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Perigo atômico: a bomba israelense contra os palestinos e a indústria nuclear no Brasil

A dissuasão como estratégia para manter a paz é uma ilusão; em vez de evitar conflitos, a disponibilidade de armas nucleares é um convite a usá-las.

Em um mundo à beira de uma catástrofe nuclear e, tendo ainda de enfrentar a emergência climática com a resistência de grandes corporações em abolir o uso do principal responsável pelo aquecimento global, os combustíveis fósseis, a população mundial se depara diante de um impasse que coloca em risco a existência dos moradores do planeta.

Desde a criação de armas de destruição em massa, as chamadas bombas atômicas, o mundo se curvou perante alguns países que detém a tecnologia e fabricam tais artefatos (USA, Rússia, França, Reino Unido, China, Israel, Paquistão, Índia e Coreia do Norte).

O urânio natural encontrado na natureza é composto de 99,3% de urânio-238 e apenas 0,7% de urânio-235, combustível explosivo (fissionável). Para a fabricação da bomba é necessário aumentar a quantidade de urânio-235. Isto é feito separando o urânio-235 do urânio-238, atingindo níveis acima de 80%. Este processo é denominado de enriquecimento isotópico, e a ultracentrifugação é a tecnologia mais utilizada neste processo. Para a produção de energia elétrica em usinas que utilizam o urânio-235, seu nível de enriquecimento deve ser em torno de 3 a 4%.

A bomba (urânio) foi usada como arma pela primeira vez em 6 de agosto de 1945, contra Hiroshima, e a segunda bomba (plutônio) em 9 de agosto de 1945, contra Nagasaki, cidades japonesas. Segundo estimativas, juntas elas mataram mais de 200 mil pessoas. Desde então não foi mais utilizada em guerras e conflitos, até nos dias atuais, com denúncias internacionais de uso da bomba por Israel na guerra contra os palestinos.

A acusação, com fortíssimos indícios de veracidade, segundo o noticiário internacional, é de que em 16/12/2024, Israel lançou em uma zona montanhosa, próximo a cidade de Tartus, uma bomba nuclear tática, de fabricação americana, a B61, provavelmente a variante Mod 11, destinada a destruição de bunkers, de penetração no solo. Localizada na parte ocidental da Síria, na fronteira com o Líbano, a 220 quilômetros a noroeste de Damasco, está situada na costa do Mediterrâneo e conta com uma população de cerca de 450 mil habitantes.

Segundo relatos divulgados, a bomba lançada provocou um abalo sísmico de 3 graus na Escala Richter (escala de magnitude), sentido no Chipre e na Turquia. Além de picos de radiação, medidos por centros de monitoramento do clima. O artefato nuclear, caso seja confirmado, mesmo com poder explosivo reduzido, provocará uma série de efeitos devastadores, incluindo: calor, onda de choque e radiação ionizante, que pode causar câncer, doenças graves e mortes.

Lamentavelmente, pelas denúncias, nem sempre divulgadas pelas agências de imprensa do Ocidente, a suspeita é que o atual governo de extrema direita de Israel tem usado tudo que as convenções internacionais proíbem, como as Convenções de Haia (1899 e 1907), que regulamentam a condução das hostilidades, e a de Genebra (1949), que protegem as vítimas da guerra – doentes e feridos, náufragos, prisioneiros de guerra, civis em territórios inimigos e todos os civis que se encontrem em territórios de países em conflito. O uso de balas dum-dum, bombas incendiárias, fósforo branco, bombas de fragmentação, são artefatos recorrentemente utilizados, segundo denúncias. Então, usar armas nucleares não seria nenhum espanto, nem novidade.

Confirmado o uso da bomba no atual conflito, a guerra deixa de ser convencional (considerada regular?), para passar a ser irregular, se caracterizando como um extermínio étnico, limpeza étnica, genocídio. Seria mais um passo para atingir os objetivos de avanços e controle de territórios palestinos que contam com reservas consideráveis de petróleo e gás, na área C da Cisjordânia (costa do mediterrâneo) e ao longo da Faixa se Gaza. Tais informações podem ser encontradas no estudo O Custo Econômico da Ocupação do Povo Palestino: O Potencial Não Realizado de Petróleo e Gás Natural, da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad).

O uso da violência nos conflitos armados, sobretudo quando os Estados Nacionais não estão envolvidos, de forma direta, permite que sejam cometidas atrocidades com incomensuráveis consequências não só para os povos envolvidos, mas para toda a humanidade.

O perigo nuclear que nos ronda está não somente na fabricação e uso de bombas nucleares, mas também na proliferação de usinas nucleares para produção de energia elétrica, as chamadas usinas nucleoelétricas. Tais usinas, utilizando como combustível o urânio-235, enriquecido a 4%, aproximadamente, produzem resíduos altamente radioativos, nocivos à saúde humana por milhares de anos. Um dos resíduos produzidos é o plutônio-239, isótopo físsil utilizado na bomba lançada em Nagasaki.

O Brasil domina a tecnologia do ciclo do combustível nuclear, mas não fabrica armas nucleares, pois além do veto explícito na Constituição de 1988, também é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), assinado em 1998. O que preocupa, é que segundo a World Nuclear Association, o Brasil é uma das 13 nações capazes de enriquecer o minério. Para a fabricação da bomba atômica tupiniquim, seria necessário realizar uma reconfiguração, aumentando o número de centrífugas na fábrica de Combustível Nuclear (FCN) da Indústrias Nucleares do Brasil (INB), localizada em Resende (RJ). Além de uma mudança constitucional e o abandono do TNP.

Um aspecto a ser ressaltado que está presente na cabeça dos militares e de muitos civis no país, é a fabricação da bomba atômica tupiniquim. E, assim, o Brasil entraria no clube fechado dos países detentores dessa arma. Durante o governo da extrema-direita, em 2019, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, em uma palestra declarou explicitamente ser a favor do país ter a bomba, alegando “que assim a paz seria garantida”. Este parlamentar foi nada menos do que um dos filhos do ex-presidente, Eduardo Bolsonaro.

*Heitor Scalambrini Costa/Diálogos do Sul

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Juiz bloqueia acesso de departamento de Musk a sistemas de pagamento do governo dos EUA

Ação afirmava que Musk e equipe poderiam prejudicar o financiamento federal para clínicas de saúde, pré-escolas, iniciativas climáticas e outros programas.

(Reuters) – Um juiz federal bloqueou temporariamente, na manhã de sábado, a equipe de eficiência governamental do bilionário Elon Musk e os nomeados políticos da administração Trump de acessarem os sistemas do governo usados para processar trilhões de dólares em pagamentos, citando o risco de que informações sensíveis possam ser divulgadas de maneira inadequada.

O juiz do Distrito dos EUA, Paul Engelmayer, em Manhattan, emitiu a ordem após uma coalizão de 19 estados dos EUA, na sua maioria liderados por democratas, ter ajuizado uma ação na sexta-feira à noite, argumentando que o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE) de Musk não tem poder legal para acessar os sistemas do Departamento do Tesouro dos EUA.

A ação judicial afirmava que Musk e sua equipe poderiam prejudicar o financiamento federal para clínicas de saúde, pré-escolas, iniciativas climáticas e outros programas, e que o presidente republicano Donald Trump poderia usar as informações para avançar sua agenda política.

O acesso de DOGE ao sistema também “representa enormes riscos de segurança cibernética que colocam em perigo grandes quantidades de financiamento para os estados e seus residentes”, afirmaram os procuradores gerais dos estados. Eles solicitaram uma ordem restritiva temporária bloqueando o acesso de DOGE.

O juiz, nomeado pelo ex-presidente democrata Barack Obama, disse que as alegações dos estados eram “particularmente fortes” e justificavam sua ação com base no pedido de alívio emergencial enquanto aguarda uma nova audiência diante de outro juiz em 14 de fevereiro.

“Isso se deve tanto ao risco que a nova política apresenta de divulgar informações sensíveis e confidenciais quanto ao risco aumentado de que os sistemas em questão se tornem mais vulneráveis a ataques de hackers”, escreveu Engelmayer.

A Procuradora Geral de Nova York, Letitia James, uma democrata cujo escritório está liderando o caso, acolheu a decisão, dizendo que ninguém está acima da lei e que os americanos em todo o país ficaram horrorizados com o acesso irrestrito da equipe de DOGE aos seus dados.

“Soubemos que a escolha da administração Trump de dar esse acesso a indivíduos não autorizados era ilegal, e hoje de manhã, um tribunal federal concordou”, disse James em um comunicado.

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O monstro Trump deve ser levado a sério

As primeiras semanas de Trump nos colocam diante de dois perigos: a subestimação do neofascismo e o derrotismo por antecipação. Haverá resistência e luta.

“Os novos movimentos sociais refletem a angústia de amplas camadas sociais abandonadas pela dinâmica do capitalismo tardio. Essa dinâmica envolve o perigo de que essas camadas progressivamente se despolitizem e possam constituir uma base social para ataques da direita, incluindo os neofascistas, contra as liberdades democráticas. Qualquer política de ‘paz social’ ou de consensos pseudo-realistas com a burguesia produzem a impressão de que basicamente não há outras opções políticas, e assim fazem piorar o perigo.”

– Ernest Mandel. O socialismo e o futuro. Façamos renascer a esperança

Estas primeiras semanas do segundo mandato de Trump foram terríveis. Uma sequência frenética de horrores, algo no estilo “sturm und drang”, tempestade e ímpeto, agressão e ataque, ofensiva de choque, insolência do terror. A defesa da limpeza étnica dos palestinos na Faixa de Gaza culminou, nas investidas internas e externas, com a apologia de um crime contra a humanidade. Mas é preciso considerar, também, o impacto nos outros países imperialistas. O Reform UK, partido de Nigel Farage no Reino Unido, apareceu em pesquisa, pela primeira vez, à frente do Labour Party do primeiro ministro Keir Starmer; o AfD na Alemanha ameaça superar os 20% nas eleições deste mês; opartido de Le Pen na França já se posiciona para tentar vencer as próximas eleições presidenciais, e por aí vai.

Diante desta evolução catastrófica, as esquerdas, moderadas ou radicais, estão diante de dois perigos. O primeiro é subestimar os neofascistas. Diminuir o significado que Trump, desdenhando seus discursos como bravatas, arroubos e fanfarronadas, é mais do que erro de análise de discurso. A análise marxista não pode se reduzir à análise de discurso. Faz parte do abecedário da luta política agigantar a própria força e apequenar a dos inimigos. Trump faz provocações porque confia que pode acumular mais forças. O autoengano, engrandecendo os obstáculos que ele ainda terá que enfrentar com os contrapesos institucionais nos EUA, e fricções com alas burguesas na Europa e Médio-Oriente, mesmo quando motivado pela boa intenção de não desesperar, não serve.

O segundo perigo é a desmoralização por antecipação. Haverá resistência e luta. As manifestações em Buenos Aires e Berlim sinalizam que ainda há reservas nos setores mais conscientes dos trabalhadores e da juventude, do feminismo e dos movimentos anti-racistas, dos LGBT’s e dos ambientalistas, da arte e da cultura. A lucidez de reconhecer a força da ofensiva deve ser indivisível da determinação de enfrentá-los. Uma esquerda sem força moral está rendida. Quem não confia na possibilidade de vitória não luta. Os neofascistas não são imbatíveis.

Os revolucionários são a ala da esquerda que se alimenta da esperança. Estão engajados em um projeto estratégico que exige um realismo radical. Mas abraçam o otimismo. Alguns até incorrigíveis. A causa socialista atraiu pessoas com uma disposição subjetiva mais idealista ou ardorosa. Militantes animados por uma atitude combativa incansável.

Essa perspectiva sobre o futuro da condição humana, ou das possibilidades históricas da luta igualitarista dos trabalhadores ajuda a manter, politicamente, um compromisso militante, para além das vicissitudes das derrotas mais imediatas. Esta aposta repousou na esperança de que o proletariado, uma maioria assalariada que permhttps://antropofagista.com.br/2024/11/13/hezbollah-lanca-enxurrada-de-dranece politicamente dominada, socialmente oprimida e, economicamente explorada, seria capaz de lutar por si mesma de forma independente.

Entre os fundadores, e no marxismo da Segunda e também da Terceira Internacional, predominou uma inflexível confiança de classe, e um otimismo histórico sobre a transição ao socialismo. Este otimismo foi criticado ou acusado de fatalismo ou até mesmo teleologia. Uma das suas expressões teóricas mais criticadas pode ser encontrada no Tratado sobre Materialismo Histórico de Bukharin. Convém notar que a fórmula sempre condenada, porém pouco citada de Bukharin era, essencialmente, condicional. Admitia a incerteza:

“A condição necessária para um ulterior desenvolvimento é também chamada com muita frequência de necessidade histórica. É neste sentido do termo ‘necessidade histórica’, que podemos falar da ‘necessidade’ da revolução francesa, sem a qual o capitalismo não teria continuado seu crescimento, ou da ‘necessidade’ da chamada ‘libertação dos servos’, em 1861, sem a qual o capitalismo russo não teria podido continuar seu desenvolvimento. Neste sentido podemos também falar da necessidade histórica do socialismo, desde o momento que sem ele a sociedade humana não pode continuar seu desenvolvimento. Se a sociedade deve continuar sua marcha, o socialismo é inevitável.” (tradução e grifo nosso)[1]

Bukharin não estava errado. As lutas decisivas, portanto, a hora da revolução, poderiam variar e tardar de nação para nação, mas a perspectiva estratégica abraçada pelo marxismo era otimista sobre o futuro do socialismo. O capitalismo estaria condenado a sucumbir de crise em crise, e cada terremoto destrutivo teria que provocar uma reação e resistência do proletariado. A vitória da revolução socialista, ou seja, a conquista do poder pelos trabalhadores e seus aliados, permanecia condicionada pelas reviravoltas da luta de classes: um desenlace incerto. Não obstante, as derrotas parciais e nacionais seriam um momento de uma longa marcha que preparava, na dimensão mundial, novos combates em condições mais favoráveis à vitória final.

Entretanto, os medos, as inseguranças e a imaturidade do proletariado diante do desafio da luta pela direção da sociedade permanecem sendo a tese que sustenta o desalento, a desesperança, portanto, o ceticismo na possibilidade de triunfo de uma estratégia revolucionária. O argumento de que 150 anos de luta pelo socialismo teriam sido mais que o bastante para demonstrar a viabilidade do projeto pode impressionar.

O argumento é forte, mas não é novo. Esta posição não deveria surpreender em períodos de refluxo prolongado, ou depois de derrotas muito sérias, derrotas históricas. Não foi diferente depois das derrotas das revoluções de 1848, ou depois da derrota da Comuna de Paris, ou depois da derrota da revolução de 1905 na Rússia, ou depois da derrota da revolução alemã em 1923, ou depois da derrota diante do nazi-fascismo e da república na Guerra Civil Espanhola.

O impressionismo foi sempre perigoso em política, e fatal em teoria. Os receios e as angústias diante dos desafios da luta de classes se alimentam na força de inércia que atua, poderosamente, no sentido de manutenção e conservação da ordem. As forças de inércia histórica se apoiam, por sua vez, em muitos fatores (materiais e culturais). Eles não devem ser subestimados. É porque são grandes estas pressões que as transformações históricas foram sempre lentas e dolorosas.

Quando esse sentimento de que não é mais possível continuar vivendo nas condições impostas pela ordem do capitalismo é compartilhado por milhões, então a força social da mobilização da maioria popular se transforma em uma das forças materiais mais poderosas da história. Uma força material terrível, maior do que os exércitos, do que as polícias, do que as mídias, as igrejas, quase imbatível. Esses momentos são as crises revolucionárias. Que a maioria das revoluções do século XX tenham sido derrotadas não demonstra que não venham a ocorrer novas ondas revolucionárias no futuro.

Não se trata somente de esperá-las. Mas de prepará-las. Elas virão.

(*) Valério Arcary é historiador e professor titular aposentado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo/Opera Mundi

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Ex-ministro de Israel admite que militares do país aplicaram a ‘Diretiva Hannibal’ em Gaza e mataram seus próprios cidadãos

O ex-ministro da Defesa de Israel Yoav Gallant admitiu que o exército israelense ordenou implementar a “Diretiva Hannibal”, o que causou a morte de prisioneiros de Israel junto a militantes do movimento palestino Hamas em Gaza.

“Depois dos eventos de 7 de outubro (em 2023) e antes do início da invasão terrestre em 27 de outubro, recebi alertas de que reféns em Gaza poderiam ser mortos se avançássemos com o ataque”, disse Gallant em entrevista ao Yedioth Ahronoth e ao Channel 12 na quinta-feira (6).

No entanto, ele admitiu que seguiu adiante com a invasão, afirmando: “mas insisti em lutar e em realizar a operação terrestre depois”.

“Ordenamos ao exército que utilizasse a ‘Diretiva Hannibal’, ou seja, que matasse os prisioneiros junto com seus captores”, disse o ex-ministro na entrevista, segundo informou o Al Mayadeen.

Um relatório indica que a ‘Diretiva Hannibal’, reativada por Israel após a ofensiva da resistência palestina em 7 de Outubro, transformou o sul da Palestina ocupada em uma “zona de extermínio”.

Além disso, os meios de comunicação israelenses revelaram em novembro de 2023 que o exército israelense havia massacrado seu próprio povo sob a ‘Diretiva Hannibal’ durante a ofensiva relâmpago da resistência palestina. O regime israelense acusou então o movimento de Resistência Palestina de ter matado entre 1200 e 1400 israelenses, segundo o 247.

No entanto, o relatório revelou que muitos dos 1400 israelenses mortos durante a operação denominada ‘Tempestade de Al-Aqsa’ foram assassinados pelo próprio exército israelense.

Segundo os meios de comunicação, desenvolvida em 1986, após a captura de dois soldados israelenses pelo Movimento de Resistência Islâmica do Líbano (Hezbollah), a ‘Diretiva Hannibal’ permite que os militares israelenses atirem em seus próprios camaradas capturados, alegando que um soldado morto é melhor que um refém vivo.

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É trágico, mas se Trump decidisse materializar a ‘Riviera de Gaza-Auschwitz’, essa barbárie não seria impedida

É terrivelmente trágico reconhecer, mas se Trump de fato decidisse avançar para materializar a “Rivera de Gaza-Auschwitz”, os EUA não seriam impedidos de escalar a barbárie até a “solução final”, assim como acontece hoje com o Holocausto palestino, que segue sendo executado pelo consórcio criminoso Israel-EUA sem qualquer contenção.

Nem a ONU, nem nenhum país do mundo, incluindo as potências do Conselho de Segurança, estão impedindo a continuidade da “solução final” almejada por Israel e EUA inspirados na experiência nazista de Hitler em relação aos judeus.

Por que seria que dessa vez, por mais absurda que seja a proposta do governo estadunidense, os países impediriam o avanço deste processo em relação ao qual, desde o início, se mostram passivos, impotentes e, por que não dizer, relativamente indiferentes?

Os palestinos estão fartos de receber manifestações de solidariedade e escutarem o repúdio do mundo à barbárie dos seus algozes nazi-sionistas. No entanto, declarações comovidas são inócuas, não detêm o morticínio de milhares de crianças e mulheres assassinadas todos os dias por Israel.

O palestino é um povo deserdado e abandonado pelo mundo e pela humanidade. É um povo condenado à eliminação total e à destruição da sua cultura, da sua memória e da sua história, mas que, apesar disso, continua lutando bravamente pela sua sobrevivência e preservação.

Lamentavelmente, não se pode esperar nada em termos militares e/ou de dissuasão de parte da China, da Rússia e, menos ainda, dos países da OTAN, para deter a barbárie promovida pelos EUA com o regime nazi-sionista de Israel contra os palestinos.

Não será pela defesa desse povo exemplar na sua luta de resistência e de sobrevivência que as potências mundiais entrarão em conflito com os EUA – conflito que teria o caráter de uma terceira guerra mundial e com armas nucleares.

Menos de 24 horas depois da declaração vomitável de Trump sobre o roubo do território de Gaza para realizar o projeto macabro com empreendimentos imobiliários e turísticos de alto luxo naquela parte do Mediterrâneo, sua porta-voz desfez o “mal-entendido” e negou o discurso [frise-se: um discurso lido] dele sobre a ocupação e a construção do empreendimento turístico-imobiliário em Gaza.

Trump não avançará o plano não porque tenha enfrentado dificuldades intransponíveis, ou devido ao enorme repúdio mundial, mas simplesmente porque alcançou o objetivo com sua ofensiva aberrante, ou seja, o de afiançar a Netanyahu o apoio para romper o cessar-fogo e retomar a agressão brutal para a continuidade da dizimação do povo palestino.

A sinalização de Trump fortalece Netanyahu, o comandante em campo do genocídio, e contra o qual pesa um mandado de prisão do procurador da Corte Internacional de Justiça por genocídio e crimes contra a humanidade, além de processos na justiça israelense por corrupção e outros crimes.

Com a autorização para exterminar os palestinos, o fugitivo da justiça internacional preserva a coalizão de governo com os partidos tão ou mais nazi-sionistas quanto ele, evita sua queda e, consequente, os julgamentos nos tribunais israelenses.

Tudo o que Trump faz e diz tem método. Principalmente quando ele declara distopias atordoantes e anuncia aberrações impensáveis, que logo em seguida são desmentidas, ou, simplesmente, “esquecidas”.

Depois de escandalizar o senso comum com algo totalmente absurdo e estapafúrdio, ele então recua alguns degraus da “escada do absurdo”, mas a essas alturas o absurdo já estará normalizado e naturalizado como uma possibilidade concreta, que passa a ser assimilada como um “novo normal”, como algo aceitável na arena pública.

A ideia nojenta e macabra da “Riviera de Gaza-Auschwitz” é um exemplo disso.

Trump declarou o roubo do território palestino para a edificação, no local, de um resort em cima da cultura, da história, da memória e de milhares de cadáveres palestinos.

Muito provavelmente o empreendimento imobiliário seria liderado pelas empresas do próprio Trump em parceria com conglomerados estadunidenses e europeus.

Trump escandalizou o mundo e angariou a repulsa da opinião pública mundial, é fato, mas na prática ele conseguiu o essencial: a continuidade e o aprofundamento da barbárie – que se dará em outros termos, é verdade, mas alcançando o objetivo real, ou seja, a “solução final” nazi-sionista de limpeza étnica através do Holocausto palestino.

*Jeferson Miola em seu blog

*Ilustração: Renato Aroeira

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Trump diz que Israel entregará Gaza aos EUA; Netanyahu elogia plano de ocupação

Ações isolacionistas de Trump levam o mundo inteiro a ficar contra os EUA. Veremos os resultados.

Presidente norte-americano detalha que, no fim da guerra, palestinos serão expulsos do enclave para construção de ‘um dos mais espetaculares desenvolvimentos na Terra’.

Um dia após receber críticas da comunidade internacional sobre suas intenções de ocupar a Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a afirmar nesta quinta-feira (06/02) que o seu plano é assumir o enclave palestino e expulsar sua população para construir a “Riviera do Oriente Médio”.

Pela plataforma Truth Social, o mandatário norte-americano declarou que o Estado de Israel deverá transferir o território aos EUA e, assim, seu país “começará gradual e cuidadosamente a construção do que será um dos maiores e mais espetaculares desenvolvimentos desse tipo na Terra”.

“A Faixa de Gaza será entregue aos EUA por Israel no final dos combates. Palestinos, pessoas como Chuck Summer [senador democrata de Nova York e ex-líder da maioria no Senado de 2021 a 2025], já terão sido realocados para comunidades muito mais seguras e bonitas, com casas novas e modernas, na região [do Oriente Médio]. Eles terão uma chance real de serem felizes, seguros e livres. Os EUA, trabalhando com grandes equipes de desenvolvimento de todo o mundo, começarão lenta e cuidadosamente a construção do que será um dos melhores e mais espetaculares desenvolvimentos desse tipo na Terra. Nenhum soldado dos EUA será necessário! A estabilidade reinará na região!!”, escreveu o magnata.

O posicionamento de Trump foi elogiado pelo seu aliado, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, que, em entrevista ao canal estadunidense de extrema direita Fox News classificou-o como uma “ideia extraordinária” que “realmente deveria ser implementada”.

“O que há de errado com isso? Eles [palestinos] podem sair, podem depois voltar, podem se realocar e voltar. Mas é preciso reconstruir Gaza”, disse Netanyahu, apoiando a iniciativa trumpista.

Na terça-feira (04/02), o presidente norte-americano recebeu o premiê israelense na Casa Branca, em uma visita durante a qual sugeriu que os palestinos deveriam abandonar Gaza “para sempre e viver em paz em outros países”. A ideia foi rejeitada pela comunidade internacional, sobretudo por países como Brasil, China, Rússia, Reino Unido, Espanha, França, Arábia Saudita, incluindo também as Nações Unidas (ONU), que consideraram a manobra como uma “limpeza étnica” na região e um crime contra a humanidade, conforme os termos do Tribunal Penal Internacional (TPI).

Nesta quinta-feira, o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, emitiu um comunicado ordenando que os militares de seu Exército preparassem um plano para permitir a “partida voluntária da população de Gaza”, ao alegar que os palestinos devem ter “liberdade de movimento e de imigração”. Acrescentou ainda que será apresentado um projeto de reconstrução de uma “Gaza desmilitarizada”, após um possível cenário pós-guerra no enclave.

O gabinete de Katz sugeriu que a população de Gaza partisse para diversas regiões do mundo, citando Espanha, Irlanda e Noruega, países que o ministro criticou de fazerem “falsas acusações” contra Israel referentes ao massacre no território palestino. A autoridade israelense afirmou que, se estas nações se recusarem a aceitar os palestinos, “sua hipocrisia será exposta”.

*Opera Mundi

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Plano de Trump para Gaza, escrito em papel higiênico, enquanto sentado na privada, vai dar merda

Trump diz que Israel entregará Gaza aos EUA quando a guerra terminar, não havendo necessidade de tropas americanas lá.

Segundo jornal israelense The Times Of Israel, “o plano controverso supostamente pegou Netanyahu e os principais assessores da Casa Branca desprevenidos; Rubio diz que o deslocamento dos moradores de Gaza seria apenas temporário, contradizendo o presidente dos EUA”

Criticado ou visto com ceticismo pela imprensa israelense, o suposto plano “genial” de Trump para a questão da limpeza étnica em Gaza, é um troço horrendo.

Trump acrescentou que “nenhum soldado dos EUA seria necessário”, já que “os EUA, trabalhando com grandes equipes de desenvolvimento de todo o mundo, começariam lenta e cuidadosamente a construção do que se tornaria um dos maiores e mais espetaculares empreendimentos desse tipo na Terra”.

O enviado de Trump ao Oriente Médio teria oferecido garantias semelhantes aos legisladores republicanos em meio às preocupações deles sobre envolvimentos estrangeiros.

O presidente dos EUA assinou: “A estabilidade reinará na região!!!”

Trump, supostamente, não realizou consultas sobre o novo plano, e seu anúncio na terça-feira teria pegado Netanyahu de surpresa. O premiê aplaudiu mais tarde o pensamento “totalmente diferente” de Trump, e o Ministro da Defesa Israel Katz ordenou na quinta-feira que as IDF se preparassem para que os moradores de Gaza emigrassem voluntariamente.

Ao posar com líderes do Senado na quinta-feira, Netanyahu foi questionado se “tropas americanas são necessárias em Gaza para tornar o plano de Trump viável?”

“Não”, ele respondeu.

Por outro lado, a comunidade internacional — incluindo aliados de Washington e Jerusalém — criticou amplamente o plano de Trump, com Cairo supostamente alertando Trump de que, expulsar os moradores de Gaza poderia colocar em risco o acordo de paz de 1979 do Egito com Israel.

Ou seja, até em Israel o plano de Trump, escrito em pepel higiênico, enquanto sentado na privada, literalmente vai dar merda.

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Lula: ‘Trump não foi eleito para governar o mundo’

Presidente brasileiro pediu a Trump que se concentre em governar os Estados Unidos.

O presidente Lula criticou nesta quinta-feira (6) o homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmando que o chefe da Casa Branca deve se concentrar em governar seu próprio país, e não o planeta todo.

“Eu respeito a eleição do presidente Trump. Ele foi eleito presidente da República pelo povo americano. Portanto, ele tem todo o meu respeito para governar os Estados Unidos, para manter as relações democráticas e civilizadas com os Estados Unidos”, disse Lula em entrevista à rádio Metrópole.

“Ele não foi eleito para mandar no mundo. Ele foi eleito para governar os Estados Unidos”, acrescentou.

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Palestinos reagem à proposta de Trump governar Gaza: “A terra é nossa”

A imprensa internacional e analistas também repercutiram as propostas do presidente americano de comandar a Faixa de Gaza.

A população palestina da Faixa de Gaza reagiu com indignação às declarações de Donald Trump de que pretende assumir o controle do território completamente devastado pelos ataques israelenses.

A imprensa internacional e analistas também repercutiram as propostas do presidente americano lançadas após um encontro com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na Casa Branca, na terça-feira (4/2).

Trump anunciou a intenção de assumir o controle da Faixa de Gaza para transformá-la em área turística e sugeriu que os palestinos da região devem procurar abrigo em outros países.

Na cidade de Gaza, o jornalista Rami Al Meghari, da RFI, falou nesta manhã com moradores da principal cidade do enclave.

“O plano de Trump está fadado ao fracasso”, afirma Hadj Mohaned, um palestino idoso. “A fome não nos fez deixar Gaza, não será Trump que nos fará partir. Esta é nossa terra”, acrescenta.

“Minha mensagem para Trump e para todos os que cobiçam Gaza: esta é nossa terra. Vivemos aqui e morreremos aqui. Apesar de todas as bombas que caíram sobre nós e de todas as destruições, escolhemos ficar aqui”, diz o jovem Mohamed.

O plano do presidente americano prevê o deslocamento da população para a Jordânia ou o Egito, países vizinhos.

Aazza é palestino-egípcia e vive em Gaza desde a infância. “Donald Trump pode guardar suas brilhantes ideias para ele”, ironiza a jovem. “Meu pai é egípcio e minha mãe é palestina. Mas sou muito ligada à Palestina, nunca partirei. Amo Gaza. E, ao contrário de outros palestinos de Gaza, eu poderia me instalar no Egito por escolha. Mas me recuso a sofrer um deslocamento forçado.”

“Banalizar o inaceitável e provocar desequilíbrio”
“Com o plano em Gaza, um Trump sem rédeas lança uma ideia improvável”, diz a manchete de uma análise do New York Times. “As proposições de Trump estavam tão fora da caixa que não estava claro se ele sabia que havia uma caixa”, escreve o jornalista Peter Baker.

“São propostas ainda mais ousadas para redesenhar o mapa-múndi na tradição do imperialismo do século 19. Primeiro foi comprar a Groenlândia, depois, anexar o Canadá, retomar o Canal do Panamá e rebatizar o Golfo do México. Propostas dignas de um programa de entrevistas bombásticas”, analisa o diário americano.

O jornal francês Le Monde lembra que tirar dois milhões de habitantes de um território destruído, controlado por um movimento islâmico armado, ao longo de 40km, “necessitaria um grande contingente militar americano – hipótese que Trump não descarta – e que pode levar à morte de dezenas e até centenas de soldado”.

Dois cenários se desenham, segundo o correspondente do Le Monde em Washington, Piotr Smolar: “ou o presidente americano fala sério, ou muda os termos do debate, como faz habitualmente, para banalizar o inaceitável e provocar desequilíbrio”.

Outro jornal francês, Le Figaro, compara as atitudes de Trump a de um lutador de luta livre, “esporte onde o resultado é combinado, com forças desiguais entre adversários, onde a violência e a amoralidade são leis”.

“Desde que entrou na política, o republicano iconoclasta se comporta como um lutador na cena mundial, abusando de frases ameaçadoras e desenfreadas”, analisa Victor Mérat, nas páginas do Le Figaro.

Uma tática de Trump é dividir para reinar melhor, diz Jérôme Viala-Gaudefroy, doutor em civilização, ao jornal. “Ele faz isso usando elogios ou insultos. Ele coloca os países uns contra os outros. É uma reminiscência da sua forma de trabalhar no seu gabinete durante a sua primeira presidência, do seu gosto pelos esportes de combate, mas também do que encenou no seu reality show ‘O Aprendiz’, onde popularizou a frase ‘Você está despedido!’”.

*RFI

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Estado terrorista de Israel coloca em prática plano de Trump de expulsar palestinos de Gaza no projeto de limpeza étnica

Essa é a hora do mundo se posicionar ou continuar se acovardando diante das práticas neonazistas de Israel contra o povo palestino.

Os cachorros loucos do exército neonazista de Israel já foram acionados.

Trump ignora críticas vindas de todo o planeta e defende que Israel entregue Gaza aos EUA após genocídio, sobretudo de crianças.

É como publicou o New York Times, Trump enche de cercas os EUA, expulsa com todo o rigor os imigrantes, mas acha perfeitamente normal invadir a terra dos outros e expulsar sua população para se apossar do país.

Em jogo casado com os sionistas e Trump, Exército neonazista de Israel prepara plano terrorista de ‘saída voluntária’ de palestinos de Gaza por terra, mar e ar.

Esses monstros, que já mataram cerca de 20 mil crianças, além de um número inacreditável de mulheres e idosos, agora, com prescrição de Trump, barbarizarão ainda mais o povo palestino que, em Gaza, vê seu país completamente destruído, mas segue resistindo.

Certamente com patrocínio dos EUA, Trump e Netanyahu apostam no silêncio do planeta para impor outra carnificina em Gaza, mas desta vez, podem ser picados pela serpente nazista que alimentam.

O que fica claro, nesse contexto, é a força da influência sionista nos EUA e como a mente doentia dos neonazistas de Israel funciona.