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Como a Escola das Américas dos EUA ensinou militares sul-americanos a combaterem suas próprias populações

Formar militares para um treinamento de guerra. Foi assim que a Escola das Américas dos Estados Unidos preparou diversos integrantes das Forças Armadas de diferentes países latino-americanos durante o século 20. O objetivo de interferir na política da América do Sul foi conquistado e esse modelo de formação militar deixou um legado devastador para o continente.

A escola foi fundada em 1946 no Panamá. O objetivo do Pentágono era treinar militares estadunidenses que estavam no Caribe. Ano após ano, no entanto, a escola foi crescendo e passou a receber centenas de militares de todos os países da região depois da criação da OEA (Organização dos Estados Americanos). Em 1984, a escola muda para os EUA como parte dos acordos assinados para a cessão do Canal do Panamá.

Conhecida por promover técnicas de tortura e uma formação para a guerra interna nos países, a Escola das Américas ficou marcada por treinar militares para confrontos contra grupos que eram chamados de “insurgentes”, ou seja, a esquerda.

Ao longo de todo esse período, mais de 66 mil estudantes passaram pela Escola das Américas. Alguns deles se tornaram ditadores como Leopoldo Galtieri e Roberto Viola na Argentina e Juan Velasco Alvarado no Peru. Integrantes do “esquadrão da morte” que mataram 6 jesuítas em El Salvador também passaram pela unidade de ensino. O grupo Tortura Nunca Mais indica que 21 soldados e oficiais brasileiros que foram acusados de torturar durante a Ditadura Militar no Brasil estudaram na unidade estadunidense.

Para o Exército brasileiro, a influência da Escola das Américas também foi fundamental para a reorientação de correntes políticas. Até a Segunda Guerra Mundial, havia uma tradição europeia dentro das Forças Armadas do Brasil. O governo francês modernizou os equipamentos das tropas e muitos militares passaram a seguir uma corrente pró-Alemanha nazista. No entanto, havia outros grupos com tendências ligadas ao liberalismo estadunidense e até grupos comunistas.

Depois da Segunda Guerra, os Estados Unidos passam a atuar com força no Exército do Brasil e promovem uma nova modernização generalizada. Isso, somado a uma formação da Escola das Américas, acabou com essa diversidade ideológica dentro das Forças Armadas e, principalmente, iniciou uma perseguição a grupos de esquerda.

Segundo o ex-deputado e professor de História da Universidade Federal Fluminense, Manuel Domingos Neto, o anticomunismo já era uma tendência dentro da linha francesa, mas ganha força e passa a ser determinante na linha do exército depois da Segundo Guerra.

“Quando os EUA entram, abre-se a luta contra o comunismo. Os franceses já tinham essa tendência nos anos 20, mas isso se radicaliza com os EUA. Quando acaba a guerra, os EUA tinham que cuidar dessa influência, porque o Exército Vermelho foi fundamental na vitória. A escola das Américas acaba com as diferentes correntes dentro do Exército, havia gente de esquerda até na alta patente. Prevalecia o lado reacionário, mas tinham diferentes correntes que não questionavam a organização militar pré-guerra. O próprio [Luís Carlos] Prestes era admirador da corrente francesa”, afirmou ao Brasil de Fato.

Formação anticomunista
Essa linha-política de perseguição ao comunismo não se resumiu às Forças Armadas brasileiras. Os regimes militares sul americanos também adotaram essa postura. As esquerdas passaram a ser perseguidas e comunistas de Brasil, Argentina, Chile e Paraguai, por exemplo, tiveram que se exilar em outros países.

A professora de Relações Internacionais da Universidade Tiradentes Lívia Milani avalia que essa doutrina da Escola das Américas incluiu uma série de opositores que não necessariamente estavam ligados ao comunismo, mas que, por serem opositores, eram enquadrados como “ameaça nacional”.

“A escola foi formada depois da Revolução Cubana em um contexto no qual se entendia como a principal ameaça para a América Latina. Na contenção do comunismo. Então o que eles aprendiam lá era contra insurgência. Era lidar com comunismo percebido como ameaça. A partir de uma definição muito ampla de comunismo, então oposição política de forma geral, ela era definida como comunista”, afirmou ao Brasil de Fato.

Mesmo com a generalização desse programa de formação para todos os países latino-americanos, o Brasil era visto como o grande balizador da América do Sul. A influência sobre a política brasileira era entendida pelos Estados Unidos como determinante para o resto do continente: para onde o Brasil se inclina, eclipsa as outras nações.

Para Domingos Neto, a formação era tão forte e incisiva que os militares que iam a Escola das Américas incorporavam essas doutrinas de promoção de violência sem contestação.

“Ela ganha o apelido ‘escola de assassinos’. O militar brasileiro, o policial, passava por lá e se sentia autorizado a tudo. Foram enviados para gerar repressão, de orientação social, promover a chamada contra-insurgência, isso dominou os espíritos. Qualquer um que serviu o Exército tinha isso como ponto inquestionável: o combate ao comunismo”, afirmou.

Orientação à guerra
A mudança de mentalidade que a escola promove para os militares latino-americanos é não só um olhar para os inimigos externos, mas também para as “ameaças internas”. A vertente comunista é a que mais se sobressai no período das ditaduras, mas há uma mudança na perspectiva dos militares em relação à função do Exército no território. A organização deixa de ser entendida pelos próprios militares como uma instituição de defesa do território ante ameaças estrangeiras e também é interpretada como um ente para o combate aos crimes nacionais.

Essa caracterização, segundo Domingos Neto, criou uma “crise de identidade” nos policiais e militares brasileiros e sul-americanos. Se de um lado havia uma aproximação com a ideia de proteção das fronteiras e contra ataques externos, passou então a existir o dilema em relação à forma de atuar dentro do território, contra a própria população.

“A Escola das Américas orientou para a guerra, para além da guerra internacional, orientando para o caráter policialesco, de controle interno. Esse é o grande dilema hoje. A influência estadunidense é arrasadora nesse sentido. O foco passa a ser a guerra interna também depois da Segunda Guerra Mundial, foi isso que a Escola das Américas ensinou”, disse.

De acordo com ele, isso também faz com que os militares passem a ter uma maior incidência sobre a política, mesmo que a instituição já se sentisse responsável por definir os destinos políticos da pátria desde a fundação da República.

Ao longo dos anos, mudanças de governo na Casa Branca também colocaram contradições para a escola. Uma das principais foi a chegada de Jimmy Carter ao poder. Com uma linha de defesa dos direitos humanos, o governo dos EUA passa a encarar uma ambiguidade: na política externa, a tentativa de costurar acordos tendo como base a defesa dos direitos humanos; do outro, a preparação de militares para uma atuação violenta nos países do continente.

“Ao mesmo tempo que os militares continuam sendo treinados para a chamada contra-insurgência com técnicas de tortura, o Departamento de Estado e outros órgãos da administração dos Estados Unidos estavam defendendo a pauta de direitos humanos. Esse é o grande marco, a grande diferenciação entre os governos de Washington durante a existência da Escola das Américas”, afirmou Milani.

Legado
A Escola passou por uma reestruturação em 2001 depois de uma forte pressão de grupos ligados à defesa dos direitos humanos. A unidade passou a se chamar Instituto do Hemisfério Ocidental para Cooperação em Segurança (WHINSEC, na sigla em inglês). Com sede na Geórgia, havia uma forte atenção sobre como seria a atuação do novo modelo, que, segundo o Pentágono, passaria a ter um viés mais voltado ao respeito aos cidadãos.

De acordo com Milani, há uma mudança na forma de seleção dos militares e policiais que entrarão no programa e uma mudança na linha pedagógica. Foram elaboradas disciplinas para a segurança, cooperação e respeito aos direitos humanos. Além de tudo, há uma mudança de gestão. Se antes o responsável pela Escola era o Departamento de Defesa, agora quem cuida da unidade é o Departamento de Estado.

Ela, no entanto, questiona até que ponto essas mudanças são concretas e representam um giro na rota que essa unidade tem junto aos militares, já que os EUA continuam com uma mentalidade de combate às ameaças no continente.

“Até que ponto essas mudanças são efetivas? A gente tá falando da ida de militares da América Latina, de uma instituição que lida com a força. Para os EUA o que muda é a percepção que eles têm sobre quais são as ameaças provenientes da América Latina, na época da Guerra Fria era o comunismo. Hoje eles percebem ameaças como narcotráfico, crime organizado nacional. Então continua uma percepção de ameaças”, afirmou.

O efeito dessa formação para o Exército brasileiro também persiste até os dias de hoje. Para Domingos Neto, a Constituição de 1988 preservou a ideia de que as Forças Armadas têm a tarefa também de manter a ordem interna.

“O legado não acabou, persiste. O exército continua com o que eu chamo de perturbação identitária. eles não sabem se são policiais ou militares. Tanto que a Constituição de 1988 impõe a missão de controlar a ordem interna. Isso está nos outros países também. Não há um exército latino-americano que foi preparado para enfrentar o inimigo externo, com exceção à Cuba”, disse.

*BdF

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O bicho pegou neste sábado contra Trump nos EUA

Protestos em massa em todo o país mostram resistência a Trump.

Uma ação em massa chamada “Hands Off!” foi planejada em um momento em que muitos na esquerda lamentavam o que consideravam uma falta de forte resistência ao presidente Trump.

Os protestos são contra Donald Trump e Elon Musk pelo esforço agressivo de Trump para reverter a globalização.

Milhares de pessoas tomaram as ruas de Washington e de outras cidades dos Estados Unidos neste sábado (5) em protesto contra as políticas do presidente Donald Trump. Os atos, que também se espalharam por cidades da Europa, foram os maiores desde o retorno do republicano à Casa Branca, no fim de janeiro.

A mobilização, organizada por uma coalizão de mais de 50 grupos progressistas, como MoveOn e Women’s March, foi batizada de “Tire Suas Mãos”. Mais de mil cidades e municípios americanos aderiram ao movimento, segundo os organizadores. Só em Washington, mais de 5 mil pessoas participaram do ato no National Mall, nas proximidades da sede do governo.

A manifestação contou com a presença de políticos democratas, como o congressista Jamie Raskin, além de ativistas veteranos. “Despertaram um gigante adormecido, e ainda não viram nada”, declarou Graylan Hagler, ativista de 71 anos. “Não vamos nos calar, não vamos nos sentar e não vamos embora.”

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Milei viaja aos EUA para obter apoio de Trump que não o recebe e volta à Argentina de mãos vazias

O presidente argentino, Javier Milei, viajou aos Estados Unidos por 24 horas apenas para se reunir com Donald Trump, mas, segundo os organizadores da viagem, deixou o local do encontro 20 minutos antes da chegada do colega norte-americano. A repentina viagem a Mar-a-Lago, na Flórida, buscava apoio político para um empréstimo do FMI e para um acordo comercial que amenize o “tarifaço” promovido pelo líder republicano.

Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires

“Tudo corria bem até que, de repente, Milei foi embora. Cerca de 20 minutos depois, Trump chegou. Os dois presidentes teriam uma reunião privada para a qual estava tudo preparado. Não entendemos por que Milei foi embora”, descreveu Glenn Parada, diretor-executivo do MACA (Make American Clean Again), a entidade organizadora do evento, dedicado à limpeza de espaços públicos e ao combate do tráfico de crianças.

Em Buenos Aires, o governo argentino difundiu a versão de que Trump se atrasou por ter tido um problema com o helicóptero, algo que o organizador desmente. “Estava tudo pronto para os dois se reunirem. Nós sabíamos que Trump chegaria mais tarde. Não sabemos qual informação o governo argentino tinha para abandonar o evento”, contou Parada.

“O chanceler Werthein ficou furioso porque Trump não chegava. Se eles tivessem esperado 20 minutos, teriam tido uma reunião. Werthein estava fora de si”, relembrou Parada.

Antes do evento, o ministro argentino das Relações Exteriores garantia que Milei e Trump se reuniriam. “Seguramente, haverá um encontro informal com o presidente Trump. Prevemos esse encontro com Donald Trump na sua casa”, disse Gerardo Werthein na quarta-feira (2), quando, repentinamente, Javier Milei decidiu viajar aos Estados Unidos.

Viagem em vão
No entanto, os dois presidentes não se cruzaram. O argentino ficou sem a foto do encontro que lhe daria um sinal de apoio político em meio à nova rodada de tarifas de importação anunciadas por Trump, e em um momento frágil da sua política cambial, que valoriza artificialmente o peso argentino às custas de reservas negativas no Banco Central. Milei não conseguiu conversar com Trump sobre a necessidade de um apoio político da diretoria do Fundo Monetário Internacional e de uma negociação que amenize o impacto do “tarifaço” de Trump na economia argentina.

O objetivo formal da viagem de Milei era o evento de gala “Americanos Patriotas” (American Patriots, em inglês), realizado na noite desta quinta-feira (3) em Mar-a-Lago, residência de verão de Donald Trump, em West Palm Beach. Os organizadores convidaram o argentino de última hora para receber o prêmio “Leão da Liberdade” (“Lion of Liberty Award”), dedicado a personalidades comprometidas com a liberdade econômica, o mercado livre e os valores conservadores.

Donald Trump era o outro homenageado na noite de gala e o argentino viu nessa premiação a chance de um encontro informal com o amigo, com quem mantém uma “relação estratégica”. Porém, esgotado de uma intensa agenda num dia de turbulências financeiras no mundo, Trump chegou a Mar-a-Lago apenas às 22h51 (horário local). Antes, ainda passou pela sua residência, no setor privado do complexo.

Ao entender que Trump não iria mais ao evento, Milei retirou-se e foi diretamente para o aeroporto, de onde voltou a Buenos Aires.

*RFI

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União Europeia considera multar Elon Musk em mais de R$ 5 bilhões

Elon Musk está na mira dos reguladores europeus. A União Europeia (UE) está considerando multar a rede social X (antigo Twitter) em mais de 1 bilhão de dólares – cerca de R$ 5,8 bilhões na cotação atual. O motivo seria a violação de uma lei que combate conteúdo ilícito e desinformação.

Em 2022, a União Europeia criou a Lei de Serviços Digitais (Digital Services Act) que passou a ser aplicada em 2024. O objetivo é obter transparência das plataformas digitais e proteger os usuários.

Tensões políticas e comerciais

De acordo com o jornal estadunidense New York Times, a informação da possível multa e de algumas penalidades veio de quatro fontes anônimas. As penalidades devem ser anunciadas ainda neste ano. A União Europeia também deve criar uma nova lei para forçar as empresas de mídias sociais a monitorar os seus serviços.

A medida demanda uma avaliação política, já que a ação pode aumentar as tensões com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Elon Musk é um dos principais conselheiros da Casa Branca. As relações dos EUA com diversos países ficaram estremecidas após o anúncio do tarifaço, nesta semana. Trump apresentou uma tarifa mínima de 10% sobre a maioria dos produtos importados para os EUA com taxa de 20% para a União Europeia.

Ainda, segundo as fontes do jornal, o valor da multa pode chegar a 1 bilhão de dólares, mas ainda será definido pelas autoridades. Além da multa, a UE também deve exigir mudanças na plataforma. A ideia é que a medida demova outras empresas de violarem a Lei de Serviços Digitais.

Investigação do X

Desde 2023, a União Europeia iniciou uma investigação sobre o X. Elon Musk é dono da rede social desde 2022. Na época, a suspeita era de manipulação dos algoritmos para finalidades políticas. A investigação começou em 2023, e os reguladores emitiram, no ano passado, uma decisão preliminar de que o X havia violado a lei.

O entendimento foi de que as contas verificadas, que apresentavam uma marca azul, afetavam negativamente a capacidade dos usuários de tomar decisões livres sobre a autenticidade das contas. Além disso, a rede de Elon Musk foi acusada de bloquear o acesso de pesquisadores a dados públicos.

Ainda segundo a reportagem, o X também enfrenta uma segunda investigação da União Europeia, que é mais ampla e pode levar a novas penalidades. Nessa investigação, duas pessoas disseram que os oficiais da União Europeia estão construindo uma hipótese, de que, a abordagem “sem interferência” do X para fiscalizar o conteúdo gerado pelos usuários, fez da plataforma um centro de discurso de ódio e desinformação – material que é visto como prejudicial à democracia em todo o bloco de 27 países.

*TVTNewss

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Muito engraçado o comentário de Trump sobre a reação da China ao seu tarifaço. Ele acusa a China de ter entrado em “pânico”

Ora, a China, ao contrário dele, estudou por anos o que deveria fazer.

Vai acelerar o decoupling e explorar suas oportunidades pelo mundo. Quem entrou em pânico foi o mercado estadunidense. Até o FED está com muito medo.

Trump e sua Armada de Brancaleone de parvos fazem tudo de forma improvisada. Taxaram até pinguins. A fórmula para fazer as taxações é uma piada matemática.

Trump inventou a fake news aritmética. Quis dar uma aparência de cientificidade a algo tosco e primário. Não há uma estratégia bem-estudada em nada do que eles fazem.

Querem reverter décadas de globalização da noite para o dia. Querem reverter até mesmo o nearshoring. E na marra.

Trump vai se liquefazer em pouco tempo. Tudo que é sólido.

*Emir Sader

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Ações dos EUA perdem US$ 5,4 trilhões em dois dias, com tarifas de Trump alimentando temores de recessão e coloca o mundo de ponta-cabeça

As mais recentes manchetes do Financial Times:

A retaliação da China contra os impostos de Washington aumenta a sensação de pessimismo nos mercados globais

Europa se prepara para inundação de produtos chineses após tarifas dos EUA

Empresas suspendem planos de IPO nos EUA enquanto tarifas de Trump afundam mercados

Os custos do frete aéreo aumentam à medida que as tarifas de Trump desencadeiam a corrida para transportar mercadorias por via aérea

Cervejeiros alertam que tarifas de Trump sobre cerveja podem custar 100.000 empregos na Europa

Reino Unido rejeita alegação de Trump de que a Grã-Bretanha está “feliz” com tarifa de 10%

Para os mercados, é a imprevisibilidade que vai matá-lo.

Os investidores e as empresas podem adaptar-se à maioria das coisas quando conhecem as regras, mas com Trump, as regras mudam constantemente

Uma patologia tarifária dos EUA é liberada sobre o mundo.

Apple perde mais de US$ 300 bilhões em valor de mercado com tarifas de Trump.

‘Nadir para o partido’: Democratas dos EUA caminham para a guerra civil.

O espantoso ato de automutilação dos Estados Unidos.

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Trump vira meme após cobrar tarifas da ilha de pinguins

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou, nesta quarta-feira (2), a imposição de tarifas recíprocas contra uma série de países. No entanto, chamou atenção a aplicação de taxas ao território das Ilhas Heard e McDonald, que não possui habitantes.

Os EUA impuseram uma tarifa de 10%, e Trump rapidamente virou meme, já que o território abriga apenas colônias de pinguins, focas e aves protegidas por listas de conservação nacionais e internacionais.

Segundo o site Axios, a Casa Branca justificou a medida afirmando que o arquipélago é um território externo da Austrália — país que também recebeu a mesma taxa.

Memes da medida de Trump

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Jair de Souza: A insuperável podridão das classes dominantes ocidentais

Desde que a história dos seres humanos começou a ser retratada com base em estudos amparados em dados confiáveis, as classes dominantes de origem europeia vêm despontando como o que de mais sórdido e nefasto a humanidade já gerou.

Não pretendo de modo algum dar a entender que as elites de poder dos povos não ocidentais se caracterizam por sua pureza e bondade. Esta, absolutamente, não é minha intenção.

O que estou procurando destacar é o insuperável nível de crueldade e insensibilidade daqueles que têm estado no comando das rédeas das nações de extração europeia, em contraposição ao que ocorre em todos os demais grupos humanos.

Inegavelmente, em todas as oportunidades em que forças vindas de outras partes avançaram sobre regiões já habitadas por outros grupos humanos, os resultados sempre foram de fortes sofrimentos para os povos subjugados.

Contudo, as desgraças provocadas pela expansão ocidental ao redor do planeta ultrapassam em muito toda a perversidade que temos conhecimento de ter sido praticada ao longo da história.

Tão somente com um breve repasso da presença usurpadora das forças do Império Romano naquele lugar que hoje denominamos de Oriente Médio, ficam evidentes as marcas deste desrespeito ao direito de os povos continuarem vivendo nos territórios que tradicionalmente já ocupam há muito tempo.

Estamos nos referindo exatamente àquela região associada à figura de Jesus, cujos nome e simbolismo costumamos respeitar e valorizar.

Por que as legiões de um Império sediado na Europa Ocidental deveriam comandar os destinos de terras localizadas em outro continente e habitadas por povos que nada tinham de europeus?

A resposta a esta indagação nos remete aos primórdios do conceito que atualmente designamos como colonialismo. Assim, a grosso modo, podemos estabelecer nesta etapa os marcos iniciais do expansionismo europeu, que nos afeta negativamente até os dias atuais.

Convém recordar que, para exercer seu domínio sobre aquelas pessoas que nada tinham a ver com a etnia e a cultura romanas, as forças colonialistas se aliaram aos setores das classes dominantes locais. Estas, por sua vez, recorriam à manipulação da religião para garantir a manutenção de seus privilégios.

Devemos ter sempre em conta que as práticas de Jesus representavam uma luta ferrenha em favor das classes mais humildes, com o propósito de ajudá-las a sair do estado de penúria em que eram forçadas a viver.

Assim, é também de muita relevância que não nos esqueçamos do fato de que ele foi preso e executado por soldados ocupantes romanos por orientação dos líderes religiosos locais de então.

Isto explica a razão pela qual a adesão a suas pregações tenha surgido e se desenvolvido inicialmente entre as massas de gente humilde, e não entre as camadas ricas e poderosas.

Por então, seus seguidores tinham de se reunir às escondidas, para fugir das perseguições das autoridades romanas e dos líderes do judaísmo oficial.

A partir das experiências desenvolvidas nessa etapa inicial, as classes dominantes romanas aprimoraram sua destreza em manipular os conceitos e as palavras para, desta maneira, usá-los em favor de suas ambições e seu egoísmo.

Tanto assim que foram capazes de se apoderar do legado de Jesus, de modo a atribuir-lhe um significado diametralmente oposto ao de seus propósitos originais.

Como já expusemos mais acima, a pregação do Nazareno se caracterizava por seu desejo de defender as causas dos setores sociais mais carentes e explorados.

Entretanto, os representantes dos interesses imperiais e colonialistas das classes dominantes ocidentais se dedicaram a falsificá-lo e deturpá-lo com o objetivo de torná-lo um poderoso instrumento para reforçar sua hegemonia sobre as massas populares e para facilitar sua devastadora expansão sobre todas as demais nações de todos os outros continentes.

Foi assim que, apesar de que seu intuito original era atender e socorrer os mais necessitados, a figura de Jesus foi alvo de um monstruoso processo de manipulação.

Com isto, produziu-se uma completa metamorfose, da qual surgiu uma ideologia político-religiosa que desempenharia um papel fundamental na expansão do colonialismo europeu: o cristianismo.

Desta forma, o cristianismo se tornou uma portentosa arma destinada a subjugar e exterminar povos e nações ao redor do mundo, com vista a fazer prevalecer os interesses materiais do colonialismo ocidental.

Portanto, é muito importante que tenhamos em mente que essa religião, criada e impulsionada pelas classes dominantes ocidentais, nada tem a ver com aquele de cujo nome ela se aproveita.

Na verdade, o que se consolidou desde sua elevação à categoria de religião oficial do Império não foram as pregações e os ensinamentos daquele que perambulava entre os setores populares da Palestina de seu tempo, senão que sua desvirtuação completa, com a perda das bases humanitárias que lhe serviam de sustentação.

Foi com base nesta ideologia inteiramente contrária ao legado de Jesus, mas recorrendo fraudulentamente a seu nome, que as classes dominantes ocidentais se lançaram à empreitada que veio a representar o maior morticínio já causado entre os seres humanos por outros seres humanos.

Em decorrência, nas Américas, na África, na Ásia e na Oceania, as classes dominantes da Europa Ocidental assassinaram milhões e milhões de pessoas, exterminando quase que por completo inúmeros povos, nações e culturas, em genocídios de proporções inimagináveis.

Embora a presença do flagelo da escravidão possa ser detectada em várias situações há muito tempo, tão somente as classes dominantes europeias a transformaram num modo de produção aplicado de forma generalizada para fins de obtenção regular de lucros comerciais.

Decididamente, a estruturação da economia com base no trabalho escravo é mais uma das criações desses que gostam de se apresentar como o símbolo do melhor da humanidade.

No entanto, a perversidade das classes dominantes do chamado mundo ocidental estava longe de se haver esgotado após a consecução dos abomináveis crimes de genocídio levados a cabo nessa fase em que predominaram o colonialismo e a escravidão. Ainda havia muito ódio e ignomínia a demonstrar.

E as classes dominantes de extração europeia se esmeraram para provar que eram capazes de se superarem, como de fato o fizeram. Entre as outras obras primas das classes dominantes ocidentais de origem europeia podemos citar o apartheid, o nazismo e o sionismo.

O apartheid, que desgraçou a vida de milhões de africanos, foi levado à África por iniciativa das classes dominantes holandesas. Em seu afã de se apropriar das riquezas do continente africano e abusar da exploração da mão de obra de seus habitantes autóctones, os colonizadores europeus edificaram um dos sistemas mais horripilantes de discriminação de cunho racial.

Foram necessárias várias décadas de luta e sofrimento para que esse produto da maldade pudesse ser derrubado. Mesmo assim, seus efeitos maléficos se estendem até nossos dias.

Já o nazismo é um genuíno fruto dos que gostam de ser tomados como o suprassumo da civilização europeia e, devido a isto, de toda a humanidade: as classes dominantes germânicas.

Com o nazismo, os grandes capitalistas alemães e de várias outras nações europeias deixaram evidente que não há limites para a prática de atrocidades contra outros seres humanos.

No intuito de combater os possíveis riscos para a manutenção de seu domínio social, os paladinos da defesa dos interesses do grande capital na Alemanha e em outros países da Europa não hesitaram em desenvolver as técnicas para causar a morte e o sofrimento em escala industrial.

Os campos de concentração e os fornos da morte do nazismo também foram gerados por mentores das classes dominantes ocidentais de pura cepa europeia.

E, quase que como uma síntese cumulativa de todas as perversões gestadas por iniciativa das classes dominantes europeias, temos atualmente o sionismo. Esta ideologia a serviço do grande capital também é cem por cento de origem europeia, sem ter absolutamente nada a ver com os antigos povos hebraicos que habitavam a região do Oriente Médio no passado.

O sionismo é algo equivalente ao nazismo, com a diferença básica de ter sido propulsionado por ideólogos europeus com vinculações pretéritas a gente que professava o judaísmo.

O sionismo incorpora em sua essência o espírito do colonialismo, do apartheid e, em consequência, do nazismo.

Suas maiores vítimas diretas são os povos que já habitavam a região da Palestina há milênios, os quais têm sofrido um intenso processo de perseguição, usurpação e extermínio, que visa instalar em suas terras os colonos europeus e seus descendentes, que foram para lá conduzidos pelos movimentos sionistas formados na Europa.

A crueldade praticada contra a indefesa população palestina pelas forças militares e paramilitares a serviço do sionismo europeu não deixa margem para dúvidas de que os sionistas assimilaram à plenitude a podridão produzida pelas classes dominantes ocidentais ao longo dos séculos.

Porém, é muito importante que não nos deixemos levar por uma falsa percepção. Os grandes inimigos da humanidade não são os povos europeus, e sim suas classes dominantes.

As massas populares dos países da Europa são, na verdade, importantes aliados de suas contrapartes dos países periféricos. Os movimentos e partidos dos trabalhadores europeus, assim como seus teóricos, deram contribuições inestimáveis em favor dos processos de emancipação das classes trabalhadoras do mundo inteiro. Com eles, aprendemos a valorizar o sentimento do internacionalismo proletário e a busca pela unidade dos povos.

Por isso, é muito gratificante constatar que as lutas dos povos vítimas do colonialismo e imperialismo originados nos centros oligarcas do Ocidente têm contado com o apoio resoluto de movimentos de massas populares nos países europeus, assim como nos Estados Unidos. Isto se mostra ainda mais evidente nos cruciais momentos que estamos atravessando.

Em protesto contra o genocídio que as forças armadas do sionista Estado de Israel estão cometendo contra o povo palestino, estão ocorrendo amplas mobilizações de massas nas principais cidades da Europa.

E ainda mais reconfortante é constatar uma nutrida e intensa participação nas mesmas de pessoas de ascendência judaica, o que ajuda a corroborar a compreensão de que judaísmo e sionismo não são para nada equivalentes.

Para que não subsista nenhuma incompreensão, ser judeu e ser sionista são coisas muito diferentes.

Assim como não podemos estender a pecha de nazista ao conjunto dos alemães, o termo sionista não pode de maneira nenhuma ser empregado para designar a todos os que se identificam como judeus.

Em resumo, tudo o que expusemos nas linhas anteriores tem por objetivo ressaltar a compreensão de que todos os povos do mundo podem e devem viver em solidariedade e harmonia.

Os verdadeiros responsáveis pelas guerras e outras desavenças entre os grupos humanos costumam ser suas classes dominantes, ou seja, aqueles setores que vivem à custa da exploração do trabalho dos restantes.

Dentre os exploradores, os que mais têm se destacado negativamente ao longo do tempo são as oligarquias formadas nas nações ocidentais.

Embora estas pretendam atribuir-se a qualificação de modelo exemplar a ser seguido por todas as demais, representam de fato a podridão maior já atingida pela humanidade.

*Jair de Souza é economista formado pela UFRJ; mestre em linguística também pela UFRJ.

*Viomundo

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China dá o troco, impõe tarifas de 34% a todos os produtos dos EUA e abre espaço para mais exportações do Brasil

Exportações brasileiras do agro concorrem diretamente com o agronegócio dos Estados Unidos.

Em mais um movimento de escalada nas tensões comerciais com os Estados Unidos, o governo da China anunciou nesta quinta-feira (4) que aplicará uma tarifa adicional de 34% sobre todos os produtos norte-americanos a partir de 10 de abril.

De acordo com a nota oficial, a nova alíquota será acrescida às tarifas atualmente em vigor, ampliando significativamente o custo de entrada de mercadorias dos EUA no território chinês. A medida vem acompanhada de uma série de outras sanções comerciais, incluindo o endurecimento de controles sobre exportações de itens considerados estratégicos.

Exportações de terras raras na mira – O Ministério do Comércio da China também informou que, a partir de 4 de abril, passará a restringir a exportação de elementos de terras raras do tipo médio e pesado para os Estados Unidos. Entre os elementos listados estão o samário, gadolínio, térbio, disprósio, lutécio, escândio e ítrio — todos fundamentais para setores de alta tecnologia, como a indústria de semicondutores, armamentos e carros elétricos.

A decisão, segundo o ministério, está ancorada na legislação nacional de segurança e visa proteger os interesses estratégicos do país, além de “cumprir obrigações internacionais, como as relacionadas à não proliferação”, conforme destaca o comunicado: “o objetivo da implementação dos controles de exportação pelo governo chinês sobre os itens relevantes, de acordo com a lei, é melhor salvaguardar a segurança nacional e os interesses do país, bem como cumprir obrigações internacionais como a não proliferação”.

Empresas norte-americanas sob sanção – Além disso, a China incluiu 16 entidades dos Estados Unidos em sua lista de controle de exportações e adicionou outras 11 à chamada “lista de entidades não confiáveis”. A inclusão nesta última permite que Pequim tome ações punitivas diretas contra empresas estrangeiras, incluindo a proibição de atividades comerciais no país, congelamento de ativos e outras sanções administrativas. Com 247.

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Brasileiro-palestino morre em prisão de Israel após desmaiar de fome

Circunstâncias da morte de Walid Khaled Abdallah, de 17 anos, em Meggido foram informadas por ONG.

O brasileiro-palestino de 17 anos Walid Khaled Abdallah morreu após desmaiar de fome e bater a cabeça no chão, no dia 22 de março, em uma prisão em Megiddo, Israel. As circunstâncias da morte de Walid foram divulgadas na quinta-feira (3) pela ONG Defesa das Crianças Palestinas (DCIP, na sigla em inglês) e confirmadas pela Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal).

Outros adolescentes também detidos na mesma prisão teriam pedido ajuda aos guardas quando Walid desmaiou. O pedido foi ignorado pelos guardas. Segundo a ONG, foram os próprios colegas de Walid que o carregaram ao portão do pátio da prisão.

palestino

Adolescente brasileiro-palestino sofreu trauma
Em seguida, agentes penitenciários levaram Walid para a clínica da prisão. A equipe médica tentou ressuscitá-lo com um desfibrilador e adrenalina, mas o adolescente não resistiu. De acordo com a autópsia, Walid passou fome, sofreu desidratação por diarreia e apresentava infecções.

O exame, segundo a DCIP, revelou que Walid sofria de extrema perda da massa muscular e da gordura corporal, além de sarna nas pernas e na virilha. O estado do tórax e do abdômen indicavam que ele sofreu um trauma contundente. O intestino grosso tinha edemas, associados a uma lesão que ele pode ter sofrido.

A ONG afirmou que o adolescente sofreu por meses e que os guardas abusaram do garoto até que ele morresse. Walid esteve na clínica da prisão diversas vezes, quando reclamou, durante atendimento, da falta de comida e de um traumatismo craniano, de acordo com o ICL.