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‘Vai ter operação Marielle’: Ronnie Lessa, Élcio e Suel foram avisados na véspera sobre ação policial em 2019

Alerta sobre operação foi vazado por PM, segundo investigação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio de Janeiro. Mesmo assim, Ronnie e Élcio foram presos naquele março de 2019.

Conversa na qual Maxwell é alertado de operação do caso Marielle no dia seguinte — Foto: Reprodução

Os envolvidos no atentado contra a vereadora Marielle Franco foram avisados por um policial militar sobre a operação que, em 2019, prendeu os ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, conforme investigação da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Ronnie foi apontado como autor dos disparos que vitimaram Marielle e o motorista Anderson Gomes. Já Élcio foi quem dirigiu o carro usado no ataque. Ambos foram presos em ação da Polícia Civil e do MPRJ em 12 de março de 2019 — praticamente um ano após o crime.

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No dia 11 de março de 2019, uma pessoa identificada como Jomar Duarte, o Jomarzinho, avisou ao PM Maurício Conceição, o Mauricinho, de que no dia seguinte haveria uma “operação Marielle” e que pessoas seriam presas.

Mauricinho, por sua vez, repassou a inform

ação a Maxwell Simões Corrêa, o Suel, ex-bombeiro também envolvido no caso. Mauricinho também procurou contato com Ronnie Lessa para avisá-lo da operação por meio do aplicativo de conversas secretas Confide.

Naquele mesmo dia, Suel avisou a Ronnie Lessa sobre a operação, que, por sua vez, alertou Élcio.

Na delação, Élcio disse ainda que o ex-bombeiro Suel fez campanas para vigiar a vereadora e participaria da emboscada, mas acabou trocado por ele. Na época, no entanto, o envolvimento de Suel ainda não era conhecido e ele não foi alvo da operação.

Já Ronnie, que era alvo, também tentou fugir. Élcio, mesmo avisado pelo colega, não considerava que seria visado na operação, conforme as investigações. Ambos foram presos em 12 de março de 2019. Eles serão julgados pelo Tribunal do Júri, mas a sessão ainda não foi marcada.

A delação de Élcio
Élcio Queiroz firmou acordo de delação premiada com a Polícia Federal e com o MPRJ. No depoimento, já homologado pela Justiça, ele confessou que dirigiu o carro Cobalt prata usado na noite do atentado contra Marielle. Élcio também afirmou que foi Ronnie quem fez os disparos com uma submetralhadora.

Na delação, Élcio apontou o envolvimento do ex-bombeiro Suel, preso nesta segunda-feira (24) na primeira fase da Operação Élpis, a primeira desde o início de 2023, quando a PF assumiu a investigação dos homicídios.

 

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Justiça

Lessa cogitou matar Marielle em frente à Casa das Pretas, diz Élcio

Roda de conversa no local foi o último evento que vereadora Marielle Franco participou antes de ser executada.

O ex-policial reformado Ronnie Lessa, acusado de ter assassinado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, teria pensado em matar a parlamentar na saída do evento que ela participava. As vítimas foram executadas em 14 de março de 2018, segundo O Metrópoles.

informação foi revelada pelo ex-policial militar Élcio Queiroz, que dirigiu o carro usado no crime. Ele fez delação premiada obtida pelo Metrópoles nesta segunda-feira (24/7), onde detalhou o envolvimento com a execução e os acontecimentos relacionados aos assassinatos.

No dia em que foi morta, Marielle Franco participou da roda de conversa Mulheres Negras Movendo Estruturas, no Instituto Casa das Pretas, bairro da Lapa. Enquanto o evento acontecia, Élcio Queiroz e Ronnie Lessa estacionaram o Chevrolet Cobalt usado no crime.

De acordo com o relato de Élcio, Lessa se sentou no banco de trás do veículo e vestiu um casaco preto com listras vermelhas. Em seguida, inseriu o silenciador na submetralhadora MP5 e começou a procurar a vereadora com um binóculo.

Assim que Marielle saiu do local, Lessa pensou em executá-la ali mesmo. “Tá louco, fazer isso aqui no meio?”, teria questionado Élcio, que definiu a ideia como “loucura”.

A dupla, então, esperou a vereadora sair no veículo em que também estavam o motorista Anderson Gomes e a assessora Fernanda Chaves. Como havia a presença de Fernanda, Élcio acreditava que Lessa abordaria a execução.

“E agora? E essa senhora?” teria questionado, ao que Lessa respondeu: “Fica tranquilo, não vai pegar nela não”. Élcio seguiu o Chevrolet Agile branco onde estavam os três até o lugar do crime.

pegaram um táxi no mesmo lugar até a Barra da Tijuca. O carro levou a dupla até o local em que Lessa havia deixado seu carro, uma Range Rover Evoque preta.

Os dois seguiram para o bar Resenha, na avenida Olegário Maciel, também na Barra da Tijuca. No local, se encontraram com o ex-bombeiro Maxwell Simões Correa, conhecido como Suel, sua companheira Aline e um bombeiro identificado como “Assis”.

De acordo com as investigações, Suel auxiliou Lessa na preparação para o crime e realizou, por exemplo, campanas para observar a vereadora. Houve, inclusive, uma tentativa anterior de assassinar Marielle, em que Suel teria alegado falha mecânica no veículo que dirigia, o que suspendeu a operação.

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Justiça

Vídeo: Anielle Franco se emociona ao falar das revelações do caso Marielle: ‘Por que a minha irmã?’

Ministra da Igualdade Racial falou à GloboNews sobre a nova fase das investigações do assassinato da irmã e do motorista Anderson Gomes.

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, falou nesta segunda-feira (24), em entrevista à GloboNews, sobre as novas revelações do assassinato da sua irmã, a vereadora Marielle Franco.

Emocionada, Anielle lembrou que o aniversário de Marielle está chegando e que a volta do assunto mexeu com ela.

“Uma mistura de sentimentos. Eu achei que fosse estar tranquila para essa entrevista, mas não estou. A gente tem trabalhado muito, pois estamos em uma semana importante, que seria o aniversário da Mari e receber essa notícia mexe com a gente e estou em um turbilhão de sentimentos”, disse.

A ministra diz que as novas revelações do caso representam um passo importante no assunto, mas que não tem o sentimento de que o caso esteja encerrado.”A gente tem o sentimento de que a gente não pode parar de lutar e, enquanto família, espero que a gente dê alguns passos em principalmente entender por que a minha irmã? E quando a gente não sabe essa resposta, quer dizer que qualquer mulher negra hoje que esteja no poder, ou que coloque o seu corpo nesse lugar de luta, também podem vir a ser uma vítima dessa violência política”, disse, aos prantos.

Novos desdobramentos
O ex-PM Élcio de Queiroz firmou delação premiada com a Polícia Federal (PF) e com o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Ele deu detalhes do atentado contra a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

O promotor de Justiça Fábio Corrêa falou que a delação premiada de Élcio Queiroz, revelada durante a Operação Élpis, foi um grande avanço na investigação do Caso Marielle.

“Um pacto de silêncio foi rompido. Estamos buscando e oferencendo repostas de um crime emblemático”, disse durante coletiva no Rio.

Esta é a primeira operação desde o início de 2023, quando a PF assumiu a investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, além da tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves.

“Conseguimos determinar com lastro firme como foi o dia 14 de março. Essa é uma fase do trabalho e conseguimos cariar provas importantes. Conseguimos, como muita consistência, estabelecer a mecânica do crime”, disse o superintendente da PF, Leandro Almada.

Almada reforçou a importância da colaboração de Élcio.

“Nessa primeira parte, e terão outras, o mais importante foi a colaboração. Evidentemente, não veio do acaso. Foi um muito trabalho de revisão, de provas, para tentarmos a linha e a estratégia de delação. Essa delação foi corroborada e a corroboração se mostrou em vários momentos de acordo. Ela foi confirmada de forma taxativa.”

*Com G1

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Justiça

Macalé, o novo personagem que teria intermediado contratação de Ronnie Lessa para matar Marielle Franco

Homem, que seria do bairro de Oswaldo Cruz, na Zona Norte do rio, também participou das operações de monitoramento dos passos da vereadora Marielle Franco antes do crime.

De acordo com a delação de Élcio Queiroz, a contratação de Ronnie Lessa para matar a vereadora Marielle Franco teria sido intermediada por Edimilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé. Ele era sargento da Polícia Militar e foi executado em novembro de 2021.

À época, testemunhas contaram que ele caminhava pela Avenida Santa Cruz, em Bangu, na Zona Oeste do Rio, em direção ao seu carro, uma BMW, quando foi abordado por homens em um veículo branco. O policial foi atingido por vários disparos e morreu no local. O delator disse ainda que Macalé teria participado das “campanas” feitas para vigiar os passos de Marielle na preparação para o crime. “Inclusive foi através do Edimilson que trouxe… vamos dizer, esse trabalho pra eles; essa missão pra eles foi através do Macalé que chegou até o Ronnie”, disse Queiroz aos investigadores.

Durante as investigações foram identificadas ligações entre Ronnie e Macalé que coincidem com ligações entre Macalé e Maxwell Simões, o ex-bombeiro preso na operação realizada nesta segunda-feira. Essas ligações teriam se intensificado nos dias imediatamente após o crime.

Preso nesta segunda-feira durante a Operação Élpis, do Ministério Público do Rio e da Polícia Federal, o ex-sargento do Corpo de Bombeiros Maxwell Simões Correa, o Suel, já havia sido detido anteriormente, em 2020. Ele é apontado como cúmplice do ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, acusado de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes. Suel, de acordo com as investigações, ajudou no descarte de armas escondidas por Lessa.

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Política

Família Bolsonaro tem semana com reveses no Banco do Brasil e na PF

Instituições impõem fechamento de contas bancárias nos Estados Unidos e negativa para renovação de porte de arma.

A família Bolsonaro sofreu um série de reveses impostos por instituições federais na última semana. De um lado, o Banco do Brasil encerrou contas mantidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e pelo filho dele, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), nos Estados Unidos. Do outro, a Polícia Federal negou o pedido do parlamentar para renovar sua autorização de porte de arma de fogo, diz O Globo.

Além disso, a corporação colheu o depoimento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) na quarta-feira. O congressista apresentou versão diferente da relatada pelo ex-titular do Palácio do Planalto sobre o plano de gravar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O encerramento da conta de Jair Bolsonaro nos EUA, aberta em dezembro do ano passado, foi revelado pelo Metrópoles na quinta-feira. Segundo o portal, a decisão teria sido tomada por questões relacionadas a “compliance”, conjunto de regras e procedimentos que visam a proteger uma instituição de irregularidades. O banco alegou ter “protocolos rígidos de acompanhamento das movimentações financeiras de seus clientes”. Ao GLOBO, o BB afirmou que não comenta ações sobre seus clientes em respeito ao sigilo bancário.

Ao abordar o episódio em seu perfil no Twitter, Carlos Bolsonaro sinalizou que também teve uma conta encerrada. “Sem aviso, explicações e questionamentos solenemente ignorados! Vai ver é coincidência cotidiana!”, declarou.

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Justiça

‘Suel’, preso pela PF nesta segunda, participou do planejamento do assassinato de Marielle

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) foram às ruas nesta segunda-feira (24) cumprir mandados de busca, apreensão e prisão na Operação Élpis, relacionada à investigação dos homicídios da vereadora Marielle Franco, do motorista Anderson Gomes, e à tentativa de homicídio da assessora Fernanda Chaves. >>> PF e MPRJ prendem ex-bombeiro Suel em operação sobre a morte de Marielle e Anderson, segundo o 247.

As evidências encontradas pelos investigadores revelam o envolvimento de mais pessoas no planejamento do crime, o que levou ao pedido de prisão preventiva do bombeiro Maxwell Simões Correa. Segundo apurado pela jornalista Juliana Dal Piva, do UOL, Maxwell participou de campanas no planejamento do assassinato da vereadora. Anteriormente, ele já havia sido considerado cúmplice do sargento da reserva da Polícia Militar, Ronnie Lessa, identificado como executor dos crimes e denunciado pelo duplo homicídio. Maxwell, também conhecido como “Suel”, foi detido em junho de 2020 durante a Operação Submersos. Nessa ocasião, ele foi acusado de ser o proprietário do carro utilizado para esconder as armas utilizadas no crime, encontradas em um apartamento de Lessa. Em 2021, Maxwell foi condenado a quatro anos de prisão por obstrução de Justiça no caso. Posteriormente, foi autorizado a cumprir a pena em regime aberto e prestar serviços à comunidade. Entretanto, o Ministério Público recorreu, e o Tribunal de Justiça aumentou sua pena para seis anos e estabeleceu o regime fechado.

Além do mandado de prisão de Maxwell, os investigadores estão cumprindo sete mandados de busca e apreensão em diversos locais da cidade do Rio de Janeiro e da Região Metropolitana.

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Opinião

Lula quer um nome capaz de promover união e reconstrução também na PGR. Urge matar o monstro em que o MP se converteu

Luís Costa Pinto*

“Criamos um monstro”, costumava dizer o ex-procurador-geral da República e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal José Paulo Sepúlveda Pertence, morto a 2 de julho deste ano, sempre que desejava iniciar uma conversa sobre as imperfeições do Ministério Público Federal. Ao longo dos anos, tais imperfeições foram acentuadas pelos abusos praticados por procuradores e subprocuradores da República contra a própria instituição. Sepúlveda Pertence foi um dos integrantes de proa da Comissão Affonso Arinos, instituída pelo então presidente José Sarney para traçar os contornos básicos a partir dos quais os constituintes trabalhariam. Um dos raros pilares pouco modificados pela Assembleia foi justamente o do MPF, para desgosto posterior de um dos seus idealizadores.

Sigmaringa Seixas (morto em janeiro de 2019), advogado, deputado constituinte pelo Distrito Federal, dileto amigo de Pertence e também do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, usava do mesmo desdém arrependido para se referir à atrofia que desfigurou a Procuradoria Geral da República, fazendo com que seus integrantes passassem a se crer semideuses inimputáveis e acima da capacidade de regramento e enquadramento pela Constituição que têm de jurar obedecer ao passarem em rígido concurso público. O mesmo dizem do MP ex-constituintes como Nélson Jobim (advogado, ex-ministro da Justiça e ex-ministro do STF) e José Genoino (professor, ex-deputado federal e ex-presidente do PT).

Ou seja, urge mudar o Ministério Público Federal e, consequentemente, a Procuradoria Geral da República. É a PGR, na figura do procurador-geral (ou procuradora-geral) que comanda o MPE em consórcio com os Conselhos da carreira – CNMP, Conselho Nacional do Ministério Público e CSMP, Conselho Superior do Ministério Público. A revolução que está por ser feita dentro do MP, ao contrário do que ocorre em processos políticos, é para fazer com que procuradores e subprocuradores da República voltem a atuar dentro dos limites da Constituição de 1988 e da Lei Complementar nº 75 de 1993, conhecida como Lei Orgânica do Ministério Público.

Assoberbadamente ampla, complexa como um polvo de 16 tentáculos, a Lei Orgânica confere aos titulares desta carreira de Estado poderes para se imiscuir em praticamente todos os negócios públicos e a se portarem como fiadores da transparência de vasta gama de negócios privados. Não é exagero dizer que o Ministério Público pode travar ou fazer deslanchar indicadores econômicos, desanuviar ambiente de negócios e acordos ou arranjos políticos.

Ciosos da complexidade e envergadura do poder que detinham, foi exatamente isso a que se dedicaram com denodo e por caminhos surpreendentemente inusitados ex-procuradores-gerais como Antônio Fernando de Souza (denúncia do “mensalão”, relato de crimes que jamais ocorreram), Roberto Gurgel (julgamento da Ação Penal 470, o “mensalão”) e Rodrigo Janot (associação com atos ilícitos e inconstitucionais praticados pelos procuradores de Curitiba na “Operação Lava Jato). A trinca, formada por próceres de um grupo que se autodenominou “tuiuiús” (ou “jaburu”, ave típica do Pantanal que tem por característica inflar o papo para afugentar os adversários e predadores), perverteu a ação da Procuradoria Geral fazendo-a focar na ação política e fez com que toda a instituição flertasse com o risco ao praticar o laissez-faire na maioria dos ramos de atuação do Ministério Público. A perversão pelo poder terminou atrofiando o comando da instituição. Em razão disso, pariu-se em Curitiba a aberração lavajatista.

A ascensão da personagem nefasta e perversa de Jair Bolsonaro à Presidência da República nos pôs ante a iminência de o modelo Lava Jato vingar, destruir os muros de proteção da Democracia e de contenção dos aventureiros despóticos e autoritários e demolir o Estado de Direito. Se as engrenagens do lavajatismo tivessem logrado êxito sob Bolsonaro, na Casa de Máquinas do Ministério público, onde são moídas reputações e biografias com desfaçatez e sadismo, não haveria juízes no Supremo Tribunal Federal em abril de 2021 com a coragem de voltar atrás em decisões pretéritas e devolver os direitos políticos de Luiz Inácio Lula da Silva e anularem as sentenças injustas e viciadas impingidas a ele pelo ex-juiz suspeito Sérgio Moro.

A vitória redentora de Lula foi a derrota humilhante do modelo lavajatista urdido nos porões do Ministério Público, e ela só se deu porque, desavisadamente e antagonicamente contra a índole golpista e autoritária que detém, Jair Bolsonaro conduzira ao posto de procurador-geral um garantista dos Direitos: Augusto Aras. “Sabe o tamanho da pica que o espera?”, perguntou Bolsonaro a Aras ao abrir a conversa na qual diria que ia enviar o nome dele ao Senado, em agosto de 2019, para substituir a então procuradora-geral Raquel Dodge. No seu linguajar cafajeste, limitado como sói acontecer aos indivíduos limítrofes, o então presidente questionava o futuro PGR se ele estava pronto para resistir às críticas por deixar a natureza seguir seu curso testando a resiliência das instituições democráticas mesmo tendo um maníaco seviciando-as diuturnamente. Na resposta firme e pretensiosa que certamente deu (e nunca confirmou que a deu, pois também confirmaria a falta de modos e de preparo do ex-presidente), Aras deixou claro que sabia onde se metia. Referia-se à coragem para segurar a lanterna nos porões escuros da Procuradoria Geral; Bolsonaro entendeu que ele falava do tamanho de sua “pica”. Desse mal entendido oportuno chegamos onde estamos.

Em duas semanas, três no máximo, o presidente Lula revelará o nome que designará para o biênio 2023-2025 à frente da Procuradoria Geral da República. A lista de candidatos, que já foi de oito perfis e havia se reduzido para cinco, conta agora com uma trinca de integrantes. Todos são homens. Aras está entre eles e é o mais velho dos três. Profundo conhecedor das mazelas e das deturpações que maus servidores como os procuradores e subprocuradores lavajatistas impuseram ao País, vítima desses algozes que se escondiam numa carreira de Estado para cometer crimes e promover conluios contra empresas públicas e privadas e personalidades dos mundos político e empresarial, nos próximos dias Lula conversará com cada um dos três em separado. Sem dizê-lo, proporá a todos que se unam a favor da instituição “Ministério Público” e da ambição de fazer com que procuradores e subprocuradores atuem na plenitude de suas prerrogativas. Também irá propor que sigam unidos contra a usurpação das prerrogativas da carreira de Estado por usurpadores como Deltan Dallagnol e outros que abandonaram o MP depois de flagrados e investigados pelos órgãos de correição.

O presidente sabe que uma faxina procedimental está em curso nos prédios cilíndricos e espelhados da via N2 em Brasília e, por isso, tende a escolher para os próximo biênio à frente da Procuradoria Geral da República um nome capaz de unir a Casa e reconstruí-la – mimetizando ali a linha-força de sua administração.

Involuntariamente, inadvertidamente, um colunista opiniático da Folha de S Paulo, Hélio Schwartsman, deu musculatura e força a Augusto Aras nesta última semana. Depois de uma coluna especialmente ácida na qual chamou o procurador-geral de “inimigo público” e enumerou-lhe defeitos que o desqualificariam à pretensão de uma recondução, Schwartsman viu um movimento tectônico antes improvável de oito órgãos do Ministério Público Federal e da União se unirem a favor de Aras. A mais surpreendente e eloquente nota a favor do procurador-geral foi divulgada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), a cuja eleição para formação de lista tríplice Augusto Aras nunca se submeteu – nem em 2019, nem em 2021 e nem este ano. “A Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) tem, dentre suas finalidades, velar pelas prerrogativas dos seus associados e, em tal condição, vem defender o exercício da prerrogativa constitucional da independência funcional do procurador-geral da República. Em uma sociedade que se pretende democrática, é natural e salutar a crítica (mesmo a mais ácida) aos agentes públicos, exatamente para que se possibilite uma discussão racional sobre os erros e os acertos da atuação funcional.

No caso do Ministério Público, a submissão dos seus membros ao debate público é ainda mais essencial, por conta da autonomia e independência funcionais de que são dotados”, diz a nota da ANPR divulgada na mesma terça-feira em que o matutino do banqueiro Luiz Frias circulava com o artigo de opinião de Schwartsman. E prosseguia a Associação: “De outro lado, a crítica há de ser responsável e balizar-se por critérios racionais e por uma argumentação que permita o diálogo entre os pensamentos diversos, sem a utilização de rótulos ou estigmas. Assim, o fácil discurso que contrapõe “mocinhos e bandidos”, “vilões ou heróis”, “santos ou pecadores” apenas fortalece a polarização que tantos males trouxe ao ambiente do debate público no Brasil, incentivando alguns extremistas até mesmo a atos efetivos de agressão.” Para então encerrar, sem deixar dúvidas da defesa aberta que fazia ao ataque recebido pelo PGR: “O uso, portanto, do rótulo “inimigo público”, ainda que se pretenda limitado ao campo do debate político, mostra-se excessivo, inadequado e prejudicial ao próprio intento que o articulista de A Folha de São Paulo, em sua edição impressa de 18 de julho, anuncia. A discussão sobre os critérios para a indicação para o cargo de Procurador-Geral, por mais acerbo que se pretenda fazer, há de afastar-se do risco de imputação de pechas que apenas contribuam para atingir a honra de um agente público e fortalecer a beligerância inadequada”.

Se procura, por meio de sua designação, união para reconstruir o Ministério Público e colocá-lo de volta nos trilhos institucionais e nos moldes traçados pela Constituição, a fim de matar o monstro do qual reclamavam Sepúlveda Pertence e Sigmaringa Seixas, talvez o presidente Lula esteja assistindo a um improvável e impensável aggiornamento de ex-antagonistas em torno da correta tese de se terminar a faxina anti-Lava Jato para remodelar as bases da instituição.

*247

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Opinião

O Sul de Minas nas batalhas gloriosas de 8 de janeiro

Luis Nassif*

O Sul de Minas ainda está em polvorosa com os expedicionários que participaram da gloriosa expedição de 8 de janeiro para Brasília.

A volta não foi das mais gloriosas. Gordinho, de óculos, Miguel da Laranja, de Areado, foi visto pisoteando o Supremo Tribunal Federal. Voltou para Areado com tornozeleira eletrônica e ainda recebeu uma bronca pública da senhora Miguel das Laranjas:

“Seu abestado, você não tem dinheiro para me levar em Alterosa e vai aprontar em Brasília. E ainda volta com esse troço na canela”.

Outro personagem épico, uma espécie de Anita Garibaldi da Mantiqueira, foi uma senhora de Poços de Caldas, de 83 anos. Ela encrespou na saída, quando descobriu que o motorista do ônibus era petista. Tiveram que convencê-la de que ele era apenas um trabalhador.

Mas o petista salvou pelo menos 19 passageiros.

Na verdade, chegaram um pouco atrasados para a grande batalha épica. Resolveram sair duas da manhã para não atrapalhar o movimento das suas lojas. Quando chegaram, a bagunça já estava armada

O motorista petista, então, deu ideia de uma fuga estratégica. Levou o ônibus para Luziânia, de lá para Uberlândia, depois para Uberaba até voltar para o sul de Minas.

Só ficou em Brasília a Anita Garibaldi idosa, que acabou voltando para Poços de tornozeleira.

Agora, o pânico grassa na região. Sabendo disso, um advogado espertalhão chegou na região e convenceu alguns viajantes que estavam fichados. Dispôs-se a acompanhá-los até a delegacia da Polícia Federal de Pouso Alegre mediante honorários módicos de R$ 15 mil.

Os incautos foram convencidos a tempo que, posto que nem desceram dos ônibus, não estavam sendo procurados.

Um deles, um pouco mais assustado, foi se refugiar na casa de um tio, na zona rural. Ficou escondido, sem avisar sequer a família.

Mas quase se entregou quando chegou outro tio, acompanhado de um fotógrafo de O Alfenense. O tio tinha trazido um bolo de chocolate meio grande e pediu para o fotógrafo ajudar a carregar. Só isso. Mas provocou uma fuga do sobrinho pela janela dos fundos, escondendo-se no mapa até os visitantes iram embora.

Só ficou em Brasília a Anita Garibaldi idosa, que acabou voltando para Poços de tornozeleira.

Agora, o pânico grassa na região. Sabendo disso, um advogado espertalhão chegou na região e convenceu alguns viajantes que estavam fichados. Dispôs-se a acompanhá-los até a delegacia da Polícia Federal de Pouso Alegre mediante honorários módicos de R$ 15 mil.

Os incautos foram convencidos a tempo que, posto que nem desceram dos ônibus, não estavam sendo procurados.

Um deles, um pouco mais assustado, foi se refugiar na casa de um tio, na zona rural. Ficou escondido, sem avisar sequer a família.

Mas quase se entregou quando chegou outro tio, acompanhado de um fotógrafo de O Alfenense. O tio tinha trazido um bolo de chocolate meio grande e pediu para o fotógrafo ajudar a carregar. Só isso. Mas provocou uma fuga do sobrinho pela janela dos fundos, escondendo-se no mapa até os visitantes irem embora.

*GGN

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Saúde

Lula vai passar por cirurgia no quadril, diz assessoria do governo

Intervenção não é urgente e deve ocorrer no 2º semestre. Presidente esteve em hospital de SP, onde fez tratamento para aliviar dor.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve passar por uma cirurgia no quadril no segundo semestre. A informação foi divulgada neste domingo (23/7) pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto. Lula esteve nesta manhã no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde fez uma infiltração para aliviar a dor na região da lesão, diz o Metrópoles.

De acordo com a assessoria, trata-se de uma “operação programada, nada urgente”. Lula chegou ao Sírio-Libanês no fim da manhã, onde permaneceu por pouco mais de uma hora. Ele foi atendido pelo médico Roberto Kalil Filho. As dores no quadril são provocadas por uma artrose, resultado do desgaste da cartilagem que reveste as articulações.

Nesta tarde, Lula participa da cerimônia de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, berço da trajetória política do presidente. Hoje, a entidade completa 64 anos.

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Opinião

Campanha de Aras é armadilha contra Lula

Enquanto Lula ocupa a presidência pela terceira vez, após a mais apertada campanha eleitoral em décadas de História, não custa lembrar que o país permanece em plena travessia institucional.

Neste ambiente, inevitavelmente tumultuado, irá ocorrer uma primeira definição importante, após a vitória que impediu a reeleição de Jair Bolsonaro — a escolha do novo Procurador Geral da República, posto estratégico na cúpula do Estado, ainda mais na conjuntura atual.

Como já é tradição, os procuradores definiram uma lista tríplice de concorrentes ao posto, oferecida como sugestão ao presidente Lula, que tem o direito à palavra final, inclusive anunciando um novo um nome fora da lista do MP. Há outro candidato no horizonte, contudo.

Após dois mandatos como PGR, cargo que ocupou por escolha de Jair Bolsonaro, o primeiro presidente da República a desconsiderar a lista tríplice, o atual PGR Augusto Aras tenta um terceiro mandato. Desta vez, suas chances se resumem a uma única possibilidade: ser indicado por Lula a permanecer na função até agosto de 2025, poucos meses antes da próxima eleição presidencial.

Só para recordar: o primeiro mandato de Augusto Aras como PGR foi iniciado em setembro de 2019. Indicado por Bolsonaro, tomou posse num ambiente marcado pelos dois episódios decisivos do retrocesso brasileiro mais recente — a prisão de Lula, em abril de 2018, e a derrota de Haddad, meses depois.

O segundo mandato de Aras foi iniciado em agosto de 2021, quando sua recondução foi aprovada no Senado por 55 votos a 10. A marca principal que permitiu a ascenção de Aras como PGR residiu no espírito Lava-Jato, que fortaleceu um punitivismo primitivo, enfraquecendo os princípios constitucionais básicos da presunção da inocência que ocupam a espinha dorsal da Constituição de 1988.

Essa postura alimentou o golpe contra Dilma Rousseff e os ataques à Petrobras, mostrando que os adversários da presidente do PT tinham fôlego, dentro do Ministério Público, para indicar um novo PGR. Seu nome era Nicolau Dino, irmão mais novo de Flávio Dino, o ministro da Justiça de Lula. Primeiro colocado na escolha interna, com 651 votos, ele não sobreviveu até a chegada do novo governo, contudo. Michel Temer optou por Raquel Dodge, que Bolsonaro iria trocar por Augusto Aras.

Embora sua campanha contasse com o patrocínio declarado de Jair Bolsonaro & filhos, além de estrelas do primeiro escalão do Congresso, nunca faltaram vozes amigas no Ministério Público com disposição para retocar a imagem do candidato, espalhando a noção de que o punitivismo de Aras seria apenas teatro eleitoral, que seria substituído por sólidos princípios garantistas quando o candidato a PGR já estivesse firme no cargo e pudesse demonstrar sua vocação democrática.

Como o país pode constatar nos anos seguintes, o Aras da vida real nada tinha a ver com essa fantasia ingênua e/ou interesseira. Em vez de manter uma postura vigilante diante dos abusos cometidos pelo governo Bolsonaro, atitude que constitui obrigação número 1 da função, o PGR cultivou uma indisfarçável capacidade de adaptação aos gestos e atitudes de um governo que tentava encaminhar o país para uma ditadura.

O mal-estar contra sua atuação atingiu tal ponto que em agosto de 2021 quatro lideranças históricas do Ministério Público sentiram-se no dever de abandonar o descanso para tomar uma atitude inédita, cuja gravidade os estudiosos dos meios jurídicos do país conseguem avaliar com mais precisão. Enviaram ofício ao Conselho Superior do MP para acusar o PGR de “não cumprir a missão constitucional” em casos de óbvio interesse nacional.

Aras foi acusado de “omissão” diante da atuação de personalidades notórias como ex-ministro Ricardo Salles e o primogênito Flavio Bolsonaro. Os procuravam fizaram acusação pior. Escreveram que o PGR “por si próprio ou por intermédio de pessoa de sua mais estrita confiança, vem, sistematicamente, deixando de praticar, ou retardando, a prática de atos funcionais para favorecer a pessoa do presidente da República ou pessoas do seu entorno”. Sua omissão na tragédia de 700 000 mortos na covid-19 também foi lembrada com pesar.

Pelo histórico, resta perguntar se o perfil de Augusto Aras se encaixa na conjuntura de um país que procura reconstruir o regime democrático. O PGR tem a prerrogativa única de investigar políticos com foro especial — a começar pelo presidente da República.

Também é o único membro do Ministério Público que pode iniciar ações penais contra senadores e deputados federais, além de ministros e, mais uma vez, o presidente da República. Resumindo: para o bem ou para o mal, o PGR é um personagem destinado a se mover no olho dos furacões — jurídicos, políticos, econômicos — que costumam explodir cotidianamente na República.

Diante de um histórico conhecido, um Presidente da República comprometido com o Estado Democrático de Direito não tem nenhum interesse em entregar tamanho poder a Augusto Aras.

Alguma dúvida?

*Paulo Moreira Leite/247

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