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“De Bolsonaro a Braga Netto, lista de indiciados terá dezenas de nomes e ninguém ficará impune”,

 

inquérito sobre a tentativa de golpe de Estado em janeiro de 2023 está sendo concluído pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (21), com dezenas de indiciados, incluindo figuras centrais do cenário político e militar do país. De acordo com informações da jornalista Miriam Leitão, publicadas no jornal O Globo, a lista de indiciados inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro, os generais Augusto Heleno e Walter Braga Netto, o delegado Alexandre Ramagem e possivelmente o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Uma fonte próxima à investigação afirmou à jornalista que “ninguém ficará impune”. O extenso relatório final, com cerca de 700 páginas, detalha as conexões e responsabilidades dos envolvidos e está agora sob análise do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que decidirá se o documento permanecerá ou não sob sigilo.

General Ramos fora da lista
Apesar de sua proximidade com o ex-presidente e do papel estratégico que desempenhou no governo durante três anos e meio, o general Luiz Eduardo Ramos não foi incluído na lista de indiciamentos. Fontes próximas à apuração indicam que não foram encontrados “elementos suficientes” para responsabilizá-lo, o que teria sido uma decisão pautada por “excesso de rigor” na análise dos fatos.

Ramos, que mantém uma relação de amizade pessoal com Bolsonaro, continua sendo figura de interesse no âmbito político, mas sua ausência entre os indiciados reflete os critérios cuidadosos aplicados pela Polícia Federal para evitar qualquer acusação sem base sólida.

Alexandre Ramagem e investigações paralelas
Enquanto é apontado no inquérito do golpe, o delegado Alexandre Ramagem também segue como figura central de outro caso: a investigação da chamada “Abin Paralela”, um esquema que teria envolvido o uso indevido da Agência Brasileira de Inteligência para fins pessoais e políticos. A sobreposição de investigações coloca Ramagem no centro de um emaranhado de acusações graves que, se comprovadas, poderão aprofundar as consequências jurídicas para ele.

Decisão sobre sigilo será determinante
O relatório da PF, que detalha o andamento das investigações e as evidências reunidas contra os indiciados, é aguardado com grande expectativa. Caso Alexandre de Moraes decida pela abertura do documento, novos detalhes sobre o planejamento e execução das ações golpistas podem vir à tona, lançando luz sobre a complexidade do esquema.

Contexto e próximos passos
A conclusão do inquérito representa um marco no esforço de responsabilização por uma das crises institucionais mais graves da história recente do Brasil. A investigação reforça a postura de enfrentamento das ameaças à democracia e sinaliza a determinação das instituições em evitar retrocessos no Estado de Direito.

Se as denúncias forem aceitas, os indiciados poderão enfrentar acusações que incluem crimes como tentativa de golpe de Estado, formação de organização criminosa e outros delitos previstos na legislação penal brasileira. A sociedade aguarda desdobramentos, enquanto o país busca superar os impactos dessa turbulenta página de sua história.

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Trama para matar Lula, Alckmin e Moraes causa “estrago terrível” na imagem das Forças Armadas, avalia cúpula militar

Membros do alto escalão apontam “traição não só às Forças Armadas, mas ao país”

O episódio que provocou uma operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares e um policial federal por planejarem um golpe de Estado e os assassinatos do presidente Lula (PT), do vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB), e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes levou “surpresa”, “decepção” e “tristeza” ao alto escalão das Forças Armadas. De acordo com informações de Bela Megale, do jornal O Globo, líderes da caserna descreveram o caso como um “estrago terrível” para a imagem das instituições militares, especialmente do Exército.

Embora os integrantes da cúpula militar classifiquem os envolvidos como uma minoria, reconhecem que o impacto do caso vai muito além dos participantes diretos, reforçando um ‘preconceito’ já enfrentado pelas Forças Armadas.

Grupo de elite e a acusação de traição – Os militares presos pertenciam a um grupo de elite do Exército, conhecido como “kids pretos”, e, segundo a avaliação de líderes militares, utilizaram o treinamento que deveriam empregar para proteger o Estado para conspirar contra ele. Essa conduta foi descrita como uma “traição não só às Forças Armadas, mas ao país”.

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Policial preso atuava na segurança de Lula e repassava informações a golpistas, diz PF

Wladimir Soares esperava ‘canetada’ de Bolsonaro para agir, segundo a investigação

O policial federal Wladimir Matos Soares, preso nesta terça-feira (19), era investigado sob suspeita de repassar informações sobre a segurança de Lula (PT), durante a transição de governo, para pessoas ligadas a Jair Bolsonaro (PL).

Segundo a Polícia Federal, Wladimir enviou dados pessoais de um agente de proteção do petista e afirmou a aliados de Bolsonaro que estava à espera da “canetada” do então presidente para auxiliar no golpe de Estado.

O policial federal conversava com o capitão da reserva Sérgio Rocha Cordeiro, assessor especial da Presidência da República durante o governo Bolsonaro. O militar é investigado por planejar um golpe contra a eleição de Lula e foi indicado como um dos responsáveis no caso da fraude no cartão de vacinas do ex-presidente.

“Eu e minha equipe estamos com todo equipamento pronto p [sic] ir ajudar a defender o palácio e o presidente. Basta a canetada sair! [sic]”, escreveu Wladimir em uma das mensagens enviadas a Cordeiro.

Na transição, o policial atuava na equipe responsável pela segurança do presidente eleito. Lula, na época, ficou hospedado em um hotel na área central de Brasília.

O relatório da Polícia Federal mostra que Wladimir se aproveitava da função que exercia para repassar informações sensíveis para o grupo bolsonarista que planejava o golpe de Estado.

No dia seguinte à diplomação de Lula, por exemplo, enviou imagens e áudios sobre um militar que integrava a equipe de segurança do presidente eleito. Wladimir queria confirmar se o segundo-sargento reformado Misael Melo da Silva era realmente alguém ligado ao petista.

Misael havia acabado de fazer o check-in em um hotel próximo ao local em que Lula estava hospedado.

Segundo Wladimir, o militar teria se recusado a se identificar e comunicou que o sigilo era importante porque atuava na segurança do presidente eleito.

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‘Kids pretos’, com membros envolvidos na tentativa de golpe, protagonizaram governo Bolsonaro; saiba quem são

Ex-ministros da Saúde e da Casa Civil eram do grupo de elite das Forças Armadas.

Segundo investigações da Polícia Federal, um grupo de elite das Forças Armadas, conhecido como “kids pretos”, sob o comando do general Walter Braga Netto, teria planejado a execução do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF).

Em seu relatório final, a Polícia Federal informa que o plano, chamado pelos militares de “Punhal verde e amarelo”, começou a ser arquitetado na casa do general Braga Netto em 12 de novembro de 2022, 15 dias após o segundo turno das eleições daquele ano, quando Lula derrotou então presidente Jair Bolsonaro (PL).

Apesar de ser apontado como mentor do plano, Braga Netto não está entre os quatro militares presos pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira (19). Os detidos são Hélio Ferreira Lima, Mario Fernandes, Rafael Martins de Oliveira e Rodrigo Bezerra de Azevedo. Todos faziam parte do grupo “kids pretos”.

Além dos quatro presos, outros integrantes do governo de Jair Bolsonaro integravam ou já haviam integrado o “kids pretos” durante suas carreiras nas Forças Armadas. O Brasil de Fato preparou uma relação dos militares bolsonaristas. Confira a seguir.

Os meninos do ex-presidente

O plano para assassinar Lula, Alckmin e Moraes foi encontrado no celular de tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordem de Bolsonaro e integrou o “kids de pretos”. O aparelho foi apreendido pela Polícia Federal na Operação Contragolpe. O militar havia deletado os arquivos, mas foram recuperados pelo departamento de inteligência do órgão.

O pai de Mauro Cid, o general Mauro Cesar Lourena Cid serviu no 1º Batalhão de Forças Especiais, o “kids pretos”. O militar serviu, em 1977, na mesma turma da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) de Jair Bolsonaro. Quando assumiu a Presidência da República, o então presidente nomeou o colega para dirigir a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) em Miami (EUA).

Outro integrante da Apex, que também fazia parte do grupo de elite das Forças Armadas, era o general Roberto Escoto, que foi nomeado diretor de Gestão Corporativa do órgão por Jair Bolsonaro.

Um dos “kids pretos” ilustres é o general Eduardo Pazuello, que foi ministro da Saúde durante o governo de Bolsonaro. Hoje, ele é deputado federal e um de seus assessores no gabinete no Congresso Nacional é o general Mário Fernandes, um dos militares presos nesta terça-feira, que trabalhou no local entre janeiro de 2023 e março deste ano. Para a função, recebia R$ 15,6 mil por mês.

Fernandes, um dos “kids pretos” presos foi secretário-executivo Casa Civil, trabalhou também na Secretaria de Governo e na Secretaria-Geral da Presidência da República. O general Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, que coordenou o Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), órgão vinculado ao Ministério da Justiça, durante o governo de Bolsonaro, também integrava o grupo.

Seu filho, Guilherme Cals Theophilo Gaspar de Oliveira Filho, serviu no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), também na gestão do ex-presidente. O irmão de Gaspar de Oliveira, o general Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, foi nomeado comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter) na gestão de Bolsonaro e também era um “kid pretos”.

Outro ex-ministro que integrou o grupo de elite das Forças Armadas, é o general Luiz Eduardo Ramos, que chefiava a Casa Civil no governo de Bolsonaro. Secretário-executivo do Ministério da Saúde de Bolsonaro, o coronel Antônio Elcio Franco Filho chegou a ocupar o cargo de assessor especial da Casa Civil e também foi um dos “kids pretos” e membro da mesma turma de Mario Fernandes na Aman, em 1986.

Responsável pelo Departamento de Logística em Saúde, órgão do governo federal, durante a gestão de Bolsonaro, o general Ridauto Lúcio Fernandes, um ex-“kids pretos”, esteve nas ruas de Brasília (DF) durante os atos de 8 de janeiro de 2023, que visavam dar um golpe no país para destituir Lula da Presidência da República.

Apontado nas investigações da Polícia Federal como um dos principais incentivadores do golpe de 8 de janeiro, dentro do Exército, o coronel Marcelo Costa Câmara também integrou o grupo de elite das Forças Armadas e foi assessor especial do gabinete de Bolsonaro.

Além dos nomes citados na matéria, outros integrantes do governo Bolsonaro que participaram do “kids pretos” são o coronel Carlos Rober Sucha, que era assessor da vice-presidência; o coronel Danilo Mitre Filho, que foi superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Pará; o coronel Rezende Guimarães Filho, que ocupou o cargo de superintendente do Ibama no Amapá e Amazonas; o coronel Rezende Guimarães Filho, ex-assessor especial de Relações Institucionais da Secretaria de Governo; o coronel Fernando Sergio de Moura Alves, que era assessor especial e Chefe da Assessoria Especial Parlamentar do GSI; o coronel George Divério, que foi superintendente do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro; o general Paulo Humberto, que presidiu o Instituto de Previdência Complementar dos Correios (Postalis); o coronel Marcelo Bento Pires, diretor de Programa da Secretaria Executiva do Ministério da Saúde; e o coronel Hidenobu Yatabe, chefe de Assessoria da Presidência da Empresa brasileira de Comunicação (EBC).

 

 

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e monitoraram passos de autoridades, diz PF; veja detalhes da investigação

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes tornou pública nesta terça-feira (19) a decisão que autorizou a operação da Polícia Federal que prendeu quatro militares do Exército e um agente da PF.

O grupo é suspeito de tramar um golpe de Estado em 2022 para prender e assassinar Lula, então presidente eleito, seu vice Geraldo Alckmin e o ministro Moraes, que à época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O documento cita, por exemplo, que os golpistas começaram a monitorar o deslocamento de autoridades ainda em novembro de 2022, após a eleição e antes da posse de Lula.

O monitoramento teve início após uma reunião na casa do ex-ministro da Defesa Walter Souza Braga Netto, que foi candidato a vice de Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas eleições presidenciais.

“As atividades anteriores ao evento do dia 15 de dezembro de 2022 indicam que esse monitoramento teve início, temporalmente, logo após a reunião realizada na residência de Walter Braga Netto, no dia 12 de novembro de 2022”, diz a PF no documento.
A PF diz que, entre as ideias cogitadas pelo grupo, estava a de envenenar o ministro Alexandre de Moraes.

“Foram consideradas diversas condições de execução do ministro Alexandre de Moraes, inclusive com o uso de artefato explosivo e por envenenamento em evento oficial público. Há uma citação aos riscos da ação, dizendo que os danos colaterais seriam muito altos, que a chance de ‘captura’ seria alta e que a chance de baixa (termo relacionado a morte no contexto militar) seria alto”, afirma trecho.
Para os investigadores, os envolvidos admitiam inclusive a possibilidade de eles morrerem no andamento da suposta operação golpista.

“Ou seja, claramente para os investigados a morte não só do ministro, mas também de toda a equipe de segurança e até mesmo dos militares envolvidos na ação era admissível para cumprimento da missão de ‘neutralizar’ o denominado ‘centro de gravidade’, que seria um fator de obstáculo à consumação do golpe de Estado”, prossegue a PF em trecho citado por Moraes.

Kids pretos presos pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes — Foto: Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR
Kids pretos presos pela PF: Rafael Martins de Oliveira, Hélio Ferreira Lima, Rodrigo Bezerra de Azevedo e Mario Fernandes — Foto: Arquivo pessoal e Eduardo Menezes/SG/PR

O grupo cogitou também “neutralizar” (assassinar) Lula e Geraldo Alckmin, então presidente e vice-presidente eleitos. Mais uma vez a hipótese de envenenamento foi levantada, segundo as investigações.

“Para execução do presidente Lula, o documento descreve, considerando sua vulnerabilidade de saúde e ida frequente a hospitais, a possibilidade de utilização de envenenamento ou uso de químicos para causar um colapso orgânico”, descreve a PF.

Ainda de acordo com os investigadores, para que a tentativa de golpe tivesse êxito, os suspeitos tratavam da necessidade de também assassinar o vice-presidente Geraldo Alckmin, que assumiria a Presidência da República em caso de morte de Lula.

Alexandre de Moraes — Foto: Reprodução

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Polícias de SP sob Tarcísio matam 1 adolescente a cada 9 dias, diz estudo

Desde 2023, 69 jovens menores de 18 anos morreram vítimas da polícia de São Paulo.

(UOL/Folhapress) As mortes de um adolescente de 17 anos e de um menino de 4, durante ação policial no dia 5 deste mês em Santos, não são novidade para as polícias Civil e Militar de SP, do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos). Desde 2023, quando ele tomou posse, os agentes estão envolvidos na morte de pelo menos 69 menores de 18 anos.

Isso equivale a cerca de um adolescente morto no estado a cada 9 dias. Foram 38 mortos de janeiro a dezembro do ano passado e 31 óbitos confirmados até setembro deste ano, segundo levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz a pedido do UOL. Os números de morte decorrente de intervenção policial de outubro ainda não haviam sido disponibilizados pela SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública) no momento em que os dados foram analisados.

O estudo mostra que 68% das vítimas são negras (58% de pardos e 10% de pretos). Os outros 32% são considerados brancos.

Segundo o levantamento, a maioria dos alvos durante ocorrência policial neste ano é formada por adolescentes de 17 anos (12 vítimas). Em seguida aparecem jovens de 16 (11 casos), 15 (5 casos) e 14 anos (3 casos).

“Os jovens negros, moradores de periferia, que evadiram da escola e saíram de medidas socioeducativas formam o grupo com maior chance de morrer”, disse Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz

O primeiro ano de Tarcísio no poder registrou um aumento de 58,3% no número de adolescentes mortos, em comparação com 2022, na gestão Rodrigo Garcia. Naquele ano, 24 menores de 18 anos foram mortos em ação policial.

Esse aumento segue a tendência dos números gerais no estado, que também incluem adultos. Após três anos de queda, em meio à implantação das câmeras corporais nos policiais em 2020, São Paulo voltou a registrar o aumento em 2023 com 504 mortos pela polícia. Até setembro deste ano, 580 pessoas morreram em ação policial.

A maioria das mortes de adolescentes em 2024 envolvem policiais em serviço (21). Já as outras dez mortes foram registradas enquanto os agentes estavam de folga.

Incentivo à letalidade
Para Rafael Rocha, coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, os policiais de SP se sentem autorizados a agir com violência. “Desde o governador, passando pelo secretário de Segurança [Guilherme Derrite], o comando da PM, todos eles incentivam a letalidade policial, o confronto”, avaliou ao UOL.

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‘Mesmo cachorro com uma coleira diferente’, diz filha de Che Guevara sobre eleição de Trump nos EUA

A médica cubano-argentina Aleida Guevara concedeu entrevista ao Brasil de Fato no contexto

Seguindo os passos do pai, o guerrilheiro da Revolução Cubana Ernesto Che Guevara, Aleida cursou medicina em Cuba, se especializando em pediatria. Mas antes de tudo, ela é uma revolucionária comunista, como gosta de se descrever. Presente na Cúpula Social do G20 no Rio de Janeiro, Aleida Guevara, de 63 anos, concedeu uma entrevista exclusiva ao Brasil de Fato, na qual falou sobre o bloqueio econômico contra Cuba, seus efeitos, a mudança de governo nos Estados Unidos e sobre a posição do Brasil em relação às eleições na Venezuela.

Brasil de Fato: as últimas notícias que chegaram de Cuba no Brasil foram precisamente sobre a passagem do furacão Rafael e toda a situação gerada, principalmente sobre a escassez de energia. Qual é o peso do bloqueio econômico sobre esse tipo de situação?

Aleida Guevara: Os Estados Unidos impedem que navios com petróleo cheguem a Cuba. No ano passado, eles sancionaram mais de 25 empresas de navegação e mais de 60 companhias. Ou seja, é uma coisa impressionante que de alguma forma essas empresas vinham nos vender o petróleo, não para doá-lo, para vendê-lo, mas mesmo assim não conseguimos porque os Estados Unidos impõem milhões de dólares em multas. E eles têm medo disso. Então o petróleo não chega a Cuba. O petróleo está chegando da Venezuela, do México e da Rússia, sobretudo.

Você mencionou um custo geral do bloqueio à economia cubana. Qual é esse custo?

Enorme. É tremendo porque depois da pandemia esgotamos as reservas que o Estado tinha porque tínhamos que produzir as vacinas. Quem iria vender vacinas para nós? Ninguém. Então tivemos que produzir e isso significa que consumimos toda uma série de recursos que tínhamos em reserva.

Além disso, é claro, fizemos a população ficar em casa por meses e o salário integral foi pago ao povo. O Estado ficou sem recursos, ficou em uma situação muito ruim. O turismo diminuiu significativamente porque todos sofreram com a pandemia e a crise econômica é internacional.

Mas também há muita pressão dos Estados Unidos, inventando argumentos falsos, inventando coisas contra o turismo. Por isso, causa medo e muita pressão econômica sobre as empresas que trazem turismo para Cuba. Há um exemplo que deve ser mencionado que é uma empresa espanhola, a Meliá, que começou com dois hotéis em Cuba e hoje tem muitos hotéis porque conquistou esse direito. Sim, foi a primeira empresa que enfrentou os Estados Unidos e disse: ‘não vou deixar de fazer negócios com Cuba. Se você quiser, você fecha os dois hotéis que tenho em Miami, você me paga os milhões que me deve e essa é a sua decisão’. Os Estados Unidos então perceberam que não era tão fácil, mas só porque o Meliá teve a honestidade de defender seus direitos como empresa. Ele não é socialista ou algo assim, mas tem dignidade. E isso tem sido muito importante para nós. Hoje o Meliá não tem dois hotéis, hoje tem, sei lá, muito mais de 20 hotéis no país e se puder ter mais, terá, porque realmente conquistou esse direito.

Então, ao perder essa quantidade de turistas, de certa forma, os cofres do país ainda estão meio vazios. Então, como pagamos pelas coisas? Porque você já viu que o bloqueio encarece todos os produtos em Cuba. Temos que ter três ou quatro intermediários para que alguém nos venda algo. E esses intermediários aumentam o preço, e quando chega até nós, está muito mais alto. E temos que pagar pela questão do bloqueio simplesmente por isso. Nós dizemos que se os Estados Unidos se não querem comercializar com a gente, devemos respeitar, porque essa é uma decisão de um país. Mas o que não podemos aceitar é que esse país tente agir para que nenhum outro povo no mundo comercialize livremente com Cuba.

O povo cubano consegue imaginar como seria esse país se o bloqueio não existisse?

É claro! Todos os dias da vida, mas até quando? Além disso, imagina a quantidade de possibilidades que teríamos, porque os Estados Unidos estão a 90 milhas de Cuba. Eles seriam nosso parceiro comercial mais natural, é lógico. E tem uma grande produção de alimentos no Sul, às vezes superprodução que não pode vender, e seríamos compradores magníficos, seria um negócio redondo. Mas também venderíamos nosso tabaco que eles adoram, nosso café, nosso rum. Poderíamos fazer milhares de trocas, mas eles não têm vontade de fazê-lo.

E a mudança de governo que ocorrerá nos Estados Unidos, os democratas estão de saída, os republicanos voltando ao poder. Alguma coisa muda para os cubanos?

Dizemos que é o mesmo cachorro com uma coleira diferente. O que acontece é que esse homem [Donald Trump] é louco, certo? Portanto, não sabemos o que ele pode fazer. Talvez ele venha com a notícia de que, como é comerciante, quer fazer algo com Cuba, quem sabe… Porque este homem é assim, ele é imprevisível. Mas, em todo caso, é um perigo, um perigo grave, não só para Cuba, para a humanidade, porque esse país [Estados Unidos] tem um poder destrutivo e agora esse poder estará nas mãos de uma pessoa que não raciocina, o que pode ser muito perigoso.

É possível traçar um paralelo entre o que Cuba experimentou nos últimos 65 anos e o que está acontecendo agora na Venezuela, Nicarágua, Irã e tantos outros países sancionados unilateralmente pelos Estados Unidos?

Sim, claro que podemos comparar, porque é o mesmo problema. É a mesma técnica tentando nos cercar, mas isso não é de agora. Veja, há um memorando de um almirante norte-americano do século 19 que já diz que Cuba deveria ser completamente bloqueada com seus navios, fechar a possibilidade de comércio, causar fome e com isso, doenças, dizimar a população, para que então eles pudessem governar. E essa é a técnica que eles usam há séculos e que tem sido usada hoje para qualquer país que diga não, que mantenha esse não, e que pense em seu país, seu povo e sua dignidade. Isso é o que acontece.

A posição do Brasil após as eleições na Venezuela tem sido muito questionada pelos movimentos populares aqui no Brasil e na América Latina, porque questiona a segurança do processo eleitoral. Como você avalia essa posição?

Isso só serve ao inimigo. Isso me deixa muito triste. Eu fico realmente muito envergonhado por Lula ter caído nessa situação. Em primeiro lugar, porque ele acaba de reconhecer que ele não tem o direito nem mesmo de opinar sobre um problema de outro país, porque ele não gostaria que nós, nem nenhum outro país do mundo, opinássemos sobre o Brasil. Então, se você não gosta de algo, como vai fazer isso com outra pessoa? É um princípio básico de convivência, puro e simples. Ele pode ter seus critérios e sua maneira de ver o mundo, que devem ser respeitados. Eu não tenho o que dizer nesse sentido. Mas é preciso respeitar, é preciso aprender a respeitar o seu vizinho, que está aqui ao lado, mesmo que você não goste. Nós, por exemplo, queremos ter relações com os Estados Unidos, embora não tenhamos nada a ver com seu governo. Mas podemos fazer um esforço e ser solidários, e respeitar o outro país, desde que ele nos respeite, porque esse é um princípio mútuo. Se você quer respeito, você tem que aprender a respeitar. Isso é simples assim.

É por isso que dói muito. Também dói muito a posição do Brasil em relação aos Brics, pois o Brasil se recusa a permitir que a Venezuela entre nos Brics. Isso é inédito, verdadeiramente inédito. E está simplesmente fazendo o jogo dos Estados Unidos da América, o inimigo de todos os nossos povos. E Lula não é um presidente qualquer, Lula é um presidente que vem das bases, que vem da luta sindical. Portanto, Lula tem que saber o que está fazendo. Isso é muito doloroso para nós, realmente, digo sinceramente. Isso nos doeu muito e nos deixou profundamente decepcionados com a atitude de Lula em relação à Venezuela.

Finalmente, qual é o papel dos movimentos populares das organizações populares diante de todas essas contradições e dessa realidade de que acabamos de falar?

Os movimentos sociais são essenciais no momento em que vivemos. Muitas vezes, os partidos, especialmente os de esquerda, perdem seu apoio popular porque deixam de trabalhar com os movimentos sociais. Isso é fatal, porque nós, que nos consideramos de esquerda, existimos para o benefício do povo, e se esse povo não nos reconhece, eu sempre digo: esquerda tem que ter o apoio e a compreensão do povo, porque lutamos por ele.

Mas é claro que as pessoas também estão cansadas de ouvir coisas que não se concretizam. Eu digo que a única coisa em que as pessoas acreditam sem ver são as religiões, o resto precisa ser demonstrado. É por isso que temos de trabalhar nessa direção. Se estamos dizendo a uma população humilde que estamos lutando pela saúde pública, bem, senhores, vamos tentar fazer com que essas pessoas sintam o que é saúde pública. O hospital que temos que construir, que vamos trabalhar nesse hospital e melhorá-lo, e vamos fazer da saúde pública um direito do ser humano, que é isso que queremos, esse é o nosso objetivo. Temos que começar pelo trabalho de base com nossa gente, com nosso povo. É por isso que a educação popular é muito importante, realmente, essencial.

Aleida representou Cuba no Tribunal Popular que condenou o imperialismo por diversos crimes, entre eles, o bloqueio econômico ilegal contra a ilha. / Sara Gehren/MST

Aqui [no Brasil] temos homens únicos, únicos nesse sentido, então temos que ser guiados por eles, temos que trabalhar com eles junto com as pessoas. Eu sempre digo que este é um país invejável por causa da quantidade de seres humanos bonitos que possui. Estou falando, por exemplo, do meu amigo e irmão João Pedro Stedile. Para mim, ele é um dos homens mais completos que já conheci. E ele não é comunista, veja bem, eu sou. Mas ele é mais do que um comunista para mim, porque ele é um homem consistente, que dedicou toda sua vida ao seu povo.

Mas bem, em suma, eu realmente acredito que você tem homens e mulheres maravilhosos e extraordinários aqui neste país. Temos que tornar essas histórias de vida mais conhecidas para as pessoas, para as novas gerações, para que elas se sintam orgulhosas de serem brasileiras. Não é apenas a música e o carnaval, que são importantes, mas é muito mais profundo. São aqueles seres humanos que dedicaram o melhor de suas vidas a tentar fazer um Brasil mais digno, mais completo, mais bonito.

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Quando o Planalto aposta que a PGR denunciará Bolsonaro

Ministros do Palácio do Planalto têm uma nova aposta sobre quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) deverá denunciar Jair Bolsonaro.

Ministros do Palácio do Planalto passaram a apostar que o procurador-geral da República, Paulo Gonet, só oferecerá em 2025 as primeiras denúncias contra Jair Bolsonaro nos inquéritos em que o ex-presidente é investigado.

Até então, a expectativa no governo Lula e na própria PGR era de que Gonet denunciaria Bolsonaro logo após as eleições municipais de outubro de 2024. A expectativa, porém, mudou e passou a ser o ano de 2025.

Auxiliares de Lula dizem ter recebido sinalizações de que o procurador-geral da República quer aguardar a conclusão do inquérito do golpe pela PF para decidir sobre as demais denúncias.

O discurso vai ao encontro do que dizem os interlocutores de Gonet. Segundo essas fontes, o chefe da PGR quer aguardar a conclusão do inquérito do golpe para ter uma visão mais ampla das acusações contra Bolsonaro.

 

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INDICIADO POR GOLPE

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) foi indiciado pela PF (Polícia Federal) por integrar uma organização criminosa que liderou uma tentativa de Golpe de Estado no Brasil após a sua derrota nas eleições de 2022. Com isso, Bolsonaro se torna o primeiro presidente da História do Brasil a ser alvo de um processo para ser responsabilizado por tentativa de golpe contra a democracia brasileira.

Após o relatório final da PF com os indiciamentos, a Procuradoria-Geral da República irá formular denúncia ao STF (Supremo Tribunal Federal) que deve abrir um processo criminal contra os acusados.

Além de Bolsonaro, 36 personagens entre ex-ministros, militares e alguns de seus principais auxiliares estão na lista dos indiciados. Só entre militares há mais de uma dezena. Como a coluna adiantou, além de Bolsonaro, o general Walter Braga Netto também foi indiciado. Junto a ele o general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), o ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier. A coluna também apurou que o nome do ex-ministro Anderson Torres está na lista de indiciados.

A PF arrecadou ao longo de quase dois anos de investigações milhares de dados obtidos em celulares e computadores e diversos depoimentos mostrando como foi forjado um plano para impedir que o presidente Lula tomasse posse em janeiro de 2023.

Histórico
O historiador e professor Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, observa o momento inédito de todo esse processo. A produção de um inquérito desse tipo e a acusação criminal feita pela PF tanto do ex-presidente como dos generais nunca ocorreu em processos golpistas anteriores a partir do momento em que o país criou instituições para assegurar a construção de um estado democrático.

“De todas as tentativas de golpe, sempre houve anistia para os golpistas. Militares golpistas sempre foram anistiados. Pode até ter iniciado um processo de punição, mas sempre teve anistia. Bolsonaro indiciado e, se depois for condenado, vai ser o primeiro presidente da República”, aponta Fico.

“Desde a Proclamação da República, em 1889, e até 1930, não dá para falar em democracia no Brasil. Aí vem a Revolução de 1930 e um governo provisório, um processo irregular até à Constituição de 1934 que estabelecia eleições para 1938. Mas Getúlio dá um golpe em 1937 e inaugura a ditadura do Estado Novo. Só dá para a gente fazer comparação em termos de institucionalidade depois de 1945. Só a partir disso temos alguns períodos democráticos”, explica Fico.

Quatro ex-ministros indiciados
Na relação dos indiciados há quatro ex-ministros do governo Bolsonaro. A lista é encabeçada pelo general Walter Braga Netto, que foi ministro da Defesa e da Casa Civil. Também foi arrolado o general Augusto Heleno, que comandou o Gabinete de Segurança Institucional da Presidência durante toda a gestão de Jair Bolsonaro.

Outro general com papel central no governo passado que consta na relação é Paulo Sergio Nogueira. Além de ter sido ministro da Defesa, ele foi comandante do Exército. Completa a relação de ministros o delegado Anderson Torres, que comandou a pasta da Justiça e Segurança Pública.

Além dos ministros, também foi indiciado o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier. Segundo as investigações, ele foi o único dos chefes militares a concordar com o golpe proposto por Bolsonaro.

Os crimes
Bolsonaro e seus principais auxiliares vão responder pelos seguintes crimes:

Golpe de Estado, com penas de 4 a 12 anos de prisão.
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, com penas de 4 a 8 anos.
Organização criminosa, com penas de 3 a 8 anos.
Depoimentos de comandantes militares
Desde janeiro do ano passado, os investigadores encontraram pelo menos dois documentos que configuram minutas com uma série de medidas contra o Poder Judiciário, incluindo a prisão de ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). Um deles na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e um outro documento semelhante nos arquivos de Mauro Cid.

Além disso, como se viu nesta semana na Operação Contragolpe, os investigadores encontraram documentos mostrando que um grupo de militares conhecido como “Kids Pretos” chegou a planejar na casa do general Walter Braga Netto, um plano para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin, e ainda o ministro Alexandre de Moraes.

A PF ainda coletou depoimentos dos comandantes militares durante o governo de Bolsonaro e tanto o general Gomes Freire como o brigadeiro Carlos Baptista Júnior confessaram que foram abordados por Bolsonaro com planos golpistas.

“Em uma das reuniões dos comandantes das Forças com o então presidente após o segundo turno das eleições, depois de o presidente da República, Jair Bolsonaro, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de institutos previstos na Constituição (GLO [Garantia da Lei e da Ordem], ou estado de defesa, ou estado de sítio), o então comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o presidente da República”, disse Baptista Júnior para a PF.

Os núcleos do golpe
De acordo com o relatório final da PF, os 37 indiciados se dividiram em seis núcleos diferentes para atacar a credibilidade do sistema eleitoral, conduzir ações clandestinas de inteligência (a chamada Abin Paralela) e articular o golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder.

Os núcleos listados pelos investigadores são os seguintes:

Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral.
Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado.
Núcleo Jurídico.
Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas.
Núcleo de Inteligência Paralela.
Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas.
Operação Contragolpe
A conclusão do inquérito do golpe ocorre dois dias depois da PF deflagrar a Operação Contragolpe, que revelou um plano de assassinato elaborado por militares para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do STF. Todo o planejamento foi feito por militares com formação em operações especiais, conhecidos como Kids Pretos.

Como o ICL Notícias mostrou ontem (20), o planejamento para as execuções durou ao menos 36 dias. Em 15 de dezembro, um grupo de ao menos seis militares foi a diferentes pontos de Brasília para interceptar o ministro Alexandre de Moraes. O plano golpista só foi abortado por volta das 21h.

Com a derrota para Lula no segundo turno de 2022, o núcleo duro de Bolsonaro passou a discutir formas de dar um golpe de Estado para mantê-lo no poder.

36 dias de planejamento para o golpe
Dados do inquérito da Polícia Federal analisados pela coluna mostram que os preparativos para o plano de execução do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin duraram ao menos 36 dias.

As informações indicam que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou das articulações, tentando obter o apoio dos chefes militares. Os preparativos do plano “Punhal Verde e Amarelo” tiveram a participação direta do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e vice na chapa derrotada de Jair Bolsonaro em 2022.

Veja abaixo a cronologia do plano de golpe:

9/11: o general Mario Fernandes cria documento com o detalhamento das ações golpistas, envolvendo o monitoramento e a execução de Alexandre de Moraes.
12/11: Braga Netto abriga em sua casa reunião com os Kids pretos envolvidos na trama de assassinato de Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes
14/11: Mauro Cid oferece R$ 100 mil para bancar gastos dos Kids Pretos com plano.
18/11: Braga Netto fala com manifestantes golpistas e pede paciência: “Tem que aguardar alguns dias”.

6/12: Bolsonaro, Cid e um dos Kids Pretos estiveram no Palácio do Planalto ao mesmo tempo, durante meia hora. A PF obteve essa informação ao cruzar dados das torres de telefonia com informações da agenda do então presidente. O general Mário Fernandes imprimiu o plano “Punhal Verde e Amarelo” no mesmo dia no Palácio do Planalto.
7/12: Bolsonaro se reúne com chefes do Exército, Marinha e

Aeronáutica para apresentar a minuta do golpe.
9/12: Bolsonaro se reúne com o general Estevam Theofilo, comandante do Coter (Comando de Operações Terrestres), que concorda em dar sequência ao golpe caso Bolsonaro assinasse a minuta que era discutida no Planalto.

10/12: o coronel Marcelo Câmara, assessor pessoal de Jair Bolsonaro, passa a Mauro Cid informações detalhadas sobre o acesso de Moraes, Lula e Alckmin ao TSE, no dia da diplomação.

15/12: Kids Pretos botam em ação plano para matar Alexandre de Moraes. Ao menos seis pessoas são distribuídas em diferentes locais de Brasília para interceptar Moraes. Plano só é abortado ao fim da noite.

*Juliana Dal Piva e Ivvar Mello/ICL

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Política

Ataques não são isolados, são ameaças contra a democracia

Utilizando um equipamento israelense, a PF conseguiu restaurar dados apagados.

A recuperação de arquivos deletados nos computadores de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, permitiu à Polícia Federal (PF) cruzar novas informações com dados de outros investigados, reforçando as investigações sobre a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023, conduzida por apoiadores radicais de Bolsonaro. A informação é da jornalista Daniela Lima, no G1.

Utilizando um equipamento israelense, a PF conseguiu restaurar dados apagados, revelando mensagens que detalham os planos para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito presidente em 2022.

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