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União Brasil teme que briga acabe em morte após nova mensagem de Bivar

Bivar mandou mensagem no grupo de WhatsApp do União Brasil com grave acusação a Rueda; deputados temem que briga termine em morte.

Deputados do União Brasil temem que a briga entre Antônio de Rueda e Luciano Bivar, que já tiveram uma relação semelhante à de filho e pai, termine em morte. Tanto o atual presidente do partido quanto o ex-dirigente afirmam ter recebido ameaças após a ruptura traumática.

Rueda contratou seguranças para si e familiares após duas casas de sua família serem incendiadas nesta terça-feira (12/3). Bivar nega relação com o episódio e acusa a mulher do ex-aliado de roubar dólares de um cofre que mantém nos Estados Unidos.

Derrotado por Rueda na disputa interna do União Brasil, Bivar levou uma questão pessoal para o grupo do partido no WhatsApp.

Veja, abaixo, o print. “Recebi uma mensagem da mulher de Rueda ameaçando minha família, o que denunciei à polícia. Desde há muito, assaltou meu cofre nos Estados Unidos, cujo segredo entreguei em confiança para tirar poucos trocados para comprar uma joia.”

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Antes da ruptura, Bivar e Rueda tinham uma relação praticamente familiar. Eles frequentavam a casa de praia um do outro, em Pernambuco, e costumavam ter longas conversas olhando o mar, entre drinques e charutos.

 

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Mauro Cid admite à PF que Alexandre de Moraes foi monitorado após derrota de Bolsonaro nas eleições

Investigações mostraram que itinerário, deslocamento e localização do ministro do Supremo Tribunal Federal foram acompanhados por integrantes do governo Jair Bolsonaro.

Ao prestar depoimento pela quarta vez à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid confirmou a realização do monitoramento do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação foi revelada durante as investigações sobre uma suposta trama em que integrantes do governo Jair Bolsonaro (PL) teriam acompanhado o itinerário, o deslocamento e a localização do magistrado com o objetivo de capturá-lo e detê-lo após a assinatura de um decreto de golpe de Estado, diz O Globo.

À PF, o ex-ajudante de ordens esclareceu as circunstâncias em que foi realizado o monitoramento do ministro. Há cerca de um mês, foi deflagrada uma operação contra o ex-presidente, ex-ministros e ex-assessores dele investigados por tentar dar um golpe de Estado no país e invalidar as eleições de 2022, vencidas por Luiz Inácio Lula da Silva.

“A autoridade policial aponta que Augusto Heleno Ribeiro Pereira, Marcelo Costa Câmara e Mauro César Barbosa Cid integraram o núcleo de inteligência paralela, responsável pela coleta de dados e informações que pudessem auxiliar a tomada de decisões do ex-Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, na consumação do golpe de Estado. Os membros teriam monitorado o itinerário, o deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com o objetivo de captura e detenção, nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado”, afirma a decisão de Moraes, na ocasião.

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13 milhões de brasileiros deixaram de passar fome, segundo Fome Zero

Total de pessoas em situação de insegurança alimentar grave no país caiu para 20 milhões no quarto trimestre de 2023, diz Instituto Fome Zero.

As políticas públicas para a redução da fome no país começam a mostrar resultados: dados do Instituto Fome Zero (IFZ) mostram uma queda de 13 milhões no total de pessoas que passam fome no Brasil.

O total de cidadãos em situação de insegurança alimentar grave no país caiu de 33 milhões no primeiro trimestre de 2022 para 20 milhões de pessoas no quarto trimestre de 2023.

Segundo o IFZ, os dados são preliminares e devem ser interpretados “como uma análise de cenário de como está a situação geral da insegurança alimentar e nutricional no Brasil e de seus indicadores macroeconômicos”, destaca o estudo.

A pesquisa mostra ainda que, em 2022, o Brasil enfrentava uma grave crise de insegurança alimentar, com 65 milhões de pessoas com restrições nutricionais, e destaca como ponto de virada o retorno do Governo Lula e de suas políticas estruturantes no ano de 2023, com destaque para a restauração do Novo Bolsa Família, com limite mínimo de R$ 600.

Esse ajuste de valor representou um expressivo salto nos valores médios pelo programa, que subiram de R$ 218 em fevereiro de 2022 para R$ 676 em dezembro de 2023.

Outro importante programa que se expandiu no período foi o Benefício de Prestação Continuada (BPC) que expandiu de 4,7 para 5,5 milhões de famílias beneficiadas no mesmo período.

Além da elevação das transferências, a política econômica pós-2023 já começa a surtir efeito com a retomada dos empregos na economia, a começar pela queda do desemprego de mais de 13% em 2021 para 7,8%, menor percentual desde 2015.

“A sinergia do crescimento dos valores das transferências sociais com o crescimento das rendas do trabalho, deve estar propiciando uma elevação na segurança alimentar das famílias, uma vez que a insegurança alimentar no Brasil está intimamente ligada à carência de renda e a pobreza”, ressalta a pesquisa.

O Instituto Fome Zero divulgou um compilado de artigos relacionados ao assunto, que podem ser acessados logo abaixo.

GGN

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Vídeo: Lula anuncia criação de 100 novos institutos federais até 2026

“Este país precisa investir na educação. O jovem brasileiro precisa estudar”, disse o presidente.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncia, nesta terça-feira (12), a criação de 100 institutos federais até o fim do mandato, em 2026. O evento ocorrerá no Palácio do Planalto e contará com a participação do ministro da Educação, Camilo Santana.

“Eu vou anunciar mais 100 escolas técnicas neste país. Porque este país precisa investir na educação. O jovem brasileiro precisa estudar. Se ele não estudar para ter uma profissão, ele vai cair no crack, ele vai cair na droga, ele vai cair no crime organizado. E nós não queremos isso para a juventude brasileira”, disse Lula em entrevista ao SBT na segunda-feira (11).

https://twitter.com/i/status/1767528764588625964

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Ex-comandante da Aeronáutica disse que Anderson Torres daria embasamento jurídico para Bolsonaro decretar estado de sítio

Mesmo após ter informações seguras sobre lisura das urnas, ex-presidente insistiu na tese da fraude para justificar um golpe.

O ex-comandante da Aeronáutica Carlos de Almeida Baptista Junior complicou ainda mais a situação de Anderson Torres na investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, informa a colunista Bela Megale, do jornal O GLOBO.

O brigadeiro afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que o ex-ministro da Justiça era quem daria embasamento jurídico para que Jair Bolsonaro decretasse um estado de defesa ou de sítio.

O depoimento do militar demorou cerca de dez horas e aconteceu antes da oitiva do ex-comandante do Exército Freire Gomes, que falou aos investigadores no início do mês. As informações que ambos deram como testemunhas no inquérito do plano golpista foram levadas ao ex-ajudante de ordens da Presidência e hoje delator, Mauro Cid. Ele foi interrogado nesta segunda-feira (11).

Chamou a atenção da PF o fato de que a expressão “estado de defesa” constava na minuta golpista encontrada, no ano passado, no armário de Torres, durante uma operação de busca e apreensão realizada em sua casa.

Essa medida está prevista na Constituição e trata de um regime excepcional que pode ser utilizado pelo presidente da República, para preservar ou restabelecer a ordem pública ou a paz social, de imediato. O estado de defesa, porém, tem restrições geográficas, ou seja, não pode ser aplicado em todo o território nacional, e precisa ter a validade aprovada no Congresso.

À PF, o ex-comandante também confirmou a participação na reunião em que Bolsonaro debateu uma minuta golpista com chefes das Forças Armadas, mas disse que se colocou contra a medida.

O brigadeiro ainda foi categórico ao afirmar para os delegados que não houve fraude nas eleições e destacou que sua base são as conclusões do relatório militar sobre as urnas na comissão de transparência da Justiça Eleitoral.

Baptista Junior disse aos investigadores ter afirmado ao então presidente Bolsonaro que não houve fraude no pleito. Para a PF, o depoimento do brigadeiro aponta que, mesmo após ter informações seguras sobre a lisura das urnas, o ex-presidente insistiu na tese da fraude para justificar o plano de golpe.

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Tarcísio e Caiado viajarão a Israel a convite de Netanyahu depois de embate do país com Lula

Governador de Minas Gerais, Romeu Zema foi convidado, mas recusou; Bolsonaro aguarda autorização de Alexandre de Moraes, do STF, para viajar.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), embarcará no dia 18 para Israel. Ele viajará ao país a convite do governo de Binyamin Netanyahu.

Outros governadores também foram convidados para visitar o país na mesma comitiva de Tarcísio. Entre eles estão o de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que confirmou viagem, e o do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL).

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, declinou do convite.

Netanhyahu enviou ainda uma carta pessoal a Jair Bolsonaro para que ele viaje a Israel.

O ex-presidente, no entanto, teve o passaporte apreendido por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e depende da autorização do magistrado para sair do Brasil.

A viagem ocorrerá no momento em que as declarações de Lula contra Israel se intensificaram, gerando desgaste para o presidente brasileiro entre eleitores evangélicos que se identificam com o país.

O petista repete, sempre que tem oportunidade, que o governo de Netanyahu está promovendo um genocídio de mulheres e crianças na Faixa de Gaza.

De acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada na semana passada, a queda da avaliação positiva de Lula foi maior entre os evangélicos justamente por causa dessas declarações, e a rejeição a ele neste público chegou a 62%.

O território de Gaza passou a ser bombardeado por Israel depois do atentado do dia 7 de outubro, em que terroristas do grupo Hamas mataram 1.500 israelenses.

Desde então, a diplomacia de Israel se esforça para expor seus argumentos de que a guerra é necessária. E se dedica a criticar Lula, declarando que o presidente brasileiro é “persona non grata” no país.

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O general que falta no quebra-cabeça do golpe

Todas as atenções estão voltadas ao ex-comandante do Exército Marco Antonio Freire Gomes, que deu um depoimento de 8 horas à Polícia Federal na semana passada.

Embora o interrogatório com 250 perguntas seja em tese sigiloso, já vazou que o general confirmou que esteve em uma reunião com o então presidente Jair Bolsonaro, na qual foi discutida a minuta golpista. A versão conhecida é que Freire Gomes se opôs às intenções disruptivas do ex-chefe.

O fato de Freire Gomes ter corroborado várias hipóteses das investigações motivou a PF a requisitar mais um depoimento do tenente-coronel Mauro Cid.

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro chegou a ser preso e acabou fazendo delação premiada. É a partir de seus relatos e de provas obtidas com ele, como mensagens trocadas no seu celular, que as investigações avançaram.

Toda essa apuração é fundamental para que o enredo golpista seja conhecido, e seus autores, responsabilizados.

Mas tem uma peça nesse quebra-cabeça que até agora foi poupada. Trata-se de Júlio Cesar Arruda, o general que comandava o Exército no 8 de janeiro de 2023, diz Thais Bilenky, Uol.

Freire Gomes comandou a Força de março a dezembro de 2022. Arruda assumiu no dia 30 de dezembro.

Após o 8 de janeiro e com os indícios de, no mínimo, inação do Exército diante da invasão dos palácios em Brasília, a situação de Arruda ficou insustentável. Depois de três semanas no cargo, ele foi demitido. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou que houve uma “fratura no nível de confiança” da relação do governo com o Exército.

Mas teve mais um componente na queda de Arruda. Ele se recusava a barrar a promoção de Mauro Cid, no Exército, ao comando do 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia.

Segundo um relato da Veja na época, Arruda também tentou barrar uma operação da PF contra Mauro Cid, que morava no mesmo condomínio que ele.

A suposta proteção de Julio Cesar Arruda a Mauro Cid já causava desconfiança. Agora, à luz de tudo o que já se sabe —e do papel central de Mauro Cid na organização das tentativas de golpe—, essa relação fica ainda mais importante de ser desnudada.

Na decisão do Supremo que autorizou a megaoperação da PF contra Bolsonaro, generais e políticos supostamente envolvidos na trama golpista, há citações ao ex-comandante.

Aponta o documento que, no dia 2 de janeiro de 2023, já efetuada a transição de governo, Mauro Cid encaminhou uma reportagem ao general Estevam Teophilo, que integrava o Alto Comando do Exército e chefiava as Operações Terrestres em 2022. Segundo as investigações, Teophilo teria consentido com a adesão ao golpe, desde que Bolsonaro assinasse o documento instalando-o.

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Bolsonaro e Braga Netto consultaram general Villas-Bôas sobre golpe e pediram ‘bênçãos’ para o ataque à democracia, aponta investigação

Autoridades políticas e militares visitaram o general Villas Bôas em dezembro de 2022, mês que antecedeu o 8/1.

O general Eduardo Villas Bôas anda distante do X (antigo Twitter), mas a reverência de seus pares e o simbolismo político do ex-comandante do Exército continuam presentes em momentos turbulentos da história recente do país.

As investigações sobre a tentativa de um golpe por parte de Jair Bolsonaro e correligionários para impedir a posse de Lula trouxeram à tona mais detalhes sobre visitas de autoridades políticas e militares a Villas Bôas em dezembro de 2022 – mês que antecedeu os ataques de 8 de janeiro e no qual, segundo a Polícia Federal, foi engendrada a trama golpista.

Entre os elementos que embasam o relatório da PF sobre a Operação Tempus Veritatis há uma mensagem encaminhada pelo general Walter Braga Netto ao capitão Ailton Barros em 17 de dezembro de 2022 criticando o general Tomás Ribeiro Paiva – na época chefe do Comando Militar do Sudeste, hoje comandante do Exército – por uma visita a Villas Bôas na véspera.

“O Tomás foi no VB, ontem…E aí…acredite… ele deu uma mijada no VB e na Cida!”, diz o texto, em referência à esposa de Villas Bôas. Segue a mensagem: “Terminou dizendo que os dois serão prejudicados com as intervenções ‘sem noção’ que estão fazendo… na saída, ele resolveu abrir o jogo e falou mal de todo o ACE [Alto Comando do Exército]. (…) Parece até que ele é PT, desde pequenininho…!”.

A mensagem afirma ainda que Tomás “nunca valeu nada!!”. “A ambição derrota o caráter dos fracos. Aliás…revela. Ele ainda meteu o pau no Paulo Sérgio [ex-comandante do Exército e ex-ministro da Defesa], disse que ele tem que ficar quieto! A Cida ficou louca. Se retirou da sala. Pra não botar o artista pra fora! Na verdade o VB tinha paixões discutíveis… Fernando… Tomás”.

Braga Netto, ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro pelo PL, confirmou a interlocutores que os prints do relatório da PF são de uma conversa dele com o capitão Ailton (expulso do Exército por malfeitos após punições disciplinares), mas argumenta que não foi o autor do texto desancando Tomás – diz que o recebeu de terceiros e o encaminhou.

Já naquela época surgiu em grupos bolsonaristas o rumor de que Tomás tinha ido pressionar Villas Bôas e a esposa para não aderirem a conspirações golpistas. Circulavam na internet um vídeo em que Cida Villas Bôas foi saudada no acampamento golpista em frente ao quartel-general do Exército em Brasília e outro em que ela passou no local dentro de uma van com vidros escuros e fez um gesto de que o marido estava na parte de trás do veículo.

Se por um lado era celebrada por muitos integrantes do Exército, a presença de Cida no acampamento virou um estorvo para parte dos generais. Estes avaliavam que os vídeos da esposa de Villas Bôas entre os bolsonaristas inflamavam ainda mais os radicais enquanto a maioria do Alto Comando do Exército atuava nos bastidores para comunicar que não endossaria uma ruptura institucional.

Tanto Tomás quanto Villas Bôas negaram que o motivo da visita foi aquele propalado à época, bem como qualquer mal-estar entre os dois.

“O general Villas Bôas me mandou recentemente um zap falando assim: ‘Pô, você é meu amigo, irmão, parente, filho’. A relação que eu tenho com ele é de cadete, meu comandante de companhia. Foram botar essa porcaria, que eu fui chantagear o general Villas Bôas, uma mentira sórdida”, afirmou Tomás em uma palestra fechada para oficiais do Comando Militar do Sudeste em janeiro do ano passado, cujo áudio foi divulgado pelo podcast Roteirices.

Villas Bôas foi instrutor de Tomás na Aman, a Academia Militar das Agulhas Negras, e, quando comandou o Exército, de 2015 ao final de 2018, o nomeou chefe de gabinete. Em seu livro de memórias, o ex-comandante afirma sobre seu ex-cadete: “Tomás é certamente, num círculo bem estreito, o mais completo oficial que eu conheci”.

No tumultuoso final de 2022, Bolsonaro e Braga Netto também foram à casa de Villas Bôas pelo menos duas vezes: a primeira no dia 7 de dezembro, horas antes da reunião em que, segundo a PF, o então presidente apresentou uma minuta golpista aos comandantes militares. A segunda ocorreu em 20 de dezembro.

Militares que trabalharam com Bolsonaro dizem que o ex-presidente foi consultar Villas Bôas sobre a conjuntura política da transição e pedir uma espécie de bênção para os planos golpistas.

Amigo de infância de Villas Bôas e chefe do Estado-Maior do Exército quando o colega comandou a corporação, o general Sergio Etchegoyen considera uma “canalhice” a difusão dessa história. “Quem é que vai ouvir esse cara para saber a versão dele?”, indagou.

Etchegoyen se refere à condição de saúde de Villas Bôas, que sofre de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), uma doença degenerativa. O ex-comandante se locomove com cadeira de rodas e não consegue falar. Comunica-se com o auxílio de um programa no qual consegue digitar a partir do movimento dos olhos – o texto então pode ser transformado numa voz mecânica.

É desse modo que nos últimos tempos trocava mensagens por aplicativos com amigos –com a ajuda de uma secretária e de familiares – e até conversava com os que iam visitá-lo. Interlocutores do ex-comandante relatam que esses contatos têm sido menos frequentes nos últimos meses.

Etchegoyen diz que há muito tempo não conversa com Villas Bôas (o primeiro mora em Novo Hamburgo-RS e o segundo, em Brasília), e que às vezes tem notícia do amigo por meio da família dele. Confrontado com as versões sobre as visitas de Tomás e Bolsonaro, afirmou que não há atrito algum entre o ex-comandante e o atual, que não tem conhecimento das visitas do ex-presidente nem do teor das conversas entre ele e o general e que não faz juízo de valor sobre o episódio.

“Posso dizer que tenho uma vida inteira de amizade com o Villas Bôas, que é meu irmão, uma pessoa em cujos princípios e valores confio plenamente”, afirmou Etchegoyen.

Procurado pela reportagem por mensagem em 15 de fevereiro passado, Villas Bôas respondeu: “Prezado jornalista, estou na reserva e por isso me reservo o direito de não responder tuas perguntas”. Uma das filhas do ex-comandante, Adriana, também foi contatada, mas não respondeu.

Um dos principais responsáveis pela politização do Exército iniciada no governo Michel Temer e ampliada por Jair Bolsonaro, Villas Bôas foi o autor, em abril de 2018, do célebre tuíte em que pressionou o Supremo Tribunal Federal às vésperas do julgamento de um habeas corpus impetrado por Lula – o HC terminou negado e o petista foi impedido de concorrer na eleição daquele ano; dois dias depois, foi preso, por decisão do então juiz Sergio Moro.

Após deixar o comando do Exército, Villas Bôas foi nomeado assessor especial do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Bolsonaro, cargo que ocupou até julho de 2022. Mudou-se do Setor Militar Urbano para uma casa num condomínio no Lago Norte de Brasília.

Os últimos tuítes políticos de Villas Bôas foram publicados em novembro de 2022, o primeiro para endossar a nota dos comandantes militares em apoio aos acampamentos em frente a quartéis nos quais manifestantes pediam golpe militar e negavam o resultados das urnas; o segundo para defender generais tidos por bolsonaristas como traidores.

Depois disso, o ex-comandante fez outras duas publicações na rede social, em dezembro de 2022, para anunciar que passaria a ser colunista da revista Oeste e para divulgar dois desses artigos, ambos sobre a Amazônia. No segundo, destacou o trecho: “O ambientalismo vem, crescentemente, sendo empregado como um braço do imperialismo”.

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‘Tô nem aí’: Tarcísio rasga fantasia de moderado e endossa matança da PM

Aliado de Bolsonaro, governador debochou de denúncia à ONU por violência policial.

Assim que venceu a eleição de 2022, Tarcísio de Freitas deu início a uma operação de reposicionamento. Queria suavizar a imagem e se descolar da extrema direita. “Nunca fui bolsonarista raiz”, jurou, dias antes da posse. “Sou cristão e contra o aborto, mas não vou entrar em guerra cultural”, prometeu.

Com ambições presidenciais, o governador de São Paulo foi aconselhado a se vender como um político moderado. Na sexta-feira, abandonou o teatro e rasgou a fantasia.

Entidades civis denunciaram a polícia paulista ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Relataram ameaças, torturas e execuções sumárias na Baixada Santista. Questionado sobre o assunto, o governador respondeu em tom de deboche. “O pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça ou no raio que o parta, que eu não tô nem aí”, disse.

Antes de chegarem a Genebra, as acusações fizeram escala no Ministério Público. Dossiê chancelado pela Ouvidoria da Polícia, pela Comissão Arns e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública enumerou irregularidades e abusos na segunda fase da Operação Escudo. O documento descreveu uma PM sem controle, que parece ter carta branca para atuar fora da lei.

Números oficiais reforçam a suspeita de que a violência é autorizada. Em pouco mais de um ano sob o comando de Tarcísio, a polícia promoveu as duas maiores matanças registradas no estado desde o Massacre do Carandiru. Entre julho e setembro de 2023, a primeira fase da Escudo deixou 28 mortos na Baixada. Entre janeiro e fevereiro de 2024, a Promotoria contou mais 54 mortes em ações policiais na região.

Eleito com os votos de Jair Bolsonaro, Tarcísio dedicou os primeiros meses a se diferenciar do padrinho. Depois do 8 de Janeiro, foi visitar o presidente Lula e deu declarações contra o extremismo. Mais tarde, reuniu-se com o ministro Fernando Haddad e elogiou a reforma tributária. A pose de direitista civilizado irritou o capitão, que passou a fazer críticas públicas ao pupilo.

O pito surtiu efeito. Para agradar o chefe, o governador defendeu o batismo de uma ponte com o nome do coronel Erasmo Dias, símbolo da repressão na ditadura. Depois perdoou R$ 1 milhão em multas aplicadas a Bolsonaro por infrações sanitárias na pandemia. Além de desfalcar os cofres estaduais, premiou o negacionismo e o descaso com a saúde pública.

No mês passado, Tarcísio discursou no comício convocado pelo ex-presidente para tentar se livrar da cadeia. Em outro ato de subserviência, ofereceu hospedagem a Jair e Michelle no Palácio dos Bandeirantes.

Eleito após sete mandatos consecutivos do PSDB em São Paulo, o bolsonarista busca ocupar mais um espaço que pertencia ao partido: o de preferido do poder econômico. Já aprovou a venda da Sabesp e promete desestatizar os serviços de trem e metrô.

Ao peitar uma greve contra as privatizações, ele somou mais alguns pontos com o establishment, que ainda procura candidato para 2026. Mas quem comprar seu bilhete não poderá dizer que apostou num liberal. Vai levar no pacote o “tô nem aí” para a barbárie.

*Bernardo Mello Franco/O Globo

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MST denuncia cerco ilegal da polícia de Zema em ocupação em Minas

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra informa que a Justiça negou pedido de reintegração de posse feito por parte dos donos da fazenda Aroeiras e que PM impede a entrada de suprimentos para as cerca de 500 famílias acampadas.

São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra denunciou neste sábado (9) cerco ilegal da Polícia Militar de Minas Gerais, comandada pelo governo de Romeu Zema (Partido Novo), no segundo dia de ocupação da fazenda Aroeiras, município de Lagoa Santa. O MST argumenta que a ação policial não tem base, já que a Justiça negou pedido de reintegração de posse impetrado por parte dos herdeiros da fazenda.

O cerco, sempre de acordo com o MST, impede a entrada e saída de pessoas do local e dificulta a entrada de suprimentos para as famílias acampadas. Foi permitida a entrada apenas de água e medicamentos. Porém, não puderam passar nem lonas para proteção do sol e da chuva, e para que as pessoas não durmam ao relento, nem gás para o preparo da alimentação.

“O governador Romeu Zema precisa entender que a ocupação de terras é um direito do povo que luta para que a Constituição brasileira seja cumprida. Portanto, é desumano colocar a tropa para reprimir essas pessoas e impedir que elas tenham o mínimo que precisam. Chega de desgoverno Zema”, disse Sílvio Netto, da direção nacional do MST em Minas Gerais.

Terras improdutivas
Além do indeferimento ao pedido de reintegração de posse, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra acrescenta que algumas das herdeiras da fazenda já manifestaram interesse em negociar com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a venda do imóvel. Por sua vez, a superintendente do Incra no estado disse estar disposta a apresentar uma proposta para destinação da área a fins de reforma agrária. A Aroeiras é uma herança familiar disputada por oito pessoas. De acordo com duas proprietárias que se mostraram dispostas ao diálogo, o imóvel está abandonado a quase uma década e em mais de 20 anos nunca foi feita a regularização.

Mulheres Sem Terra
A Aroeiras foi ocupada por cerca de 500 famílias do MST na manhã de sexta-feira (8). A fazenda fica no município de Lagoa Santa, Região Metropolitana de Belo Horizonte. A ação coordenada pelas mulheres Sem Terra e integra a Jornada Nacional de Lutas, que tem como o lema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”. A ocupação é motivada pelo não cumprimento da função social da terra, já que a propriedade estava abandonada pelos proprietários é improdutiva.

*RBA