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Bolsonaro à espera de um imprevisto que evite a posse de Lula

A razão do silêncio

Calado em duas solenidades militares somente nesta semana. Calado nas poucas vezes que saiu do Palácio do Alvorada e deu um pulo no Palácio do Planalto, onde deveria trabalhar todos os dias e não o faz desde que perdeu a eleição que julgava ganha.

Calado dentro de casa. Calado no único jantar fora de casa ao qual compareceu. Calado nas redes sociais, logo ele que no auge de sua intensa gritaria fazia uma live semanal, postava mensagens e dava entrevistas diárias a jornalistas e a emissoras amigas.

Diz-se que Bolsonaro está calado porque não sabe como se dirigir aos acampados à porta de quartéis que pedem um golpe, e receia que qualquer declaração que faça piore sua situação com a Justiça. Ele perderá o direito de só ser processado por tribunais superiores.

Se o problema é como não saber o que dizer aos golpistas alimentados por sua retórica incendiária, por que não diz que eles devem voltar para casa, que se perdeu uma batalha, mas não a guerra, e que a luta continuará pelos próximos quatro anos?

Bolsonaro pela-se de medo do ministro Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, onde ele responde a quatro inquéritos. Mas, certamente, Alexandre não o puniria com a abertura de mais um só por ele agir desta vez com bom senso.

Não age porque ainda espera que alguma coisa caia do céu ou irrompa das profundezas do inferno impedindo que Lula assuma o cargo. Que coisa? Não faz a mínima ideia. Ele jamais imaginou que um desequilibrado mental tentaria matá-lo, e, no entanto…

*Noblat/Metrópoles

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Vídeo: Quando a voz de uma mulher é implacável contra machões bolsonaristas

Esta mulher é Sâmia Bonfim, deputada do Psol, reeleita por São Paulo.

Uma deputada que verdadeiramente representa a mulher, que cala os machões que, por sua vez, estão afinados com Bolsonaro, o pior presidente que o Brasil já teve, se é que pode ser chamado de presidente.

Na verdade, é um troço que saiu do esgoto do baixo clero, fabricado por sucessivos golpes, o golpe contra Dilma, o golpe contra Lula e a fraude montada por Bolsonaro e o ex-juiz inclassificável, Sergio Moro, para chegar à presidência e abrir caminho para a carreira política de Moro.

Confira a fala perfeita de Sâmia Bomfim contra machões bolsonaristas.

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Bolsonaro é um morto-vivo, mais vivo do que morto.

Bolsonaro pode estar abatido, chorando suas pitangas pelos cantos do Alvorada, mas entregue as baratas, não está, ao contrário, manipula o que ainda pode manipular para colocar casca de banana no caminho de Lula e azeitona em sua própria empada. Basta ver o que tem deixado de herança maldita ao próximo governo e o que ele armou com Lira, Valdemar e cia para ter, fora da presidência vencimentos 3 vezes maiores do que recebe hoje.

Um sujeito desses não está morto, não pelo menos naquilo que ele ainda pode manipular.

O fantasma do golpe

Se há quem sabe perfeitamente que não há a menor chance de acontecer um golpe militar, estes são, Bolsonaro, filhos e a cúpula de generais mamadores que cercam o genocida. Sem apoio externo, sobretudo dos EUA e Europa, Bolsonaro e os seus sabem que essa possibilidade de golpe é traque seco.

O que eles pretendem com essa constante ameaça de golpe é desestabilizar o inimigo, porque essa desestabilização emocional do outro, aumenta o campo de manobras para Bolsonaro e os seus atenuarem as acusações de crimes que certamente custarão caro aos picaretas.

Manipulação silenciosa

Bolsonaro, aquele boquirroto que estava sempre preocupado em propor aos berros o caminho da morte para os brasileiros durante a pandemia, está mudo, e não se escuta a sua insuportável voz, porque sabe que qualquer fala sua já deu nas medidas e derrota foi bastante didática para sua falange entender que terá que procurar outra freguesia. Isso, de maneira nenhuma quer dizer que ele não segue manipulando seu gado a modo e gosto. Até porque Bolsonaro é uma empresa familiar com vários sócios dentro das quatro linhas da política e podem, os três, de maneira sorrateira, agirem em diferentes lugares e instâncias.

Uma produção de manipulações até dia 1ª de janeiro está garantida e será o trabalho incansável desse bando para reduzir ao máximo os danos que o clã sofrerá quando perder o poder.

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Os militares deveriam comemorar aliviados a derrota de Bolsonaro

Usados como instrumento político, com psicologia reacionária para criar um ambiente hostil à oposição ao seu governo, Bolsonaro utilizou as Forças Amadas como acessório político, de forma ornamental, para vender para a sociedade que seu governo era essencialmente militar.

Na verdade, o lembrete que está sempre sendo escrito na mídia é o que se sabe até aqui do seu governo em termos de crime, principalmente no que se refere  ao Ministério da Saúde, que produziu 700 mil vítimas da covid, como revelou a CPI do genocídio.

E não tem como esquecer que a proposta original de Bolsonaro, quando pôs Pazuello no comando da pasta da Saúde como o “craque da logística”, tinha perfeita noção de que inviabilizaria a compra das vacinas, fazendo com que Pazuello, ainda general da ativa, colecionasse uma abundante tempestade de críticas, fora uma série de acusações de corrupção feita pela CPI, envolvendo parte do quadro da Saúde.

O governo Bolsonaro, como mostrou hoje O Globo, foi capaz de produzir um aumento significativo da pobreza de crianças brasileiras, assim como uma legião de pobres que, segundo o IBGE, chega a 60 milhões de brasileiros.

O fato é que Bolsonaro, de forma meticulosa, alimentou o que ele já havia sugerido desde o princípio de seu governo, que suas ações eram compostas em parceria com os militares, e isso era expressamente tagarelado cada vez que o animal abria a boca.

Bolsonaro, como se sabe, depois da derrota, desapareceu das igrejas, não dá um pio sobre a seleção brasileira na copa do mundo e se comporta como um morto-vivo em cerimônias militares em que não dirige uma única palavra aos cadetes formados, numa inacreditável ausência presente, o que reforça que jamais Bolsonaro teve respeito pelas Forças Armadas, somente usou sua imagem como ex-militar para fazer progresso na vida pública como político.

Agora, derrotado, arrasado e a um mês de ser despejado do Palácio do Planalto, direto para um sebo ou coisa pior, Bolsonaro, que já se despediu para sempre da vida pública, está totalmente de costas para quem ele reverenciava como um poder da República.

Ou seja, aquele arruaceiro indisciplinado que, há 34 anos, ameaçou os quartéis com atos terroristas, custando-lhe a expulsão, mesmo que em forma de promoção, não mudou rigorosamente nada, ao contrário, o Bolsonaro presidente encontrou-se com o Bolsonaro tenente, que mereceu a pior desonra que um militar pode receber do comando do exército.

Por isso, os militares deveriam comemorar a derrota de Bolsonaro, do contrário, mais quatro anos de governo, não sobraria qualquer imagem positiva das Forças Armadas.

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O que a derrota de Bolsonaro e a vitória de Lula revelam é que, na democracia, a direita não volta mais ao poder

Muito do discurso golpista se dá pelo fato de os reacionários entenderem que, se depender da democracia, a direita não volta tão cedo ao poder, nem quando apela para uma ação eleitoreira como o Auxílio Brasil, como apelou Bolsonaro.

No andar da carruagem da transição, o brasileiro vai se conscientizando de como Bolsonaro cupinizou o Estado, de forma planejada, quando o assunto era políticas que promoviam o bem-estar social das camadas mais pobres da população.

Os brasileiros lembram bem dos períodos de Lula e Dilma, dos programas sociais, difícil até enumerar, que marcaram as gestões petistas.

Temos que lembrar que, desde o golpe em Dilma, a entrada de Temer, a prisão de Lula e a vitória de Bolsonaro, a fatura social desse país explodiu.

Agora mesmo sabe-se que quase metade das crianças brasileiras vive na pobreza, maior nível da série no país.

Ou seja, a direita sempre produzirá contra os pobres um terreno alagadiço, desumano. Isso abrange a própria lucratividade dos ricos e não tem como negar.

Por isso, quanto mais o Brasil aprofundar sua democracia, menos teremos os bigodes da oligarquia dando as caras no poder do Estado.

Aquelas velhas formas do tradicionalismo patriarcal, que reduzem os mais pobres a uma condição residual, esquece. Ou a direita muda ou apela para o golpe, coisa que, diante de um mundo globalizado, fica cada vez mais difícil. Pior, uma arquitetura dessa dá inevitavelmente em figuras como Temer e Bolsonaro, que representam a minoria rica desse país.

O valor real da democracia brasileira reside na percepção de que uma campanha só será consagrada se aderir a uma agenda social que contemple o equilíbrio social como política determinante do tempo atual, do contrário, a direita viverá empacada numa encruzilhada tilintando golpes, sentenciando a democracia para que a balança dos mais ricos pese sempre sobre os pobres. Porém, qualquer cabeça conservadora, com um mínimo de juízo, sabe que não pode bancar o deslumbrado de pensar que o Brasil e o mundo de 2023 são os mesmos de 1964.

Por isso os governos de Bolsonaro e Temer deram errado e ambos saíram com as maiores reprovações da história.

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O bolsonarismo está restrito a Paulo Figueiredo, da Jovem Pan, neto de Figueiredo, preso por corrupção em Miami

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que Paulo Figueiredo, que diz ter relação com geral da cúpula militar e que não aceita ser governado por um bandido, é um corrupto internacional, preso em Miami, por ser um fugitivo da justiça. Notícia que foi veiculada em toda a mídia nativa.

É esse lixo moral que sobrou da xepa bolsonarista, a quem nem Bolsonaro mais dá trela.

Aliás, essa turma de reaças debiloides, hoje não tem camisa, bandeira e muito menos um mito para divinizar, já que o frouxo que eles tinham como divindade vive chorando pelos cantos depois da derrota na eleição.

Daí que o neto de Figueiredo, que meteu uma barbinha para ver se seu rosto era esquecido, agora, depois de pedir habeas corpus para se livrar de uma ação penal em que foi acusado de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, é o novo escapulário dos Zés da chuva, que ficam em frente a quartéis gemendo golpe.

Pelo currículo do rapaz, ele leva jeito para liderar os reaças. O barbudinho da Jovem Pan, alvo operação Circus Maximus, em 2019, Paulo Figueiredo, acusado de envolvimento em fraude relacionada à construção do ex-Trump Hotel, ou seja, o menino tem futuro para um projeto político, já que, segundo o Ministério Público Federal, o lobista pagava propina ao ex-dirigente do Banco Regional de Brasília em troca de liberação de recursos de fundo de pensão para construção do hotel.

A coisa no bolsonarismo chegou a esse nível de putrefação para um cara dura como esse picareta dizer que não aceita ser governado por um bandido.

Na verdade, ele não passa de uma Carla Zambelli de barba.

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Democracia em reconstrução

A destruição é imensa. Há muito a recuperar, mas cada grupo social no Brasil estará atento às políticas. E aos políticos que as implementarão.

Flávia Oliveira – A um mês do fim, o Brasil toma ciência do tamanho do desmonte por quatro anos de Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Além da democracia, sob ameaça constante, as políticas públicas estão feridas de morte. Cada relato das equipes de transição evoca perplexidade, indignação, tristeza. Na Saúde, o Programa Nacional de Imunizações, uma joia brasileira, está em frangalhos. O país não conseguiu cumprir metas de vacinação dos bebês de até 1 aninho. Mais de 1 milhão de procedimentos hospitalares não foram realizados no SUS no triênio 2020-2022, segundo nota técnica dos pesquisadores do Monitora Covid-19. O grupo de Saúde estima em 1 bilhão o déficit de atendimentos, levando em conta outras atribuições, de consultas à distribuição de medicamentos.

Na Educação, o plano de aniquilar a autonomia financeira das universidades federais se estendeu até o apagar das luzes, com o vaivém recente de bloqueio no Orçamento. O número de jovens inscritos para o Enem despencou, há atraso de aprendizagem entre os miúdos. No Meio Ambiente, o capitão foi o único presidente a registrar três anos seguidos de aumento no desmatamento da Amazônia. Na temporada 2022, a queda de 11% sobre o período anterior esconde que 11.568 quilômetros quadrados de floresta tombaram, 53% acima do último ano de Michel Temer.

Na segurança pública, as medidas de facilitação do acesso a armas de fogo e o afrouxamento do controle puseram em mãos civis um arsenal de 1,2 milhão de peças em três anos, segundo levantamento dos institutos Igarapé e Sou da Paz. A transição recomenda ao futuro presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, um revogaço de atos executivos, incluindo restrição de acesso, redução da validade dos registros, ações de entrega voluntária e recompra de armas de grosso calibre. No fim dos anos 1990, o movimento Viva Rio organizou a primeira campanha de recolhimento maciço de armas leves, com participação de igrejas evangélicas. Em 2001, 100 mil unidades foram destruídas no Aterro do Flamengo. Desta vez, será mais complexo, alerta Silvia Ramos, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC):

— Naquela época, havia muitas armas antigas guardadas por famílias. A situação hoje é mais complexa. Dependendo do valor oferecido, pode não haver incentivo a entregar. Por outro lado, há risco de o dinheiro ser usado para compra de arma pequena. No cenário atual, é urgente o controle.

Como prometido, o atual presidente não demarcou um centímetro de territórios indígenas. Esfacelada, a Fundação Cultural Palmares tampouco avançou em reconhecimento de comunidades remanescentes de quilombos. A interseccionalidade de gênero e raça nunca foi levada em conta nas políticas oficiais. A intolerância religiosa grassou impune. A Cultura foi varrida.

A política social de transferência perdeu foco e eficácia. Centenas de bilhões foram gastos e 33 milhões de brasileiros ainda estão passando fome. A centralidade na família foi diluída, as condicionalidades em saúde (vacinação) e educação (frequência escolar) desapareceram. A senadora Simone Tebet, do grupo de desenvolvimento social na transição, chamou de “desmonte” a situação no Ministério da Cidadania. A palavra é recorrente nas avaliações.

O diálogo entre União, estados e municípios deu lugar a ataques; as artérias de comunicação da sociedade civil com o governo foram rompidas. Quatro em dez trabalhadores brasileiros estão na informalidade — portanto mal remunerados e sem proteção legal. Dois terços das empregadas domésticas ainda não têm carteira assinada. Mulheres enfrentam cerceamento a direitos sexuais e reprodutivos, violência doméstica, feminicídio, mercado de trabalho precário. A população carcerária caminha para 1 milhão de detentos.

O terceiro mandato de Lula tem a missão hercúlea de refundar a democracia, produzir equilíbrio macroeconômico, reconstruir políticas sociais, preservar o meio ambiente, restituir direitos, melhorar a qualidade de vida da população. O fim do superministério da Economia de Paulo Guedes devolverá à Esplanada três pastas: Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio. É bem-vinda a volta do contraditório ao debate governamental. Tensão produz inovação e melhores resultados, tal como a diversidade. Na economia moderna, serviços equivalem a dois terços do PIB e geram a maioria dos empregos; certamente, estarão representados.

O novo governo terá de se organizar sob o princípio da transversalidade. Ministérios do meio ambiente, dos povos originários, das mulheres, da igualdade racial não podem ser pastas decorativas, subordinadas a canetadas aleatórias do que alguns entendem como progresso e desenvolvimento. Essa era acabou. Se cabe uma recomendação à chapa vencedora, nenhuma decisão deve ser tomada sem resposta objetiva à pergunta: a medida beneficia ou agride mulheres, negros, povos indígenas, crianças e jovens, recursos naturais? Pôr os pobres no Orçamento não é somente pagar R$ 600 de Bolsa Família.

A destruição é imensa. Há muito a recuperar, mas cada grupo social no Brasil estará atento às políticas. E aos políticos que as implementarão. Há clamor por bem viver e também por representatividade. Não foi por acaso que, ainda ontem, oito dezenas de organizações da sociedade civil, da Ação Educativa à Coalização Negra por Direitos, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) à Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), da Terra de Direitos à Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras (Renafro), encaminharam a Lula, Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito, e às equipes de transição a carta “A democracia que queremos”. Reivindicam no texto o fim da necropolítica do governo Bolsonaro (referência ao conceito filosófico do camaronês Achille Mbembe sobre atos e omissões que matam ou deixam morrer), responsabilização dos culpados, recomposição das políticas públicas com participação social. É o apelo pela “democracia inclusiva e generosa” que o Brasil jamais teve.

*O Globo

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Sem o comando de Bolsonaro do Palácio do Planalto, manifestações golpistas em frente a quartéis acabam em 1º de janeiro

Independente de quem faça contato com o comando dos bolsonaristas acampados em frente a quartéis, o QG envidraçado não existirá mais para Bolsonaro, que terá seu despejo no dia 1º de janeiro.

Então, toda aquela paixão artificial, armada pelos estrategistas de Bolsonaro, indispensáveis para manter a chama do fascismo de pé, vai ao chão.

Acabando essa matéria prima, a energia do movimento golpista se esvairá na mesma proporção.

O próprio Bolsonaro, que já anda sumido, colocará a viola no saco e se recolherá na sua insignificância, enquanto Lula vai descascar o abacaxi da economia deixado por Bolsonaro.

Ou seja, essas pequenas zonas de “resistência” acabarão assim que acabar o milho, consequentemente, este não será um problema para Lula que, certamente, estará interessado em colocar em prática uma corrente de otimismo que tomará conta do país, mesmo que a luta de Lula seja gigantesca para manobrar os problemas atuais e devolver a soberania ao país diante do resto do mundo e, a partir de então, escrever cada capítulo do governo de quem tem com ele a velha sabedoria traquejadíssima e habilidade para conseguir não só cessar a guerra interna, como devolver o Brasil ao mundo.

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Falta um mês para a falange bolsonarista sair das páginas da política e parar nas páginas policiais

Ora, até o mundo mineral sabe que Bolsonaro se cercou de uma falange de generais, pastores, fascistas, milicianos, madeireiros, entre outros, para formar o pior bando da história da República. Cada qual com seu osso, que formou a própria visão do inferno na terra.

Adicione a isso, as Jovens Pans da vida, que se lambuzaram das verbas da Secom para dar sustentação a uma teia criminosa de fake news que manteve unido o gado de corte que ficará, em 30 dias, totalmente órfão.

Todos sabem que a contrapartida cobrada por Bolsonaro a seus mais fieis colaboradores foi participar de um conjunto de crimes que foram abafados das mais variadas formas, mas que em 30 dias começam a ser expostos para a sociedade e, consequentemente, essa turma, que compôs os ossos das mãos e dos pés da milícia palaciana, vai para o mesmo buraco ou para as mesmas manchetes das páginas policiais, onde Bolsonaro será estampado com garrafais de seus crimes.

O fato é que esse ajuntamento de animais que formou o governo Bolsonaro com integrantes de várias facções para realizar o maior saque da história da República, acumulou um acervo de crimes de quantidade e qualidade com abundância incomensurável.

Daí o berro do bando, declarando, em público, que a única saída que tem pela frente é dar um golpe. Como não tem força para tal, passará os próximos 30 dias que lhe restam anunciando viradas de mesa. Mas tudo não passará de palavrórios com verbetes do bando.

Na verdade, esse tipo de ameaça equivale à gravidade e o grau de punição que espera por eles, se tudo for feito dentro dos critérios da lei.

O que o mundo pronuncia para esse bando, é a tradução perfeita da devolução dessa raça à parte mais profunda do inferno.

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Manda quem pode, quem deixa de poder vai atrás de novo teto

Em 30 dias, Lula fez mais política do que Bolsonaro em quatro anos.

“Realpolitik” para uso interno é o que Lula faz desde que decidiu voltar à presidência da República, entrou em campanha, elegeu-se e começou a governar antes de tomar posse.

Às favas premissas ideológicas quando elas só atrapalham os superiores interesses nacionais. Vinde a mim os que queiram tirar o país do buraco. Se não vierem, eu os procurarei.

Nos anos 1980, quando a ditadura começou a dar sinais de fraqueza, a esquerda montou em Lula imaginando cavalgá-lo para chegar ao poder. Foi ele que a cavalgou até quando esteve preso.

Na eleição presidencial de 1989, a primeira depois que a ditadura ruiu, o ex-líder sindical metalúrgico, que sempre olhara a esquerda com desconfiança, lhe fez concessões e arrependeu-se.

Parecia um peixe que pulara para fora do aquário. Não se sentia à vontade. Aquela não era sua praia, nem a sua turma. Pensou em desistir ao não se eleger governador de São Paulo.

Deputado à Assembleia Constituinte de 1988, concluiu que seu lugar não era no Legislativo. Descobriu que seria no Executivo depois de perder mais duas eleições e vencer a primeira.

Foi logo dizendo ao se eleger: “Quem teve voto aqui fui eu e o José de Alencar” (seu vice). Mal se instalou no Palácio do Planalto, advertiu: “Toda vez que fui pela esquerda me dei mal”.

Intuitivamente, aprendeu que lidar com o Poder é como lidar com um violino: toma-se o instrumento com a mão esquerda e toca-se com a direita. Há uma foto emblemática dele fingindo tocar.

Não é um músico de primeira. Mas qual político construiu uma biografia maior do que a dele? Maior não em extensão, mas na riqueza contrastante de fatos que pareceriam irrealizáveis?

Lula “é o cara”, como o disse Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos, em uma reunião de líderes mundiais em Londres. Pois o cara ficará mais quatro anos por aí. É ele quem dá as cartas.

Montou uma coligação de 10 partidos para se eleger, já conta com 13 e quer mais. Disse que seu governo refletirá essa ampla frente partidária, e o PT não disse nada, conformando-se.

É ele que escolhe quais partidos quer ter ao seu lado, e, dentro deles, os que serão ministros. Escolhe fora deles também, como é o caso de José Múcio Monteiro, o próximo ministro da Defesa.

Os comandantes bolsonaristas das Forças Armadas ameaçaram renunciar aos seus postos em sinal de desprezo por Lula. Lula antecipou-se e anunciará em breve seus substitutos.

Por que trombar com Arthur Lira (PP-AL) que tem voto à beça para se reeleger presidente da Câmara dos Deputados? Dilma trombou com Eduardo Cunha (MDB-RJ) e deu no que deu.

Então, toda a esquerda, e onde mais Lula influencie, votará em Lira em troca de sua boa vontade com o futuro governo. É preciso aprovar com urgência a PEC dos novos gastos, e sem Lira não dá.

O chamado mercado (leia-se: os donos das maiores fortunas) não queria Fernando Haddad (PT) para xerife da economia. Ouviu de Lula a ordem: “Alto lá”. Será Haddad. Há limites para tudo.

Em 30 dias, Lula fez mais política do que Bolsonaro em quatro anos. As cores nacionais deixaram de ser exclusividade da malta que ainda suplica por golpe debaixo de chuva.

Enquanto ele conta os dias que faltam para poder pedir nas madrugadas do Palácio do Alvorada um sanduíche de pão com ovo ao seu gosto, Bolsonaro é um sem teto à procura de novo endereço.

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