamentação tem como objetivo garantir a qualidade do ensino e adequar a formação profissional à complexidade das áreas.
A decisão foi apresentada em reunião no Palácio do Planalto, com a presença do ministro da Educação, representantes de instituições de ensino, entidades civis e conselhos profissionais. Segundo Santana, o novo marco responde à necessidade de reverter o crescimento desordenado da modalidade EAD, especialmente em áreas que exigem práticas e formação técnica rigorosa.
Engenharia fica de fora Apesar das críticas e das sinalizações anteriores do próprio MEC, o curso de Engenharia foi liberado para funcionar no formato EAD, podendo manter até 90% das atividades de forma remota. A decisão contraria expectativas de maior restrição também nessa área, já que 70% dos calouros em Engenharia estão atualmente matriculados em cursos não presenciais.
EAD semipresencial O decreto institui a categoria “semipresencial” para cursos que terão, obrigatoriamente, parte das atividades de forma física. Cursos como Farmácia, Biomedicina, Fisioterapia, Educação Física e Licenciaturas entram nesse grupo. Eles poderão ofertar até 50% da carga horária a distância, sendo exigido que pelo menos 30% das atividades sejam presenciais e os 20% restantes possam ocorrer presencialmente ou via aulas síncronas (remotas, mas ao vivo).
Os polos de EAD, que funcionam como braços físicos das instituições, precisarão garantir infraestrutura mínima: recepção, sala de coordenação, laboratórios, espaços de estudo, internet estável e mediadores pedagógicos capacitados. As provas devem ser realizadas presencialmente e terão peso maior na nota final dos alunos. Avaliações deverão incluir questões discursivas que representem ao menos um terço da pontuação.
Período de transição As instituições de ensino superior terão até dois anos para se adaptarem à nova política. Alunos já matriculados em cursos que deixarão de ser oferecidos na modalidade EAD poderão concluir sua formação no formato originalmente previsto.
Reação do setor e das entidades civis A União Nacional dos Estudantes (UNE) classificou o decreto como um “primeiro passo importante” para garantir a qualidade do ensino superior no Brasil. Já o setor privado da educação demonstrou preocupação com as limitações impostas e o impacto econômico na expansão da EAD, que nos últimos anos registrou um crescimento de 700% nas matrículas.
A decisão foi saudada por conselhos profissionais como o Cofen (Conselho Federal de Enfermagem), que desde 2024 vinha alertando para os riscos da formação a distância na área. Um documentário produzido pela entidade, “Formação em risco”, mostrou a precariedade dos polos de EAD e a falta de campos de estágio, apontando impactos diretos na qualidade da assistência à saúde.
A Petrobras reduziu em 9% o preço da gasolina que ela vende a distribuidores de combustível desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou à Presidência, em janeiro de 2023.
No entanto, o consumidor final não viu esse recuo se refletir nas bombas. Pelo contrário: segundo dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP), o preço médio do litro do combustível subiu 26% no período.
A diferença entre o preço praticado pela estatal e o valor cobrado ao consumidor pode ser explicada, em parte, pelo aumento da margem de lucro das distribuidoras e dos postos de combustíveis.
De janeiro de 2023 até aqui, ele cresceu pelo menos 10%, segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME) tabulados pelo economista Eric Gil Dantas, do Instituto Brasileiro de Estudos Políticos e Sociais (Ibeps).
O ganho dessas empresas virou tema de críticas da presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na última terça-feira (13). A executiva chegou a sugerir que consumidores cobrem dos postos razões para um preço tão elevado dos combustíveis.
“A gente recomenda que o consumidor pergunte por que isso não está chegando à ponta”, disse ele. “Pressiona, pergunta por que isso está acontecendo.”
Chambriard lembrou que, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Petrobras “perdeu poder sobre a ponta”, ou seja, privatizou sua participação no mercado de distribuição e revenda de combustíveis. Ela apontou que a medida delegou a definição de parte considerável do preço dos combustíveis no país ao setor privado, que se aproveitou do poder sobre o mercado para lucrar. O alto custo nos postos, mesmo com corte de preços promovidos pela Petrobras, é resultado disso.
Privatizações Além de explorar, produzir e refinar petróleo, a Petrobras também distribuía a revendia combustíveis até 2019, quando ainda era dona da BR Distribuidora. A empresa foi privatizada em duas fases, em 2019 e 2021 — ambas durante o governo de Bolsonaro. Acabou mudando seu nome para Vibra, mas ainda ostenta a marca BR.
A Petrobras também distribuía e vendia gás, por meio da Liquigás. A subsidiária também foi privatizada, em 2020, durante o governo Bolsonaro. Acabou incorporada por um consórcio formado pela Copagaz, Itaúsa e Nacional Gás.
Dantas, do Ibeps, aponta que essas duas vendas tiveram efeito significativo para as margens cobradas nos dois setores do qual a Petrobras saiu. Margem é a diferença entre o custo de aquisição de um produto e o preço de revenda do produto.
O economista monitora há anos o mercado de combustíveis no Brasil. Usa, inclusive, dados do Relatórios Mensais do Mercado de Derivados de Petróleo, do MME, para isso.
Números extraídos por Dantas desses relatórios apontam que, desde janeiro de 2019, a margem das distribuidoras e postos sobre o preço da gasolina subiu 43%. Enquanto há seis anos eles ganhavam R$ 0,73 centavos por litro de combustível vendido, agora ganham cerca de R$ 1,06.
“No ano de 2020, a margem ficou na média de R$ 0,64. Mesmo se corrigirmos este valor pela inflação do período, em valores atuais a margem seria de R$ 0,79, muito abaixo dos R$ 1,12 do mês de fevereiro deste ano”, comparou Dantas, em artigo publicado no site do Sindicato dos Petroleiros de São José dos Campos e Região (Sindipetro SJC).
Segundo ele, no caso do mercado de gás, o aumento da margem é ainda mais relevante. Desde 2019, ele ultrapassa os 72% de alta.
Hoje, dos R$ 108,1 cobrados, em média, por uma botijão de gás no Brasil, R$ 55,20 ficam com os distribuidores e revendedores –51% do total.
Em 2019, quando a Petrobras ainda atuava em toda cadeia, o percentual era de 46%. O botijão custava R$ 69,29, em média, e a distribuição e revenda ficavam com R$ 31,96.
“Se compararmos a média da margem de 2020 com a atual, tivemos um crescimento de 101%. Desde a privatização da Liquigás em dezembro de 2021, o aumento foi de 45%”, complementou Dantas, no mesmo artigo.
Diesel O diesel também é um caso à parte. O combustível é essencial para transporte terrestre de mercadorias no país, de forma que tem influência sobre o preço dos alimentos e outros produtos. Ou seja, a queda do preço ajuda o país a combater a inflação, atualmente em 5,53% em 12 meses, acima da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) de até 4,5%
Desde janeiro de 2023, o preço do óleo diesel vendido pela Petrobras às distribuidoras de combustíveis caiu 34,9%. No entanto, de acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de janeiro de 2023 a abril de 2025, o óleo diesel ficou apenas 3,18% mais em conta para o consumidor.
A diferença entre o comportamento do preço do diesel que sai das refinarias da Petrobras e o cobrado nos postos também chamou atenção da Petrobras. “A partir de 1º de abril, reduzimos R$ 0,45 no litro do diesel e, infelizmente, esse valor não está sendo percebido pelo consumidor final”, constatou o diretor de Logística, Comercialização e Mercados, Claudio Romeo Schlosser, na mesma entrevista concedida por Chambriard.
Nos postos, segundo a ANP, o combustível ficou apenas R$ 0,21 mais barato.
População prejudicada Mahatma dos Santos, diretor técnico do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo (Ineep), disse que os dados sobre as margens de lucro e preço dos combustíveis comprovam que a privatização de partes da Petrobras deu errado.
Ele lembrou que, quando elas foram realizadas, foi dito que aumentariam a concorrência, melhorariam serviços e reduziriam preços. Isso não ocorreu.
“O afastamento da Petrobras dos elos da cadeia de venda de combustíveis resultou em uma piora dos serviços, uma piora nas condições de trabalho dos trabalhadores e também uma piora nos preços para os consumidores finais”, disse ele.
Santos disse que Chambriard fez bem em culpar as empresas beneficiadas pelas privatizações pelo preço dos combustíveis. Cobrou, porém, atitudes da Petrobras sobre o assunto. “A atual gestão da Petrobras está, por exemplo, avançando ou trabalhando para uma reestatização da BR Distribuidora e da Liquigás? Essas são questões também precisam ser debatidas pela sociedade.”
Quando Lula voltou à Presidência, foram aventados planos para recompra de bens privatizados pela Petrobras. A reestatização da antiga Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, chegou a ser defendida publicamente pelo ministro Alexandre Silveira, do MME.
Na terça-feira, mesmo dia em que Chambriard reclamou das privatizações, a Petrobras foi questionada sobre as negociações que mantém sobre a refinaria.
O diretor-executivo Financeiro da Petrobras, Fernando Melgarejo, disse que não há qualquer avanço sobre uma eventual recompra do ativo na companhia.
Sobre a BR, Chambriard reclamou dos preços praticados pela empresa e do uso da marca BR. Disse, contudo, não ter o que fazer sobre o assunto. “Essa questão está no nosso radar. Mas isso está em contrato. O respeito em contratos está em nossa crença”, explicou ela. “Nossa marca está sendo divulgada e espalhada pelo Brasil vendendo gasolina com preço acima do esperado”, lamentou.
A Vibra Energia é a maior distribuidora do país, com participação de 23% no mercado de diesel em 2024, segundo a ANP.
O general Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, tomou uma bronca do ministro Alexandre de Moraes durante seu depoimento ao STF (Supremo Tribunal Federal) na ação penal que trata de uma tentativa de golpe de Estado. Ele também confirmou a reunião em dezembro de 2022 com o ex-presidente Jair Bolsonaro sobre isso.
Bronca de Moraes. A divergência ocorreu enquanto ele era questionado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, sobre os presentes no encontro. “Expus a ele a importância de avaliar todas as condicionantes e o dia seguinte. Eu estava focado na minha lealdade de ser franco ao ex-presidente. O brigadeiro foi contrário a qualquer coisa naquele momento. Que eu me lembre o que o ministro da Defesa fez foi ficar calado. O [chefe da Marinha] Almir Garnier apenas demonstrou, vamos dizer assim, o respeito ao comandante em chefe das Forças Armadas. Não interpretei como qualquer tipo de conluio”, afirmou Freire Gomes.
Moraes rebateu de forma dura. “Se mentiu na polícia, tem que dizer que mentiu na polícia. Agora não pode perante o STF. Solicito que, antes de responder, pense bem, porque Vossa Senhoria afirmou na polícia que o depoente e o brigadeiro Baptista Júnior afirmaram de forma contundente sua discordância em relação ao conteúdo exposto.”
“Ou o senhor falseou a verdade à polícia ou o senhor está falseando a verdade aqui.”
Alexandre de Moraes, ministro do STF e relator da ação penal
Ex-comandante negou mentira. “Com 50 anos de Exército, eu jamais mentiria. Eu e o brigadeiro Batista nos colocamos contrários ao assunto. Que eu não me recordo efetivamente da posição do ministro da Defesa, e o Almir Garnier colocou essa postura de estar com o presidente. Agora não omiti o dado. Eu sei plenamente o que eu falei. Agora a intenção do que ele quis dizer com isso não me cabe.”
Reunião sobre o golpe foi confirmada. Ele disse hoje ter participado de reunião com Bolsonaro para tratar sobre um golpe de Estado. Eles se encontraram em 7 de dezembro de 2022, após a vitória de Lula (PT) nas eleições daquele ano. Na audiência, Gonet ainda questionou se nas reuniões foi tratado da possibilidade de estado de sítio, GLO, ou estado de defesa, o que foi confirmado pelo general.
Freire Gomes foi ouvido como testemunha. A ação penal tem Bolsonaro como réu, assim como outras sete pessoas, acusados de integrar o “núcleo crucial” na formulação de um golpe de Estado.
À PF, Freire Gomes tinha dito que Bolsonaro havia apresentado uma minuta golpista com ‘institutos jurídicos’ para reverter o resultado das eleições. O relato do ex-comandante é citado na denúncia para reforçar a tese de que Bolsonaro teria atuado para se manter no poder após a derrota para Lula.
O ex-comandante disse não ter concordado com a proposta de golpe. Seu depoimento é um dos principais elementos da denúncia contra o ex-presidente. Na audiência desta tarde, porém, ele negou que teria sugerido dar voz de prisão a Bolsonaro quando ouviu as propostas do então presidente.
O resultado do desmonte de políticas públicas promovido pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é sentido hoje no aumento das denúncias de violência contra crianças e adolescentes no Brasil. A análise é de Alan Carvalho, membro da Coordenação Adjunta do Fórum de Assistência Social (FAS). De acordo com ele, o cenário atual também reflete a desinformação sobre sexualidade e a falta de articulação entre os serviços de proteção.
“O grande ataque às políticas públicas que sofremos no triste e nefasto governo passado impacta diretamente esse aumento”, afirma Carvalho, em entrevista ao programa Conexão BdF, da Rádio Brasil de Fato. Ele lembra que até mesmo o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) teve suas atividades paralisadas durante o governo de Jair Bolsonaro, o que dificultou a formulação e o monitoramento de ações essenciais.
Para o especialista, a ausência de políticas públicas integradas cria um ambiente propício para o aumento de violações. “Falamos muito de rede, mas a efetivação dessa rede são casos isolados e dependem mais de pessoas do que de uma relação institucionalizada”, critica.
Segundo o Ministério dos Direitos Humanos, as denúncias de abuso e exploração sexual infantil aumentaram 195% em quatro anos, saltando de 6 mil registros em 2020 para mais de 18,8 mil em 2024. Além disso, dados do Atlas da Violência 2025, divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), revelam que 13 crianças e adolescentes são vítimas de algum tipo de violência a cada hora no país, um total de 115 mil vítimas por ano.
Ataques reforçam desinformação e tabus Além da falta de políticas públicas, o especialista aponta “um corte drástico de investimento e uma campanha contra” a educação sexual nas escolas, muitas vezes alvo de campanhas de desinformação no governo anterior. “Sob a alegação esdrúxula de que isso estimularia o apetite sexual das crianças, se retirou uma ferramenta essencial de proteção”, lamenta Carvalho.
Ele defende que a orientação adequada, feita com base pedagógica e respeitando a faixa etária, é fundamental para que crianças e adolescentes reconheçam situações de abuso e saibam se proteger.
O coordenador reforça que a desinformação não afeta apenas os jovens, mas também os adultos. “É um tema tabu para a nossa sociedade. Muitos pais não têm orientação para fazer um diálogo aberto e orientativo com seus filhos”, ressalta. Para ele, isso também é fruto da falta de investimento em serviços que prestavam atendimento de orientação ao pais, como o próprio Conselho Tutelar.
Congresso barra a recuperação de políticas Apesar de reconhecer avanços recentes com o governo atual, como uma maior conscientização de crianças, adolescentes e suas famílias, Carvalho destaca que o “desfinanciamento” das políticas públicas ainda persiste por conta de “um Congresso de extrema direita que tenciona o governo, exige um arrocho fiscal e faz da reforma tributária menos do que poderia ser feito em termos de distribuição de renda”, diz.
Ele também critica as emendas parlamentares, que concentram recursos nas mãos de poucos políticos, como mais um meio de dificultar o investimento em políticas de proteção em nível nacional. “Essas emendas subtraem parte significativa do que o Estado brasileiro deveria distribuir nacionalmente “, opina.
Fortalecer Conselho Tutelar e regular internet podem ser saídas Para Carvalho, o fortalecimento do Conselho Tutelar é essencial. Ele lembra que o órgão é muitas vezes mal compreendido pela população. “O Conselho Tutelar é o eixo central no sistema de garantia de direitos. Ele não é tutelar da criança e do adolescente, mas o zelador dos seus direitos integrais. Sem uma educação continuada, uma formação permanente, fica difícil ele conseguir dar conta de uma atribuição tão complexa num mundo tão complexo”, aponta.
Além disso, ele alerta para os riscos no ambiente digital. “A internet é uma caixa preta. A sua regulamentação também contribui no enfrentamento da disseminação de violência e abuso sexual contra crianças e adolescentes. O nosso Congresso tem sido muito omisso nesse sentido, por interesses próprios”, critica.
Por fim, Carvalho enfatiza que a participação da sociedade é indispensável para mudar esse cenário. “Temos espaços de participação popular que são fundamentais para que a população se aproprie desses direitos, para garanti-los. E temos que eleger parlamentares comprometidos com a infância e adolescência”, defende.
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), considerado pelo mercado como uma prévia do PIB, aumentou 0,8% em março de 2025, na comparação com fevereiro. O resultado, divulgado nesta segunda-feira (19), veio acima das projeções do mercado.
Os destaques na atividade econômica foram na indústria (avanço de 2,1%) e no agro (alta de 1%). O setor de serviços, por sua vez, teve um aumento mais moderado de 0,3% em março.
No trimestre, o IBC-Br aumentou 1,3%, o que indica que a atividade econômica ganhou algum impulso no último mês. O nível da atividade econômica está 3,5% acima do que foi registrado em março de 2024.
A expectativa do mercado é que a economia desacelere ao longo do ano, com o efeito das sucessivas altas na taxa de juros. De acordo com o Boletim Focus, a projeção é de um crescimento de 2,2% no PIB – acima do que se projetava na semana anterior, mas inferior à alta de 3,4% registrada no ano anterior.
Serviços e indústria aquecidos Excluindo a Agricultura e a Pecuária, o índice teve avanço de 0,7% em relação ao mês anterior e de 1,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. No comparativo entre trimestres, o crescimento foi de 1% em relação ao trimestre anterior e de 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, de acordo com a instituição.
Os demais componentes também apresentaram crescimento no último trimestre: Serviços (0,7% em relação ao trimestre anterior); Indústria (1,6% em relação ao trimestre anterior); e Impostos (0,7% em relação ao trimestre anterior).
Para Perez, da Suno, a alta na indústria pode estar relacionada à antecipação das empresas em garantir estoques diante da expectativa de aumento nas tarifas de importação a partir de abril.
Primeira-dama defende posicionamento sobre redes sociais e rebate críticas após comentário feito durante encontro com Xi Jinping, na China.
A primeira-dama Rosângela da Silva, Janja, reagiu publicamente às críticas que recebeu após comentar, em viagem à China, sobre os riscos de redes sociais como o TikTok. Em discurso nesta segunda-feira (19), durante a abertura da Semana Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes, Janja defendeu a importância da regulamentação digital e disse que não se intimidará.
“Em nenhum momento eu calarei a minha voz para falar sobre isso. Em nenhum momento, em nenhuma oportunidade”, afirmou.
Em outro trecho, completou: “Não há protocolo que me faça calar se eu tiver uma oportunidade de falar sobre isso com qualquer pessoa que seja, do maior grau ao menor grau, do mais alto nível a qualquer cidadão comum”.
A primeira-dama também destacou a urgência do debate. “É urgente a regulamentação dos espaços digitais. Quantas crianças precisamos perder? Quantas pessoas ainda precisam sofrer violências para que consigamos um espaço saudável na internet?”.
A controvérsia começou durante a visita da comitiva brasileira à China, em 13 de maio. Janja pediu a palavra em um encontro com o presidente Xi Jinping para criticar os efeitos da plataforma TikTok, de origem chinesa. Ela afirmou que o algoritmo da rede favorece conteúdos da extrema direita e representa um risco à democracia no Brasil.
Posteriormente, o presidente Lula defendeu a posição da primeira-dama, afirmando que ela é livre para opinar no que quiser e que não é uma “cidadã de segunda classe”.
Que o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pediu afastamento do mandato para viver o “american way of life”, todos sabem. No entanto, até mesmo perfis do ecossistema conservador têm feito piada com a “missão” internacional do parlamentar.
A prova veio do perfil Alan dos Panos, ligado ao campo conservador e conhecido por seu tom humorístico. O influenciador ironizou a estadia de Eduardo nos Estados Unidos, principalmente após a divulgação de fotos em que o deputado aparece se divertindo em um rodeio no país.
“Vocês têm ideia do sofrimento que o Bananinha está enfrentando nos EUA? É desumano! Por favor, façam mais PIX — o comunismo está destruindo a vida da família santa”, debochou o perfil, em clara provocação ao discurso da família Bolsonaro.
Apesar do tom cômico, a crítica reflete o desgaste crescente dentro da própria base bolsonarista com o comportamento do deputado, que permanece afastado de suas funções parlamentares em meio a um cenário político conturbado no Brasil. Com Forum.
Allan dos Panos @allandospanos Vocês têm ideia do sofrimento que o Bananinha está enfrentando nos EUA? É desumano!
Por favor, façam mais PIX — o comunismo está destruindo a vida da família santa.
Grupo é formado por militares da ativa e da reserva do Exército, além de policial federal. Julgamento deve se estender de terça a quarta.
O Supremo Tribunal Federal (STF) inicia nesta terça-feira (20) o julgamento que pode quase dobrar o número de militares acusados de envolvimento na tentativa de golpe contra a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice Geraldo Alckmin.
A Primeira Turma do STF analisará a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 12 membros do “núcleo de ações táticas”, considerado o braço operacional da conspiração.
Os acusados incluem oficiais como coronéis, tenentes-coronéis e generais, todos com forte ligação com as Forças Armadas.Atualmente, 12 militares já são réus nesta ação, e, se a nova denúncia for aceita, esse número poderá aumentar para 23, excluindo-se o ex-presidente Jair Bolsonaro, que já enfrenta outras acusações. As expectativas entre juízes e integrantes do Ministério Público são de que a nova acusação seja acolhida, tal como foi com outros núcleos da organização criminosa, cuja participação já foi aceita pelo STF em relação a 14 acusados.
O grupo em julgamento é composto por militares da ativa e da reserva, com muitos possuindo formação em Forças Especiais e sendo conhecidos como “kids pretos”, além de incluir o policial federal Wladimir Matos Soares. Segundo a PGR, o núcleo tático estava envolvido na articulação de ações concretas com o objetivo de pressionar o Alto Comando do Exército para impedir a posse de Lula. As ações planejadas pelo grupo incluíam a elaboração de cartas, a mobilização de colegas e o planejamento de sequestros e assassinatos.
Os investigadores relataram que os militares tramavam a operação “Punhal Verde Amarelo”, que visava assassinatos, incluindo o de Lula, Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Além disso, o grupo teria influenciado protestos antidemocráticos após a derrota de Bolsonaro, manipulando manifestações e acampamentos em frente a quartéis, bloqueios nas rodovias e outros atos em favor da intervenção militar.
Na última semana, a Polícia Federal enviou ao STF áudios em que Wladimir Soares, preso desde novembro, faz declarações sobre “matar meio mundo de gente”. Essas gravações, entregues ao gabinete de Alexandre de Moraes antes do julgamento, intensificaram a tensão entre os envolvidos no caso.
A investigação revelou mensagens de Soares expressando sua frustração com Bolsonaro por não ter conseguido “os jogadores certos” para avançar com o plano golpista. Em conversas, ele também atacou generais que não apoiaram a tentativa de golpe, como Hamilton Mourão e Valério Stumpf Trindade.
A denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) destaca que os acusados organizaram reuniões em Brasília com a intenção de influenciar os líderes das Forças Armadas. Um ponto importante foi um convite do coronel Bernardo Corrêa Netto a seus colegas das Forças Especiais para discutir estratégias de pressão. Um dos encontros ocorreu em um salão de festas na 305 Norte, onde foi debatida a elaboração de uma carta de apoio ao golpe.
A conexão de alguns acusados com o alto comando do Exército também é mencionada na denúncia. O general Nilton Diniz Rodrigues foi identificado como um interlocutor crucial, já que atuava como assistente do comandante do Exército, general Freire Gomes.
Entretanto, a elite militar acredita que Nilton poderá ser isentado de culpa por não ter se envolvido ativamente na conspiração. A defesa do general expressa confiança no julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e assegura sua inocência, citando testemunhos como o tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens de Bolsonaro.
O julgamento dos acusados está programado para ocorrer em duas sessões, nos dias 20 e 21 de maio, devido ao maior número de réus envolvidos em comparação com os casos anteriores.
A Primeira Turma do STF é composta pelos ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Flávio Dino. Caso a denúncia seja aceita, os acusados enfrentarão mais uma ação penal na Suprema Corte, aumentando o total de réus para 33 relacionados à tentativa de golpe.
A única denúncia ainda pendente refere-se ao empresário Paulo Figueiredo, que reside fora do país. As revelações e os desdobramentos da investigação enfatizam um cenário tenso dentro das Forças Armadas e na política brasileira, onde questões de lealdade e conspiração estão no centro das atenções.
Dezenas de milhares de manifestantes vestidos de vermelho marcharam por Haia no domingo para exigir uma ação governamental que ponha fim à campanha de Israel em Gaza.
Os organizadores consideraram-na a maior manifestação do país em duas décadas, com grupos de direitos humanos e agências de ajuda – incluindo a Amnistia Internacional, a Save the Children e os Médicos Sem Fronteiras – a estimarem a multidão pacífica em mais de 100.000 pessoas.
As ruas da capital política neerlandesa estavam repletas de idosos, jovens e até alguns bebés no seu primeiro protesto.
A cor vermelha dominou a manifestação. Atendendo ao chamado dos organizadores, os participantes se vestiram de vermelho para traçar simbolicamente uma “linha vermelha” contra os ataques em Gaza, pedindo que o governo dos Países Baixos rompa com a cumplicidade diante do que classificam como um genocídio.
Os manifestantes percorreram um percurso de cinco quilómetros em torno do centro da cidade de Haia, para criar simbolicamente a linha vermelha que, segundo eles, o governo não conseguiu estabelecer.
Mais de 100 mil pessoas tomaram as ruas de Haia neste domingo em protesto contra o Holocausto Palestino.
Entitulado "Trace uma linha vermelha para Gaza", o protesto foi organizado por uma coalizão de ONGs internacionais, incluindo Oxfam, Anistia Internacional, Save the Children… pic.twitter.com/cQRoHHKrsZ
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) May 18, 2025